Por Paulo Falcão Tavares*
Como é sabido a Câmara de Abrantes prepara-se para esbanjar mais umas dezenas de milhões de euros dos contribuintes, logo que venham os últimos fundos comunitários.
Que fique claro que sou a favor de um Museu digno para a minha cidade, mas não concordo com obras (sejam elas quais forem) sem concurso público de ideias.
Para este MIAA não são necessários esbanjar 12 milhões de euros mais os trocos!
Em tempo de contenção, com um País com mais de meio milhão de desempregados, não podemos perder um cêntimo sequer com arquitectos que não são capazes de respeitar a paisagem histórica abrantina.
Que venha um Museu sim, mas que respeite a Cerca Conventual e o centro histórico. Por outras palavras que haja a tal “visão” do ex-vereador Albano e construam um edifício num sitio com espaço e não acanhado, precisando de destruir meio convento e toda a muralha circundante que Carrilho disse ser de Vauban!?... Eu ouvi este flagrante lapso, numa sessão de esclarecimento na Igreja de Santa Maria do Castelo, da própria boca de Carrilho!
Fico estupefacto como quase todos os partidos locais votaram a favor de tamanho atentado de Lesa-Arte e Património, desrespeitando a lei, a técnica e os bons costumes da transparência, essenciais em democracia.
A cidade que se diz “notável” ? pode ter o mesmo Museu mas noutro local, com mais espaço e assim ficará também com um Convento completo, não mutilado. Esta obra vai contra todas as regras democráticas e será a continuidade ruinosa da política camarária para o interior do centro histórico. Lá iremos outro dia.
Em Abrantes (e não só) toda a gente se esconde, mente e cala sobre este projecto escandaloso, que se fosse construído seria o corolário máximo da destruição da cidade e da sua identidade cultural.
Para que precisa a CMA de tantos técnicos superiores que tem medo de falar sobre este projecto, e na maior parte dos casos só repetem lugares-comuns....
Mas se uma parte da sociedade civil também tem aparentemente medo, quase mil pessoas ousaram dizer Não !, num levantamento cívico como há muito não se via em Abrantes!
Espera-se que os responsáveis (políticos, religiosos, técnicos, culturais) sejam capazes de respeitar a voz da Razão!
Foto da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais
* Mestrando em GESTÃO E VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E CULTURAL.pela Universidade de Évora