Texto: José Luis Toledano - 14-04-2016
Fotos: Alfonso Armada
in Frontera D com a devida vénia
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O Bispo terminou em Portalegre
O Padre Berenguer continuou em Moçambique, depois de acusado pela tropa colonial de pôr minas, foi preso pela Frelimo, libertado mas impedido de ir a Tete.
Foi um grande entusiasta de Machel, diz que se este regressasse, fuzilaria parte da camarilha actual
E quem sabe fuzilaria a Mugabe.....
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Faz 30 anos este Jornal parabéns. Mas esta capa foi um fracasso total o Augusto César não foi Primaz e o D.Jorge Ortiga conquistou Braga.
Contra Augusto César estava um comportamento desleal face ào Episcopado de Moçambique, uma devoção canina ao fascismo, o apoio miserável a tipos como o Cónego Graça, evidentes ligações a sectores fundamentalistas e a sociedades secretas como o Opus Dei.
O Estado e o sector modernizador da Igreja liquidaram a candidatura, apoiada pela reacção e pelo fundamentalismo inquisitorial.
Jorge Ortiga era o candidato a Braga dos sectores civilizados da Igreja. Ganhou 10-0 ao Augusto de Tete.É Arcebispo-Primaz.
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Biografia do autor: Nasceu em Magueija, Lamego, a 8 de Dezembro de 1933. Entrou para a Companhia de Jesus em Soutelo, Braga, a 7 de Setembro de 1952. Foi ordenado sacerdote em Barcelona, a 3 de Julho de 1966. Foi viver em Moçambique, como missionário, em 1970. Aí foi superior dos Jesuítas de Moçambique, durante 12 anos. É autor de vários livros, sobretudo orientados para o trabalho catequético e para a história da Igreja Católica em Moçambique.''
(texto do Editor)
O Padre Sousa,SJ mostra como Augusto César, o tipo que protegeu o Graça das Seringas, colaborou na ocultação do massacre de Wyriamu, onde homens, mulheres e crianças foram chacinados pela tropa colonial.
A hierarquia comeu e calou e só quando o Padre Hastings denunciou no Times as barbaridades sangrentas é que se dignou falar.
Sobre o Assunto http://porabrantes.blogs.sapo.pt/tag/massacre+de+wyriamu
Que tal apresentar o livro do distinto jesuíta, hoje residente na Covilhã, na Casa de Santa Maria e deixar o Augusto César falar?
Deixo aqui a morada do sacerdote da Companhia de Jesus
JOSÉ AUGUSTO DE SOUSA ( S.J.) |
José Augusto de Sousa (S.J.) Data de Nascimento: 08/Dezembro/1933 Data de Ordenação: 03/Julho/1966 Capelão do Hospital da Covilhã Morada: Rua de S.Tiago, 26 6200-214 COVILHÃ Telf. 275184130; 275086549; 961877277, Email: jasousasj@gmail.com |
imagem da Paróquia de S.Pedro da Covilhã, dirigida pela Companhia de Jesus
Para doadores generosos a Augusto César também se sugere
são 84 €
O Professor Mustafa Dhada trabalha na Universidade da Califórnia
Já agora convém corrigir o dirigente do Bloco e professor universitário João Teixeira Lopes, que acusou Jaime Neves de ter participado na mortandade. Jaime Neves estava de férias na Metrópole e provavelmente estaria a beber uns copos e a examinar as ''meninas'' nalgum cabaret.
Antes de chamar ''assassino'' a um adversário político convém conferir as fontes. O General Neves não estava em Moçambique à data e além disso não era um assassino. Era um herói.
ma
no Expresso há um artigo do José Pedro Castanheira sobre isto. Naturalmente mandamos as Boas Festas ao Reverendo Padre José Augusto Alves de Sousa, SJ . O livro do jesuíta comprei-o na Ferin, onde o P.Sousa o lançou
Monsenhor Giuseppe Maria Sensi,um culto diplomata que serviu a Santa Sé,, foi o núncio que segundo os combonianos o ultra-colonialista Augusto César fez chorar
Aí o temos na Nunciatura de Lisboa, recebendo um enviado do Conselho Mundial das Igrejas ( organização que muito lutou contra o colonialismo)
Era filho dum político demo-cristão calabrês e foi ele que recebeu Mário Soares na Nunciatura para relançar as ligações entre o Portugal democrático e a Santa Sé, cuja primeira etapa passou pela revisão da Concordata, para autorizar o divórcio aos casados pela Igreja.
