Transcrevo do blogue Sardoal com Memória, com a devida vénia,
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Acaba de estabelecer-se na vila de Abrantes, a Empresa de Viação de Francisco
Moleirinho, com carros para todos os serviços. O público tem a lucrar com o benefício que deriva da concorrência. Ver anúncio na secção respectiva.
o post é assinado pelo historiador sardoalense Luís Gonçalves e permite-me saber que provavelmente D.Clemência Dupin além das famosas serrações espalhadas por Portugal e Espanha, tinha em Abrantes uma empresa de transportes.
A informação é pouca? Pouco a pouco iremos reconstituindo o rasto da empresária. Acho que ainda hoje ou amanhã falarei do pai dela e dos seus negócios.
mn
A Senhora Drª Leonor Maria Damas Lopes, Directora do Arquivo Distrital de Santarém, teve a bondade de citar este blogue, num texto que escreveu sobre a industrial e política abrantina Clemência Dupin:
O texto da Dr.Leonor Lopes traz novidades ( em parte recolhidas no magnífico blogue Navios & Navegadores) e passo a saber que a firma Dupin & Cª e a D.Clemência foi armadora.....
Eis o lugre Clemência, por esta empresa mandado construir, na Póvoa do Varzim, que levava o nome da ''patroa'' e que naufragaria em circunstâncias polémicas.
A imagem foi retirada do blogue citado e originalmente publicada .''in revista “Ilustração Nacional”, Nº 3, Póvoa de Varzim, 1919''. (1)
O artigo da Directora do Arquivo Distrital fornece-nos ainda dados biográficos preciosos sobre a empresária abrantina, de família franco-tramagalense e novas pistas importantes para ajudar a traçar a biografia desta prima do saudoso Professor Doutor João Manuel Bairrão Oleiro.
O Arquivo Distrital publicou ainda como documento em destaque, em 10 de Agosto de 2015, o assento de baptismo da empresária, realizado em 20 de Agosto de 1873, na Igreja de S.João de Abrantes.
Aí diz-se que Clemência Dupin nasceu em 5 de Junho desse ano, nessa paróquia.
Candeias Silva engana-se no texto publicado na Zahara nº 16, em Novembro de 2010. Diz que a senhora nasceu em 5-6-1874.
O Padre Sá Pereira, que a baptizou, diz 1873.
mn
(1) História trágico-marítima (CLV)
A Dona Clemência Dupin foi uma avançada pró seu tempo, como política, uma das primeiras mulheres divorciadas, grande amiga de Oliveira Salazar que a fez a primeira abrantina a ser Procuradora à Câmara Corporativa(a segunda foi Lourdes Pintasilgo).
Também trabalhou na indústria como a segunda (que trabalhou na CUF) mas não como empregada, foi patroa (agora diz-se empresária) de grande sucesso no ramo das serrações com interesses em Portugal e Espanha.
Tudo isto já se sabia e já se tinha publicado aqui a sua foto.
antt- extracto documento
O que não esperava encontrar era a notícia que um seu antigo gerente, duma das várias serrações que tinha, tivesse sido fuzilado (com a família) pelos militantes da Frente Popular.
Quem o matou?
A notícia diz que foram os ''marxistas'', mas essa é a designação propagandística reaccionária para todos os grupos (às vezes inimigos) que entre 1936-39 combateram Franco. Pode ter sido fuzilado por comunistas, anarquistas, socialistas, bandoleiros, tropa regular ou qualquer outra milícia.
Mas que o mataram aparentemente apenas por ser burguês e católico, lá isso mataram:
(...)'' o espanhol D. Salvador Cabanes Torres, que foi um mártir. Católico fervoroso, D. Salvador foi gerente da fábrica de Serração C. Dupin e Companhia, aqui no Bairro da Estação. Era casado com D. Pura Burguete Cabanes Torres, uma senhora que na capelinha do Sr. da Agonia rezava o terço em espanhol com a comunidade do Vimieiro. Os seus três filhos chamavam-se: Jesus, Maria e José.
Este senhor ajudou o meu avô materno, Salvador Rodrigues de Sá, a morrer ainda na flor de idade, quando a vida se lhe apresentava risonha e repleta de felicidade. Apertava a mão do meu avô e na outra segurava o crucifixo dando-lhe força e alento na sua passagem da vida para a morte e dizia: "força xará".
Nicanor, um filho desta terra, e filho também da costureira Srª. Maria dos Anjos chamou-lhe "um simpático cavalheiro que entre nós conta com as melhores simpatias" (27 de Outubro se 1927).
Na sexta-feira, dia 15 de Janeiro de 1929, partiu no comboio correio da manhã, perante uma sentida e derradeira despedida, dos amigos.
