Maria Fernanda Corte Real Graça e Silva, jurista, abrantina, comunista, burguesa (tenho de ir beber um copo com o filho, o cher Orlando), anti-fascista, ex-dirigente do MUD Juvenil, uma das mulheres mais importantes nos anos 40 no movimento estudantil, mulher do Advogado Dr.Orlando Pereira, desafia a ditadura falando pela CDE de Abrantes, ao lado de Maria Barroso, no comício da Oposição na capital do Distrito, em 1969.
Transcrevo a notícia:
'' Grande vibração no comício democrático em Santarém
SANTARÉM 4—(Do nosso enviado especial) — Um entusiasmo vibrante caracterizou a primeira sessão de propaganda dos candidatos democráticos do distrito de Santarém, realiza-da no Cine-Teatro local Muitas centenas de pessoas assistiram á sessão, que foi presidida pelo dr. Fidalgo Pereira, que estava ladeado pelos candidatos No palco sentaram-se ainda representantes <te comissões concelhias do Movimento Democrático e o representante da autoridade. O dístico da «Democracia» e «Amnistia» e as cores nacionais decoravam a sala Uma bandeira portuguesa cobria completamente a mesa da presidência
A sessão foi aberta peio gr. Alves Castelo, da Comissão Coordenadora da C.D.E. de Santarém, que em breves palavras inicieis, pediu uma salva de palmas por todos os que caíram pela Democracia e manifestou. depois a confiança na vitória fina das forças democráticas. dos homens comuns.
O mesmo orador apresentou, depois um a um, os seis candidatos, a quem a assistência dispensou calorosas salvas de palmas, ao mesmo tempo que gritavam «Liberdade», «Democracia» e «Abaixo o Fascismo».
Desigualdade entre a Oposição e a U. N.
O primeiro orador foi o dr. João Luís Lopes, candidato á advocacia Começou por pôr em relevo a desigualdade entre a Opinião Democrática e a União Nacional, nas presentes eleições
No finai, o dr. João Luís Lopes pediu uma ampla amnistia.
Falou, a seguir, o dr. Antunes da Silva. Fez ume crítica severa ao Regime, Historiou as razões que levaram o Estado Novo a promover as eleições citando a frase de Salazar de que «não se pode governar contra a vontade dum povo».
Maria Barroso: uma voz empolgante
Maria Barroso, a oradora seguinte, deu, com a sua voz extraordinária, palavras que foram aplaudidas entusiasticamente pela assistência.
Lembrando que estivera em Santarém há 22 anos, a grande actriz apresentou-se como combatente do Regime.
Com simplicidade — mas também com extrema convicção, que empolgou a assistência — Maria Barroso referiu-se a vários aspectos da actual situação portuguesa.
António Reis, que falou a seguir, dissertou longamente sobre as questões do ensino.
No fim da sua exposição pediu a reforma democrática do ensino e a normalização da situação universitária, segundo as bases aprovadas na reunião nacional do Movimento Democrático. Afirmou que «qualquer reforma democrática do ensino tem de passar por uma reforma geral das estruturas portuguesas». A finalizar referiu-se á situação da agricultura, defendendo a expropriação de latifúndios e sua entrega a associações de agricultores.
O eng.° Lino Neto — recebido, a seguir, com calorosa salva de palmas — começou por criticar o conceito da Pátria, do Estado Novo, dizendo que Pátria é o Povo.
Acentuou que o Povo português demonstrou sempre ser patriota, enquanto as classes dominante se vendiam ao estrangeiro.
Em apoio da sua afirmação lembrou os períodos de D. João I, dos Filipes, do Liberalismo e, finalmente, dos tempos de propaganda da República. «O povo português sabe governar-se, mas não o deixam» — disse.
O papel do escritor
O escritor Alexandre Cabral 1evantou-se, depois, para ler o seu discurso.
Depois de nós só a Turquia
O dr. Fidalgo Pereira, falou, a seguir, das condições em que se desenvolve uma campanha eleitoral, considerando que estas eleições são idênticas ás anteriores. Quando se referiu ao general Humberto Delgado, que apelidou de «o general Sem-Medo», foi alvo de uma impressionante ovação.
Comparou, depois, a situação de Portugal com outros países europeus, demonstrando, com auxílio de estatísticas, que o nosso País ocupava quase sempre o último ou os últimos lugares («depois de nós só a Turquia)».
A finalizar fez um largo exame dos problemas mais prementes do distrito.
