Foi com enorme estupefação que os abrantinos tomaram ontem conhecimento das declarações prestadas à LUSA pelo presidente da Câmara Municipal de Abrantes, sobre o futuro da Central Termoelétrica do Pego. São declarações muito preocupantes, reveladoras de grande nervosismo e desorientação, repetindo-se o habitual padrão vitimizante e desculpabilizante (que alterna, quando convém, com excessiva valorização e gratificação pessoais).
Afirma o autarca socialista que “estão em causa postos de trabalho, com despedimentos coletivos já em curso” e que “a esta altura já deveria ter sido feita a apresentação de um grande projeto para o Pego, mas, não só não foi apresentada qualquer iniciativa, como foram feitas declarações contraditórias, paradoxais e antagónicas” pelo Governo do Partido Socialista.
Incapaz de ir além de vãs palavras de fé – como “acreditar” ou “ter esperança” – e de se responsabilizar com compromissos firmes, o autarca reconhece que “o encerramento da Central terá um enorme impacto em numerosas famílias e na economia não só de Abrantes, mas de toda a região”, arrastando o enredo o mais que pode, na esperança de que passe depressa o escrutínio eleitoral autárquico.
É mais uma “Espada de Dâmocles” que pende sobre a sociedade abrantina, a qual ainda não esqueceu a aldrabice que foram os projetos Tectania, RPP Solar e Ofélia Club, com os quais seriam criados mais de 2.500 postos de trabalho, absorvendo todo o desemprego de Abrantes e, até, fixando novos habitantes. Contudo, porque sempre dissemos que chegámos para ser parte da solução, os alertas do movimento ALTERNATIVAcom repetiram-se ao longo do último ano, optando o autarca por ignorá-los completamente.
Em 22 de setembro de 2020, afirmámos que “se tem assistido a uma enorme e preocupante confusão e indefinição, avançando-se com ideias avulso e mal fundamentadas – todas elas contraditórias e polémicas – seja para prolongar a atividade da Central a carvão ou simplesmente desmantelá-la, seja para a substituir pelo processamento de biomassa ou pela produção de hidrogénio verde” e exortámos a Câmara e a Assembleia Municipal de Abrantes a:
“1. Em concertação com a CIMT, mas sem prejuízo da autonomia e da defesa dos interesses próprios de Abrantes, tomarem uma posição firme junto das entidades governamentais e empresariais, no sentido de que estas esclareçam rapidamente e com total transparência qual o futuro que projetam para a Central Termoelétrica do Pego, seus trabalhadores e fornecedores;
2. Adotarem uma atitude exigente face às intenções e planos do Governo, das empresas e de quaisquer outras entidades envolvidas, tudo fazendo para transformar esta ameaça numa oportunidade que sirva os interesses atuais e prospetivos de Abrantes;
3. Absterem-se de defender ou apoiar, e se for necessário denunciar, quaisquer soluções ou projetos técnica e economicamente mal fundamentados, insuficientes ou prejudiciais para Abrantes, ou com contornos políticos pouco claros, venham eles de onde e de quem vierem;
4. Assumirem o papel e a responsabilidade que lhes cabe no âmbito do Fundo para a Transição Justa, designadamente da prevista reconversão económica, ambiental, habitacional e dos transportes, incluindo o apoio técnico e financeiro à criação e investimento em pequenas e médias empresas, formação de recursos humanos, transferência de trabalhadores e introdução de tecnologias energéticas sustentáveis”.
Posteriormente, em diversas ocasiões, o movimento ALTERNATIVAcom voltou a acender luzes vermelhas de alerta. Já este ano, a 18 de janeiro, considerámos “lastimável a articulação e defesa dos interesses de Abrantes junto de entidades externas” e que “descontada a habitual bagatela política, sobra a inércia ou incapacidade para acautelar as consequências socioeconómicas do previsto encerramento da Central Termoelétrica do Pego”.
Em 26 de janeiro, recordámos que “como já alertámos, estamos também apreensivos quanto ao futuro da Central Termoelétrica do Pego” e que “esta é uma realidade que o município não pode ignorar ou apenas simular empenho, devendo pôr os interesses de Abrantes antes e acima dos interesses partidários ou outros”. E, em 8 de março, insistimos que “os cidadãos questionam-se: o que acontecerá se grandes empregadores como a FRASAM (com cerca de 80 trabalhadores) ou a Central Termoelétrica do Pego (com cerca de 300 permanentes e 500 ocasionais) encerrarem?”.
Finalmente, defendemos recentemente, em 5 de junho p.p., que deveria ser “debatido exaustivamente o futuro da Central Termoelétrica do Pego, sob o prisma dos bens maiores (saúde, ambiente e economia) para a população do concelho de Abrantes, mas sobretudo para a freguesia do Pego, versus os danos ambientais e paisagísticos”. O que mais poderíamos fazer, senão o que fizemos atempadamente e com as prerrogativas que temos?
Contrariamente, sempre empurrando com a barriga e perdendo tempo com questões técnicas que não lhe diziam respeito, em vez de se centrar nas suas responsabilidades – impactos locais na economia, emprego, saúde e ambiente – o autarca socialista ignorou os nossos conselhos e aparece agora, desesperado, a correr atrás do prejuízo. O movimento ALTERNATIVAcom está de consciência tranquila, mas inquieto quanto ao desenrolar da situação e, sobretudo, quanto ao seu desfecho. Mais do que palavras ocas e bizarria, Abrantes precisa sobretudo de ação resoluta e de triunfos.
Contem connosco, nós contaremos sempre convosco.
Movimento ALTERNATIVAcom | 07 de julho de 2021
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