Criação do Grande abrantino Artur Lalanda
Foto de 2011
Hoje faria 88 anos o nosso amigo e grande abrantino Artur Lalanda, que caracterizou a sua vida por uma formidável intervenção cívica. A melhor forma de o homenagear é dar-lhe a palavra.
Eis como mostrava o Cemitério dos Cabacinhos, destratado pelo caciquismo.
ma
devida vénia à Coluna Vertical
Artur Lalanda
Que me perdoem a Santa Patrícia (versão portuguesa da de Constantinopla) e o Papa Bento, que na Terra tanto enalteceram as virtudes do Céu, mas vou utilizar os seus nomes para personalizar os actores de uma hilariante comédia. Mais uma.
Com suporte em duas “deformações” internas, uma dos serviços jurídicos, datada de 13 de Fevereiro de 2015 e outra da auditoria interna, datada de 19 de Fevereiro de 2015, foi aprovada, por proposta da presidente da Câmara, na reunião do executivo municipal de 24 do corrente, “a alteração do início da contagem do prazo adicional de 2 anos estabelecido na revisão do contrato de concessão do serviço de águas residuais do concelho de Abrantes, para efeitos da conclusão do plano de investimentos, transferindo-se o mesmo para 15-03-2013, e aprovar a extensão dos prazos para conclusão das obras das ETAR dos Carochos e Bicas (31-12-2015) e da rede de drenagem da Barca do Pego (31-07-2015, nos termos e com os fundamentos sugeridos pelos Serviços Municipalizados de Abrantes e nos termos da informação dos serviços jurídicos”
A mesma pessoa que, em 2009, prometeu instalar, imediatamente, uma etar compacta nos Carochos, para encobrir a obrigação da concessionária de construir uma etar nova até 2008, orçada em 752.310,00 euros, que em 2012, renegociou o contrato por forma a que a nova etar, agora orçada (dois anos anos de haver projecto) em 1.766.952,00 euros,fosse construida até Dezembro de 2014, que em 19 de Dezembro de 2014 ditou para a acta que a intervenção que estava em curso na antiga etar rejeitada, há mais de 15 anos, constituia a solução definitiva, vem, agora, dar cobertura à extensão do prazo para conclusão (?) das obras da etar dos Carochos, até 31 de Dezembro de 2015. Certamente nunca lhe ocorreu denunciar o contrato ou, pelo menos, suspender a consignação das receitas à concessionária, em função dos sistemáticoa atrasos na conclusão das obras previstas no plano de investimentos. E porquê, agora, esta preocupação em oficializar a cobertura das falhas da concessionária quando, antes, em circunstâncias idênticas, nunca foi manifestada?
Considero impensável que, em quaisquer serviços jurídicos, fosse possível substituir uma jurista pela empregada da limpesa, que em vez de produzir uma informação juridica honesta e devidamente fundamentada, que certamente não estaria ao seu alcance, nos apresenta uma verdadeira história de embalar, para entreter as criancinhas, na qualidade de munícipes.
Claro que a empregada da limpesa não tinha acesso ao contrato assinado em 2007 nem à revisão do mesmo contrato negociada em 2012, porque se tivesse, não aceitava que o processo de revisão, atrasado pela prévia intervenção da ERSAR e Tribunal de Contas, servisse de pretexto para justificar a extenção de quaisquer prazos para conclusão do plano de investimentos, nem sequer estranharia que os SMA afirmassem que, nesta altura, se encontram executados 78% desse mesmo plano, confirmando, assim, ingenuamente, o fracasso da concessão.
“UM DOS PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA CONCESSÃO É A EXECUÇÃO DE INFRA ESTRUTURAS DE RECOLHA E TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS DE MODO A ALCANÇAR 90% DA POPULAÇÃO DO CONCELHO DE ABRANTES, ATÉ 1 DE JANEIRO DE 2010” (nº 4 dos Objectivos Gerais da Concessão) Repito, 1 de Janeiro de 2010.
Antes de ter sido negociada a revisão do contrato, estava em vigor o contrato assinado em 2007, que nunca foi respeitado, pelo que invocar o atraso da revisão para encobrir todos os atropelos ao contrato inicial e justificar a extensão dos prazos para conclusão do plano de investimentos da responsabilidade da Abrantáqua, que incluia obras, com carácter obrigatório,(anexo II do contrato) abrangidas pelos objectivos iniciais da concessão, bem como as obras novas que serviram de pretexto ficticio para a renegociação do contrato, não lembra nem ao diabo, quanto mais à empregada da limpesa.
