António Marques Heitor foi, na política, Presidente da Junta do Rossio pela outra senhora. Depois de Abril foi repescado pelo PPD/PSD que andava à pesca de gente do antigamente.
Ganhou as eleições e foi Presidente laranja de S.João.
Não me interessa aqui recordar a sua gestão política, mas apenas evocar, nele, a saga de tantos professores primários que esforçadamente deram aulas e ilustraram gerações com meios escassos e uma grande dedicação.
Entre outros sítios foi Professor no Rocio e nos Quinchosos
Escola do Rossio, anos 60, quando ele deu lá aulas, foto publicada pela Senhora D.Paula Gomes, no face
Nesta escola, era capaz de dar aulas à segunda classe e à quarta, ao mesmo tempo, quase nunca recorrendo à velha palmatória, ao contrário doutros, mais nervosos
Na quarta-classe aprendia-se História de Portugal e ele dava-a emocionado, especialmente quando Portugal ''estava a ganhar'', enquanto os miúdos da segunda, faziam cópias ou trabalhos semelhantes
Quero lembrar a vez que, orgulhoso, referia que Portugal foi dos primeiros países do mundo a abolir a pena de morte por motívos políticos e depois para os restantes delitos, e que a Lei tinha sido assinada por D.Luís I.
O Professor, gordinho e baixinho, entusiasmava-se mais, quando referia que Victor Hugo, aquele lúbrico fazedor de versos de epopeias republicanas, escrevera do exílio (estava em Jersey, fugido a Napoleão III) uma carta ao Rei D.Luís I felicitando-nos por sermos um país civilizado.
Omitia, desconhecedor ou pudicamente patriota, que outro homem assinou a Lei que restaurou a pena de morte para crimes militares em Portugal,em tempo de guerra.
Foi Bernardino Machado e só descobri isso, quando o melhor Professor de Direito que vi na vida, o falecido Miguel Galvão Telles o contou numa aula.
A aprovação dela foi em 30 de Agosto de 1916. Uns dois meses da elevação de Abrantes a Cidade, com a sua assinatura. Houve pelo menos uma execução .
Em grande parte pelo mau estar devido ao Bernardino nos meter numa guerra, Machado Santos sublevou-se em Tomar e marchou sobre Abrantes em 13 de Dezembro de 1916. Tratar-se-á disso aqui.
Fica feita a nota sobre o Marques Heitor, mas não deixarei de anotar que outro Professor primário, o Roldão participou, segundo uma publicação da época, na ocupação da Assembleia de Abrantes
O Roldão, bom homem, era da direcção da ANP, o partido único fascista, o 25 de Abril desvariou-o momentaneamente.
Morreu haverá pouco tempo. RIP.
mn
Ilustre pedagogo Matias Raposo (poeta lírico nas horas vagas)
gamado ao blogue mot
''COMO CASTIGO, O EXÍLIO
1957 – A minha qualidade quanto a estudos não melhorou. Meu pai, em desespero de causa, no fim do 1º período do 5º ano (actual 9º), enviou-me, como aluno internado para um colégio na aldeia das Mouriscas, no concelho de Abrantes. Para um moinante habituado à cidade, aquilo era um fim do mundo, no meio do nada. Um velho professor primário reformado, servia-nos de professor de Português e era nosso tutor em termos de internato. De uma severidade extrema, predispôs-se desde o primeiro momento para me aplicar os castigos corporais e “psicológicos” que domassem os meus hábitos de vadiagem. Fiz tudo para evitar que tivesse pretextos para concretizar os seus planos quanto à minha pessoa.
Esse jogo de vontades entre o velho professor Raposo e o jovem atrevido apostado em salvar o pêlo e a dignidade, devolveram-me os hábitos de trabalho que em Évora tinha perdido.
Resultado: nunca provei os “remédios pedagógicos” que o professor administrava com a sua cana-da-índia e fiz o brilharete de passar às duas secções (Letras e Ciências) no final do ano, nos exames realizados em Santarém. Infelizmente o colégio só leccionava até ao 5º ano. Para meu tolo contentamento e minha desgraça, voltei de novo para Évora. O resultado foi que, no final do 6º ano, só obtive nota positiva (um nível mínimo de 10 valores) nas duas disciplinas mais fáceis do currículo.''
Francisco Galego no excelente blogue Além Caia
É preciso estar ainda impressionado com os métodos pedagógicos do Raposo para escrever isto, muitos anos depois, num dia de Natal. Felicita-se o Sr.Galego pela boa memória. Outro que me contou a ''excelência'' da educação à mourisquense foi o rocker Palma Músico, certo dia no Vává, enquanto nos debatíamos com uma imperial.
O Jorge ainda estava impressionado pela forma como se safara do internato e já era da colheita escolar post-Raposo.
Vejo pela notícia do Blogue das Mouriscas que na homenagem ao Raposo, participou o meu professor dos Quinchosos, António Matos Heitor, que foi Presidente de certa junta de freguesia pela saudosa organização fascista União Nacional e que depois foi repescado pelo PSD
Como professor primário o Heitor era excelente e competente, mas de vez em quando lá vinha a pesada herança da pedagogia ferroviária e a cana da Índia entrava em acção.
No blogue de Campo Maior também falam de um pirotécnico das Mouriscas e chamam-lhe Amarante, ora parece-me que é gralha, e seria Amante.
MA
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