Em 1987 seria elevado ao Cardinalato. Um homem crucial nas relações entre a Santa Sé e Portugal em momentos delicadíssimos. Tudo fez para impedir a expulsão do Bispo de Nampula. Mas teve um Augusto César a morder-lhe nas canelas. D.Manuel Vieira Pinto teve o mesmo destino que o Bispo do Porto.
mn
''- Apesar deste desfecho, o bispo de Tete, D. Augusto César, publicou um artigo no jornal Notícias, de Lourenço Marques, em que expunha a sua versão dos acontecimentos e continuava a acusar os combonianos. O núncio, perante tão triste espectáculo, ficou perturbado e, segundo alguns, não conseguiu refrear as lágrimas.
-(..) O documento, que era um acto de coragem profética, não obteve os resultados esperados. Os bispos, em vez de aceitarem o desafio, fizeram acusações que se revelaram infundadas e enredaram-se numa polémica em defesa da sua honra. Não estavam preparados para fazer qualquer autocrítica ou para qualquer mudança. Para a Santa Sé escreveram: «Ou a Igreja de Nampula ou nós. Roma julgue!»
- O Governo, aproveitando-se da atitude dos bispos, no dia 6 de Março decretou a expulsão dos missionários, que deveria realizar-se no dia 20. Seria uma desfeita para a Igreja, e o núncio conseguiu que o governador-geral revogasse a expulsão.
- A PIDE, então, orquestrou manifestações de rua em Nampula, contra os missionários e o bispo. O governador, alegando a impossibilidade de os proteger, exigiu que saíssem. O que viria a acontecer no dia 13 de Abril. Entre os expulsos estavam os padres Manuel Horta e Rogério de Sousa. No dia 25 de Abril, o regime caiu. E eles puderam regressar a Moçambique.'' (...)
MANUEL HORTA, Missionário Comboniano na Revista Além-Mar
com a devida vénia ao P.Manuel Horta e sem nenhuma vénia a este gajo
os anacletos que lhe beijem o anel .....
a ímpia redacção
Um relatório da PIDE elaborado 10 meses antes antes do 25 de Abril propunha que se prescindisse do trabalho missionário de vários institutos religiosos. Feitas as contas, a decisão levaria à expulsão de 155 padres. As autoridades não seguiram a sugestão mas, em Fevereiro de 1974, o regime acabou por mandar embora de Moçambique mais 11 missionários e um bispo. Por causa de um "imperativo de consciência".
O actual bispo de Portalegre e Castelo Branco, D. Augusto César, apontado como o futuro arcebispo de Braga, foi um dos prelados moçambicanos que, em 28 de Fevereiro de 1974, enviou ao cardeal Jean Villot, então secretário de Estado do Vaticano, uma carta manifestando-se contra a actuação do seu colega de Nampula, Manuel Vieira Pinto, por causa da elaboração do texto "Imperativo de Consciência" - onde se condenava a guerra colonial e a atitude silenciosa dos bispos. Havia "no referido documento graves acusações dirigidas à Igreja e à hierarquia de Moçambique", em "ressonância clara da propaganda que a imprensa, mesmo católica" fazia à posição do episcopado moçambicano. Essas acusações, eram "injustas e falsas", escreviam os bispos, que se manifestavam profundamente magoados e ofendidos com "as decisões tomadas por um bispo com um instituto missionário" - os Missionários Combonianos - à margem dos restantes membros" da Conferência Episcopal. "Esta atitude, em vez de constribuir para a unidade, só poderá provocar a divisão e a confusão, tornando o nosso trabalho cada vez mais difícil. Porém, se a linha a seguir é a que vem no documento e se nós estamos a ser infiéis ao nosso ministério episcopal, como se insinua, (...) estamos dispostos conjuntamente a deixar as nossas dioceses e a entregá-las."A carta revelava as divisões que progressivamente se vinham a acentuar no interior do episcopado moçambicano. O primeiro bispo da Beira, Sebastião Soares de Resende, tinha sido o primeiro a contestar a política colonial e a falar da autodeterminação dos moçambicanos, nas décadas de 50 e 60. Soares de Resende, que morreu em meados da década de 60, tomava posições públicas e não se coibia de divulgar o que pensava. Depois, com a chegada de Vieira Pinto, em 1967, essa linha continuou