O herdeiro da dinastia que expulsou o ocupante estrangeiro, exprime na sua tradicional mensagem as suas preocupações sobre a situação do País.
Vestígios e laços de historicidade
No aniversário dos 380 anos da Restauração de Portugal (1º de Dezembro) tomemos nota de alguns indícios de resistência popular ao domínio filipino, no caso, em Punhete. Uma vila a que também andam ligados talvez indirectamente, nomes famosos da Restauração. Descubra aqui… lendo.
A história dificilmente se poderia repetir hoje em dia (?), tempos de uma União Europeia em que o conceito clássico de Estado já não é o que era e o espírito revolucionário, com excepção do período de 1975, em particular, parece adormecido…
Há precisamente 380 anos ocorria a chamada «Restauração da Independência de Portugal» como país pretensamente soberano. Com efeito, nesse dia, o grupo denominado de «Os Quarenta Conjurados» chefiou o golpe de estado revolucionário. Miguel de Vasconcelos, o traidor, era atirado pela janela, no Paço da Ribeira.
A revolta dos portugueses alastrou-se então por todo o Reino culminando com a instauração da 4ª Dinastia Portuguesa da «Casa de Bragança» em que D. João IV é aclamado Rei. Na vila de Constância, então designada Punhete, existia um foco de resistência ao domínio filipino, como se infere do relato do historiador Oliveira Marques e se verá sumariamente a seguir.
Ligado à Restauração temos, por exemplo, D. Miguel de Almeida, Conde de Abrantes e Alcaide-Mor de Abrantes, de Punhete e da Amêndoa, no caso, um dos Quarenta Conjurados : «(…) com que valor se portou no acto de aclamação de El Rey Dom João Quarto (…)» (1)
Vale a pena recordar aqui o episódio famoso protagonizado por uma descendente de Dona Guiomar Freire (2), castelã de Punhete, no caso, Dona Filipa de Vilhena, a fazer fé na genealogia da antiga Conservadora do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Diz-nos o «Portal do Dicionário Histórico» que Dona Filipa «teve conhecimento de todos os preparativos da revolução de 1 de Dezembro de 1640», tendo aconselhado a seus filhos que «a ela aderissem e partilhassem os perigos de seus irmãos em fidalguia e em nacionalidade». Na madrugada de 1 de Dezembro, pode ler-se, «cingiu ela própria as armas aos seus dois filhos, e mandou-os combater pela pátria, dizendo-lhes que não voltassem senão honrados com os louros da vitória». Adianta ainda esta fonte que «não foi ela só que procedeu assim nessa madrugada célebre. O mesmo fez D. Mariana de Lencastre». Não se conhece (?) o motivo pelo qual ficou apenas no espírito popular o nome de D. Filipa de Vilhena.
Mas o rastilho mais importante da revolução parece remontar a 21 de Agosto de 1637, três anos antes, com a conhecida «Revolta do Manuelinho ou «Revolta do Manelinho» em Évora, de cariz popular.
O anúncio de novos impostos (água e sisas) estará na origem dos acontecimentos eborenses que começou nas ruas e levou a que incendiassem as moradias de nobres e de representantes locais da coroa espanhola.
É então instituída uma Junta Governativa popular, de auto-governo, a qual passa a emitir comunicados assinados pelo «Manuelinho» um «louco» bem conhecido que vagueava pela cidade…
Esta revolta tomou rapidamente grandes proporções, alastrando-se a outros pontos do Reino. Oliveira Marques (3) relata-nos: «(…) a famosa Revolta do Manuelinho, em Évora (Agosto de 1637) deu a faísca para cerca de 70 motins, a partir de Setembro daquele ano, em todo o Algarve e o Alentejo, e até a norte do rio Tejo, em Santarém, Golegã, Punhete, Abrantes, Sardoal, Mação, Envendos, Ferreira, Sobreira Formosa, Águas Belas e Beco, com extensões no tempo até Março de 1638. Mau-grado a repressão das autoridades, voltou a haver motins em 1639 e em 1640 (…)».
No ano seguinte (1639) Filipe II de Portugal via-se obrigado a mobilizar dois exércitos com cerca de 10 mil homens para subjugar as regiões revoltadas.
Segundo o «Avante», órgão oficial do PCP – Partido Comunista Português, «Conhecida como as Alterações de Évora, a revolta do Manuelinho é apontada como precursora da conspiração que levou à independência em 1640». Na súmula editada pelo PCP lê-se ainda: «a época é de crise geral, afectando todo o homem, em todas as suas actividades: económica, social, política, religiosa, científica, artística, e em todo o seu ser, no mais profundo da sua potência vital, da sua sensibilidade e da sua vontade». Actual e sintomática esta recente publicação comunista?
Há três anos atrás, numa encenação histórica em Santa Cruz, na ilha da Madeira, o povo, qual Torquemada dos dias correntes, atirou de novo o traidor pela varanda. Não serão porventura reminiscências do antigo espírito inquisitorial que mandava desenterrar os mortos para os julgar ou mandava queimar as suas efígies. Seria apenas uma diversão, restaurado o feriado nacional…
Dizem os entendidos que foi o levante da Catalunha que proporcionou a acção dos conjurados. Da Catalunha terá sido importado pelos Templários o nome da vila de Punhete, como já escrevi noutro artigo. Dizem que não há coincidências…Defronte da vila de Punhete, na margem norte do «Rio», no Outeiro da Conceição, no local do antigo castelo medieval, foi construída uma fortaleza, restaurada para as guerras da Restauração e para a Campanha do Conde de Lipe (5).
