Camões, sabendo das intrigas, teria dito: "Um que envergonha outro que injuria".
Não é para menos.
António Reis, antigo Secretário de Estado da Cultura do II Governo Constitucional e que foi Grão Mestre da Maçonaria, deu ordens por despacho, para instalação do CIEC-Centro Internacional de Estudos Camonianos em Constância, onde iria figurar a biblioteca camoniana de Victor Fontes doada à Associação de Camões . Este despacho de que tive conhecimento através do saudoso cronista Joaquim Coimbra, não foi cumprido pela então Comissão Instaladora do Instituto do Património Cultural e Natural que acabou dissolvida. Ora, segundo os apontamentos do manuscrito do cronista (historiador local que mereceu elogios tanto de José Hermano Saraiva como de María Clara Pereira da Costa), o previsto Centro, passo a transcrever "devia funcionar onde quer que as previsíveis cheias não afectassem o edifício reerguido, nem a camoniana, oferecida à Casa de Camões, pelo ilustre bibliófilo Victor Fontes".
Na altura, a associação, liderada pela minha eterna e saudosa amiga a jornalista e escritora Manuela de Azevedo, esclareceu as entidades, passo a reproduzir " que as técnicas modernas preservam da humidade as 'casas-fortes', demais que as espécies de qualidade, se prevê venham a ficar tão acima do nível das cheias mais ousadas que não é lícito pensar que algum dia tal casa-forte venha a ser atingida".
Quis o destino que Manuela de Azevedo me chamasse para assumir funções de fiscalização na Associação da Casa-Memória de Camões.
A saudosa amiga nunca imaginou por certo que parte do riquíssimo espólio doado por Victor Fontes tivesse sido exposto à chuva num anexo no último piso do actual edifício da Casa-Memória, acaso sem telhado.
O assunto - grave- foi levado por mim à Assembleia geral tendo recebido como resposta que estavam a tentar recuperar alguns exemplares mas que estariam irremediavelmente perdidos.
Há dias pedi à direcção o inventário do património e já o recebi em segunda tentativa.
Do mesmo não consta a biblioteca camoniana Victor Fontes.
Estou zangado. Muito zangado.
Não quero explicações. Quero ver a biblioteca. Inteira e inventariada.
E todo a restante espólio doado.
Há anos que venho insistindo para se fazer este inventário e me venho oferecendo para colaborar.
Que sejam apuradas responsabilidades!
Viva a Associação da Casa-Memória de Camões em Constância de Manuela de Azevedo!
José Luz (Presidente do Conselho Fiscal da Associação da Casa-Memória de Camões em Constância).
PS- Só para que conste: Manuela de Azevedo ofereceu-me um exemplar do inventário do espólio doado por Victor Fontes.