Sexta-feira, 21 de Março de 2014

 

Baltazar de Almeida Teixeira, último deputado da Constituinte  de 1911 a falecer, foi um colaborador frequente do Jornal de Abrantes durante a 1 ª República.

 

Maçon e pilar do GOL -Grande Oriente Lusitano, militante do PRP, deputado e Advogado, acérrimo partidário de Afonso Costa, teve pelo salazarismo um aristocrático desprezo, embora na família não faltassem talassas e salazaristas.....

 

 

 

 

''O Sr. Cunha Leal (PPD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com curto intervalo de tempo, faleceram, há dias, os Drs  Baltasar  de Almeida Teixeira e Nuno Simões. Não é fácil, não é mesmo nada fácil, com os ritos da retórica habitual, exprimir o que vai dentro de mim. É que tanto Almeida Teixeira como Nuno Simões foram pessoas que pertenceram àquela plêiade de homens denodados que, de coração limpo e alma lavada, se entregaram, numa dádiva total, aos ideais da República e da democracia, quase desde o alvorecer das suas próprias consciências.
Por eles se bateram sem desfalecimentos, com inteira dedicação, com uma perseverança, com uma intrepidez e uma inteligência que, só por si, bastaram para os impor, já que nunca consentiram em ser impostos à consideração geral por via disso, se tendo alcandorado a lugares públicos cimeiros, alcançados por puro direito de conquista, que nunca por uma promoção negociada ou de mero favor. E quando a ditadura fascista, inexorável, tombou sobre Portugal, nem por isso eles, que mais não fosse por uma comodidade a que renunciaram, se quiseram remeter àquele remanso dos batalhadores cansados, aliás para eles quase plenamente justificável. Nada disso! Vencidos mas não convencidos, derrotados mas nunca humilhados, eles continuaram a ser sempre o que sempre foram: cavaleiros dos ideais que, até ao último alento, sempre os inspiraram. Daí que me permita apontá-los a todos nós como exemplos a seguir. Exemplos de dignidade, de perseverança e de inabalável fé nos destinos da República, da Democracia e da própria Pátria. Quem foram estes homens? De Baltasar de Almeida Teixeira, direi que foi um pedagogo notável, um advogado e um jornalista notável, também. Interveio, nele tomando parte activa, no período da propaganda da República, onde teve intervenções de alto brilho. Ascendeu, por ter sido eleito deputado à Constituinte de 1911, tendo sido designado pelos seus pares para secretariar essa Assembleia. E, com tal decoro se houve que, desde então até ao 28 de Maio, nas legislaturas que se vieram, umas após outras, a suceder, sempre nelas ele veio a desempenhar essas mesmíssimas funções de secretário. Cego há muitos anos, jamais consentiu que essa desgraça lhe quebrantasse o ânimo e, sempre fiel a si próprio, veio a morrer, já com 104 anos de idade, a todos legando o exemplo de uma vida exemplar. Nuno Simões foi igualmente um homem de leis e um homem de letras notável, e foi, outros sim, um economista distintíssimo. Deputado durante várias legislaturas, ascendeu, por mais de uma vez, às cadeiras ministeriais, indo com ele a enterrar o último dos ministros, ainda, até então, existentes da 1.ª República. Estes, os homens cuja memória pretendia evocar, o que faço com tanto mais, com tanto maior pertinência, quanto é certo terem eles, dentro desta Casa, que sempre souberam honrar, desempenhado um papel de particular importância. Tiveram ambos a suprema glória, que a tantos outros democratas foi negada, de assistir à derrocada da ditadura fascista, que detestavam. Teriam eles podido ficar agradados com a República que depois do 25 de Abril se veio a instaurar? Tenho as minhas sérias dúvidas. Do que não tenho, porém, dúvida alguma é que tanto um como outro, mesmo que tal tivesse acontecido, jamais teriam consentido que nas suas almas pudesse penetrar o escalracho aniquilante do desânimo. Isso nunca eles consentiriam e tanto bastava, que mais não fosse, para que eu aqui lhes tributasse o público testemunho de um respeito que nunca poderá ser cancelado. Sr. Presidente e Srs. Deputados, honra à memória de Baltasar de Almeida Teixeira e de Nuno Simões.

 

O Sr. Kalidás Barreto (PS): - Paz à sua alma!''

 

in Diário da Assembleia Constituinte

 

O Kalidás era de Castanheira de Pera, dirigente do Sindicato dos Lanifícios (autor duma monografia interessante sobre a Vila) e da escola da JOC e do sindicalismo católico e por isso lhe saiu a beatice de falar da ''alma'' do Dr.Teixeira.

 

Um republicano responderia: Saúde e Fraternidade! Baltazar Teixeira partiu para o Oriente Eterno!

 

 

MA

não arranjei foto do Dr.Teixeira ainda, há uma no livro sobre os Constituintes de 1911 que tenho de comprar, lá estão os abrantinos drs. João Damas e Ramiro Guedes também. Mas a vida é um caixa de surpresas, arranjei uma foto do irmão dele, o Coronel Almeida Teixeira na cadeia

  

 

Tinha-se levantado em armas contra a República, em 1919, em Monsanto e está numa confortável cadeia militar . Foto divulgada no facebook pelo grupo de amigos de Paiva Couceiro, caudilho monárquico que o nosso Coronel seguiu na revolta realista de 1919, que daria origem à Monarquia do Norte



publicado por porabrantes às 21:04 | link do post | comentar

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