Quarta-feira, 3 de Março de 2010

 Casamento entre pessoas do mesmo sexo

 


E – Sobre o casamento das pessoas com o mesmo sexo, a opinião do Patriarca de Lisboa foi confirmada numa Carta às Comunidades Cristãs, onde afirma que a Igreja “usará os meios e os modos consentâneos com a sua missão” para travar leis que “ferem gravemente a compreensão cristã do homem e da sociedade”. Que meios são esses?

 

JCP – A grande arma da Igreja é a convicção através da palavra. O segundo meio é o diálogo, paciente, para o qual eu estou sempre disponível, como digo na Carta.

Diante de questões muito “quentes”, éticas, que tocam a consciência, os católicos que são muito contra correm o risco de ficar na plataforma política, de reagir só politicamente. O que é legítimo, no exercício da democracia. Mas o meio clássico de a Igreja estar na sociedade é o testemunho dos cristãos, a diferença marcada pela atitude que se tem diante das realidades e o diálogo com toda a gente.

 

E – O referendo não é um desses meios?

JCP – Não me compete decidir isso. O referendo é um instituto político, que não compete sequer à Igreja pedi-lo, a meu ver. Os cristãos têm direito a pedi-lo, sendo ele sempre decidido pelo Parlamento.

Outra coisa é se houver referendo: pela nossa palavra e pelo nosso diálogo esclareceremos os cristãos e toda a gente que quiser ouvir as nossas razões. No caso destes, num voto “não”!

Ainda não esclareci muito bem para mim, mas tenho dificuldade em aceitar referendos sobre questões de consciência. Recordo-me que após o Concílio [o segundo Concílio do Vaticano, 1962-1965, ndr], no contexto do conselho da revista “Concilium”, pôs-se a hipótese de votar as questões mais delicadas no campo da teologia. E passava aquela que ganhasse. Fiquei aterrado! E comentei que se chegasse ao momento em que referendássemos a existência de Deus, se o não” ganhasse, Deus continuava a existir…

Há questões que não são referendáveis, sobretudo se somos nós a optar pelo referendo. Ele é uma arma legítima dos cidadãos para evitar uma lei que consideram injusta. Por isso, na nossa posição enquanto hierarquia, faço uma distinção entre um movimento que pede o referendo e a nossa decisão se houver referendo.

 

E – Aí é clara?

JCP – Se houver referendo, não tenho dúvidas nenhumas a esse respeito.

Neste momento a responsabilidade é do Parlamento. A iniciativa de pedir o referendo é dos cidadãos. Sei que muitos deles são católicos. E têm todo o direito. Mas dei orientações para que a campanha de recolha de assinaturas não fosse proclamada do “alto da igreja”.  

Permanece como pano de fundo a dúvida se esta é uma matéria referendável. Porque o referendo tem este inconveniente: para muita gente, a hipótese que ganha passa a ser a verdade. E pode não ser. No campo da verdade, um pode ter razão contra um milhão!

 

 E – Que comentário lhe merece o facto de esta iniciativa aparecer em contexto natalício? É infeliz?

 

JCP – Vejo mais a pressa em resolver isto rapidamente…

Esta questão tem uma pressão internacional muito grande. Há um lobby muito forte, que se faz sentir no quadro da União Europeia.

O problema que está em questão não é a homossexualidade. Se a discutirmos, o discurso tem outros parâmetros. Neste momento está em causa a natureza do casamento. Que não é uma questão religiosa, antes cultural. As culturas milenares consideram o casamento um contrato entre um homem e uma mulher, que dá lugar a uma instituição, a família. Mudar esta compreensão milenar do que é a família na humanidade pode ter consequências gravíssimas no futuro.

Em conversa particular, considerei que se os homossexuais tivessem direito ao casamento eu seria o primeiro a defendê-lo… Mas creio que não têm direito ao casamento. Chamem-lhe outra coisa!

A natureza está feita assim. E ainda bem!

 

IN AGÊNCIA ECLESIA (ler mais aqui)   

 



publicado por porabrantes às 11:07 | link do post | comentar

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