Domingo, 14.08.16

''Saibam todos que presente mim Anna Fernandes tabellião de nosso Senhor elRei na villa de Guimarães e as testemunhas adeante escriptas perante Affonso Lourenco juiz por o dito Senhor na dita villa por Vasco Affonso tabellião do dito logo foi mostrada uma carta do nosso Senhor El Rei aberta e sellada do seu sello de camafeu e sua fita par elle da qual carta o teor tal é - Concelho e homens bons da nossa Villa de Guimarães Nós El Rei vos enviamos muito saudar. Fazemos vos saber que vimos as cartas que nos enviastes e entendomos bem todo o que em ellas era conteudo e ao que dizedes em razão das tréguas que fizéstes com Fernam Games da Silva por colheredes vossas novidades e adubardes vossos bens e o passardes bem. E como o arcebispo de Braga quebrou as ditas tréguas e mandou roubar duas azemolas do dito Fernão Gomes que iam carregadas de vinho d'essa Villa e que nos pediades por merce que vos mandassemos dizer se aviamos por bem feito ou como fizesedes sobre ello. Nós havemos por bem as treguas que assim fizestes pois o por vosso prol éntendédes e escrevemos ao arcebispo que as não quebranté e entregue ao dito Fernam Gomes aquillo que lhe assim em ellas foi tomado e ao que dizedes em razão d'alguns prelados cabidos e clerigosdo termo d'essa villa e das comarcas d'arredor que hi teem suas pousadas e recolhem em essa villa com seus clérigos e mantimentos e vola ajudam a velar e roldar e guardar e deffender e outro sim dalguns conegos hi manteres que o dito arcebispo manda sob pena d'excomunhão e privação que se vão logo com os seus mantimentos a morar á cidade de Braga para estarem em ella o que a vós é mui grande aggravo e que nos pediades por mercê que a isto vos houvessemos algum remedio. Nós escrevemos ao dito arcebispo que não constranja os ditos beneficiados e clerigos que se colhem em essa com seus trapos e alguns que vão estar na dita cidade de Braga nem os excommungue por ello e em causo que o fazer queira ou vol'os mande prender vós os não prendades nem os hajades por excommungados e ao que dizedes em razão dos mantimentos que em essa villa houvemos para deffesa da nossa casa que não foram pagados. E outro sim que houveram as gentes d'armas da nossa companhia e que fosse nossa merce que vol'os mandassemos pagar. Nós mandamos a Lourenço Martins nosso thesoureiro mor que vos pague tudo aquillo que lhe fizerdes certo por livro de tabelião que assim houvemos segundo veredes. Data em Abrantes 27 dias de Julho El Reui o mandou Gonçalo Lourenço a fez. A qual carta assim amostrada e lida Vasco Fernandes procurador do Concelho da dita villa pediu ao dito juiz que lhe mandasse dar traslado da dita carta para o dito Concelho sub signal de min tabellião e desse ala sua auctoridade.....porque era scripto em paple deste por ......agua ou fogo. E o dito juiz vista a dita carta e como não era viciada nem entrelinhada nem em nenhum lugar suspeita mandou a mim tabelião que desse o trslado da dita carta sub meu signal e deu a ella sua auctoridade. Feita foi na Praça da dita villa 4 dias do mez de Julho era de 1423 annos, Testemunhas Affonso Gonçalves do Canto João Garcia. Martim Peres. Lourenço Nuno? besteiro. Fernão Anes Missa e outros. E eu Affonso Fernades tabellião sobredito que este instrumento com traslado da dita carta escrevi e ahi meu signal fiz que tal é - signal público."

 

A data de 1423 deve ser actualizada a 1385

 

Era Rei de Portugal, o Senhor D. João I que estava  na vila de Abrantes

d.joão I.png

O Dom Arcebispo também excomungara os cónegos que viviam em Guimarães e queria que fossem para Braga, o Mestre diz-lhe que deixe de incomodar os Cónegos e intima-o a devolver as muares que iam carregadas de vinho e pertenciam a Fernão Gomes.

 

Não se pode interpretar que Dom  Lourenço Vicente fosse homem pouco considerado pelo Mestre.

 

Não vou confirmar se estava em Abrantes em 13 de Agosto de 1385. Deve ter estado. À frente dos seus homens de armas combateu pelo Mestre em Aljubarrota e foi ferido.

