Faleceu, com 96 anos, a Senhora Dona Maria Ramiro de Sousa Falcão Farinha Pereira Marques Godinho, viúva do regente agrícola Fernando Pimenta Marques Godinho. Há uns tempos que andava mal de saúde, mas com a sua vigorosa vontade de viver tinha-se recuperado recentemente duma pneumonia, e voltara à sua casa, à beira do Hotel Turismo de Abrantes.
A primeira palavra tem de ser a de dar os sentimentos às suas filhas, D. Bela Godinho Alberty e D.Teresa Godinho Correia Leitão, aos seus genros, o Zé Alberty e o Prof. Doutor Maximino Correia Leitão e aos netos.
Já falámos aqui nela várias vezes . Outro dia evocou-se aqui a história do Colégio de Fátima, quando ainda funcionava na Casa de Santa Maria. A Mira estudou lá com a Ermelinda Coelho,que por acaso além de Professora primária ilustre, foi depois foi directora dessa Casa.
Cresceu e viveu aqui até casar, na Praça Raimundo Soares, nº 17, onde viviam os pais.
Fundamentalmente foi uma mulher cheia de personalidade, de gosto de viver, energia, classe e senhora do seu nariz.
Era um católica empenhada.
Além de se dedicar à família, sempre esteve preocupada pelas obras de caridade, aquilo que agora o politicamente correcto chama ''causas sociais''.
Com algumas amigas fundou e ajudou a dirigir, na Cidade, o MNF (Movimento Nacional Feminino) que apoiava os soldados que Salazar mandara combater em África. Era um turbilhão de energia no apoio aos combatentes.
Também se destacou por ser Servita, apoiando os caminhantes a Fátima.... com garbo e carinho.
Tudo isso, arranjando tempo para ser grande animadora de tertúlias chá-canasta no Hotel Turismo de Abrantes,com a D.Fernanda Mena, a Dona Maria Cristina Ataíde (a mãe do arquitecto Duarte Castel-Branco), a D.Castelinho Calheiros de Azevedo, e outras amigas cujo o nome me escapa.
Viu o fascismo matar-lhe o sogro, o General Godinho em 1947. Viu ainda a sogra, D.Palmira Godinho ser presa, bem como o cunhado, o Dr.Alfredo, pelo simples ''delito'' de reclamarem justiça.
Só depois de muito pressionada contava essas trágicas memórias.
Também viu as suas herdades ocupadas pelas ‘’amplas massas’’ que queriam transformar o Sul do País numa Bulgária (Jaime Gama dixit no Parlamento) para abrir o caminho para a Ditadura.
E viu mais coisas que não narrarei.
Ao longo de quase um século de vida vêem-se muitas coisas, umas boas, outras más, outras assim-assim.
Depois de uma longa doença, onde nunca perdeu um sarcástico sentido de humor e a ‘’joie de vivre’’, morreu o Fernando.
Mirante
A Mira ficou viúva e vimo-la, enérgica e jovial como sempre, dedicada à família e militando voluntariosamente em apoiar os doentes no Hospital Manuel Constâncio e noutras causas sociais. Este activismo fê-la ganhar notoriedade e reconhecimento público, sendo entrevistada frequentemente pelos medias, como foi o caso do Mirante, donde retirámos a sua foto.
A lição da Mira foi não se render nunca e viver quase um século fiel aos valores em que foi educada.
Há certamente peripécias engraçadas na sua vida que seriam saborosas de contar, mas não é evidentemente o momento.
Vai amanhã a enterrar.
mn
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
Instituto de História Social (Holanda)
associação de defesa do património santarém
Fontes de História Militar e Diplomática
Dicionário do Império Português
Fontes de História politica portuguesa
história Religiosa de Portugal
histórias de Portugal em Marrocos
centro de estudos históricos unl
Ilhas
abrantes
abrantes (links antigos)