Por último lugar falou a dr. Maria Fernanda Silva, de Abrantes, que se empenhou na desmistificação da noção salazarista de «democracia orgânica», historiando as lutas de Oposição, desde o Movimento de Unidade Democrática até aos nossos dias.
A assistência guardou, depois, um minuto de silêncio em memória do general Humberto Delgado e de todos os que caíram na luta pela Democracia. Seguiu-se a entrega de um ramo de flores ao candidato António
Reis por uma representante da juventude do distrito.
A sessão terminou com a declamação, por Maria Barroso, do poema «Ode á liberdade, de Jaime Cortesão, entusiasticamente aplaudido pela assistência.''
devida vénia ao blogue 1969 Revolução Ressaca e ao seu autor Gualberto Freitas
o recorte acho que é do Diário de Lisboa, então dirigido por Ruella Ramos (que mandava o Saramago escrever os editoriais como ele queria...), de 6-10-1969
Do lado do fascismo encontrava-se....Magalhães Mota, como candidato, que terminou ao lado do Armando Fernandes no PRD.
Mas para ser justo, haverá que dizer que, como deputado da ala liberal, Mota combateu a Ditadura, coisa que não posso dizer do Fernandes...
Faltavam-lhe muitas das coisas que tinha a Camarada
que honrou os compromissos de Abrantes com uma velha dama, esta
(azulejos numa casa de Alvega, genial foto do Artur Falcão)
ma
nota: Nunca vi a mulher de extraordinária cultura que foi a Senhora Drª D. Maria Fernanda Corte-Real Graça e Silva dar uma entrevista a dizer que os ''fascistas'' a queriam enforcar na Barão da Batalha, mas vim um ignorante e falsificador da história dizer isso num jornal, de que é directora uma amiga minha
Campanha de 1969, comício da CEUD, certamente em Lisboa.....
Maria Barroso vai representar em Santarém os socialistas da ASP, num distrito onde a influência comunista é dominante na Oposição....e onde a ASP e o PCP se entendem para uma coligação unitária
(...)''Pressões inadmissíveis foram exercidas sobre a minha própria mulher.Despedida, em 1948, do Teatro Nacional (...) ela gozava nesta época do máximo de prestígio como actriz e resistente anti-salazarista. Como podia ela continuar, nestas condições, a ser solidária com um oportunista e a viver a seu lado, perguntavam-lhe os seus amigos comunistas? (...) Mário Soares no ''Le Portugal Baillonée'', Calman-Levy, Paris, 1972 (...)
a Camarada Arminda Lopes lembra-me o sectarismo da Drª Fernanda Pereira, mulher do dr Orlando, no MDP/CDE de Abrantes em 1975.....
Extractos do livro de Leonor Xavier
A drª Maria Barroso não dedica nem uma palavra à CDE de Abrantes...
Há silêncios que valem por mil palavras........
Ver mais sobre Maria Barroso
João José Louro conta ao Correio do Ribatejo como funcionou a CDE em 1969 na capital do Distrito. É a versão comunista, mas há palavras de elogio para Maria Barroso. É destacado o papel do advogado de Santarém, Dr.Humberto Lopes na vida oposicionista local e a sua ligação ao PC
Não era o local para continuar a procurar abrantinos na CDE de 1969, mas encontro a prevista intervenção da Camarada Dr ª Fernanda Corte Real Graça Pereira, (a mulher do Dr.Orlando) no comício de Alpiarça dessa campanha aqui
É uma preciosa descrição do comício numa terra mítica para o PCP. O autor é João José Pais. Declara Maria Barroso na sua intervenção, respondendo a umas palavras proferidas em Lisboa, por uma candidata fascista (,,): '' se sabe o que é casar por procuração com o marido na cadeia; se sabe o que é ser acordada em plena madrugada por lhe estarem a bater à porta; se sabe o que é intervirem nas chamadas telefónicas; se sabe o que é não ser professora porque o governo não quis; se sabe o que é não ser atriz porque o governo não o consentiu; se sabe o que é ir ver o marido à cadeia e estar a falar-lhe sobre a vigilância dum polícia… Terminou procurando demonstrar os seus dotes de artista, fazendo uma declamação, o que se vai tornando num hábito em sessões deste género”. (...)
Só uma nota final....o António Reis quando anima esta campanha tem 21 anos..
mn
o blogue curva-se perante uma Lutadora pela Liberdade, todos discordámos dela em algum momento, todos a criticámos, mas morreu uma Grande Senhora!!!
