Terça-feira, 19.01.16

damas.jpeg

a acusação é do ''Jornal de Abrantes'' de 4 de Junho de 1911

 

FRAUDES ELEITORAIS (1911)

Ainda nem um ano tinha passado sobre a implantação da República e, em Abrantes, começam a surgir notícias de fraudes eleitorais. O artigo que se transcreve a seguir mostra que, apesar do regime ter mudado, muitas práticas fraudulentas se mantiveram.

 

Com tristeza o dizemos: não foi de molde a prestigiar a republica a maneira como em Abrantes decorreu o acto eleitoral e mal suppunhamos nós que, em pleno regime democratico, havíamos de assistir ao desenrolar de todo esse vergonhoso scenario de fraudes e de violencias de que a monarchia se servia para arrancar o voto ao eleitor incanto e inconsciente.

Com tristeza o dizemos, na verdade. Com tristeza e com mal reprimida indignação, pois não é fácil occultar a nossa surpreza, a nossa profunda magua, ao ver-mos assim ultrajados os princípios democraticos e esquecidos os solemnes compromissos tomados na opposição.

Já no numero anterior do Jornal de Abrantes, havíamos justamente condemnado o procedimento do directorio do partido Republicano, que, depois de afirmar que só sanccionava as candidaturas de maioria, deixando ao arbitrio do eleitorado a livre escolha dos candidatos da minoria, se saiu a lembrar aos eleitores que seu dever era votar em determinado cidadão, por ser elle quem, depois dos escolhidos para disputarem as maiorias, obtivera maior numero de votos.

Isto, que a principio poderá afigurar-se razoavel democrática, não possa contudo de um grosseiro expediente, que mal tenta esconder o odio pessoal que determinado individuo, votou a um dos candidatos da minoria, o sr. Capitão Baptista, republicano de velha data, caracter da mais fina tempera, coração aberto a todas as ideias generosas e nobres.

A escolha da comissão municipal não devia merecer credito ao directório, vistoque ella procedeu illegalissimamente, não reunindo, como lhe cumpria, cululativamente com as comissões paroquiaes. Demos porem de barato que essa escolha fosse legal. O que deveria fazer o Directorio? Dar a sua sancção aos candidatos da maioria, mas só a esses, deixando os outros entregues apenas á simpatia do publico, ás suas faculdades de propagandistas, ao seu fervor partidário, ás suas forças eleitoraes e á sua probidade politica.

Tal não succedeu, e esse facto, de todo o ponto contrario á pureza das ideas democráticas, levou-nos a lavrar o nosso protesto no ultimo numero do Jornal de Abrantes.

Longe porem estávamos nós de suppor que por ahi ficariam as nossas razões de queixa, os justos motivos da nossa justíssima indignação. Foi-se mais longe, muito mais longe mesmo.

Á commissão municipal, ou, antes ao individuo que nella implantou o velho regime do quero, posso e mando, bastou para a satisfação do seu odio pessoal, a acquiescencia anti-democratica do Directorio aos seus manejos injustificaveis. Esse verdadeiro cacique, talvez  por  não sufficientemente seguro com o apoio ao Directorio, recorreu á fraude, á violencia, á extorsão, a todo esse longo rosario de espedientes eleitoraes que de usaram e abusaram os caciques da monarchia.

Dir-se-hia, ao vê-lo manobrar tão habilidosamente, que, emquanto o Partido Republicano procurava, no tempo da sua propaganda, demolir esses velhos e nogentos processos de fazer eleições, elle se entretivera a tirar-lhes os moldes e a aprender-lhe a applicação. E tão bem aproveitou o tempo, que hoje podia, com vantagem para o regime do caciquismo, dar lições aos mestres.

Pediu votos, solicitou influencias, viclentou consciências, ameaçou os tímidos, captou com promessas os cínicos e- oh! vergonha das vergonhas!- implorou a misericórdia de dois  dos mais importantes caciques da defunta monarchia.

E tudo isto se fez pelos velhos processos: mandaram-se listas dentro de subscritos, juntamente com cartões de visita pedindo votos; enviaram-se caceteiros de noite, na véspera da eleição, arrancar das mãos dos eleitores a lista inimiga; a outros trocavam-lh’es pela astucia e pela fraude; e por fim, para que nada faltasse a imprimir caracter a este nogento estendal, de expedientes eleitoraes, recorreu-se ao desdobramento, em favor do candidato protegido.

