D.João de Almeida lança uma pobre mulher sem motivo na prisão, provavelmente no Castelo. Não há processo, o preclaro Almeida abusa do poder. A vítima, Maria Anes, foge do cárcere e esconde-se e invoca a Justiça do Venturoso, que muitas vezes estava por Abrantes.
O Rei perdoa-lhe tudo, em troca de mera multa processual, desautorizando o Almeida, que como donatário tinha alguns poderes judiciais e policiais em Punhete.
D.Manuel já tinha razões de agravo (e fartas dos Almeidas), tem mais outra.
A notícia da fuga do Castelo, é dada por este documento da Chancelaria Régia, sumariado pela Torre do Tombo: e que se publica com a devida vénia.
''Estando em sua casa Simão Leal e João Gonçalves, ambos aí moradores, e estando ela em casa de uma vizinha, não fazendo nem dizendo de ninguém nenhum mal, os dois se houvera de razões, e Simão Leal ferira João Gonçalves com uma faca na cabeça, e lhe dera uma riscadura numa das mãos, de que logo fora são e sem aleijão. E estando em aquele tempo em Punhete o conde Abrantes, este a mandara prender, dizendo que os homens se haviam ferido por culpa dela. E, vendo-se presa 8 meses na cadeia, sem dela haver querela nem estado, temendo-se de jazer em prisão prolongada, gastando seu como não devia, fugira, abrindo somente a porta, que estava fechada com uma aldraba; e assim abrira um elo dos ferros com que a prendiam, se pusera a salvo, e se amorara. E João Gonçalves, que fora ferido, lhe perdoara segundo um público instrumento de perdão, feito e assinado por Manuel Fernandes, tabelião em Santarém, aos 10 de Outubro de 1500. Enviando a suplicante pedir, el-rei lhe perdoou contanto que, pela fugida, pagasse 300 rs. para as despesas da Relação - que logo pagou a Francisco Dias, por um seu assinado e outro de Gomes Eanes, escrivão, por João do Porto -, e pelo caso principal, por que fora presa, pagasse 1.000 rs. para a Piedade . Diogo Lasso a fez.''
Despedida do padre jesuíta João de Brito em Punhete do Bispo de Portalegre.
O jesuíta parte para as partes da Índia onde será martirizado em 04 de Fevereiro de 1693.
''Naõ se contentando com etas despedidas seu grande amigo o Bispo Dom Joaõ Mascarenhas, teve pensamentos de ir a Lisboa fazer as ultimas; mas ouve razoês muyto forçosas, que deram corte a este seu grande afecto; ello mesmo asentou por cartas com o Padre Joaõ de Brito de ir athe Punhete, que he huma villa situada naquelle lugar, aonde o rio Zezere entra no Tejo, ditante de Lisboa desanove legoas, & qye ali viria tambem o Padre Joaõ de Britto. Partiram o Bifpo, de Portalegre, & o Padre, de Lisboa, & entraram na mesma hora em Punhete, como se cada hum fofe regulando as jornadas pelo outro. Alli fizeram as ultimas despedidas, em que o Bispo chorou muytas lagrimas, & as nam podia conter: querendo ele a companhar ao Padre, athe o meter no barco: porque as lagrimas lhe cahiam dos olhos sem cessar, lhe disseram, os que lhe assitiam, que nam dizia bem com a decencia de o chorar com tanto excefo naquella publicidade. O Padre lhe agradecia o afecto, & com huma benevola confiança estranhava tambem as lagrimas; entre as quais despedindo o barco, começou a auzencia dos corpos, durando fempre a prezença dos afectos.''
(Arquivo de Simancas com a devida vénia)
Datum in Punhete, XXIXª die madii, rege mandante, Alfonsus Martini notauit, Era Mª CCCª XXª"
D.Dinis estava em Punhete, termo de Abrantes.
A historiografia local não anota a estada do Lavrador.
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O Eduardo Campos, numa nota à monografia de Mourato, afirma peremptóriamente que o marido de Santa Isabel nunca esteve em Abrantes, os documentos mostram que em 1282 estava em Punhete
Publica-se um artigo do Zé Luz, o melhor e mais informado cronista de Constância , sobre as epidemias que devastaram a vila ribeirinha.
A nossa vila, à semelhança de tantas outras terras desta pátria lusitana, ostenta nos seus anais um pequeno historial relacionado com pestes e febres que foram geograficamente avassaladoras.
