Breve nota do "Cantar dos Reis
a vila de Constância

Grupo dos anos 80 da vila, constituído por pessoal do Grupo Orfeónico Estrela Verde e do grupo cénico.
Os versos que abaixo reproduzo
foram ensinados pela minha avó Cristina Horta (de Abrantes), nomeadamente aos seus filhos, nos anos 40, quando morava em Constância.
Instrumentos? Tampas de panelas e a grelha do grelhador com um ferro.
Iam cantar a casa da minha prima Maria do Céu Pirão e recebiam tangerinas e damascos.
O grupo era constituído pela minha mãe, a minha tia e, provavelmente , pelos meus tios.
Não encontro outros registos dos reis na vila.
Era proibido andar pelas ruas e percebe-se por que motivo o grupo só ia à casa vizinha. A minha mãe diz que também iam a outra casa mas não se recorda de momento qual.
Nos anos 70 foi a minha mãe que organizou um grupo à semelhança do dos anos 40. Nesse também entrei. Andámos a cantar pelas ruas vizinhas. E assim foi durante vários anos até abrangermos mais ruas e o bairro. Recebíamos passas de figos e pouco mais.
Já nos anos 80, com o padre Vermelho juntaram-se versos de outras terras e havia sempre uma boa recepção na casa paroquial. Vinho com fartura. Do Porto.
Nos anos 90, através da Junta, o grupo aumentou e até fomos cantar a Constância Sul.
Com a música do Zeca.
Nestes últimos grupos havia cavaquinhos e violas. Nos anos 80 não faltaram as harmónicas do Zé Francisco e do Manuel Loureiro mais eu.
Resumindo: a minha.avó ensinou nos anos 40 os versos que se cantavam em Abrantes.
Versos dos anos 40 e 70, cantados na nossa vila, com a tradicional música:
Inda agora aqui cheguei
E mal pus o pé na escada
Logo o meu coração disse
Que aqui mora gente honrada.
Ò minha rica senhora
Da sua saia encarnada
Meta a mão à salgadeira
Tire de lá uma boa talhada.
O chouriço é muito gordo
A faca não quer cortar
A lambona da criada
Não se quer alevantar.
Esta vai por despedida
Por cima de uma colher
Boas festas meus senhores
Até pro ano se Deus quiser.