Profusamente triste! Repellentemente Porco!

 

Jornal de Abrantes, nº 576, 4 Junho de 1911

 

a transcrição é da Bárbara Martins Marques, sob coordenação do Martinho Gaspar, aqui

 

A Bárbara Marques era menor, a responsabilidade de chamar '' Repellentemente porco'' ao Damas é do ''Jornal de Abrantes'' e do Gaspar, que devia ter anotado o texto.

 

Não se chama a uma pessoa ''repellentemente porco'' , sem explicar que o homem às vezes tomava banho. Afinal era médico. Era boa pessoa, mas era um político e a imagem de porco, tem a ver com a sátira de Raphael Bordalo, a política é porca,

paródia.jpg

Houve fraude? É possível! Mas é óbvio que o texto pretendia explicar a derrota eleitoral do Baptista  e  garante que a marcial criatura tinha um cv impoluto.

É mentira,  tinha sido acusado de espancar soldados  e destruiu a Pharmacia Silva.

Era uma besta.

Agradecemos à Bárbara Marques este trabalho sobre história abrantina. Faz-se a natural e devida vénia.

 

mn

 



publicado por porabrantes às 16:13 | link do post | comentar

Sexta-feira, 01.01.16

1916-2.jpg

 

1916-4.png

 a primeira imagem é de um artigo sobre a elevação da Vila a Cidade, dá uma castanha ao João Damas pelo estado das Igrejas, propõe S.João para Museu (ideia de Diogo Oleiro) e recomenda para compra de souvenirs a ''Casa Abrantina''

 

Na página seguinte lá está a publicidade oficial

 

Isto foi em 1916

 

As mesmas práticas continuam hoje florescentes na Imprensa

ma



publicado por porabrantes às 16:59 | link do post | comentar

Sábado, 27.06.15

 

damas.png

Henrique Augusto da Silva Martins, o cacique de 33, tinha uma ética igual à da Santíssima Trindade da imprensa clerical.

 

Isto foi um ajuste de contas num pasquim fascista com um homem bom, João Damas, cujo único ''crime'' foi não ser da ''cor'' deles. Damas era maçon, médico e tinha sido deputado afonsista entre 1911-1926 (com algum intervalo, no tempo de Sidónio, em que também o Governador Civil sidonista, Ramiro Guedes, ajustou contas políticas com ele.Mas Ramiro Guedes era um ''gentleman'' e os outros eram ....do Carvalhal) 

DAMAS.jpg

 imagem do blogue São Miguel do nosso amigo dr. Rui Lopes

 

Nunca ninguém tinha colocado a honra pessoal do médico em questão e foi França Machado (que terminou suicidando-se depois duma inspecção à CMA) e Henrique Augusto que o fizeram.

henrique augusto.png

 

O pior insulto ao Damas foi escrito por um tenente desbragado, chamava-se Humberto Delgado e foi por estes tempos. Mas se Delgado lhe chamou pau-mandado e burro, nunca colocou em questão a sua honorabilidade pessoal

 

Isto saiu na Voz do Salazar, ou seja no Diário da Manhã

 

O dr.Damas teve certamente culpas numa política sectária e suicida de perseguição aos católicos, que inclusivamente produziu mortos

 

Segundo Eduardo Campos,sendo o Damas Administrador do Concelho (ou seja responsável da ordem pública) há uma brutal repressão no Pego, realizada pela GNR, a 17 de Setembro de 1916 .....com 2 mortos e múltiplos feridos

 

E com ele como Administrador houve censura nos jornais locais ( mas era tempo de guerra mundial.....e houve-a a nível nacional)....

 

Como foi o ajuste de contas? Assim....

 

damas terreno 1.png

damas terreno 2.png

Moral da História: acham que se faz política & religião   sem vinganças e ajustes de contas?