Como não podia deixar de acontecer, o Papa Bento, na qualidade de técnico superior da auditoria interna, subscreveu a “deformação” datada de 19 de Fevereiro, abençoando o cozinhado.
Só que, pasmai óh gentes, o que a presidente da Câmara apresentou na reunião de 24 de Fevereiro, para aprovação, foi acordado em reunião realizada em 14 de Janeiro, na qual estiveram representados a Agência Portuguesa do Ambiente (Delegação das Caldas da Rainha), a Abrantáqua e os Serviços Municipalizados de Abrantes, portanto muito antes de terem sido produzidas as duas ”deformações” internas acima referidas.
Se a hipocrisia pagasse imposto, a Câmara Municipal de Abrantes bem podia substituir os 50 mil metros quadrados de solo argiloso do Cemitério de Santa Catarina, por terra permeável importada de Proença a Nova, a dois mil euros a tonelada, porque ainda sobravam uns trocos para contemplar os intermediários.
Na foto estão dois abrantinos que nos deixaram cedo demais, o dr. Eurico Consciência e o Sr.Artur Lalanda, os dois caracterizam-se por uma intervenção cívica permanente e crítica, nalgum momento os dois estiveram nas antípodas em questões políticas,ambos foram ferozes e sarcásticos demolidores da política bimba e pequeno-burguesa que destrói Abrantes.
Na Coluna Vertical, o dr. Santana-Maia Leonardo evoca Artur Lalanda e publica um texto dele....onde a Celeste dos pobrezinhos, digna herdeira das damas do chá-canasta e da Conferência de S.Vicente de Paulo, é a visada.
mn
Tem a Junta do Bruno por delegação de competências:
Limpeza e gestão de Espaços Verdes
O Jardim do Castelo estava assim.
A ''grande equipa cumpre''
Isto também é uma forma de prestar homenagem ao autor das fotos do Castelo, o Sr.Artur Lalanda, que foi vizinho do candidato laranja
Enquanto isso a grande equipa alcatroa espaços do Estado e faz limpeza às capelas do Cónego
Em vez de manter decente o que é da sua competência, gasta o nosso dinheiro pintando as capelas do Reverendo.....
E os espaços verdes, que são o ex-libris de Abrantes, ao mais vulgar abandono....
mn
Leitor atento e voraz da Imprensa e dos blogues, só um dia depois o Sr.Lalanda desmontava a negociata e o laxismo municipal, face à empresa dominada pelos espanhóis e onde um ex-vereador socialista, o famoso Bento, é administrador, no ''Coluna Vertical'' :
Artur Lalanda
A Lena, sempre a Lena e os seus amigalhaços. Soube-se agora. Através do Programa Operacional de Sustentabilidade no Uso de Recursos, que a ABRANTÁQUA - Serviços de Águas Residuais Urbanas do Município de Abrantes, SA, foi contemplada com a bonita soma de 1 506 000 euros de fundos, pelo vistos sem fundo, por ter construido a Etar dos Carochos, inaugurada já em 2016, quando, contratualmente, devia ter ficado pronta em 2008, com um orçamento de 752 310 euros. Durante 8 anos, os agora utentes da etar, pagaram as taxas impostas pelo contrato e os esgotos continuaram a entrar no Tejo, sem qualquer tratamento. Em 2012, ainda foi anunciado que a nova etar ficaria pronta em 2014, com um orçamento de 1 766 952 euros, mas era foguetório, como de costume.
Todos os encargos, com as infra estruturas do saneamento, seriam suportados pela concessionária, com capital próprio, uma vez que as verbas consignadas, através dos recibos da água, viriam a compensá-la, posteriormente. Com a conivência da Câmara, a concessionária foi executanto o plano previsto, sempre fora dos prazos contratuais e com dinheiro que recebia antecipadamente. Nunca gastou mais do que recebeu. Entre 2008 e 2013, recebeu 10 000 772, 31 euros e investiu, apenas , 8 084 061,67 euros, pelo que nunca precisou de utilizar capital próprio. Estima-se em cerca um milhão de euros anuais, as verbas consignadas, pelo que, o custo da Etar dos Carochos, há muito tinha sido arrecadado pela concessionária, à custa dos munícipes do concelho.
Nestas circunstâncias, a ABRANTÁQUA ter sido, agora, contemplada com 1 506 000 euros dos tais Fundos sem fundo, deixa-nos a certeza de que a análise dos processos de atribuição dos subsídios adopta critérios a justificar a intervenção das autoridades afectas aos problemas relacionados com a corrupção.
