Em 9-7-1911,o Jornal de Abrantes sob a assinatura de J.A escrevia '' espera-se a tournée dos artistas do Ginásio de Lisboa, a fim de dar três espectáculos no ''Theatro'', nos dias 24/25/ e 26 de Julho....representar-se-ão as magníficas e engraçadas peças ''O Olho da Providência'', ''Scherlock'' e ''Rato Azul e o Dr.Zebedeu''.
a 30 do mesmo mês apontava-se que tinham agradado imenso as ditas peças e os actores ''que o público premiou com repetidos aplausos foram: Telmo, Augusto Machado, Alegrim (sic) e Augusta Cardoso''
Fomos à procura duma foto de corpo inteiro da D.Augusta Cardoso, então primeira actriz do Teatro Nacional Almeida Garrett (a República saneara o nome de D.Maria II do teatro).
É naturalmente possível encontrar essa foto mas a pesquisa terá de ser mais demorada.....
Mas encontrámos um desenho de como seria a actriz uns dez anos antes
Descrição:
Figurino "D. Leonor" (Augusta Cordeiro) para 1º acto da peça "Sempre Noiva". Figurino feminino com vestido comprido aberto à frente, vendo-se uma segunda saia com folhos. Mangas com folhos. Segura na mão um leque. Tem anotações do autor sobre os materiais e cores a utilizar no vestuário. No canto superior esquerdo um carimbo da Sociedade de Artistas do Teatro D. Maria II. Peça "Sempre Noiva", original de Marcelino de Mesquita, levada à cena pela Sociedade de Artistas do Teatro D. Maria II em 1900. Interpretações de Sara Coelho (Abadessa), Pedro Teodoro (D. Alexandre), Emilia Lopes (D. Antónia), Lucinda do Carmo (D. Constança), Fernando Maia ( D. Francisco), Virginia Dias da Silva (D. Isabel), Augusta Cordeiro (D. Leonor), Carlos (D. Rodrigo), Ferreira da Silva (D. Vicente), Laura Ferreira (Francisca, a preta), Augusto de Melo (Frei Manuel), Laura Cruz (irmã Paula), Cardoso Galvão (José de Melo), Sara (Luisa, aia de Isabel), Carlos Posser (Marquês de Pombal), Joaquim Costa (Marrati), Manuel Nobre (Capelão), Judite (Teresa, aia de Isabel) e Laura Ferreira (freira)
Incorporação:
Compra - Livraria Histórica Ultramarina'' -Museu do Teatro
O Desenho faz parte do espólio do Museu do Teatro e o vendedor foi o Conde de Almarjão, dono da livraria citada, um dos melhores alfarrabistas que Portugal teve.
Um homem capaz de perder dinheiro só para impedir que um Arquivo importante saísse de Portugal.
Foi ele que comprou a maior parte do Arquivo dos Marqueses de Abrantes e o vendeu à Torre do Tombo. O que está no Arquivo Eduardo Campos, depositado por D.José Lancastre e Távora e família, é só uma pequena parte do que foi um dos mais importantes arquivos nobiliárquicos portugueses.
Podia ter sido comprado pela CMA ''tudo''? Podia....
Mas, vários Presidentes da CMA de antes do 25 de Abril e depois recusaram a compra.
Miguel Abrantes
Créditos: Livro de ''Apontamentos abrantinos do Sr. Eng.A.F.S.