assegurada com o novo bispo de Nampula. Mas a maioria dos seus pares considerava que deveria agir discretamente, falando ou escrevendo à autoridades. Em 1971 vários padres denunciaram massacres cometidos pelo Exército português. Em consequência disso, o regime expulsou elementos do Instituto de São Francisco Xavier de Burgos, dos Padres Brancos e dos Missionários Combonianos. Luís Afonso da Costa, um dos combonianos que trabalhava na altura em Marara (diocese de Tete) foi um dos primeiros a denunciar o que estava a acontecer. Entre 4 de Maio de 1971 e 30 de Março de 1972, o padre Luís Afonso - que entretanto abandonou os combonianos e foi residir para Itália - contabilizou 83 pessoas mortas pela tropa portuguesa, 21 das quais em Mucumbura, em 4 de Novembro de 1971. "Os comandos queimaram vivas 16 pessoas na povoação do António (Mucumbura). (...) Junto à loja do senhor Gabriel havia os cadáveres queimados de mais cinco pessoas, impossíveis de reconhecer", entre os quais uma criança, lê-se no documento "Mais um ano de agonia... sem esperança de ressurreição", escrito pelo então padre Costa em Maio de 1972. "Em reunião do conselho de pastoral, ficou decidido que eu iria levar ao conhecimento de toda a gente - missionários, leigos - o que se passava em Moçambique. Estive em Quelimane, Nampula e outros sítios", contou ontem ao PÚBLICO Luís Afonso da Costa, a partir de Itália. "Pedi à Conferência Episcopal uma declaração, disseram-me que iam ver a documentação e falar com o governador."Essas eram as duas linhas que subsistiam: "Devido aos privilégios que a Igreja tinha, muitos preferiam manter o 'status quo', os missionários queriam que a Igreja não estivesse ao lado do Governo português", analisa Luís Afonso da Costa. O mesmo conflito esteve presente nas outras antigas colónias. Fernando Santos Neves, que foi padre dos Missionários do Espírito Santo e é hoje reitor da Universidade Lusófona, em Lisboa, foi mandado para Angola pelo então superior-geral da congregação, Marcel Lefèbvre - o bispo que, nos anos 80, se rebelaria contra o Vaticano, com o seu catolicismo integrista. Santos Neves organizou, em Lisboa e em Angola, semanas missiológicas, criou um instituto teológico em Angola e, aqui, a PIDE não o deixou sossegado. Santos Neves foi exilado para Paris e, no início de 1974, escreveu e publicou "Negritude e Revolução em Angola". "É evidência histórica (...) que todas as 'religiões' e 'igrejas estabelecidas' fizeram sempre o jogo das (des)ordens 'estabelecidas' e foram portanto, sempre 'contra-revolucionárias'". A mudança só poderia ser feita, escrevia Santos Neves, com uma presença da Igreja que se traduza na liberdade, no serviço e na pobreza.''
in Público
AM corresponde, acho eu, a António Marujo
sublinhados nossos
Naturalmente nunca a Ana Cabral Soares Mendes, piedosa fidalga, certamente muito esmoler, o Graça das seringas e o Anacleto, solicitador-jurista, isto é a notabilíssima equipa directorial do reverendíssimo quinzenário apostólico, foram capazes de desmentir uma linha sequer, do afirmado por António Marujo.
Foi graças a artigos como este que o Augusto César não foi Arcebispo-Primaz, que era o destino que almejava, para finalizar a carreira eclesiástica.
O António Marujo escreve no blogue Religionline e é provavelmente um dos melhores jornalistas sobre assuntos da Igreja.
ma
Em 23/4/99, António Marujo publicou no diário ''Público'' um relatório da PIDE-DGS sobre a situação da I.Católica em Moçambique. Aí se avaliavam as competências dos Bispos.
Augusto César, que depois seria Bispo de Portalegre era considerado
''MUITO BOM''
''Um relatório da PIDE elaborado 10 meses antes antes do 25 de Abril propunha que se prescindisse do trabalho missionário de vários institutos religiosos. Feitas as contas, a decisão levaria à expulsão de 155 padres. As autoridades não seguiram a sugestão mas, em Fevereiro de 1974, o regime acabou por mandar embora de Moçambique mais 11 missionários e um bispo. Por causa de um "imperativo de consciência".