Guimarães estava por Castela e a carta de D.João é pura manobra táctica para tentar aliciar a terra para o seu partido. Não foi assim, depois de Aljubarrota, o Dom Arcebispo-Primaz empunhava de novo a espada para fazer flutuar o pavilhão de Portugal no Castelo do Fundador.

Jaz em Braga. Foi um dos homens chave na política de D.João I e aliás viria a casá-lo com D.Filipa. 

ma

a transcrição do documento é do Arquivo Alfredo Pimenta de Guimarães  

 

ps- não foram só os alentejanos que ganharam em Aljubarrota. Dom Lourenço Vicente era da Lourinhã

 



publicado por porabrantes às 18:07 | link do post | comentar

Quarta-feira, 01.06.16

carta do cónego 1956 mp.png

 

Carta do  Assistente Nacional da MP (Mocidade Portuguesa) ao Assistente Religioso da MP  dum estabelecimento de ensino abrantino , Rev. Padre J......, inquirindo quantos alunos/alunas (era misto o centro)  fizeram a desobriga pascal nessa Escola.

O Cónego que assina a Carta ascenderia ao mais alto posto da Igreja de Portugal, Arcebispo de Braga e Primaz das Hespanhas. Era este:

francisco maria da silva.jpg

Ficou conhecido por liderar o levantamento anti-comunista no Norte de Portugal, em 1975 . Também defendeu que só se podia votar no PDC e no CDS e que os outros partidos estavam em pecado mortal.

ma     

 

Sobre a relevante acção de António Guterres na MP e sobre o Cónego Francisco



publicado por porabrantes às 17:07 | link do post | comentar

Sexta-feira, 18.03.16

candidato falhado.jpg

Faz 30 anos este Jornal parabéns. Mas esta capa foi um fracasso total o Augusto César não foi Primaz e o D.Jorge Ortiga conquistou Braga.

Contra Augusto César estava um comportamento desleal face ào Episcopado de Moçambique, uma devoção canina ao fascismo, o apoio miserável a tipos como o Cónego Graça, evidentes ligações a sectores fundamentalistas e a sociedades secretas como o Opus Dei.

O Estado e o sector modernizador da Igreja liquidaram a candidatura, apoiada pela reacção e pelo fundamentalismo inquisitorial.

Jorge Ortiga era o candidato a Braga dos sectores civilizados da Igreja. Ganhou 10-0 ao Augusto de Tete.É Arcebispo-Primaz.

ma 



publicado por porabrantes às 12:05 | link do post | comentar

Terça-feira, 14.07.15

augusto césar.jpg

 

 

O futuro arcebispo, as divisões e os massacres

 

Um relatório da PIDE elaborado 10 meses antes antes do 25 de Abril propunha que se prescindisse do trabalho missionário de vários institutos religiosos. Feitas as contas, a decisão levaria à expulsão de 155 padres. As autoridades não seguiram a sugestão mas, em Fevereiro de 1974, o regime acabou por mandar embora de Moçambique mais 11 missionários e um bispo. Por causa de um "imperativo de consciência".

