Declarações de António Farinha Pereira, na República de 4-10-1960 ( é uma repescagem pois morreu em 1949) sobre quem fez a República em Abrantes. Para ele os nomes são: dr. Ramiro Guedes, José António dos Santos, Oliveira Neto, Rodrigo António, Joaquim Leite, Manuel Inocêncio da Costa, Roque José Delgado, coronel António Maria Baptista, Zeferino Alves da Silva, Vergílio Bastos e outros. Há silêncios que falam por si. Boa parte dos referidos não aparece nos estudos publicados pelos ''historiadores locais''. E naturalmente aparecem ''adesivos'' aos montes
ps- ao contrário do que diz AFP....o dr. Guedes era lisboeta .....
Em Março de 1912, António Farinha Pereira entra em conflito com os democráticos e ameaça publicar livro com todos os podres do movimento republicano, especialmente do Valente da Pera.
O livro é divertido.
Diz que pagou o jornal do Aurélio (''O Abrantes'') e não está para o aturar.O jornal tornara-se num sectário pasquim afonsista.
Nos anos 20 voltaria à facção maioritária do PRP.
E o Aurélio a ser companheiro de caça às perdizes do F.Pereira.
ma
Na sequência duma ronda de comícios pelo Médio Tejo, os republicanos terminam as jornadas de propaganda em Abrantes.
Era Fevereiro de 1907, depois do comício na Praça de Touros, cedida gratuitamente pelo lavrador Franco.
No Hotel Comercial há um banquete. Anima a festa a Tuna Rossiense.
Preside Ramiro Guedes, tendo à direita Bernardino Machado e à esquerda António José de Almeida.
Falaram José Eugénio Nunes Godinho (Constância), Guilherme Godinho (Almeirim), Bernardino Machado, Ferreira Caiado, Justo da Paixão, Anselmo Xavier, Pereira Camacho, Manuel Esteves, Martinho Costa, Pedro Paulo de Carvalho e António José de Almeida (etc)
Presentes: Adolfo Augusto Fernandes, António Farinha Pereira, Fernando António Assis, António Augusto Salgueiro, José Heitor Marques, Aurélio Netto, João Lopes Gueifão, Ramiro Guedes, Manuel Oliveira Netto, Joaquim M. Almeida Beja,Manuel Lopes Esteves, António Ribeiro Gomes dos Santos, João Alves Matias, José Eugénio Nunes Godinho, Manuel Caldeira Queiroz, Pedro Paulo Carvalho (os dois das Galveias), João Rodrigues dos Santos, António C. Alcaravela Júnior, José António dos Santos, Manuel João da Rosa, António Martinho da Costa, Alarico Alves Ferreira, Luís Marques Pires, Justo DR da Paixão, Virgílio Bastos, João Pereira, Joaquim R.Sequeira, Artur R.Sequeira, José Mendes, Zeferino A. da Silva, Artur Jorge da Silva, Valente Júnior, Silvério da Silva, Manuel J.S.Bastos, Francisco Cardoso e António Laurentino da Cunha.
(''O Mundo'' de 3 e 4 de Fevereiro de 1907)
Ilustram o artigo fotos com destaque de Justo da Paixão e António Farinha Pereira e ainda fotos dos netos de Ramiro Guedes, com Bernardino e António José de Almeida.
António Farinha Pereira
No Jornal de França Borges, a quem é dedicado um ''toast'' pelos presentes no Banquete, não se refere qualquer promessa de elevação da Vila a Cidade.
Se repararem bem faltaram ao banquete o João Damas..e o militar António Maria Baptista, que vão ter cargos importantes, depois do 5 de Outubro, mas a lista dos presentes é quase da lista dos republicanos históricos abrantinos e da região em 1907 ....
ma
PS- só dei com isto graças a D.Maria Justina Bairrão Oleiro, que soube preservar o Arquivo do seu Pai, a ela o meu obrigado
.
Os vencedores da jornada do 5 de Outubro em pose vitoriosa. O povo que se bateu em Lisboa contra os soldados de Paiva Couceiro com a galhardia que os portugueses costumam mostrar quando se batem pelo que acreditam, não está cá.
Estão cá os drs do PRP e os influentes eleitorais da Província. Incluídos os abrantinos. A maior parte deles homens de honra que em breve estará nas filas da oposição contra Afonso Costa.
Agora o agradecimento ao grande jornalista responsável por um dos melhores semanários lusos de todos os tempos, ''A Vida Mundial'' , Carlos Ferrão . Este número da V.M. de 2-10-70, onde saiu esta gravura, aquando do 60º aniversário da República, todo dedicado ao 5 de Outubro, ainda é hoje das melhores coisas sobre o evento. Era ele o director e a alma desta grande revista.