Temos por exemplo notícia do refúgio em Punhete (antiga designação de Constância) de El Rei Dom Sebastião por causa da peste negra, o qual habitou o antigo palácio da torre. Este velho castelo onde uma não interrupta tradição coloca o desterro de Camões, era propriedade da família dos Validos do rei (infelizmente, estas ruínas não motivam ainda o interesse cultural local dos doutos poderes instituídos). O monarca terá ali permanecido algum tempo em isolamento local, como nos dão conta Veríssimo Serrão, Maria Clara Pereira da Costa, Veríssimo José D´ Oliveira e outros autores considerados. Por ocasião dessa estadia foi instituída pelo monarca a Real Confraria de Nossa Senhora dos Mártires (ou dos Milagres…) da imediata protecção régia. Quantos agradecimentos não terá feito o monarca à Senhora dos milagres em Punhete, onde se livrou da «peste grande»?…
Uma outra personagem histórica ,o «Sapateiro Santo», também aqui se deslocou por ocasião da peste, tendo sido admitido pela população mas em degredo forçado por dez dias . Durante três dias este «Santo», de Tomar, escreveu em Punhete uma «Lamentação» como Jeremias, «muito sentida» e, «muito espiritual», de três folhas de papel, sobre a cidade de Lisboa e as misérias que assolavam o miserável povo. Parece que o homem que terá intercedido junto do Rei Dom Sebastião para fazer do lugar de Punhete, vila, dizia que «o céu está fechado», visão que só terá sido alterada com a vinda do Natal. Isto a fazer fé no seu biógrafo.
Sobre os sintomas da peste maldita é conhecido um dito, atribuído à mãe de D. Luís Coutinho de Almourol: «que ardia mais a pele, e se tinha menor esperança de cessar».
A vida de Simão Gomes, o «Sapateiro Santo» pode ser consultada na obra do seu biógrafo, de 1625. Simão Gomes, revela-nos o jesuíta Manuel da Veiga, tinha aqui parentes e amigos.
A escolha de Punhete para lazareto por parte do monarca que acabou por pereceu no norte de África ter-se-á devido a vários motivos sendo um deles, cremos, a pureza dos ares locais.
Existem algumas topografias médicas sobre Punhete editadas por volta de 1820 pela Universidade de Coimbra. Nesse período ocorreu a epidemia da cólera. Por um registo inglês mais ou menos contemporâneo temos notícia que as casas da vila (ao tempo do liberalismo portanto) não ofereceriam condições algumas de salubridade. As invasões francesas lá terão a sua culpa..Estes dados soltos nada revelam por si só. Apenas os inventario para mais tarde os explorar.
No primeiro quartel do século XX e a expensas do médico Dr Francisco da Costa Falcão foi construído o Lazareto o qual não terá sido utilizado, ao que nos consta., por desnecessidade. Aqui se instalou provisoriamente a primeiro quartel da GNR e funciona actualmente uma agência funerária. O edifício é propriedade da Irmandade da Misericórdia, associação pública de fiéis.
Nos anos 40 ou 50 (?) se a memória dos registos não me falha a Comissão Concelhia do A.N.T. e o Dr Carlos de Azevedo (?) procuraram construir um dispensário anti-tuberculose na zona de Preanes. Recordo-me que existem na Santa Casa as actas da Comissão Municipal de Assistência as quais poderão trazer luz sobre este tema (?).
Na reprodução anexa (fotocópia de uma foto da SCMC que colori através do telemóvel) pode ver-se a enfermaria do antigo Hospital de São João, de Constância. Possivelmente ou certamente, acolheu moribundos da pneumónica. Só através de uma nova consulta documental ao riquíssimo acervo da SCMC – actas e registos da época – o poderemos confirmar. Já li transversalmente todos os documentos da época mas é muita informação e há que seleccionar…
O meu saudoso pai, Acácio Alves Luz, antigo Sargento Chefe da EPE, nasceu neste hospital há 89 anos (23 de Agosto de 1931). Tenho a cédula a atestar esse facto.
Há cerca de cem anos atrás a gripe espanhola (que os locais designavam de má memória por «pneumónica») não deixou de, inevitavelmente, afectar o nosso concelho. Dados estatísticos revelam um decréscimo de 20% na população da freguesia de Constância a fazer fé na wikipedia , estatística essa a que não teria sido alheia também a 1ª Grande Guerra (?).
Há, porém, um episódio local curioso em torno da «pneumónica» sobre o qual dei recentemente curta nota no grupo «Amigos de Constância», no caso, através da rede social facebook. Até há umas décadas atrás (anos 70 e 80) falava-se de um xarope natural que diversos locais usaram para se curar dessa «peste». É caso. A minha avó paterna, Flora da Luz, «safou-se da pneumónica» com esse xarope que os antigos aqui usaram. Essa história contou-a à minha mãe a qual ma passou. Nas tertúlias que passei amiúde com várias anciãos e anciãs cá do burgo falávamos disto e só porque estamos em maré de pandemia me ocorreu à memória tal registo. Na sequência dessa publicação que «postei» no grupo que administro na net tenho vindo a ver confirmada a sua existência e aplicação locais (trocamos comentários no grupo e mensagens através do messenger). Nos contactos entretanto estabelecidos por causa da dita receita/mezinha pude verificar que o xarope não só ainda é do conhecimento dos nossos conterrâneos, como já afirmei, como até teria sido recomendado o seu uso pelo Dr José Eugénio de Campos Godinho, enteado de outro médico, o Dr Ludgero . Este último, tendo sido mobilizado para a Grande Guerra, acabou por ficar no nosso território. Valeu-lhe então uma «rebelião» local porquanto a população da vila rebelada, tocando o sino a rebate. mobilizou-se em força e os protestos ecoaram em Lisboa. Não tendo à mão mais apontamentos de momento, contudo, trazer algumas achegas. Sabemos que a mulher do Dr Ludgero tinha sido viúva do republicano e antigo administrador do concelho e que a sua nora era neta de um Governador Civil.
