‘’Em 1967 eu salvei o convento de São Domingos de ser demolido, passados 42 anos volta a pairar uma nuvem negra sobre o último convento de Abrantes. Construir de forma desproporcionada em relação ao espaço e aos edifícios existentes não construir, é destruir.’’
Assim se referiu o maior arquitecto abrantino, professor emérito da Faculdade de Arquitectura de Lisboa e do Porto, ao projecto do Arquitecto Carrilho da Graça, ao assinar uma petição de cidadãos abrantinos que resolveram mobilizar-se para salvar o património da cidade ameaçado pela megalomania do novo-riquismo de Carrilho da Graça.
Todos contemplámos o silêncio sepulcral dos políticos locais ajoelhados com uma devoção própria de beatas face ao projecto ‘’sagrado’’ do Prémio Pessoa.
Apenas se bem me lembro o António Colaço, eu próprio e o sempre militante António Castel-Branco ousaram dizer não a este desmando.
Isto é, em pleno ‘’fascismo’’ havia mais discussão cívica sobre projectos deste calibre e existiram autarcas como João Manuel Esteves Pereira e Agostinho Baptista capazes de ter a sensibilidade e o bom gosto de salvar São Domingos.
E houve Ministros da Ditadura capazes de compreender esta posição e evitar que o património de Abrantes fosse profanado.
Pelo contrário, agora tudo parecia comungar numa unanimidade digna duma U.M. - União Municipal até que chegou o eng. José Carreiras e lançou a petição on-line. Neste momento já ultrapassa 600 subscritores, inclui ex-Ministros como Ferreira do Amaral, músicos como Rui Veloso, escritores como Luísa Costa Gomes, políticos locais como José Amaral ou Santana-Maia Leonardo e é notícia em todos os meios de comunicação.
Os defensores do projecto só sabem desfiar ladainhas dizendo que se trata de cantilenas de velhos do Restelo ou no caso do pior caciquismo rural de obra de anarquistas e niilistas.
Tenho a honra de pertencer a essa temível horda desde o primeiro momento e naturalmente de defender que se o povo é soberano, deve ser ele a pronunciar-se em referendo local sobre a bondade do projecto.
Que é importante para o Concelho mas com outra volumetria e localização.
E deixo um recado aos políticos locais e ao arq. Carrilho da Graça: leiam o velho e sempre actual livro do falecido Arq. José D. Santa-Rita Fernandes, ‘’Abrantes Cidade’’. Lá explica-se muito bem os desmandos cometidos contra a velha Abrantes e a forma de os evitar.
Henrique Falcão Estrada
A ânimo está em condiçoes de avançar com a informação de que o pedregulho de Abrantes, não obstante toda a celeridade que foi pedida para o projecto ( eleições oblige!!! ), não obstante o estudo prévio já ter merecido aprovação por parte do IGESPAR, nada está ainda decidido em definitivo.
Ou seja, está nas mãos dos abrantinos, naturais e amigos de Abrantes, exigir toda a informação, a informação de tudo o que verdadeiramente está em causa, para que o processo, a sua decisão final possa contar com a nossa esclarecida opinião.
Tanto quanto é possível adiantar, há dúvidas junto do licenciamento final do processo, sobre as “implicações de ordem arqueológica“, ou seja as fundações da dita torre!!! Ou seja, “o conceito” está aprovado, quer dizer, o pedregulho em si, o único impedimento são as “implicações arqueológicas”, quer dizer, os esqueletos, o legado dos nossos antepassados!!!
Pois bem, é em nome do respeito pelo património que nos legaram exactamente os nossos antepassados que faz sentido esta luta! Segundo os defensores do projecto, para além do nome de Carrilho da Graça – outra vez o deslumbramento com os nomes!!! ( por ex. adoro a obra de José Guimarães mas acho um autêntico mamarracho a sua escultura gigantesca na Av Infante D.Henrique , ali para as bandas da Expo!!!Mas, claro, é de José Guimarães….) – o projecto é importante para afirmar Abrantes, bla, bla!!! Mas… qual Abrantes? A Abrantes desfigurada? Quase que apetece dizer quando nos argumentam que no passado também construíam castelos, então, façam favor, destruam o Castelo, e, se quiserem, destruam a cidade toda! Que chatice a Igreja de S.Vicente, destruam-na! Que chatice as muralhas, ficava ali tão bem um torre-outra, do Carrilho da Graça, se quiserem, destruam-nas…
Abrantes dá mau jeito?
