Era um debate na Assembleia Nacional, fala o deputado Proença Duarte:
(...)
A indústria dos lagares e dos alambiques diz respeito a produtos fabricados adentro do País, e que não importam a saída de dinheiro para o estrangeiro. É até condição para que certas indústrias, que hoje existem, se mantenham: facultar-se aos lavradores a possibilidade de montar essas novas indústrias.
Vou referir outro caso concreto.
Desde que está em vigor o condicionamento, ou desde que está sujeita a restrições a indústria dos lagares de azeite, as grandes fábricas deste produto existentes no Tramagal e no Rossio de Abrantes têm-se visto, algumas vezes, na contingência de fechar as suas portas, por não ser permitida a montagem de lagares.
Ainda o condicionamento não se impõe nesta indústria, apesar da razão invocada pelo Sr. Deputado Sebastião Ramires, ao dizer que esses estabelecimentos industriais podem laborar como quiserem e entenderem, sem condições de higiene e sem condições próprias de trabalho.
Ora, Sr. Presidente, não é assim.
As indústrias estão sujeitas à fiscalização da Inspecção Geral das Indústrias e Comércio Agrícolas e não podem funcionar sem estarem nas condições previstas, e fixadas na lei (...)
Deputado Botelho Neves:
(...) Quanto aos lagares, eu sei que a fábrica de Tramagal e outras estão lutando com grandes dificuldades, porque não estão autorizados pedidos relativos à instalação de dezenas e até centenas de lagares.
Não é, porém, o condicionamento em si que é culpado, porque essa indústria está sujeita à apreciação de dois Ministérios: o do Comércio e o da Agricultura.
Ora, não me consta, até hoje, que tenha sido negada autorização para a instalação de lagares de vinhos. Quanto ao arroz, é um caso distinto. Milhares de operários vivem dessa indústria e nela estão envolvidos imensos capitais.
Portanto, se existem no País em quantidade superior às necessidades de momento, não é justo que se vá autorizar a instalação de novas indústrias.
E, para terminar, eu repito: condicionamento não é proibição: é subordinar a indústria ao interesse nacional, é fazer apreciar a questão pelos órgãos a quem compete seguir, passo a passo, o desenvolvimento do País.(...)
Diário das Sessões
A comissão de Val-de-Mós, quando da sua visita a O Século. [Identificados no álbum:] João Vital Marques; Jacinto Dias César; António Bernardo Lourão; António Dias Bairrão; José Henriques; Bernardo Rodrigues; Manuel Pais Bairrão; Francisco Dias Bairrão; Ramiro dos Santos Gualter.
A data é 1937
A foto que era do Arquivo do Diário, está agora na Torre do Tombo, o texto é da Torre.
Com a devida vénia
António Marques Granja foi o abrantino, de Alferrarede, envolvido no atentado libertário contra Salazar, organizado pelo anarquista e dirigente sindicalista Emídio Santana, em 1937.
Passou largos anos numa penitenciária por lutar pela Liberdade.
Já se falou aqui dele. Estava ligado ao PCP, segundo Santana, mas terá agido à margem das estruturas bolcheviques segundo o dirigente da CGT.
O Pacheco Pereira, na sua biografia de Cunhal, considera que a explicação não é tão linear, e que serviços secretos da República Espanhola (então combatendo a ''Cruzada'' nacionalista) e eventualmente do Komintern podem ter intervido, no apoio à onda de ataques bombistas que pouco antes visara centros de apoio lusos aos militares espanhóis sublevados.
Essa interferência processar-se-ia à margem e sem conhecimento do aparelho do PCP. É uma hipótese que traça Pacheco, mas que não está confirmada.
Em 2013, foi editada esta obra de João Madeira, que ainda não tivemos tempo de ler.
Um episódio do programa da RTP ''Antes da Pide'', de Jacinto Godinho, relatou a história e dele se retirou a imagem da ficha do resistente de Alferrarede.
António Marques Granja, foi depois do General Godinho, o abrantino que mais fez para derrubar o fascismo e que mais caro pagou.
Um homem a quem devemos respeito e que ensinou os doutos revolucionários de cadeirão. À bomba, naturalmente.
ma
créditos: RTP 2, programa citado e Colectivo Libertário de Évora (livro)
Manuel Mattos e Silva, licenciado em Direito, juiz da comarca de Ponte de Sor, natural do Souto, de abastada família aí residente (outro Mattos e Silva, médico foi Colega em Coimbra de Avellar Machado que aí estudou matemática), gostava de pedras antigas e queria montar um Museu na vila alentejana, onde sentenciava pleitos.
Leite de Vasconcelos foi guia de Mattos e Silva na iniciação do juiz ao estudo das antas da região, correspondeu-se com ele e fez uma frutífera incursão a Ponte de Sor e a Montargil, onde recolheu vasto espólio arqueológico.
Mattos Silva recolheu uma importante colecção arqueológica e tentou montar um museu local, mas face ao pouco interesse que as suas intenções encontraram na terra, acabou por doar toda a sua colecção ao Museu de Arqueologia de Belém..
Sobre o assunto
Quase tudo o que digo consta no artigo citado, que convém ler. Acho que há alguma imprecisão sobre as andanças do Leite por Montargil, que aliás foram acompanhadas pelo Comendador e latifundiário Falcão de Souza, mas isso consta noutro registo.
Ver tanto discurso de especialistas municipalizados a falarem sobre arqueólogos abrantinos e arqueologia local, e omitirem o jurista prestigiado e importante arqueólogo amador, que foi o Dr.Mattos Silva é de bradar à Céu.
Faleceu o magistrado em 1937 em Ponte de Sor.
Provavelmente foi o primeiro abrantino a escrever sobre arqueologia em termos ''científicos'',
ma
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