E o melhor para uma crónica abrantina, quais são os de cá que aparecem neste quadro de honra do PRP, que era também um mapa das relações de poder existentes no novo Portugal? Veremos a identificação, mas os rostos quase não são reconhecíveis, estão quase ignotos , sinal de que o P.R.P. de Abrantes pesava pouco em Lisboa.
Sinal de que o bonito conto que nos querem vender do peso de Abrantes no movimento republicano foi escasso.
Quais são os abrantinos? Identificamos Ramiro Guedes, Manuel João da Rosa, António Farinha Pereira e Justo Rosa da Paixão.
Mais nenhum.
Se o leitor descobrir mais algum agradecemos que nos diga.
mn
Em 12 de Outubro de 1896, o dr. Juiz, João José Lobo de Moura, mandava o escrivão Segurado, publicar edital sobre as dívidas do falido Soares Mendes, o João José, de que era cabeça de casal D.Ana Caldeira de Figueiredo Soares Mendes, avisando o povo, de quais eram os credores que tinham reclamado os seus créditos.
Os credores eram:
General Avellar Machado, morador na R.Madalena, 125, º -Lisboa
Tomé Pereira de Lima, de Lisboa
O Banco de Portugal
O Banco Eborense
O Banco do Minho
Companhia Crédito Predial
Policarpo Ferreira dos Anjos de Lisboa
D.Amélia Garcês Moncada Alpoim, de Mangualde
A D. Ana Caldeira viu-se aflita para safar os seus bens, entre os quais o Solar Caldeira, no Rossio.
Quem fora um dos administradores da falência chamava-se António Farinha Pereira.
mn
Em 21 de Junho de 1907, D.Carlos visita Abrantes, em plena crise política (era a ''ditadura'' de João Franco). Em Fevereiro, tinha havido um grande comício republicano na Praça de Touros. Pelas mesmas datas José Relvas aderia ao PRP e abria o Solar dos Patudos à propaganda republicana. Em 1906, os republicanos tinham tido cerca de 300 votos no concelho, frente a cerca de 800 dos dinásticos. Era Presidente da Câmara, o dr. Bairrão (regenerador). Formara-se o núcleo local dos franquistas, regeneradores-liberais, onde apareciam o solicitador Almeida Frazão, e alguns militares como Jacinto Carneiro e Silva e Abel Hipólito.
O correspondente local do Diário Ilustrado (franquista) é um importante vulto local, muito ligado a João Franco.
D.Carlos vinha visitar as unidades militares e seria hóspede do Conde de Alferrarrede.Com ele, o General Vasconcelos Porto, Ministro da Guerra e ferrenho franquista.
Por isso, Alferrarede teve uma importância especial na visita, o Rei visitou as fábricas que agora se concentravam no arrabalde da cidade, mas teve uma surpresa, quando descia a Ferraria, hoje R. 5 de Outubro ,teve de passar pela casa do influente republicano, António Farinha Pereira
No muro a seguir rubras e garrafais letras proclamam:
Viva a República!
O Vicente Themudo era o dono do Tainho e Pouchão. Da visita ao Sardoal temos foto e descrição no site Sardoal com Memória, que explica a polémica com os jornais republicanos abrantinos e as circunstâncias políticas da visita.
E temos uma extraordinária foto
Ilustração Portuguesa
A visita foi breve a 22 El- Rei demandava Lisboa
Ao mesmo tempo, João Franco desafiava os republicanos e a oposição monárquica (dissidentes do Alpoim, Regeneradores e Progressistas do velho cacique José Luciano) visitando o Porto e o latifundiário dos Patudos, herdeiro duma família que acolhera regiamente na Golegã, os marechais do liberalismo, depois da vitória da Asseiceira, recebia os seus novos amigos no palacete
e incendiava a Praça de Touros de Santarém, enquanto o Rei se assegurava da fidelidade das guarnições abrantinas.
As mulheres de Ribatejo escutando o tribuno. As fotos são da Ilustração Portuguesa e as do comício republicano, do grande fotógrafo Josua Benoliel.
mn
bibliografia : Eduardo Campos- cronologia para os dados eleitorais, Rui Ramos, D.Carlos, para enquadrar o contexto.
Depoimento oral do Dr.José Guedes de Campos
etc
Numa entrevista ao Médio Tejo, o Manuel Lopes (aqui numa imagem RTP escoltando Cunhal quando este desembesta ferozes diatribes aos críticos do estalinismo, cuja face mais visível ,em Abrantes, era o dr. Rolando Silva) faz umas revelações interessantes sobre o PREC.
Vamos comentá-las, mas agora vamo-nos concentrar nesta ''ocupação'' de que se gaba o homem.
Segundo as declarações só conseguiram ocupar uma casa que estava devoluta, propriedade da ''senhora Julieta Farinha Pereira''.