As guerras sempre acompanharam a história da humanidade e até constam da Bíblia.
Uma outra informação muito curiosa: Diogo Soares, Senhora da vila de Punhete e Comendador da Ordem de Cristo é apontado como Secretário de Estado, em Madrid, de Filipe IV de Espanha e Portugal (6). Ora, Miguel da Cunha (6) afirma que Miguel de Vasconcelos, o traidor, anote-se, era o sogro deste Diogo Soares, Senhor de Punhete. Nesta obra também consta, em nota de rodapé que «Diogo Soares casou, segundo os genealógicos, pelo menos três vezes, a última com Dona Antónia de Melo, filha herdeira do famoso ‘desfenestrado’, de quem houve geração (…)».
Na vila de Constância existia uma banda filarmónica 1º de Dezembro no 1º quartel do século XX, do Mestre Brito (onde tocava bombardino o meu bizavô paterno, Francisco da Luz, sapateiro na Praia do Ribatejo). A esta banda sucedeu outra, com a mesma designação, cujo maestro era o meu avô materno Carlos Amadeu Saraiva Silvares de Carvalho. No dia 1º de Dezembro a banda fazia a arruada pela vila com o hino da restauração e eram recebidos pelos populares A música dava o mote: «Tragam passas e aguardante, cá pra gente, cá pra gente».
José Luz (Constância)
Nas vésperas do 1º de Dezembro, o ex-furriel Féfé homenageia, com o garbo que demonstrou no 25 de Novembro de 1975, o cidadão Borbón.
Entretanto Filipe de Espanha proíbe a irmã de montar em casa em Lisboa, para viver à sombra do Imã dos Ismaelitas, o Aga Khan a quem o governo português concedeu carta branca para se dedicar a obras pias islâmicas nesta Terra de Santa Maria.
SAR Cristina de Borbón está acusada de corrupção num processo em Palma de Maiorca e pedem para o marido 20 anos de cadeia.
Entretanto vários deputados do Bloco vestiram t-shirts com as cores da 2ª República Espanhola, regime enterrado entre outras coisas, pela intervenção militar lusa em 1936-39.
É curioso ver deputados lusos vestidos com cores estrangeiras, nas vésperas do dia em que se celebra o levantamento nacional contra Castela, onde mandava um Habsburgo (os Borbóns vieram depois).
Também é curioso que a monarquia parlamentar espanhola seja capaz de pedir 20 anos de cadeia para o cunhado do Chefe de Estado e a república das bananas lusitana seja incapaz de julgar Sócrates ou que o Bloco seja incapaz de pedir uma comissão de inquérito parlamentar ao enriquecimento de Sócrates.
Coisa que explica que a Justiça e o Parlamento de Filipe de Borbón são mais eficazes e mais democráticos. Não há volta a dar-lhe.
mn
foto da Fundação Aga Khan
A Mocidade fascista dirigida pelo dr. Jorge Alarcão vai homenagear D. Miguel de Almeida a pensar que estava sepultado em Santa Maria. Foi enterrado no Convento do Carmo. Terei tempo de tratar disso ainda hoje?
Tocantes as desculpas do Martinho Gaspar à família Marques acerca da monumental gaffe do Notícias de Abrantes.
Sabem onde está o espólio?
Em certo alfarrabista.
Abrantes é assim. Abandalhada.
mn
Foi assim, não temos culpa que para salvar Portugal haja que matar!
As pistolas servem para isso, para abrir as gargantas dos traidores que bradam por Castela! ou pelo diabo que os carregue!
D. António Caetano de Sousa in
As armas feudais aí estão.
As armas dos Braganças e dos Medina Sidónia.
As armas duma mulher forte e decidida.
A melhor biografia continua a ser esta
A escrita dum homem forte e decidido, muito ligado a nós, porque lavrador no Gavião.
A escrita dum homem livre que penou pela Liberdade num presídio em Angra de Heroísmo.
A escrita dum homem que escreveu, conspirou e pegou em armas contra a República e contra Salazar.
Enviado para deportação com anarquistas, comunistas, republicanos liberais e monárquico de várias cores.
O homem era este
mas é da andaluza que falo
Durante a Regência, na menoridade do filho, Afonso VI, dirigiu uma guerra vitoriosa contra Espanha.
O que resta da nossa liberdade, em boa parte, deve-se a esta mulher.
Seremos dignos da batalha da ''espanhola'' pela liberdade de Portugal???
O povo, sim.
A politicagem em geral, não.
Hoje quando descemos à rua para dizer que não queremos um Portugal refém da troika, da usura internacional, da humilhação de sermos governado pelo partido do estrangeiro, devemos-lhe uma homenagem.
A lição de Luísa de Guzmán que quis um Portugal moderno, tolerante e livre, um Portugal capaz de punir traidores fossem Duques ou Arcebispos, um Portugal capaz de bater pelas armas o estrangeiro, um Portugal capaz de ter um Ministro mulato e judeus tão cidadãos como os cristãos-velhos, deve ser a que retenhamos.
A batalha de Luísa de Guzmán, a batalha de Hipólito Raposo, é o nosso combate.
Marcello de Noronha
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