Comunicado | 18 de janeiro de 2021
GOVERNAR O MUNICÍPIO COM RESPONSABILIDADE
Aquilo que escolhemos semear ou plantar hoje, será aquilo que colheremos amanhã. Todas as escolhas têm uma relação de causa-efeito, incluindo a escolha de nada fazer. Ou de fingir fazer, para que nada mude e tudo fique na mesma. 2021 será o “Ano de Abrantes”, como desejámos na Mensagem de Ano Novo, se todos fizermos por escolher bem e realizar melhor.
As oportunidades serão as que se proporcionarem, mas também as que forem criadas com sabedoria, imaginação e inovação, pondo à prova a capacidade de quem lidera, a começar pela de mobilizar as diversas capacidades de todos. Quem ignora que a força da corrente é a força do seu elo mais fraco, nomeadamente quando este é quem lidera?
Começamos o ano com sérios motivos de preocupação, o primeiro dos quais é o funcionamento dos órgãos autárquicos, cujo aviltamento das boas práticas democráticas compromete o desenvolvimento do concelho. Alertámos para ele no anterior comunicado, a propósito do impacto que tem na gestão da crise sanitária, económica e social causada pela pandemia.
Em nossa opinião, o município não tem querido ou sabido fazer tudo o que lhe compete em matéria de prevenção dos contágios, escolhendo ser cúmplice e complacente para com as autoridades de Saúde e Segurança Social. Recordamos que continuam por esclarecer e responsabilizar as abstrusas razões da má contabilização dos casos de COVID-19 no concelho, no passado mês de novembro.
A par da crise pandémica, outros problemas devem preocupar seriamente os abrantinos. Ainda não se sabe quando será reaberto o cineteatro São Pedro, que utilização terá e quanto custará a sua ampliação e reabilitação, mas o município já decidiu avançar com a demolição do antigo mercado, para aí construir mais um “multiusos” para exposições, cinemas e garagens, com um custo de 2,7 milhões de euros, três vezes superior ao do falhado “multiusos” onde jaz hoje o lúgubre mercado diário.
Entretanto, o espaço urbano continua a degradar-se e a sua recuperação não passa de uma miragem criada pela máquina de propaganda que o município tem vindo a reforçar continuamente, à conta dos crescentes impostos, taxas e tarifas pagas pelos munícipes. Todos sabemos como as zonas históricas, os parques industriais, o património histórico e cultural, os acessos rodoviários e outras infraestruturas e equipamentos urbanos, apresentam níveis de degradação e negligência intoleráveis.
Igualmente lastimável tem sido a articulação e defesa dos interesses de Abrantes junto de entidades externas. Descontada a habitual bagatela política, sobra a inércia ou incapacidade para acautelar as consequências socioeconómicas do previsto encerramento da central termoelétrica do Pego, para exigir a prevenção e responsabilização dos consecutivos atentados ambientais no Rio Tejo e para garantir a construção da travessia rodoviária junto a Tramagal, se necessário ponderando a possibilidade de chamar a si a responsabilidade municipal ou regional por tão retardada obra.
Estes são apenas alguns dos problemas que Abrantes enfrenta, arrastando-se sem solução muitos outros, grande e pequenos, além dos novos que vão surgindo. As decisões da autarquia parecem ser errantes e vangloriosas, os compromissos parecem não ter prazos e a bolsa do município parece não ter fundo. Há muito que Abrantes perdeu a sua dinâmica e identidade, caindo num torpor crónico que só novas políticas e protagonistas poderão reanimar.
É preciso despertar e ser mais exigente. É esse o dever dos jovens, obrigados a partir em busca das oportunidades que não encontram na sua terra. É esse o dever dos trabalhadores e empresários, carecidos de emprego e de negócios. É esse o dever dos mais idosos, confrontados com novas realidades familiares e comunitárias. É esse o dever de todos.
Contem connosco, nós contaremos sempre convosco.