A situação político-religiosa de Moçambique em Junho de 1973, dez meses antes do 25 de Abril de 1974, era considerada pela PIDE/DGS como "causando graves apreensões" nas áreas das dioceses da Beira e de Tete. Num relatório pormenorizado sobre a presença da Igreja Católica naquele Estado "e suas implicações com a segurança", a PIDE concluía que a situação ficaria melhor "se fosse possível prescindir dos Institutos de Burgos, Capuchinhos de Trento, Combonianos, Sagrado Coração de Jesus e Padres dos Sagrados Corações". Ao propor esta medida, o relatório da polícia política do Estado Novo estava a sugerir a expulsão de 155 missionários que trabalhavam em todo o território moçambicano. Nessa altura, o número total de padres a trabalhar em Moçambique (entre autóctones e estrangeiros) era de uns 550. O que, a concretizar-se a ideia expressa no relatório dirigido ao governador de Moçambique, significava expulsar mais de um quarto dos membros do clero católico. Isto, já depois de terem sido expulsos do território, entre 1971 e 1972, vários membros dos Padres Brancos, dos Padres de Burgos e dos Missionários Combonianos (ver caixa). Na alínea c) do relatório, já citada, o director da delegação da PIDE em Moçambique acrescenta que, se se prescindisse dos missionários referidos, "beneficiariam as dioceses afectadas e as que se prevê virem a sê-lo". E, se isso não se concretizasse, "a subversão violenta" iria estender-se "a novas áreas ainda não afectadas", tudo levando a crer que surgiriam "implicações mais graves com a segurança".A informação nº 86/73/DI/2/SC-G.G., com 31 páginas dactilografadas, traça um panorama completíssimo do que era a posição dos missionários em relação ao estatuto da então colónia portuguesa, dos casos considerados mais perigosos para a segurança do Estado, das opiniões dos respectivos bispos e das missões que ofereciam preocupações às autoridades do Estado Novo. O relatório começava por se referir ao "estado da questão", com um "vasto campo de análise em que factores de ordem religiosa, social e política se entrechocam, tornando o tema melindroso e difícil". E entrava depois por conceitos teológicos: "Tendo em conta que o conceito de Igreja envolve não só a hierarquia mas também todos os católicos (binómio Igreja/Corpo Místico), a principal limitação que nos surge é a impossibilidade de seguirmos atentamente o comportamento político-religioso dos leigos. Alguns destes tentavam "a escalada de pastorais ultra-modernas à luz da actual doutrina social". Mas, como não eram muitos, "os seus voos são perfeitamente controlados ou controláveis" pelos bispos. Vivia-se, entretanto, um contexto teológico desfavorável. "Já antes" do Concílio Vaticano II (que se realizara entre 1962 e 65) havia teólogos de várias zonas do mundo a enveredar "por uma hermenêutica, tipo racionalista, tentando descobrir e desenvolver uma temática evangélica" que até aí tinha sido "inaceitável". Os temas que vinham "sendo abordados nas altas esferas teológicas" eram, cada vez mais, analisados "por prismas revolucionários", sendo fácil ouvir falar em "teologia e/da revolução", "evangelho e libertação", "profecias e política", "política do Antigo Testamento" e "função política do culto". Havia mesmo, supremo insulto, quem distinguisse no julgamento de Jesus Cristo um julgamento religioso e "outro político (por subversão relativamente ao poder constituído - domínio romano)". E havia exegetas que viam Jesus como "um revolucionário", cuja conduta tinha sido "estritamente política e o evangelho um anúncio de libertação do domínio de poderes temporais". A análise teológica do relatório da PIDE terminava afirmando que todas essas tendências difundidas no Terceiro Mundo serviam "cabalmente os interesses dos países comunistas". O relatório entrava depois a analisar minuciosamente cada um dos institutos religiosos masculinos presentes em Moçambique. Listava um conjunto de 16 congregações masculinas: Padres Monfortinos, Missionários da Consolata, Padres Franciscanos, Missionários Combonianos, Instituto de São Francisco Xavier de Burgos, Padres do Coração de Jesus (Dehonianos), Jesuítas, Capuchinhos, Capuchinhos de Bari, Padres dos Sagrados Corações, Sacramentinos, Sociedade Missionária Portuguesa, Congregação da Missão, Ordem Hospitaleira de São João de Deus, Salesianos e Dominicanos (que acabavam de chegar ao território). Os mais perigosos eram aqueles que o relatório mencionava como sendo necessário prescindir dos seus serviços. Mas havia outros