O actual bispo de Portalegre e Castelo Branco, D. Augusto César, apontado como o futuro arcebispo de Braga, foi um dos prelados moçambicanos que, em 28 de Fevereiro de 1974, enviou ao cardeal Jean Villot, então secretário de Estado do Vaticano, uma carta manifestando-se contra a actuação do seu colega de Nampula, Manuel Vieira Pinto, por causa da elaboração do texto "Imperativo de Consciência" - onde se condenava a guerra colonial e a atitude silenciosa dos bispos. Havia "no referido documento graves acusações dirigidas à Igreja e à hierarquia de Moçambique", em "ressonância clara da propaganda que a imprensa, mesmo católica" fazia à posição do episcopado moçambicano. Essas acusações, eram "injustas e falsas", escreviam os bispos, que se manifestavam profundamente magoados e ofendidos com "as decisões tomadas por um bispo com um instituto missionário" - os Missionários Combonianos - à margem dos restantes membros" da Conferência Episcopal. "Esta atitude, em vez de constribuir para a unidade, só poderá provocar a divisão e a confusão, tornando o nosso trabalho cada vez mais difícil. Porém, se a linha a seguir é a que vem no documento e se nós estamos a ser infiéis ao nosso ministério episcopal, como se insinua, (...) estamos dispostos conjuntamente a deixar as nossas dioceses e a entregá-las."A carta revelava as divisões que progressivamente se vinham a acentuar no interior do episcopado moçambicano. O primeiro bispo da Beira, Sebastião Soares de Resende, tinha sido o primeiro a contestar a política colonial e a falar da autodeterminação dos moçambicanos, nas décadas de 50 e 60. Soares de Resende, que morreu em meados da década de 60, tomava posições públicas e não se coibia de divulgar o que pensava. Depois, com a chegada de Vieira Pinto, em 1967, essa linha continuou assegurada com o novo bispo de Nampula. Mas a maioria dos seus pares considerava que deveria agir discretamente, falando ou escrevendo à autoridades. Em 1971 vários padres denunciaram massacres cometidos pelo Exército português. Em consequência disso, o regime expulsou elementos do Instituto de São Francisco Xavier de Burgos, dos Padres Brancos e dos Missionários Combonianos. Luís Afonso da Costa, um dos combonianos que trabalhava na altura em Marara (diocese de Tete) foi um dos primeiros a denunciar o que estava a acontecer. Entre 4 de Maio de 1971 e 30 de Março de 1972, o padre Luís Afonso - que entretanto abandonou os combonianos e foi residir para Itália - contabilizou 83 pessoas mortas pela tropa portuguesa, 21 das quais em Mucumbura, em 4 de Novembro de 1971. "Os comandos queimaram vivas 16 pessoas na povoação do António (Mucumbura). (...) Junto à loja do senhor Gabriel havia os cadáveres queimados de mais cinco pessoas, impossíveis de reconhecer", entre os quais uma criança, lê-se no documento "Mais um ano de agonia... sem esperança de ressurreição", escrito pelo então padre Costa em Maio de 1972. "Em reunião do conselho de pastoral, ficou decidido que eu iria levar ao conhecimento de toda a gente - missionários, leigos - o que se passava em Moçambique. Estive em Quelimane, Nampula e outros sítios", contou ontem ao PÚBLICO Luís Afonso da Costa, a partir de Itália. "Pedi à Conferência Episcopal uma declaração, disseram-me que iam ver a documentação e falar com o governador."Essas eram as duas linhas que subsistiam: "Devido aos privilégios que a Igreja tinha, muitos preferiam manter o 'status quo', os missionários queriam que a Igreja não estivesse ao lado do Governo português", analisa Luís Afonso da Costa. O mesmo conflito esteve presente nas outras antigas colónias. Fernando Santos Neves, que foi padre dos Missionários do Espírito Santo e é hoje reitor da Universidade Lusófona, em Lisboa, foi mandado para Angola pelo então superior-geral da congregação, Marcel Lefèbvre - o bispo que, nos anos 80, se rebelaria contra o Vaticano, com o seu catolicismo integrista. Santos Neves organizou, em Lisboa e em Angola, semanas missiológicas, criou um instituto teológico em Angola e, aqui, a PIDE não o deixou sossegado. Santos Neves foi exilado para Paris e, no início de 1974, escreveu e publicou "Negritude e Revolução em Angola". "É evidência histórica (...) que todas as 'religiões' e 'igrejas estabelecidas' fizeram sempre o jogo das (des)ordens 'estabelecidas' e foram portanto, sempre 'contra-revolucionárias'". A mudança só poderia ser feita, escrevia Santos Neves, com uma presença da Igreja que se traduza na liberdade, no serviço e na pobreza.''

 
 

 in Público

AM corresponde, acho eu, a António Marujo

sublinhados nossos

 

Naturalmente nunca a Ana Cabral Soares Mendes, piedosa fidalga, certamente muito esmoler, o Graça das seringas e o Anacleto, solicitador-jurista, isto é a notabilíssima equipa directorial do reverendíssimo quinzenário apostólico, foram capazes de desmentir uma linha sequer, do afirmado por  António Marujo.

Foi graças a artigos como este que o Augusto César não foi Arcebispo-Primaz, que era o destino que almejava, para finalizar a carreira eclesiástica.

O António Marujo escreve no blogue Religionline e é provavelmente um dos melhores jornalistas sobre assuntos da Igreja. 

ma



publicado por porabrantes às 21:51 | link do post | comentar

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