No post sobre a Comissão Administrativa da CMA há uma referência sobre a escolha de Abílio Monteiro para fazer parte da dita em 7 de Maio de 1974.
Abílio Monteiro era o senhor meu pai, já falecido. Foi comerciante em Abrantes, proprietário da Ourivesaria Palma, que ainda hoje existe. Foi membro de MDP-CDE julgo que em 1969/1970. Em 1972 e apesar de ser ourives, era ele quem vendia o jornal A República em Abrantes, então o único jornal da oposição. Aderiu ao PS logo em Abril de 1974, juntamente com Manuel Dias, sendo um dos fundadores da secção do partido em Abrantes. Teve participação política activa na época, embora sem ocupar qualquer cargo. Por ocasião do 25 de Novembro, colaborou com alguns militares do RI 2 com vista a garantir que a unidade não actuasse às ordens do COPCON. Retomada a normalidade democrática, manteve-se filiado no PS até meados dos anos 80.
Caro Duarte:
Obrigado pela sua informação. Obrigado por nos dar notícia da actividade do Sr.Abílio Monteiro a favor da Democracia em Abrantes tanto antes do 25 de Abril como depois.
A sua informação ajuda-nos a fazer mais um bocadinho da história de Abrantes. A história faz-se assim, acumulando pequenos retalhos de informação, que nos permitem completar o ''puzzle'' dum passado cuja memória vai desaparecendo ao ritmo em que desaparecem os protagonistas e se evaporam os testemunhos que podiam ter dado.
Não sabemos quase nada do que foi a República em Abrantes (1910-1926) nem do que foi a Ditadura.
Também me informam que a Drª Fernanda Pereira já não pertence ao número dos vivos. Outro testemunho que perdemos. Faleceu no ano passado. Aproveito para deixar aqui as nossas condolências aos seus familiares que são nossos amigos.
O nome da D.Fernanda, que voltarei aqui outro dia a recordar ,foi evocado pelo Dr.Eurico Consciência numa entrevista ao Martinho Gaspar da Zahara de Dezembro de 2004 (''curiosa'' publicação'') mas o nome dela desapareceu (1)...., nesse mesmo número há outras declarações do dr. Mário Pissarra onde o seu sectarismo ( que eu acrescentarei ser comunista ortodoxo) é anotado.
Regresso ao sr. Abílio Monteiro. Tenho por aqui uma entrevista, publicada há anos na imprensa local, que hei-de colar aqui, dum dono da maior papelaria abrantina da época e onde o dono diz que era democrata desde 1958. Contudo pelo vistos o diário ''República'' do dr. Rego, tinha de ser vendido numa ourivesaria....pelo Sr.Monteiro.
Curiosamente as revistas ''Seara Nova'' (ao tempo alinhada com o PCP) e o ''Tempo e o Modo'', cuja 2ª série já estava controlada pelo MRPP, eram vendidas na ''Casa Portugal'', na R.Monteiro de Lima, cuja propriedade andava ligada à Moagem de Abrantes e à família Silva Martins, que controlava também o ''Correio de Abrantes'' e cuja cabeça política visível era o eng.António Silva Martins, ligado ao grupo de tecnocratas do caetanismo e a Miguel Caetano, filho de Marcello, que trabalhara na MDF.....(2) no Tramagal....
Curiosamente já vimos que o Sr. Anacleto Baptista já sustentou que na Casa de Santa Maria funcionava um ''grupo de reflexão' católico progressista, ou seja um dueto composto por ele e pelo Carlos ''Batata'' Gil. Lá também havia uma livraria. Pelos vistos a reflexão foi tanta que não lhes deu ocasião para colocarem a República do saudoso maçon (e ex-seminarista) Raul Rego à venda.....
Certamente destoaria entre os enxovais para a primeira comunhão e as Virgens de Fátima...
Continuamos sem saber quais as razões da tropa para vetarem o Sr.Monteiro, que pela descrição do filho era um homem moderado (um democrata do PS) na Comissão Administrativa, bem como o dr. Pissarra.
Mas sabemos graças à informação que nos dá que ajudou os militares anti-gonçalvistas a desarmarem a corja que se munira de G-3 para sovietizar Abrantes. O curioso seria alguém dar-nos os nomes dos bravos ''otelistas'' e verificar onde param agora.
Sei o nome de um, que já morreu, bom rapaz, que nesse dia (25 de Novembro) tomou umas cervejas a mais na Império e como consequência certamente da euforia revolucionária se estampou com uma carrinha carregada de armas.
Regresso ao sr. oficial Morgado : pode explicar-nos como é que a tropa deixou o Campante na Comissão Administrativa e vetou o sr. Monteiro e o dr. Pissarra?????
Não me diga que foi aquele sólido raciocínio spinolista que achava que meter o Cunhal no 1º Governo Provisório e o Costa Martins na pasta do Trabalho garantia a ordem pública e um comportamento aburguesado das ''amplas massas''....
De forma que fico à espera que o oficial Morgado nos explique as razões do veto....
Agradeço ao Duarte Monteiro o seu esclarecimento precioso.
Miguel Abrantes
(1) O Martinho Gaspar meteu os pés pelas mãos a explicar o miraculoso desaparecimento.
(2) Por exemplo José Pedro Castanheira, Jorge Sampaio, Nelson de Matos/Porto Editora, Lisboa 2012
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