por Paulo Falcão Tavares, Presidente da Tubucci-Associação de Defesa do Património da Região de Abrantes *
Enquanto Portugal inteiro (e todo o mundo civilizado) recuperam, estudam e classificam as muralhas das cidades históricas, Abrantes destrói parte das suas muralhas, de vila e cidade militar fortificada.
Para que serve afinal a classificação das cidades, monumentos e sítios, com seu vasto conjunto de leis protecionistas? Para nada!
Abrantes poderia apostar no turismo militar, cultural ou religioso, no centro histórico, mas destruindo-o lentamente, afasta e condena toda uma cidade e sua população à miséria.
Referimo-nos, neste caso em particular, ao que o povo designa por “bunker da céu” ou aos caixotes que a câmara municipal construiu em frente ao Tribunal, para servir um qualquer serviço público. Para construir estes caixotes, sem nenhum mérito artístico ou arquitectónico, a própria edilidade mandou destruir parte das muralhas históricas da cidade, numa atitude sem precedentes na história da notável vila ribatejana.
O feio e o distorcido (de grande parte da arte moderna e contemporânea) passaram a ter classificação de bonito e belo. Claro que fazem parte, este tipo de caixotes que destruíram a harmonia estética da muralha histórica de Sua Majestade o Rei D. Pedro.
O povo abrantino e os turistas acham aberrante e insultuoso esse desenho de arquitectos ávidos de protagonismo cultural. Hoje parece que a obra mais chocante vence. Parte desta ideia é ensinada nas universidades de arquitectura, infelizmente, senão vejamos o caso de Carrilho da Graça e a sua torre cega, que destruía um convento quinhentista…
O padrão estético que durante séculos foi criado por verdadeiros artistas, está hoje a ser deturpado e abandonado.
Recentemente, o artista e brilhante ilustrador Robert Florczak, explica no youtube, (https://youtu.be/0KHmIfl8Inw) porque a arte moderna é tão ruim. Procure e veja a vergonha desta teia de vigaristas da cultura. Temos de ter espírito crítico.
Abrantes e o seu centro histórico foi palco destes fulanos, por diversas vezes, com borrões, pseudo-esculturas e tanto mais de difícil descrição. Nem vou mencionar nomes para não lhes dar publicidade.
Para quem conhece Óbidos, bastará para dar um exemplo, de como gerações de conservacionistas e amantes da sua terra, projectaram a vila a um potencial turístico único em Portugal, justamente porque não destruíram o seu valioso património histórico. Hoje Óbidos e toda uma vasta zona vivem daquele tesouro vivo, que são as suas muralhas e a sua vila devidamente respeitada.
Os caixotes sem valor artístico, podem ter lugar fora dos centros históricos, nunca dentro deles, para isso temos os contentores de obras, que se removem quando queremos, nunca obras em betão de carácter definitivo que pervertem todo o sentido estético e cultural.
Se Abrantes, no período liberal e até republicano destruiu parte das suas portas da vila, foi por puro desconhecimento e ignorância. Não se justifica que em pleno século XXI, uma câmara municipal com técnicos tão bons, destrua uma cidade e seu centro histórico. Não tem legitimidade para tal, nem os políticos, sejam de que partidos forem. Nós não queremos nem precisamos de políticos, temos necessidade de gente que compreenda o passado, para assegurar o futuro das populações. Com gestos imaturos e irreflectidos desta natureza, vamos partindo a galinha dos ovos de ouro. Os recursos abrantinos são muito escassos.
A actual presidente da câmara municipal, Maria do Céu Antunes é a principal responsável por estes actos criminosos que merecerem atenta reflexão desta alpinista partidária, porque um político consciente não comete selvajaria desta monta. A cidade e os cidadãos merecem respeito e consideração. A cidade é da população, não dos políticos. Temos de protestar.
Penso que o futuro deste edifício, que servirá para o mercado municipal, deveria ser a sua demolição completa e posterior reposição do pano de muralha original, que tanto caracteriza a nossa querida cidade fortificada e sobretudo histórica. Não se percebe porque o antigo mercado municipal, feito no Estado-novo não é reparado para estas mesmas funções?
* Delegado em Portugal das Reais Ordens da Augusta Casa de Sabóia; autor de entre outras obras de
créditos: Artur Falcão:
foto da escada para assaltar idosas a par do bunker, a escada também é muito útil para o chuto (nota da redacção)
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