Jornal Arcádia (órgão da Academia de Portalegre, 1 de Dezembro de 1926)
Bento Gonçalves, 2º SG do PCP sobre o revolucionário abrantino Martins Júnior:
'' (...) Ainda no ano de 1925, os reaccionários tentaram a sorte. Em 19 de Junho, o comandante Cabeçadas tomou de assalto um barco de guerra de onde chegou a fazer uns tiros para terra. Porém, a indecisão é já manifesta covardia dos conspiradores reaccionários que não deram sinal de vida, em terra. O Governo julgou a aventura, talvez muito aborrecido e contrariado por não ser ainda desta vez que punham fim à fantochada da sua existência. Em Dezembro de 1925 ou Janeiro de 1926, Martins Júnior, pessoa ambiciosa e tresloucada, capaz de se bandear com a reacção, como depois se provou com a sua adesão ao fascismo, arrancou com a artilharia de Vendas Novas e trá-la para Almada e Cacilhas de onde, à mistura com uns vivas ao Partido Radical, fez uns tiros para Lisboa. O Governo, porque se tratava de elementos tidos como «radicais», foi menos macio e, depois de apagar mais o rastilho de Almada, deportou o Martins Júnior, alguns sargentos e praças para a Madeira e Açores. Um dos heróis desta «fita» foi José Maria de Almeida Júnior.Estas aventuras, conquanto fossem chefiadas por pessoas cujos nomes andavam ligados à vida da República liberal e arvorassem o estandarte da luta contra o partido da tirania e opressão, o Partido Democrático, eram inspiradas pelos futuros fascistas.(...)''
Martins Júnior era amigo do anterior SG Carlos Rates e tinha com o PCP organizado acções armadas em 1924.
Carlos Rates caiu em desagraça e naturalmente Martins também. Tanto ele como Rates aderiram ao Estado Novo.
O resto do texto está aqui
Continuará como nos folhetins....
mn
foto: Wiki
O sargento Sebastião Pauleta nascera em Abrantes, era filho de Maria Piedade Marques e José Maria Pauleta.
Era artilheiro e combatera na 1ª Grande Guerra, em França. Fora condecorado com a medalha comemorativa da Expedição a França, donde regressara em 1919.
Meteu-se na política e no golpismo radical, sendo aliciado pelo construtor civil abrantino, seu amigo, Martins Júnior, para derrubar António Maria da Silva.
Foi um dos líderes do motim de sargentos em Vendas Novas, que tomaram o Quartel, em 1 de Fevereiro de 1926.
Durante a refrega em que participaram civis, aliciados pelo mestre de obras Martins (que ficava furioso quando lhe chamavam assim, preferia construtor civil) e pelo dr. Lacerda de Almeida, ambos dirigentes do radicalismo ( Martins era um confesso admirador de Mussolini e de Miguel Primo de Rivera), feriram a tiro o alferes Humberto Delgado, que devia conhecer o Pauleta de Abrantes.
O Pauleta e os outros presos no golpe ver aqui
A revolta fracassou e o sargento Pauleta foi deportado para Ponta Delgada, juntamente com Martins Júnior e os outros implicados.
mn
fonte: Martins Júnior-O Presidente Landru na República da Calábria (onde se enaltece a figura do sargento Pauleta, como um dos líderes do golpe)
Delgado vingou-se mais tarde dando uma sova com cavalo-marinho ao sargento que o ferira. Achava uma falta de respeito ser ferido por um sargento. Ver A Pulhice do Homem Sapiens do General.
PS- Agradecemos à nossa leitora Isabel P. ter enviado a foto do Sargento Sebastião Maria Pauleta, quando se encontrava em França....no ''front''
Lisboa 7 de Fevereiro de 1926 Diário de Notícias
''Foi cercada a residência do irmão do chefe civil da revolução do 2 de Fevereiro, sr Martins Júnior, o qual foi preso e mais dois oficiais e cinco sargentos''.
O preso era o dr.António Silva Martins, distinto médico e sportsman.
O mandante era António Maria da Silva, presidente do ministério e líder democrático.
O dr. Martins tinha salvo o António Maria (que antes do 5 de Outubro era um destacado influente monárquico no Redondo, conhecido por famosas burlas eleitorais) de ser enviado para as masmorras de S.Julião da Barra por Sidónio Pais.
Refugiara-se no Hospital de Santa Marta, onde o médico abrantino garantira à polícia sidonista que o asilado estava bastante doente.
mn
foto do dr. Martins- blogue do dr. Rui Lopes
entre os deportados do 2 de Fevereiro de 1926, estava Martins Júnior
A Choldra, n2 1926
que dizia que São Bento era '' uma miserável sucursal do directório que reside na Travessa da Água da Flor''.
Sobre António Maria da Silva dizia MJ que era ''O Presidente Landru na República da Calábria''
ma
Bento Gonçalves, que morreu no Tarrafal, foi o 2º S. Geral do PCP (o 1º foi Carlos Rates).