De Valência, Espanha, terra da sua naturalidade, mandou 14 lindas estampas alusivas à Vida de Cristo, representando a Via Sacra e medindo cada uma delas, impressas na Alemanha, 0.65*0.39, que ofertou à Igreja Matriz de Santa Comba Dão. Para a Banda Santacombadense enviou as músicas, "La Fiesta Valenciana", "El Falero Serrano", a "Cancion del Soldado" bem como muitos livros para a biblioteca Alves Mateus.
Este senhor D. Salvador e seu filho, D. José Cabanas Torres, foram mártires da Guerra Civil espanhola, pois foram fuzilados em Valência quando os marxistas desencadearam uma luta violenta contra a Igreja e os seus filhos. (1936-1939).
D. Salvador e o seu filho, não se deixaram intimidar pelas ofensas, os insultos, a morte e percorreram o caminho da cruz, para exprimir o maior testemunho aceitando voluntariamente o martírio. Aqui, não se esqueceram das suas mortes e mandaram-lhe rezar uma piedosa missa. A casa onde viveram e que foi feita especialmente para esta família, lá esta na rampa da padaria olhando o casario de Santa Comba, os caminhos de ferro, a paisagem verdejante e as janelas onde D. Pura chamava os seus filhos: Jesus,... Maria ... José ...
Vimieiro
Elsa Silvestre do Amaral''
com a devida vénia ao mui salazarista blogue Vimieiro-Santa Comba
Era para encerrar isto (esgotou-se o Malboro) quando vejo alguma referência da rádio oficial que diz que a milionária Clemência era ''republicana'', certamente como Salazar, porque terminou Procuradora fascista.
Soube ela que lhe fuzilaram os ''rojos'' o ex-empregado? A senhora morre em Abril de 1936 e a guerra civil começa a 18 de Julho. Certamente não soube que lhe fuzilaram o ex-gerente, mas os seus herdeiros terão perdido muita massa com a guerra, dados os seus interesses no país vizinho. A não ser que tenham pensado (como ela) que não há melhor que uma boa guerra para construir uma grande fortuna. Foi especulando durante a 1ª Guerra Mundial que ela ampliou o Império.
mn
bibliografia: ver tudo o que escreveu Teresa Reynolds de Sousa sobre ela
e isto tem algum interesse para a família do marido
quando houver pachorra: Henrique Galvão visita Palácio Dupin
Clemência Dupin era abrantina.
Uma das casas abrantinas da sua família ainda está nas Barreiras e leva traça de Mestre Raul Lino com alterações dum construtor civil abrantino. Data da primeira década do século XX.
Temos o projecto da casa na nossa posse, um dia falaremos dele.
Há por aí alguma informação sobre a Dona Clemência, nascida em 1874 na Vila de Abrantes e falecida em 1936. Mas ainda não tinha visto a foto dela que encontrei hoje por acaso, e que está localizada no sítio exacto, porque foi Procuradora à Câmara Corporativa (a Câmara alta do parlamento da Ditadura) na primeira fornada onde entraram mulheres.
Aí a temos, é a do meio em São Bento. A foto é do Arquivo do Século/ANTT, que no caso dos plagiadores não saberem é a Torre do Tombo, o arquivo nacional que por ser a memória da Nação não foi localizado ao lado dum depósito de sucata, como o abrantino.
Em Portugal ainda há homens cultos, mesmo que tenham passado pelo seminário, caso de Oliveira Salazar, o homem que nomeou a milionária abrantina para São Bento.
Salazar não era um beato e por isso não se preocupou com o facto de Clemência Dupin ser, dizem algumas crónicas, a primeira mulher divorciada em Portugal, ao abrigo da Lei de Afonso Costa, o único político da I República a que Salazar tinha algum respeito e mencionava sempre com reverência como o Doutor Afonso Costa.
Afinal eram colegas, os dois catedráticos de Direito de Coimbra, tendo Costa depois passado à F.D.Lisboa.
A biografia da Dona Clemência a primeira mulher divorciada em Portugal, milionária, empresária, latifundiária, divorciada está na net em links vários.
Como exemplo de mulher de sucesso é preferível à estimada beata marcellista Dona Lourdes Ruivo da Silva Pintasilgo. A querida pecou por excesso de castidade em vida e excesso de homenagens a título póstumo, mas isso já não é culpa dela.
Era através da família Bairrão parente próxima de Dona Carolina Bairrão, mulher de Mestre Diogo Oleiro.
O segundo marido dela o político e militar republicano Balduíno de Seabra morreu em Abrantes.
A menina Suzy ao fazer o post anterior trocou Balduíno por Eurico. Como castigo vai ler Eurico o Presbítero do chato do Herculano.
MN
Daria muito trabalho classificar como imóvel de interesse concelhio o palacete da família de D.Clemência, hoje propriedade dos seus herdeiros?
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