RIP
Nas farsas eleitorais fascistas (alguma aprimorada por um senhor a quem a Câmara deu uma medalha e que pressionou os operários da sua fábrica de azeites a irem votar Tomás) foram poucos os candidatos abrantinos.
Fomos ver quem foram e cingimo-nos aos candidatos às ''eleições'' para deputados (1945-1973) que o Prof.Salazar e o tipo que se rendeu no Carmo organizavam para dar uma fachada pluralista ao regime autoritário.
Que se possam dizer abrantinos houve dois:
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PEREIRA, Orlando Rodrigues Dante (1924-1987) – Santarém, 1961 – Nasceu em Alenquer a 24 de Março de 1924 e faleceu em 13 de Julho de 1987. Licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa e fixou-se em Alpiarça, exercendo advocacia. Pertenceu ao Movimento de Unidade Democrática (MUD), de cuja comissão académica fez parte. Esteve activo nos serviços de candidatura das campanhas eleitorais para deputados e foi
apoiante da candidatura do dr. Arlindo Vicente à Presidência da República. Como advogado, interveio em vários processos, julgados nos Tribunais Plenários. Desempenhou diversos cargos na Ordem dos Advogados: delegado às assembleias-gerais, entre 1963 e 1971, e delegado na Comarca de Abrantes, entre 1968 e 1971.'' (1)
O Dr.Orlando viveu largamente em Abrantes, foi bem conhecido no foro abrantino, teve um papel relativamente destacado nos episódios relacionados com o período de pós-25 de Abril de 1974, como a sua mulher Drª Fernanda Pereira. Seria candidato pelo MDP-CDE em 1975 à Constituinte e foi derrotado, dada a humilhante votação que teve este partido-satélite do PCP nestas eleições. Abandonou Abrantes e estabeleceu-se em Lisboa como notário.
Quem lhe devia fazer a biografia era o dr. José Amaral, que o conheceu melhor que eu. Fico è espera. De qualquer forma já aqui se escreveu alguma coisa sobre ele para onde remetemos o leitor
http://porabrantes.blogs.sapo.pt/604235.html
http://porabrantes.blogs.sapo.pt/tag/arlindo+vicente
Naturalmente, a cidade deve-lhe uma homenagem, porque foi candidato pela Oposição no Distrito de Santarém em 1961 e 1965, e 1961 é um ano terrível para a Oposição. Naturalmente teve prejuízos profissionais por ser Opositor ao regime, não podendo aceder ao Notariado por ''desconfiança política''.
Como poderão verificar nos links citados aparece já em 1958, com Duarte Castel-Branco, Costa e Simas, etc sob batuta do Advogado e escritor Vergílio Godinho a preparar a frustrada candidatura presidencial de Cunha Leal.
Depois dele, só aparece outro, o familiar da minha querida professora de liceu, D.Maria do Céu Aleixo, o eng. António Mendes Aleixo, candidato pela Oposição em 1973, em Portalegre ao lado do Marquês de Fronteira e Conde da Torre, D. Fernando de Mascarenhas e do arq. Teotónio Pereira. O eng. Aleixo teve depois uma assinalada trajectória no PPD-PSD do Distrito de Portalegre
memória nisense
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ALEIXO, António Mendes (1933) – Portalegre, CDE, 1969 – Nasceu em Barreiras do Tejo, Abrantes, a 23 de Maio de 1933. Fez os estudos secundários em Santarém e emTomar e os estudos preparatórios de engenharia em Coimbra. Licenciou-se em engenharia electrotécnica, correntes fortes, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Entre 1961 e 1994, a sua actividade profissional desenrolou-se principalmente no
Alentejo, no sector eléctrico: em particular, foi adjunto (1961-1963) e engenheiro-chefe da secção de Nisa da Hidro-Eléctrica do Alto Alentejo (HEAA), acumulando então com a responsabilidade da condução dos aproveitamentos hidroeléctricos das centrais da Póvoa, Bruceira, Velada, Foz, Pracana, Idanha, Maranhão, Montargil e Gameiro. Entre 1974 e 1980, foi engenheiro-chefe da secção de Nisa e responsável pelo Departamento
dos Sistemas Primários da zona Alto Alentejo-EDP. De 1980 a 1984 foi responsável pelo centro de distribuição da direcção operacional da distribuição Tejo-EDP. Posteriormente, exerceu cargos de administração em empresas dedicadas a energias. Em 1969, foi cabeça de lista por Portalegre e em 1974 aderiu ao Partido Popular Democrático (PPD), quando da sua formação, tendo pertencido a vários mandatos nas comissões políticas distritais de
Portalegre. Em 1974, foi fundador da comissão política concelhia de Nisa do PPD, da qual foi presidente durante vários mandatos. Foi também membro da comissão instaladora dos Trabalhadores Social-Democratas (TSD) e seu secretário distrital de Portalegre (1985-1997). Fez parte da comissão instaladora do Sinergia. Sindicato de Energia - em Junho de 1989, tendo pertencido aos órgãos sociais do sindicato desde a sua fundação.