Leiam o florentino

bibliografia; Eduardo Campos, Cronologia

Imagens extraidas do blogue São Miguel do dr. Rui Lopes e dum pasquim fascista de Lisboa (deixo o trabalho aos historiadores oficiais de encontrarem o dia exacto) 

ma

 



publicado por porabrantes às 15:58 | link do post | comentar

Quinta-feira, 26.03.15

alvaro damas.jpg

 

O texto é elucidativo, Álvaro Damas, pai do então deputado do PRP, dr. João Damas e rendeiro do Visconde da Abrançalha, de quem foi feitor muito tempo, entra em litígio com as vorazes Finanças acerca da Contribuição Predial. Tinha razão e os serviços assim o informam, mas o Ministro Tomás Cabreira que apascentava as exauridas arcas do Estado encontra irregularidades processuais e com apoio de Arriaga recusa o recurso do abrantino.

Foram só questões financeiras ou andou por aqui a política?

Cabreira e Arriaga eram inimigos da facção afonsista do PRP de que João Damas era fiel e denodado partidário.

A questão da Contribuição Predial  agitara tempos antes a Opinião Pública e começara a afastar os lavradores e os grandes rendeiros da República.

Voltaremos a isto um dia destes.    

 

MN



publicado por porabrantes às 00:16 | link do post | comentar

Sábado, 27.04.13

do homo sapiens.....

 

 

É um violentíssimo panfleto de Humberto Delgado, como se sabe  na época um excitado tenente de Maio (de 1926)...

 

Um panfleto contra a facção dominante na 1ª República-os afonsistas que hegemonizaram a vida política nessa época a nível nacional e em Abrantes.

 

Além dum ajuste de contas com várias personagens (no caso abrantino a mais evidente é o médico e ex-deputado dr. João Damas, da facção

democrática do PRP)

 

 

            

 

 

 

 

 

 

 

O Dr. João Damas é este

 

 

cuja foto fui roubar ao São Miguel do nosso amigo Dr.Rui Lopes,  agora brioso cidadão da Lusa Antenas. No link citado podem encontrar uma biografia deste médico que foi um João Semana à boa maneira dos romances do Júlio Dinis.

Isto era para ser um pequeno apontamento mas noutro blogue do Sr. Luís Gonçalves,  o Sardoal com Memória, encontra-se uma notícia do periódico republicano Jornal de Abrantes sobre as eleições para a Constituinte de 1911  com os resultados.

E temos para mim a novidade que o PRP abrantino se achava em conflito com os caciques lisboetas e apresentou três candidatos autónomos : os Dr. Ramiro Guedes, Dr. João Damas e o capitão António Maria Baptista, oficial então  colocado no Quartel de São Domingos. Os 2 primeiros foram eleitos.

 

E o quarto classificado, que concorria sem o aval partidário abrantino (seria independente ou teria aval lisboeta?) é o célebre revolucionário que atacou São Domingos e lá procurou a República, enquanto o Sr.Capitão Baptista estava a dormir, como já se viu neste blogue. Ou seja João Augusto da Silva Martins, filho do influente regenerador (o velho partido do General Avelar Machado) conhecido na política como Martins Júnior. 

 

 

 

Também há uma cena divertida, em alguma página escrita por Delgado, tendo como participante Martins Júnior. Este era um dos líderes dum grupo de civis e sargentos, do Partido Radical ,que para fazer um golpe de estado e atacaram a Escola Prática de Aeronáutica (2--2-1926), em Vendas Novas. Delgado foi ferido a tiro.

 

Já conhecia Martins Júnior de Abrantes onde crescera e aliás se alistara em Artilharia ( como cadete-sargento) e estivera no Quartel então situado no Castelo de 8 de Agosto a Outubro de 1922.

 

A única coisa que preocupou Delgado (que aliás estava próximo ideologicamente dos assaltantes, o golpe é um dos que antecedem o 28 de Maio onde Delgado participa)  foi que tinha sido atingido a tiro por um sargento. Resolveria mais tarde a questão à bordoada, deslocando-se a Viseu onde estava o sargento, para o espancar pessoalmente. Um alferes não podia ser alvejado por um sargento! Faltaria mais !!!!

 

 

Só para terminar se estiverem interessados neste período e nestas personalidades comprem o livro. Um reparo, o panfletário Delgado era um homem que escrevia muito mal...em 1933. Há livros posteriores mais legíveis, terá melhorado a prosa do General ou haveria por aqui mãozinha marota? Dum negro certamente....

 

M.N



publicado por porabrantes às 12:58 | link do post | comentar

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