Para evitar acidentes destes e defender os trabalhadores da construção civil de Abrantes, em 1931 foi organizado pelo carpinteiro Apolinário Marçal e por outros operários deste ramo um sindicato.
O carpinteiro Apolinário Marçal era um dos sindicalistas activos
outro era o Luís Marques dos Santos que criou a Construtora Abrantina (hoje nas mãos da Lena), enquanto o Marçal criou a falida empresa que está na página do Jornal de Alferrarede.
O sindicato teve logo problemas, já se estava em ditadura e mandava em Abrantes (e queria mandar em tudo) o integralista Henrique Augusto Silva Martins, o pai dele mudou o nome da Moagem para Afonso XIII, e Manuel Fernandes contava, na Assembleia, que por vontade do cacique Abrantes se passaria a chamar Afonso XIV.
O projecto caciquista totalitário do fascista Martins consistia em dominar tudo o que se mexia na sociedade abrantina. Lembra-me coisas que acontecem agora.
Logo nesse ano (1931) é dissolvido pela Ditadura o Sindicato Agrícola, associação do latifúndio, que tantos problemas criara à República, e que era presidida por Solano de Abreu.
Diz o Eduardo Campos que em 8 de Agosto de 1931 tinham sido aprovados os estatutos da Associação Operária de Construção Civil. E que houve muitos protestos porque os seus fundadores não eram trolhas, mas puros comparsas aliciados pela tropa integralista.
Como reacção a esse sindicato-fantasma é que os autênticos trabalhadores da construção civil se associam. E eles são os que assinam o documento reproduzido.
Mas meter-se com o cacique
ia dar-lhes problemas....
Segundo Eduardo Campos, este Sindicato é dissolvido em Janeiro de 1934, juntamente com outros dois, e um mês depois o fascismo expulsava o monárquico liberal Solano de Abreu de Provedor da Santa Casa.
Pelo processo que compulsamos temos evidência de 1938 que o arquivo do Sindicato teria sido destruído pela ditadura
mn
estes documentos sindicais foram-nos cedidos (com muitos outros documentos) pelo falecido Mário Semedo. Para o caso dos documentos sindicais, o Mário pensara escrever um trabalho sobre isto, em colaboração com o historiador César Oliveira.
Mas a porca da política meteu-se à frente. E morte do César também. Também chegaram à nossa posse, via Mário, de quem se evoca a memória, documentos sobre o MIAA que serão aqui publicados
créditos: Eduardo Campos, Cronologia do Século XX em Abrantes
foto do cacique Martins: blogue do Dr.Rui Lopes
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