PELA DEFESA DOS INTERESSES DE ABRANTES
Celebrámos no passado dia 14 de Junho, da forma possível, o Dia da Cidade e do Concelho. As restrições impostas pela pandemia viral impediram a realização dos tradicionais festejos presenciais, mas não diminuíram o nosso sentimento de amor à terra e o orgulho, individual e coletivo, de ser abrantino. Pelo contrário, as dificuldades forjam a têmpera do nosso carácter e a nossa determinação de tudo fazer em prol da nossa terra e da nossa gente.
Registámos, com interesse, as palavras dirigidas aos munícipes pelo atual presidente da Câmara, o qual frisou que "o nosso Concelho é único, uma história vasta que vai continuar a ser escrita por todos nós. Uma história que se fez e vai continuar a ser feita de valores, de igualdade, de liberdade, de solidariedade e de união porque, como todos sabemos, «A União faz Abrantes»". Não podemos estar mais de acordo com estas bonitas palavras.
No entanto, quando se reflete sobre elas e se avalia a sua aderência à realidade, dificilmente se encontra uma correspondência aceitável: o nosso Concelho não tem hoje uma identidade suficientemente forte e atrativa, a população tem decrescido dramaticamente (sobretudo a mais jovem) e enfrenta o flagelo do desemprego e da falta de oportunidades, e os valores referidos pelo edil são preferencialmente aplicados a quem apoia ou se conforma com o poder instalado.
Por estas razões, não vemos no atual executivo camarário – passados que são 16 meses desde a sua tomada de posse – a capacidade de inovação e realização de que Abrantes tanto necessita.
Pelo contrário, continuamos a assistir à degradação dos principais indicadores de desenvolvimento do concelho: mais desemprego, mais insucesso escolar, menos cultura, menos investimento ambiental, património abandonado, mercado diário disfuncional, projetos do Orçamento Participativo por concretizar, entre um sem número de outras situações que qualquer um de nós pode facilmente identificar.
A título de exemplo, o concelho tem o maior número de desempregados do Médio Tejo (26,6% do total da sub-região, mais 77% do que Tomar, o município que se lhe segue) e o número de desempregados inscritos no Centro de Emprego de Abrantes sobe desde meados do ano passado, atingindo em Abril deste ano mais 31,6% do que no mês homólogo de 2019.
O nosso município tem, também, a pior taxa de insucesso escolar no ensino básico e a terceira pior no ensino secundário, no conjunto dos treze municípios do Médio Tejo.
O movimento ALTERNATIVAcom publicou no passado dia 20 de Maio um comunicado intitulado "Encarar a realidade e enfrentar os desafios", através do qual se procurou alertar os abrantinos para a trajetória de declínio do concelho e recomendar 7 medidas para a inverter, "mobilizando a comunidade para um novo projeto de recuperação e desenvolvimento, no qual todos se envolvam e contribuam, de acordo com as suas vontades e capacidades".
Ao contrário do que parece exaltar o executivo camarário, não tivemos qualquer 'feedback' nem verificámos qualquer interesse em debater, analisar ou adotar qualquer uma das referidas medidas. O silêncio foi absoluto, como quem "não sabe, não quer saber e até sente incómodo por quem diz".
Assim não se desenvolve Abrantes, assim não se constrói o futuro a que por direito e empenho todos aspiramos. É preciso defender os interesses de Abrantes e dos abrantinos. O poder político local existe para isso e não pode estar sujeito e ser submisso a cúpulas partidárias nacionais.
Pelo contrário, os autarcas devem defender e fazer valer, junto do poder central, os interesses da sua comunidade local, seja em relação à descentralização administrativa, à eliminação de portagens na A23, à construção da nova ponte sobre o Tejo (no IC9), à localização do novo aeroporto em Tancos, à qualidade das águas do Tejo ou a qualquer outra matéria de especial interesse municipal.
Mas, se a frente externa de defesa dos interesses de Abrantes e dos abrantinos é essencial, é no plano interno que as estratégias e políticas autárquicas devem ser gizadas, contando com todas as forças vivas e sensibilidades do concelho, incluindo as que pugnam por soluções estruturantes, de natureza inovadora e progressista, para além de medidas conservativas, de carácter preventivo ou reparativo.
Neste sentido, o movimento ALTERNATIVAcom vem publicamente propor à maioria autárquica do Partido Socialista, bem como aos demais partidos e movimentos representados nos órgãos autárquicos que, até ao final do ano, seja realizada uma sessão da Assembleia Municipal de Abrantes (ou um fórum por esta promovido) aberta à intervenção dos munícipes, exclusivamente dedicada ao debate das estratégias e políticas autárquicas do concelho, por sectores de atividade.
O movimento ALTERNATIVAcom manifesta desde já a sua disponibilidade para contribuir construtivamente para este debate, com a convicção de que a esperança num futuro melhor só se concretiza com o saber, a arte e o engenho de todos os abrantinos, independentemente da sua ideologia ou cor partidária.
Abrantes é a nossa terra e nela queremos ver efetivamente praticados os valores da igualdade, liberdade, solidariedade e unidade.
Contem connosco, nós nunca deixaremos de contar convosco.
Movimento ALTERNATIVAcom
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