nasceu na Herdade das Tojeiras, no concelho da Chamusca, na raia de Abrantes, uma menina, filha de gente do campo, curtida na dura labuta de criar gado e semear trigo,  amiga minha.....,

a Celeste Bárbara, cujas cem primaveras foram festejadas em presença da Autoridade Administrativa, do Pároco do Rossio (infelizmente o P. Sebastião não pôde ver este momento), do pessoal do Lar D.Joana Godinho Soares Mendes, e de familiares, ex-patrões e amigos.

Há 20 anos um médico do Hospital disse que não operava a Celeste porque era muito velha e havia risco. 

Não foi operada e depois de 70 anos de trabalho, ingressou no Lar .Mas chateava-se de lá estar e fugia até à esquina do Café Avenida e ficava lá parada.

Ficava a ver os carros passar e quando via um da Bemposta, onde está uma das suas casas e onde viveu parte da vida, longa e proveitosa, mandava parar o veículo, como se fosse um polícia-sinaleiro e perguntava novas dos seus. Do bom povo da Bemposta, da gente da Charneca, daquela saga de valentes que desbravou o mato bravio das terras que foram de D. Gastão Coutinho, Conde da Taipa e Soldado do Cerco do Porto 

Quando a Celeste nasceu, eram aquelas terras do cacique republicano  Manuel João da Rosa

Se eu pergunto à Celeste, que é analfabeta,  quem era Manuel João, diz-me, lembro muito bem dele.

Podia contar muito mais coisas da Celeste, minha velha amiga, mas quero sobretudo apresentar os meus parabéns a ela e ao ao seu único filho, o Professor Doutor António Luís Silvestre, que estudando à noite na EICA e trabalhando de dia, fez o curso secundário e depois partiu para ser catedrático de Economia numa das melhores Universidades de Portugal.

Bolas, estou sempre a falar da EICA, ultimamente.

Há um ano as pernas fraquejaram, está numa carreira de rodas. 

É a minha mais velha amiga.

E não digo mais.

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