O edifício propriedade da D.Julieta era este:
Nele vivia, num andar arrendado, o Dr.Orlando Pereira, subchefe local do PCP, porque a chefa era a mulher, Senhora D. Fernanda Corte Real e Silva Pereira, que na época ainda não era licenciada, porque se formou depois de Abril.
Era a ''chefa'' da quase ausente estrutura comunista local e segundo Eurico Consciência '' mais sectária que Cunhal e Brejenev juntos''.
Quem era a única vítima do Manuel Lopes, o OKUPA????
É a senhora à esquerda da Tia Mary Lucy.
Julieta Farinha Pereira, mulher duma ampla cultura, incorrigível fumadora, era filha de António Farinha Pereira, que fora um dos mais importantes dirigentes republicanos abrantinos, e que ao longo da sua vida manteve uma inquebrantável fé em que a Ditadura cairia.
( ver aqui artigo de AFP na ''República'')
O Carlos Ferrão ainda, em 1963, neste livro evocava essa fidelidade a um ideal liberal....
E o velho Farinha Pereira morrera em 1947.....
O irmão de Julieta Farinha Pereira, o Fernando padecera a cadeia por liberal e maçon, e na cidade proliferavam casas vazias e fascistas, mas o prédio que a D.Julieta erguera, com as suas economias, em vez de ir investir em andares em Lisboa, seria o alvo dum homem que se gaba de ser ''amigo'' dum fascista notório, o Isidro Sequeira Estrela.
Lá impuseram em nome duma legitimidade da treta, o inquilino que quiseram à D.Julieta.
Em 1975, o outro inquilino, o Dr. Orlando Pereira era candidato pelo MDP e cobria-se de ridículo com uma miserável votação nas eleições para a Constituinte, porque um povo sábio viu que o PCP lhe estava a vender gato por lebre.
O MDP era o PC disfarçado.
O Dr.Orlando Pereira, que atravessava circunstâncias financeiras particularmente difíceis, foi nomeado para Notário em Lisboa. Para lá foi.
Era 1975. Ao longo de anos manteve a casa alugada desabitada em Abrantes, com a tolerância da D.Julieta.
Naturalmente a Comissão de Moradores não foi verificar se a Casa do Camarada Orlando estava vazia e se lhe devia ser dado destino mais útil.
Não se faz isso a um Camarada, especialmente se é um Chefe.....
A D.Julieta podia ter despejado o Dr.Orlando, mas achava que não se devia fazer isso, a um homem que atravessava circunstâncias financeiras delicadas e cujo filho padecia a cadeia por motivos políticos.
Também podia ter feito isto ao Manuel Lopes e aos ''okupas''
Não fez, é lá com ela.
Já agora quando é que o Lopes nos conta como é que o Vereador Campante ''roubou'' umas metralhadoras para ajudar a montar uma ditadura, que seria dez vezes pior que o fascismo, nesta terra????
ma
recorte : Tal e Qual
foto do julgamento por dimafação do executivo da CMA por queixa do Anacleto, em que o Manuel Lopes e os outros réus pediram humildemente desculpa ao queixoso. A crónica do Ferreira Fernandes sobre isto é ''imperdível'' ........
já tinha visto algum publicista local escrever a história do monumento a Taborda, mas por algum motivo omitiu que SMF el-Rei D. Manuel II foi um dos que deu mais dinheiro, como SMF a Rainha D.Amélia, a Viscondessa de Alferrarede que deu 30 mil réis....
Empatado com o Rei estava Casimiro José de Lima
A pensão a Taborda foi outorgada pelo avô de D.Manuel II, el-Rei D.Luís
Curioso ver os republicanos locais como Ramiro Guedes e António Farinha Pereira andarem a pedir dinheiro ao Rei de Portugal e à viúva do monarca assassinado pelo Buíça.....
A alma do monumento foi Solano de Abreu
mn
recorte de Ocidente de 30-8-1910
Um testemunho essencial para a história da República em Abrantes. Um ataque implícito a João Damas (a quem se nega o título de republicano histórico). Um ataque claro a Oliveira Salazar
''As instituições republicanas, estruturalmente liberais e democráticas: são, ainda, no nosso tempo, as melhores formas de governo. Por isso o nosso sonho é ainda República Liberal e Democrática''
António Farinha Pereira
Para que conste que nesta terra nem todos foram fascistas
Como é que a plêiade de historiadores locais dissertou sobre AFP sem o ler???
E sobre a História da República sem ler o que ele escreveu?
Talvez se ponha um dia destes a prosa completa, quanto ao livro dele, a coisa fia mais fino.
ma
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
Instituto de História Social (Holanda)
associação de defesa do património santarém
Fontes de História Militar e Diplomática
Dicionário do Império Português
Fontes de História politica portuguesa
história Religiosa de Portugal
histórias de Portugal em Marrocos
centro de estudos históricos unl
Ilhas
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