Em 22 de Maio de 1873 celebrava-se o aniversário da cantora de ópera, de vida alegre, que o Rei-Viúvo D.Fernando tornara de amante em madrasta d' el Rei D.Pedro V, malgré o desagrado do filho.
Era a senhora, uma aventureira suíço- americana, de escasso talento e formas agradáveis, que o dandy Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha escolhera para lhe amenizar a viuvez.
Condessa de Edla
No Paço das Necessidades haveria uma récita teatral para celebrar o ''evento'' e nela participariam o apoucado Infante D.Augusto, rapaz simpático, a baronesa da Regaleira e o marido.
Para ensaiador foi escolhido o abrantino e celebérrimo Actor Taborda.
Sendo conhecida a antipatia de SMF D.Maria Pia de Sabóia pela ''americana'' é natural que nem ela nem o marido, tenham ido às Necessidades ver os discípulos de Taborda.
Por outro lado também é provável que D.Luís tivesse ido seleccionar coristas. Era um homem com tanto sucesso com as damas....como Juan Carlos de Borbón, embora mais inteligente.
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O V.Armindo Silveira advertia outro dia do risco de incêndio nos quintais do centro da Cidade. O Poder sussurou que controlavam tudo. Eis um quintal da R.Actor Taborda. Como se vê está tudo controlado e não há perigo de fogos no miolo urbano.
6 de Março 1909.
Foi hoje o enterro do Taborda. Aqui ha tempos cahiu de cama e disse a alguem a chorar:
--D'esta vez é certo! Sinto que vou morrer... E a vida é tão linda!
Tinha oitenta e cinco annos. Os jornaes contaram d'elle esta coisa enternecedora: D'uma vez foi recitar um monologo a um asylo de raparigas da sua terra. O monologo começava assim: «Boas noites, meus senhores...». Entrou no palco e disse a phrase:
Boas noites, meus senhores...
E as meninas do asylo, que o conheciam todas, levantaram-se e responderam á uma:
--Muito boas noites, senhor Taborda!
A morte engrandece sempre, mas acho horrivel acabar na rua dos Calafates, entre a convenção e a mentira, andar por cima, andar por baixo, corôas secas, photographias e recordações de bastidores. Um velho tem direito a morrer entre arvores, em plena natureza. Os bichos, quando sentem aproximar-se o fim, procuram um buraco para se esconder... São mais felizes.
Raul Brandão, Memórias , Free Editorial
Jardim da Estrela
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actor Taborda, 1906
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Discute-se se foi esta ou ''Lisboa de 1850'' de Francisco Palha e Latino Coelho representada em 1851. Em 1853 representou-se ''Fossilismo e Progresso'' e nas duas brilhou Taborda.
Há muita coisa na net sobre isto e sobre a influência de Taborda e dos modelos teatrais lusos no Brasil.
Na revista ''Fossilismo'', representada no Teatro do Ginásio, entrou um miúdo com quatro anos, que faria carreira.
Tudo isso é conhecido, faltava-me este alfarrábio.
Já cá canta. Boa prenda de natal.
mn
Em 1903 fundava-se em S.Paulo o Grémio Dramático e Recreativo Taborda em homenagem ao grande actor Taborda.
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Além da biografia (boa) de Taborda...
um apontamento sobre os inícios miguelistas do Conde da Taipa e Morgado de Punhete, depois furioso liberal, cujo liberalismo foi testado no Cerco do Porto
Inauguração do Monumento a Taborda, busto de Costa Mota (sobrinho) , Lisboa,1914, Jardim da Estrela
Solano de Abreu, 1917, percurso pelo monumento abrantino a Taborda
Solano diz que o busto abrantino é do Costa Mota (sobrinho) e com isso me fico, afinal foi ele que o encomendou e é uma cópia do da Estrela
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foto retirada de um blogue, autoria Joshua Benoliel
Estamos em 1871 e os Imperadores do Brasil viajam pela Europa. Aportam a Lisboa, são recebidos com a pompa e circunstância habitual, embora D.Pedro seja avesso a grandes protocolos.
O Imperador tem 46 anos. Governa Portugal o seu sobrinho el-Rei D.Luís, que o recebe em Lisboa. É nesse ano que André Rebouças, um mulato, engenheiro, começa a privar com o monarca a propósito das vias férreas e acamarada com o Príncipe na causa abolicionista.
O eng. Rebouças, um cientista, é filho dum português e duma escrava liberta.
Não vou descrever a chegada a Lisboa em Junho desse ano. Nem a pompa, nem a recusa do Imperador em ficar num Palácio. Alojou-se no Hotel Bragança, tão citado nos livros do Eça. O Imperador queria fazer um inter-rail pela Europa para fazer turismo e colher ideias para modernizar os trópicos. Também estava abatido pelo luto, a sua filha D.Leopoldina morrera de doença contagiosa em Viena.
Em Lisboa, a única pessoa, com interesses abrantinos, que aparece mencionada como distinguida por ele, à chegada, é o Marquês da Valada, de que tenho alguma carta.
O Imperador apanhou o comboio em Santa Apolónia e vá de rumar à fronteira do Caia.
Naturalmente em cada estação as autoridades locais, as forças militares, o bom povo apresentam-se para desbarretar-se frente àquele senhor excêntrico que reinava nas Américas e que se fazia acompanhar por um escasso séquito de criados e intelectuais brasucas.
O Visconde de Abrançalha, foto do Dr.Paulo Falcão Tavares, pub. no livro Cronologia de Abrantes no século XIX do Eduardo Campos Por certo, nele só há uma breve referência à visita do monarca.
Na viagem até Badajoz, D.Pedro manifestou-se muito interessado pelos problemas da Linha do Leste e foi palestrando com os notáveis lusos e com os responsáveis da Companhia.
A viagem pela Europa durou 8 meses, podem segui-la aqui.
Em 1872, o comboio voltou a passar pela Estação de Abrantes e a cena descrita em 1871 deve ter voltado a repetir-se. Não tenho descrição. No Entroncamento, o comboio desviou-se para Coimbra. O Imperador queria conhecer o Norte do País e a Academia coimbrã. Inclui a célebre visita de D.Pedro a Camilo. Antes já se encontrara com Herculano, que lhe deu umas garrafinhas de azeite para ''mamãe''.
Quando está para regressar ao Rio, ainda em Lisboa, D.Pedro recebe uma visita abrantina. Uma velha senhora.
Manuel Martinini, um espanhol residente em Punhete, de profissão destilador de bagaço, organizara em 1833 o primeiro levantamento liberal na região. A mulher queria oferecer a espada do guerrilheiro, feito coronel depois da vitória liberal, ao filho do caudilho que libertara Portugal do reino da fradalhada e das forcas d'El Rei Miguel.
O Spectator de 20 de Agosto de 1833 retrata a actividade do Martini, vista de Londres,
Sobre essa actividade há na net informação, de maneira que fica para outro dia.
Só para terminar, faltava o Imperador saudar a maior glória abrantina dessa época
Foi vê-lo ao Teatro da Trindade
mn
as páginas reproduzidas são da obra citada, edição da Universidade de Coimbra
foto de D.Pedro e de Rebouças: página do Imperador no facebook
nota: D.Pedro deixou um profuso diário das suas Viagens. No Museu Imperial pode estar o diário referente a estas viagens.
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