Toda a retórica e polémica que nos últimos dias tem sacudido este país sobre enterros, funerais de estado e transferências de grandes vultos tutelares deixou perplexa a opinião pública internacional e os respectivos medias e certamente é motivo de gozo para os nossos excelentes humoristas.
Só o sarcasmo do Alexandre O'Neill ou do Luís Pacheco é que poderiam retratar tantas viúvas de Eusébio.
Vou evocar outro enterro, com passagem por Abrantes, com destino ao Gavião. O do político Mouzinho da Silveira que os sisudos moralistas e reformadores da cousa pública gostam de apontar como exemplo de recto estadista.
Que tal irem ver qual foi a colaboração do Mouzinho na privatização das terras do Infantado, os imensos latifúndios que eram apanágio da Casa dos Infantes de Portugal e que foram parar à Companhia das Lezírias, empresa onde entre os sócios havia grandes políticos ''amigos'' do Mouzinho?
Mouzinho deixara em testamento que devia ser enterrado na Ilha do Corvo ou no Gavião. Optou-se pela solução mais barata e foi ter sepulcro alentejano. Veio de barco até Abrantes e depois deve ter sido levado de carro de mulas ou bois até ao Alentejo, onde os políticos locais, entre os quais se destaca o dr.Carlos Arês têm a subida honra de lhe guardar os restos, não venha um comando açoriano raptá-los.
Recorde-se que ainda há uns anos a ilha do Corvo pediu à edilidade do Gavião que lhe devolvesse as cinzas do preclaro vulto, como os Açores devolveram o que restava do régulo vátua que outro Mouzinho domara .
Também o Brasil pediu a Portugal que lhe devolvesse o imperial cadáver de D.Pedro IV, coisa que foi feita com as pompas fúnebres adequadas, fretando-se um paquete onde ia o Presidente da República Tomás e o Cereijeira e uma capela ardente com os restos resgatados em São Vicente de Fora.
Ficou no Porto o coração que o Imperador legou à Cidade Invicta, conservado em álcol ou formol, em certa Igreja e que a CM Porto tem constantemente monitorizado, monitorização que cibernautas com hábitos vampirescos podem seguir pela Internet.
A má língua perguntava, quando Tomás e o Cardeal partiram com D.Pedro no barco: Que vão eles fazer?Acompanhar carnes frias....
O documento do Mouzinho é um hino à lendária inteligência galega, transportaram uma urna...... pensando que era um piano.
O fúnebre documento foi retirado deste recomendável livro da grande historiadora que é
e reproduz-se com a devida vénia.
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