Em 30 de Agosto de 2010 escrevi aqui um post ''O falso Conde'' que me deu algum trabalho.
Vinha ilustrado entre outras coisas por esta artística foto do Doutor Candeias tirada pelo director do Jornal de Alferarrede.

Dissertava o post sobre D.Lopo de Almeida, de que não se conhecia (nem conhece) nenhuma representação gráfica e que o Doutor Candeias, seguindo Virgínia Rau, achava que se podia ver nesta imagem.

(vista parcial dum fresco da Biblioteca Piccolomini na Catedral de Siena)
coisa que sugeriu neste opúsculo

Provei eu por a+b+c, citando como obra científica de referência um guia turístico, que as 2 figuras são:
a) o que leva a cruz hospitalária (também chamada de Malta) : ''o membro da Fábrica da Catedral Alberto Aringhieri.''
b) o vestido de preto sem cruz: ''Andrea di Nanni Piccolomini, estando a seu lado a sua mulher Agnese di Gabriele Francesco Farnese.''
Ora em 2008 tinha ganho o Prémio Eduardo Campos uma senhora chamada Andreia de Almeida com uma obra com um título enorme que para resumir chamo ''D.Lopo de Almeida, Memórias do Primeiro Conde de Abrantes''.
É uma obra que me interessa, como me interessa em geral a temática histórica abrantina.
Por motivos vários só agora lhe peguei, especialmente devido à polémica acerca do último Prémio E.Campos aqui abordada.
Acho que vou tratar a obra com a profundidade que merece, se a actualidade deixar.
Para começar quero ralhar com a CMA que levou 2 anos a editá-la , prova que as coisas de cultura são para ela o parente pobre a não ser que provenham da Chefa, ou do chefe dela, o Oeesterbeck.
Hoje quero elogiar Andreia de Almeida por também ela, como eu, paternalmente no meu caso, maternalmente no seu, corrigir o Senhor Doutor Candeias (da Academia de História e do CHELA) quando à identificação das personagens que aparecem no fresco.
A história é uma construção e um aperfeiçoamento contínuo e as viagens ilustram, como concordará comigo, a Andreia, porque é amiga das viagens e, como eu, adepta da utilização dos guias turísticos como bibliografia científica de referência.
Eu fui a Siena e usei o guia

A Andreia usou a edição italiana, bravo por usar o original, ''La Libreria Picollomini nel Duomo di Siena, Scala, Firenze, 1982.
Eu usei a francesa porque é anterior.....
A Andreia, como é muito bem educada, não corrigiu liminarmente o Sr. Doutor Candeias como eu e colocou as 2 hipóteses em confronto, mostrando no entanto que no seu subconsciente se inclinava para a hipótese moderna sugerida pelo guia turístico.
Ambos, eu e a Andreia, cultivamos enorme admiração pela obra do Doutor Candeias, a quem a Andreia a páginas 11, da obra citada, classifica como eminente investigador, coisa que na introdução de qualquer trabalho concorrente ao Prémio Eduardo Campos deve ser feita, como manda a lógica e a ética!!!!
Ambos estamos de acordo que uma obra eminente pode ser contestada por um guia turístico, que no meu caso não me custou 6,5 € porque a a caríssima Mónica mo ofereceu, coisa chata porque me obrigou a gastar 50 € num ramo de rosas vermelhas porque ela, apesar de Marchese é rossa ...... como Enrico Berlinguer.
E ambos estamos de acordo que para as ciências históricas os guias turísticos são uma fonte primária......
Comecei a escrever em italiano, porque decerto, cara Andreia, você sabe a língua de Dante, tão bem como o Doutor Oeesterbck.
Qualquer português, excepto a Senhora de Tabucchi, ao meter-se no toscano se arrisca a erros e acidentes.
Foi o que lhe aconteceu,a si.
academia edu.
Mas antes disso deixe-me dizer-lhe que a sua obra é muito popular entre os autarcas abrantinos, tendo cada um dos vereadores um exemplar que foi lhe graciosamente oferecido pela Presidenta.
Volto à questão do italiano, você diz no seu livro que Alberto Aringhieri (o homem da Cruz de Malta) era um

''operário do Duomo''.
Cara Andreia, o homem está perto do Imperador, vai vestido como um aristocrata, leva a Cruz dos Hospitalários, insígnia que mostra que é Cavaleiro dessa Ordem e a Senhora transforma-o num
OPERÁRIO!!!!!
o que diz o texto é que o Cavaleiro era ''membro da Fábrica da Catedral'' ou seja é da Comissão Fabriqueira do Duomo

este imponente edifício com que os de Siena pretendiam deixar humilhado o Duomo de Florença.....

porque para um patrício ou popular de Siena
não há melhor desporto desde a Idade Média que chatear os de Florença....
Trata-se dum lapso menor ao alcance de qualquer um,que não invalida a sua obra que continuarei a estudar atentamente.
Marcello de Noronha
Bibliografia: Vita d’uomini illustri de Vespasiano da Bisticci (1421-1498)