Sexta-feira, 10 de Julho de 2015

 

A Dona Clemência Dupin foi uma avançada pró seu tempo, como política, uma das primeiras mulheres divorciadas, grande amiga de Oliveira Salazar que a fez a primeira abrantina a ser Procuradora à Câmara Corporativa(a segunda foi Lourdes Pintasilgo).

Também trabalhou na indústria como a segunda (que trabalhou na CUF) mas não como empregada, foi patroa (agora diz-se empresária) de grande sucesso no  ramo das serrações com interesses em Portugal e Espanha.

Tudo isto já se sabia e já se tinha publicado aqui a sua foto.

clemência.png

antt- extracto documento

 

O que não esperava encontrar era a notícia que um seu antigo gerente, duma das  várias serrações que tinha, tivesse sido fuzilado (com a família) pelos militantes da Frente Popular.

Quem o matou?

A notícia diz que foram os ''marxistas'', mas essa é a designação propagandística reaccionária para todos os grupos (às vezes inimigos) que entre 1936-39 combateram Franco. Pode ter sido fuzilado por comunistas, anarquistas, socialistas, bandoleiros, tropa regular ou qualquer outra milícia.

Mas que o  mataram aparentemente apenas por ser burguês e católico, lá isso mataram:

(...)'' o espanhol D. Salvador Cabanes Torres, que foi um mártir. Católico fervoroso, D. Salvador foi gerente da fábrica de Serração C. Dupin e Companhia, aqui no Bairro da Estação. Era casado com D. Pura Burguete Cabanes Torres, uma senhora que na capelinha do Sr. da Agonia rezava o terço em espanhol com a comunidade do Vimieiro. Os seus três filhos chamavam-se: Jesus, Maria e José.
Este senhor ajudou o meu avô materno, Salvador Rodrigues de Sá, a morrer ainda na flor de idade, quando a vida se lhe apresentava risonha e repleta de felicidade. Apertava a mão do meu avô e na outra segurava o crucifixo dando-lhe força e alento na sua passagem da vida para a morte e dizia: "força xará".
Nicanor, um filho desta terra, e filho também da costureira Srª. Maria dos Anjos chamou-lhe "um simpático cavalheiro que entre nós conta com as melhores simpatias" (27 de Outubro se 1927).
Na sexta-feira, dia 15 de Janeiro de 1929, partiu no comboio correio da manhã, perante uma sentida e derradeira despedida, dos amigos.
De Valência, Espanha, terra da sua naturalidade, mandou 14 lindas estampas alusivas à Vida de Cristo, representando a Via Sacra e medindo cada uma delas, impressas na Alemanha, 0.65*0.39, que ofertou à Igreja Matriz de Santa Comba Dão. Para a Banda Santacombadense enviou as músicas, "La Fiesta Valenciana", "El Falero Serrano", a "Cancion del Soldado" bem como muitos livros para a biblioteca Alves Mateus.
Este senhor D. Salvador e seu filho, D. José Cabanas Torres, foram mártires da Guerra Civil espanhola, pois foram fuzilados em Valência quando os marxistas desencadearam uma luta violenta contra a Igreja e os seus filhos. (1936-1939).
D. Salvador e o seu filho, não se deixaram intimidar pelas ofensas, os insultos, a morte e percorreram o caminho da cruz, para exprimir o maior testemunho aceitando voluntariamente o martírio. Aqui, não se esqueceram das suas mortes e mandaram-lhe rezar uma piedosa missa. A casa onde viveram e que foi feita especialmente para esta família, lá esta na rampa da padaria olhando o casario de Santa Comba, os caminhos de ferro, a paisagem verdejante e as janelas onde D. Pura chamava os seus filhos: Jesus,... Maria ... José ...
Vimieiro
Elsa Silvestre do Amaral''

 

com a devida vénia ao mui salazarista blogue Vimieiro-Santa Comba

 

Era para encerrar isto (esgotou-se o Malboro) quando vejo alguma referência da rádio oficial  que diz que a milionária Clemência era ''republicana'', certamente como Salazar, porque terminou Procuradora fascista.

 

Soube ela que lhe fuzilaram os ''rojos'' o ex-empregado? A senhora morre em Abril de 1936 e a guerra civil começa a 18 de Julho. Certamente não soube que lhe fuzilaram o ex-gerente, mas os seus herdeiros terão perdido muita massa com a guerra, dados os seus interesses no país vizinho. A não ser que tenham pensado (como ela) que não há melhor que uma boa guerra para construir uma grande fortuna. Foi especulando durante a 1ª Guerra Mundial que ela ampliou o Império.

 

mn

 

bibliografia: ver tudo o que escreveu Teresa Reynolds de Sousa sobre ela

e isto tem algum interesse para a família do marido

genealogia seabra.jpg

 quando houver pachorra: Henrique Galvão visita Palácio Dupin 



publicado por porabrantes às 16:47 | link do post | comentar

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