Foi deputado municipal do concelho de Nisa durante dezoito anos (1979-1997). (2) (...)
Algumas personalidades políticas de concelhos vizinhos foram candidatos e citam-se Francisco Lino Neto (ligado ao Mação), António Reis (Mação), Pequito Rebelo (Gavião) e pouco mais.
Realmente é escassa a colheita de políticos anti-fascistas abrantinos, tendo de se reconhecer que a Ditadura viu florir aqui gloriosos expoentes dos quais destacarei Maria de Lourdes Pintasilgo e Rosa Casaco, mas a safra anti-fascista de ''políticos'' anti-fascistas foi pequena. Outra coisa será a de sindicalistas, militares (com o General Marques Godinho o mais destacado), militantes das lutas estudantis, militantes da luta armada (houve um muito importante), operários, etc.....Mas essa fica para outro dia....
MA
(1) e (2) -texto entre aspas: Mário Matos Lemos, coor e prefácio Luís Reis Torgal, Candidatos da Oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo (1945-1973 ), Assembleia da República-Texto Editora, Lisboa, 2009
Os monárquicos abrantinos continuam ultramontanos e têm uma aversão mórbida à velha e boa Maçonaria Portuguesa.
Esquecem os monárquicos que D.Pedro IV foi Grão-Mestre da Ordem.
Esquecem os monárquicos que D.Fernando II foi vulto importante da Ordem.
Esquecem os monárquicos que S.A.R. o Duque de Kent é o Grão-Mestre da Maçonaria Britânica.
Esquecem os monárquicos que a Maçonaria Inglesa é sempre chefiada por um membro da Casa Real.
Esquecem os monárquicos que o Presidente-Rei Sidónio Pais era maçon.
Esquecem os monárquicos que Sua Eminência o Cardeal Costa Nunes era maçon.
Os maçons autênticos portugueses isto é o Grande Oriente não têm nada a ver com as palhaçadas neo-maçónicas da Casa do Sino e doutras seitas irregulares que são a versão lusitana da P-2.
Os maçons autênticos portugueses isto é o Grande Oriente sustenta que sempre foi fiel à velha trilogia da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, mas esquece que foi uma trilogia militar maçónica, isto é um triângulo como se diz na gíria, que impôs a Ditadura militar e o salazarismo a Portugal.
Os três oficiais generais maçons do 28 de Maio eram Mendes Cabeçadas, Carmona e Gomes da Costa.
Os maçons autênticos portugueses isto é o Grande Oriente têm como big boss este Senhor:
O Grão-Mestre veste-se como se fosse o Cardeal-Patriarca e no século XXI não há pachorra para trajes destes, a não ser nas touradas à antiga portuguesa quando o António Ribeiro Telles se veste de D.João V para fazer uma faena.
O Dr. António Reis é uma sombra de Grão-Mestres que representaram a honra e a luta pela liberdade.
Raul Rego ou Oliveira Marques estão a milhas do regresso ao anti-clericalismo mais reaccionário e às peregrinações rituais ao túmulo de Buiça, como se o gajo fosse a Nª Senhora de Fátima.
A nova fornada de maçons que entrou com o dr.António Reis é uma pandilha sem grandeza e sem alma.
Parte deles só quer poder e tachos.
Por isso velhos maçons. como Mário Soares, que só foi iniciado para fazer o frete ao Cher Ami François, não põem os pés na Rua do Grémio Lusitano.
E foi, ironia da história, foi o maçon não-praticante* Soares que transformou o casamento de D.Duarte de Bragança numa coisa com mais pompa que o casamento de D.Carlos I.
De forma que se roga à velha e boa Maçonaria Portuguesa que ponha o Reis com dono.
Marcello de Ataíde com o apoio da Loja Raul Rego
* O melhor das religiões é não as praticar. Porque a Maçonaria é uma religião como mostrou o abrantino Doutor Fernando Catroga
História
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montalvo e as ciência do nosso tempo
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