Estou estupefacto com a apreciação e a classificação que o júri a que submeteu o seu trabalho - Genealogia das Famílias de São Miguel de Rio Torto e Tramagal - deliberou! Acompanho-o no seu protesto e reclamação e espero, com a maior expectativa, pelo resultado, que, a haver justiça, não pode ser outro que não seja a atribuição do Prémio Eduardo Campos.
O seu trabalho pode definir-se em três palavras - inédito, único e irrepetível. Ninguém abordou o tema antes de si, é uma base única e insubstituível de trabalho para ciências como a genealogia, a demografia, a sociologia, etc. daquela região e é definitivo, já que a informação que aí se disponibiliza é imutável. Ou seja: quanto baste para que não houvesse sequer hesitações na atribuição do prémio. Mas, a avaliar pelas observações lavradas na "concessão" da "menção honrosa", parece evidente que o júri não percebeu sequer o que lhe foi posto debaixo dos olhos para apreciação. E certamente por isso reclama imagens e desenhos de árvores... Ou seja: precisa que se lhes faça um desenho para entender o alcance do seu trabalho que é, a todos os títulos, notável.
Imagens?! desenhos de árvores?! Alguma vez os membros do júri folhearam algum dos clássicos da Genealogia portuguesa? Quantas imagens encontraram no Nobiliário do Conde D. Pedro, escrito no século XIV? Ou na Pedatura, de Alão de Morais, do século XVII? Ou no Nobiliário de Felgueiras Gayo, do século XIX?... Uma única, evidentemente. E não são três exemplos, entre vários outros possiveis, de verdadeiros monumentos portugueses desta Ciência!?
Imagens podem ser imprescindíveis para convidar crianças à leitura. Mas são absolutmanete prescindíveis num trabalho científico desta envergadura.
Conviria talvez começar por explicar ao júri a diferença entre uma monografia familiar e uma monografia local/regional. Imagens - encontradas nos velhos álbuns de família guardados em baús nos sótãos, ajudam a conhecer características fisionómicas de um determinado tronco familiar e darão certamente mais vida e mais cor a um livro sobre uma família, elaborado a partir de um tronco comum de quem todos descendem. E, do mesmo modo, tábuas genealógicas para mais facilmente se identifiquem os descendentes divididos por diversos ramos saídos da mesma raiz. Mas não é disso que o seu trabalho se ocupa: não é de uma família mas duas freguesias e de múltiplas famílias, com ou sem relações de parentesco entre si. É uma monografia local/regional. Onde não fazem sentido tábuas genealógicas e menos ainda imagens. Que imagens? de quem? com que critério? Imagens, aliás, existem apenas depois da invenção da fotografia no século XIX. O trabalho abrange um período muito mais alargado. Para colocar uns "bonecos" - parece que a única forma do júri ser capaz de se deixar cativar por um livro - apenas duas imagens poderiam fazer algum sentido: as das duas igrejas - de S. Miguel de Rio Torto e do Tramagal - onde se celebraram os baptismos, casamentos e óbitos cujos assentos recolheu sistematicamente e, através dele, reconstituiu um extraordinário puzzle multi-familiar com reflexo em milhares de pessoas na actualidade.
Num mundo cada vez mais globalizado, numa Europa progressivamente integrada, trabalhos científicos desta natureza que preservam a memória de realidades locais ou regionais deveriam ser acarinhados e apoiados, mormente pelas autarquias. Felizmente, muitas câmaras o têm feito e continuam a fazer. Este Prémio era a oprtunidade que Abrantes tinha para se pôr a par com a História. Mas este júri - cujos créditos nesta área são, por mim, desconhecidos... - acabou por prestar, com esta "classificação" um péssimo serviço ao Concelho e ao Distrito. E à Cultura e à Ciência portuguesa em geral.
Talvez ninguém como eu - que há 30 anos venho fazendo um levantamento sistemático dos casamentos (e são só os casamentos!) realizados nas mais de quarenta freguesias que compõem a cidade de Lisboa - possa avaliar melhor a dificuldade, o empenho e dedicação que estão subjacentes ao seu trabalho. E, também por isso, mais indignado fico com a gritante injustiça que a "menção honrosa" traduz. Mas acreditemos que existe justiça: esta lamentável e infeliz decisão do júri - que revela, nas suas observações, uma confrangedora ignorância na matéria - não pode deixar de ser revogada.
Além de total solidariedade, conte com o que estiver ao meu alcance para dar o contributo que me fôr possivel no sentido da reparação desta enormidade que foi cometida. Não desista e vá até ao fim!
Um abraço do
Luis Amaral
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NR-O Dr. Luís Amaral é o responsável pela mais importante base de dados de Genealogia Portuguesa
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