Destruam-na, arrasem-na, estejam à vontade! Carrilhôôôô, pst, pst!!! faz favor, avance!!!
A caricatura é uma arma, sim, mas os atestados que em nome dos desafios do futuro nos querem passar só merece mesmo que a usemos.
É assim, ou damos de mão beijada que, hoje, no Convento de S.Domingos, amanhã no meio da Barão da Batalha, os construtores de cidades caixotes avancem ou, então, não poderemos deixar de exigir, confrontar, os seus defensores com a ideia de cidades acolhedoras que queremos que Abrantes continue a ser!
Por que não experimenta o senhor arquitecto Carrilho da Graça desafiar-se a si próprio e conceber para o mesmo lugar um outro projecto? Ninguém põe em causa o valiosíssimo espólio que queremos ver salvaguardado, o que questionamos é que a pretexto de o salvaguardar percamos esse espólio outro que é o belíssimo património visual de Abrantes, mau grado a meia dúzia de aberrações que foram consentidas!
Só há uma solução: DEBATER! DEBATER ANTES DE DECIDIR!
CONTRA OS CALENDÁRIOS ELEITORAIS A FAVOR DOS NOSSOS VALORES PATRIMONIAIS!
PS – A ânimo, o seu animador de serviço, declara, para todos os efeitos que recusa terminantemente qualquer aproveitamento eleitoral politico-partidário desta sua tomada de posição feita em nome de uma cidadania que se quer livre, ILUMINADA (convocamos a nesga de luminoso sol, assim como quem ainda vai a tempo!!!).
Reconstruir Abrantes nos termos em que defendem os autores desta proposta configura profunda alteração da sua matriz genética . O atentado que se prepara ou é sancionado, referendado pela vontade da maioria ou configurará a confiscação de cidadania a todos os que gostamos muito da “fresca” Abrantes, aquela e não outra que ” logra do Tejo as águas abundantes”, no dizer do nosso querido Luiz Vaz!! Não nos atirem pedregulhos, perdão, areia, para os olhos!
Queremos continuar a ver o Tejo e tudo à volta!!!!
Assine a petição!
7 de Julho de 2009
António Colaço, in "Ânimo"
(Entrevista de Mário Semedo sobre o projecto para o Museu de Ibérico.)
Phil Hawes, arquitecto americano, discípulo do famoso arquitecto Frank Lloyd Wright, e arquitecto do conhecido projecto Biosfera 2, esteve em Abrantes, aproveitei para o entrevistar:
Mário Semedo: agora que teve contacto com o projecto para o Museu de Ibérico, qual a sua opinião sobre o projecto?
Phil Hawes: Estou completamente estupefacto com a arquitectura proposta para o Museu Ibérico. Caridosamente falando é uma abominação ego-maníaca. Está para além do meu entendimento como é possível que os residentes de uma cidade tão bela como Abrantes possam seriamente considerar uma úlcera como esta na paisagem de sua cidade. O impacto que este edifício vai ter irá negativamente mudar para sempre o aspecto actual da cidade de Abrantes, uma vez que irá abrir o caminho para a sua futura degradação visual.
Para lhe dizer a verdade, nem Speer (o arquitecto de Hitler) consideraria tamanha declaração ditatorial, contudo...talvez Estaline estivesse mais inclinado para semelhantes declarações arquitectónicas.
MS: Considera por isso que o projecto tal como está não deveria ser construído?
Phil Hawes: espero não ter deixado qualquer dúvida na sua mente; considero este projecto como um completo desastre arquitectónico. Não posso imaginar nenhum estudante do primeiro ano de arquitectura conceber algo tão ofensivo e destrutivo para o tecido da comunidade. Com efeito, tenho sido professor de arquitectura em 4 universidades diferentes na E.U.A. e na Europa, e posso dizer-lhe que eu nunca tive um aluno que me fizesse algo tão fora de escala, tão fora de contexto, e tão longe de qualquer realidade actual.
"Petição por uma decisão democrática sobre o Museu Ibérico de Abrantes"
A Câmara Municipal de Abrantes aprovou a construção de um edifício de forma paralelepipédica, com cerca de trinta metros de altura, sem janelas, para albergar o futuro Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes. O edifício ocupará grande parte da cerca do Convento de S. Domingos - um das mais importantes e históricos conjuntos arquitectónicos do burgo - situado num dos pontos mais elevados do monte onde se ergue a cidade de Abrantes.
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