A coberto do ruinoso contrato de concessão, que nos permite admitir ter sido elaborado pela concessionária e assinado de cruz, pela Câmara, para os 25 anos de duração do contrato, o custo de todas as obras a executar, incluindo a exploração do sistema, totalizava 37 750 587 euros. No final de 2014, com a conclusão de todas as obras previstas no célebre anexo II, salvo a Etar dos Carochos, com custo real inferior a 10 milhões, concluimos que a exploração do sistema tem custos cujo valor é quasi quadruplo do custo de todas as obras executadas. Grande negócio para a concessionária que, não podemos esquecer, até 2033, vai continuar a ter verbas concessionadas na ordem do milhão de euros anual, a manterem-se os tarifários em vigor.
Em vésperas de Natal, 1 506 000 de euros de brinde não são para desperdiçar. O saldo da conta “lucros e perdas”, da concessionária, não incomoda os nossos autarcas.
Não, não se trata de ladrões, mas lá que os há, há.'' devida vénia ao blogue do Dr.Santana Maia.
E agora em Abril de 2017 é que o caciquismo está a pensar rever o contrato:
''Na última sessão da assembleia a Sra Presidente da CMA referiu que os serviços jurídicos estavam a analisar o contrato de concessão da Abrantáqua. Questionada sobre quais os itens em causa, respondeu que um deles era o apoio comunitário a fundo perdido que esta empresa iria receber e que terá que ser repercutido no contrato. ''
Armindo Silveira
Nós perguntamos, era obrigação da concessionária construir os Carochos em tempo útil e meter a ETAR funcionar decentemente, coisa que não fez, e era obrigação da CMA coagi-los a fazer isso, coisa que não fez.
Pelo contrário, aumentou o tarifário, garantiu aos espanhóis taxas de rentabilidade vantajosas, e fez vista grossa à poluição.
E agora diz que vai obrigá-los a rever o contrato?
Acha que eles aceitam?
A Aqualia é tudo menos uma empresa administrada por ingénuos.
E a CMA não tem aparentemente meio jurídico para os obrigar a rever o contrato.
ma
Em homenagem ao Senhor Artur Lalanda um post dele sobre o Creativ Camp
Pode o caciquismo uivar, mas o testemunho cívico dum grande abrantino aí está.
mn
Espezinhar os direitos dos cidadãos é fácil, é o caminho de quem não respeita a Lei,
ou seja não respeita a democracia.
Este é o último post do Senhor Artur Lalanda e uma clara e firme denúncia de quem viola a Lei.
Assumam a responsabilidade e tenham vergonha na cara.
ma
A nossa civilização nasceu na Grécia, onde na Ágora das pólis, os homens livres ou seja os cidadãos, gente que não era escrava ou bárbara , discutiam livremente, elegiam os seus governantes, criticavam-nos ou elogiavam-nos e se fosse caso disso depunham-nos.
A grandeza do Ocidente mede-se nisso, sermos herdeiros da Grécia, sermos cidadãos e não bárbaros ou servos.
O dever da cidadania obriga-nos a discutir livremente os assuntos da Pólis, a fazer política.
Nos últimos dez anos houve poucos cidadãos tão dignos da herança grega, em Abrantes, como o Senhor Artur Nogueira Lalanda, que partiu hoje.
Tinha 87 anos. Apesar de não ser abrantino de nascimento, de ter passado largo tempo em Moçambique, onde desempenhara funções importantes como gestor bancário, no Totta, salvo erro, de ter sido vítima, como centenas de milhares de portugueses, duma descolonização ignóbil, teve uma maior intervenção cívica na vida da nossa cidade, que muitos abrantinos de nascimento, que vegetam à sombra dum caciquismo saloio, que ele combateu por imperativo de homem livre.
Os blogues, em especial o Amar-Abrantes, depois Coluna Vertical, mas também o nosso, de que nos honrava ser atento leitor, os Jornais (em especial o Mirante e a Barca), o facebook, as actas rupestres da edilidade, estão cheias de intervenções suas, desmontando peça a peça, a apagada e vil tristeza dos caciques.
Que fosse um Senhor octagenário a desmascarar esta gentinha, mostra-nos que a vida não pára aos 70 ou aos 80, só pára quando uma fatalidade nos bate à porta.
Vamos ao longo de hoje e dos próximos dias publicar algumas das suas intervenções, que é a melhor forma de homenagear um homem livre.
Agora, ou por agora, só resta apresentar os sentimentos à sua Família, e meditar no seu exemplo de Cidadão que não quis ser súbdito.
mn
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