No Livro ''Palavras Necessárias'' retratou os golpes do abrantino Martins Júnior:
'(...)' Ainda no ano de 1925, os reaccionários tentaram a sorte. Em 19 de Junho, o comandante Cabeçadas tomou de assalto um barco de guerra de onde chegou a fazer uns tiros para terra. Porém, a indecisão é já manifesta covardia dos conspiradores reaccionários que não deram sinal de vida, em terra. O Governo julgou a aventura, talvez muito aborrecido e contrariado por não ser ainda desta vez que punham fim à fantochada da sua existência. Em Dezembro de 1925 ou Janeiro de 1926, Martins Júnior, pessoa ambiciosa e tresloucada, capaz de se bandear com a reacção, como depois se provou com a sua adesão ao fascismo, arrancou com a artilharia de Vendas Novas e trá-la para Almada e Cacilhas de onde, à mistura com uns vivas ao Partido Radical, fez uns tiros para Lisboa. O Governo, porque se tratava de elementos tidos como «radicais», foi menos macio e, depois de apagar mais o rastilho de Almada, deportou o Martins Júnior, alguns sargentos e praças para a Madeira e Açores. Um dos heróis desta «fita» foi José Maria de Almeida Júnior.
Estas aventuras, conquanto fossem chefiadas por pessoas cujos nomes andavam ligados à vida da República liberal e arvorassem o estandarte da luta contra o partido da tirania e opressão, o Partido Democrático, eram inspiradas pelos futuros fascistas. A reconhecida incapacidade política da pequena burguesia era aproveitada pela reacção que a par e passo a lançava em aventuras desesperadas. A reacção tinha agentes seus nos agrupamentos pequeno-burgueses para o que desse e viesse. Em qualquer circunstância favorável aos seus desígnios, esses agentes tratariam de concertar as coisas a seu favor. É que os reaccionários não tinham ainda descartado a hipótese de os aventureiros oportunistas da pequeno-burguesia serem alguma vez bem sucedidos num dos seus frequentes «golpes». E dado que tal viesse a suceder, os seus agentes tratariam de encaminhar o sucesso para o ponto em que os fascistas lhe pudessem deitar a mão. Se esta previsão não se desse, havia que esperar o esgotamento de toda essa actividade política putchista e ligar mais tarde toda essa gente a um putche verdadeiramente revolucionário (...)
devida vénia a https://www.marxists.org/portugues/goncalves/ano/mes/palavras.htm
O livro é
Palavras Necessárias
(Elementos para a História do Movimento Operário Português)
mn
Jornal A Mocidade,12 de Fevereiro de 1926, com o relato do jogo de futebol entre o Sporting de Abrantes e o Grupo Desportivo Matuzarense, desafio amigável, que terminou com a vitória dos alentejanos por 5-1.
Na Biblioteca da Ponte de Sôr, dirigida pelo dr.Carlos Faísca, pode-se ler on-line os jornais da terra. Em Abrantes.....não.
Deve pois elogiar-se o desempenho do bibliotecário do município vizinho.
ma
Era 3 de Fevereiro de 1926, continua o orador
(...)
fonte: diário das sessões.
mn
tinha o Martins Júnior alguma razão em querer cortar cabeças de bonzos e especialmente de canhotos, lá isso tinha
uma das promessas do golpe era fuzilar todos os envolvidos na burla do Banco Angola e Metrópole, do Alves dos Reis
Declarações do revolucionário abrantino, dr. João Augusto da Silva Martins, quando comandava as forças civis e militares insurrectas, em 2 de Fevereiro de 1926
Martins Júnior com Afonso Costa, 1910, foto de Josua Benoliel, antt-O Século
apesar de terem bombardeado o Castelo de S.Jorge, a coisa gorou-se
Um dos candidatos ao pelotão: o burlão Alves dos Reis
O Golpe, a que andou associado o Partido Radical, a Legião Vermelha, a formiga preta e militares de várias tendências, estalou quando o Banco Angola e Metrópole deu um sonoro estoiro e o país ficou alucinado pelo escândalo das notas falsas de 500 escudos.
Martins Júnior garantiu que havia muito mais militares associados, mas recusou-se a dar nomes.
Houve um ferido, Humberto Delgado. Martins Júnior desculpou-se: ''sou muito amigo do pai dele''.
Três meses depois o exército enterrava o regime.
para os interessados aqui
ma
extractos do Diário de Lisboa, dos dias do Golpe
Correio da Manhã (Brasil) 6 de Novembro de 1926
O político e magnate da construção João Augusto da Silva Martins envia carta demitindo-se do Partido Radical, de que fora líder. O motivo que esgrime, é decisão do PR se juntar às forças que combatiam a Ditadura. Martins Júnior dá o seu aval à Situação, criada em 28-5-1926, num golpe chefiado pelo seu correligionário do PR, General Gomes da Costa. Este já tinha sido deposto entretanto.
Foto de 1910, Marfins Júnior com Afonso Costa, Joshua Benoliel para o ''Seculo.
ma
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