Retornando ao «milagroso» deixem-me dizer-vos que desde pequeno que sabia das propriedades desta mezinha do xarope, o qual tem ingredientes que terão sido usados no Brasil ao tempo da dita «peste». Por uma pesquisa leve que intentei parece-me que há neste xarope raízes africanas mas deixo esse apuramento para outra altura mais propícia…
José Luz
(Constância)
Post Scriptum – Existe um caso confirmado de Covid-19 que já terá tido alta hospitalar em Coimbra (segundo alguma imprensa) no caso, um idoso de 80 anos com domicílio fiscal em Montalvo (Concelho de Constância). Deus queira e nos guarde sempre nesta «hora» de urgência nacional.
Justiça de Sua Majestade Imperial, o Duque de Bragança e de D.Maria II
in Crónica Constitucional de Lisboa, 17 de Abril de 1834
in Relação dos indivíduos sentenciados nas audiências no Juízo Correccional do 2º Distrito de 5 a 12 do corrente
Os Voluntários Realistas de Abrantes eram animado pelo Padre Bairrão do Tramagal, que fora Procurador às Cortes que tinham aclamado o Usurpador, D.Miguel
Outro dos insignes vultos dos Realistas era o futuro malhado Raimundo Soares Mendes
Era 28 de Outubro de 1822
uns dias depois
Esta gente era liberal ou absolutista?
Cá para mim tenho dúvidas
Também tenho dúvidas se D.João VI era liberal ou absolutista...
O monarca foi como Costa Gomes, uma espécie de rolha....
Flutuou durante a procela para ver para que lado caíam as modas......
E como D.João assim fez a maior parte da população do país, que não queria nada com liberais exaltados nem com apostólicos furiosos...
E em Punhete deve ter sido do género....
Sobre este assunto ler o interessante artigo do amigo José Luz https://www.entroncamentoonline.pt/portal/vila-de-constancia-o-apoio-a-dom-miguel/
ma
Gravura inglesa, 1817
mn
(1)
O Padre Luís Gonçalves da Câmara, S.J. foi o confessor de D.Sebastião. O irmão dele, o Valido. Os Câmara estavam muito relacionados com Punhete onde a sua família teria dado asilo ao Épico. Alguns autores dizem que o jesuíta nasceu em Abrantes, outros dão-no por natural da Madeira, onde os Câmara detinham desde a descoberta um poderoso senhorio feudal.
A historiografia discute há muito a pérfida influência dos Câmara sobre D.Sebastião e a sua pertinaz alergia às mulheres.
O reputado historiador americano, Harold B Johnson, lançou a polémica quando sugeriu que um menino chamado Sebastião foi vítimas de abusos sexuais dum pedófilo militante e jesuíta, chamado Luís Gonçalves da Câmara.
A criança, vítima do acosso dum degenerado, ficou marcada para toda a vida e assim mudou a história de Portugal. Ler o estudo aqui (inglês).
O livro:
mn
(1) Augusto Mendes Simões de Castro, Notas acerca da vida e estada de El-Rei D.Sebastião em Coimbra no ano de 1570, citado por José Martinez Torrejón, Los secretos a voces del rey Don Sebastián, in Memória y Civilización, 19, 2016, Universidad de Navarra
João António de Lemos Pereira de Lacerda, 2.º visconde de Juromenha, foi um grande camoniano. Organizou 7 tomos das Obras Completas de Luís Vaz, precedidas de '' Um ensaio biográfico no qual se relatam alguns factos desconhecidos da sua vida''. O 1º tomo, donde se retira o extracto, saiu na Imprensa Nacional, em 1860. O 7º não chegou a ver o prelo.
Era ele quem mais sabia de Camões no século XIX e quem apurou dados biográficos essenciais do épico.
Para isso não escreveu de cór e foi aos locais.
Adepto da tese que relaciona Punhete com o lugar de exílio do autor dos Lusíadas,visitou Alvega e foi hóspede de D. João de Azevedo Coutinho.
Deixa-se a saborosa nota da visita
A gravura é do Portugal Dicionário Histórico e no link pode-se ver a biografia deste eminente estudioso das nossas letras.
devida vénia a www.arqnet.pt/
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
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