que, sem estarem na lista mínima, também eram causa de problemas: os monfortinos seriam partidários da autodeterminação de Moçambique; alguns da Consolata já se tinham revelado "contestários exacerbados", mas os seus superiores aconselhavam os padres a não se intormeterm "na orientação sócio-política"; os Capuchinhos de Bari desenvolviam trabalho social com o objectivo de "realçar a indiferença" das autoridades oficiais em relação aos seus problemas. Já os jesuítas, na sua maior parte, não seguiam a "eventual atitude refractária e hostil atribuída" ao seu superior-geral, padre Pedro Arrupe. Dos 33 institutos femininos a trabalhar em Moçambique, com um total de 1224 religiosas (das quais 270 estrangeiras) não havia muito a recear. À excepção de duas freiras - a italiana Maria de Carli e a espanhola Divina Vasquez Rodriguez -, não se conheciam "atitudes ou actividades" de religiosas que implicassem com a segurança, mas o relatório salientava o facto de algumas delas já estarem a aprender com os padres e irem para Moçambique "com graus académicos". Entre os padres diocesanos, não vinculados a nenhum instituto religioso, havia apenas alguns casos isolados que eram objecto de preocupação, entre os quais Joaquim Teles de Sampaio, um dos primeiros a denunciar massacres cometidos pelas tropas portuguesas, e João Baptista da Mata, que fazia, na Sé de Lourenço Marques (actual Maputo), "homilias impregnadas de maoísmo e utopia". Os restantes, de um modo geral, não criavam complicações. "Estão de certo modo 'aburguesados', não tendo problemas de ordem financeira e não se mostrando interessados em entrar em atrito com a política governamental". O mesmo epípeto era dado ao então bispo de Quelimane. D. Francisco Nunes Teixeira (recentemente falecido): "É de tipo moderado, conservador, talvez mesmo 'aburguesado'", um bispo que aconselhava os seus padres a manifestarem "espírito cristão, moderação e prudência" nos contactos com as autoridades, "a fim de se evitarem atritos prejudiciais". Esta tese tem uma relativa confirmação do próprio. No seu livro "A Igreja em Moçambique na Hora da Independência (1955-1975)", publicado há perto de cinco anos, Francisco Nunes Teixeira admitia que o método preferido pela maior parte dos bispos moçambicanos era o diálogo directo com as autoridades. Os membros do episcopado também eram objecto da lupa e da vigilância da PIDE. O arcebispo de Lourenço Marques, Custódio Alvim Pereira, era "da linha conservadora"; o bispo de João Belo (actual Xai-Xai), Félix Niza Ribeiro, mantinha boas relações com as autoridades civis, mas tinha ido depor a favor dos padres de Macuti, que tinham denunciado massacres; Ernesto Gonçalves da Costa, de Inhambane (que seria depois bispo da Beira, entre 1974 e 1977, e bispo do Algarve entre 1977 e 1988), era "tradicionalista e muito equilibrado", mas também tinha deposto no julgamento dos padres de Macuti; Augusto César da Silva, de Tete (actual bispo de Portalegre e apontado como futuro arcebispo de Braga), "pode considerar-se muito bom" e um dos que mantinha o "equilíbrio, exigido nas relações com os poderes temporais"; José dos Santos Garcia, de Porto Amélia (actual Pemba), seguia a "linha conservadora" da Igreja e não escondia "o seu acérrimo e irredutível portuguesismo"; e Luís Gonzaga da Silva (que vinha dos jesuítas e era bispo de Vila Cabral, actual Lichinga) era "o que melhor" se identificava "com o sistema político vigente".Aquele que merecia mais acusações no relatório da PIDE era Manuel Vieira Pinto (que continua a ser o bispo de Nampula, para onde foi nomeado há mais de 30 anos). A sua "personalidade e mentalidade" fugiam "à vulgaridade dos seus colegas do episcopado" e a sua actuação "em desfavor da sã ortodoxia católica por apadrinhamento de contestatários e seus grupos tem ultrapassado todas as barreiras do decoro episcopal". Mais grave ainda, Vieira Pinto fazia "tábua rasa do respeito hierárquico devido, pelo menos," ao arcebispo de Lourenço Marques. E do "acinte" que mostrava "contra a política ultramarina portuguesa nem é bom falar". Poucos meses depois deste relatório, em Fevereiro de 1974, foi publicado o documento "Imperativo de Consciência". O texto era assinado por D. Manuel Vieira Pinto e todos os combonianos presentes em Moçambique (34 padres, 19 irmãos leigos e 41 irmãs - afinal, o relatório enganara-se, sobre as freiras). E, no documento, os signatários insurgiam-se contra a política colonial, contra a continuação da guerra e contra o silêncio da Igreja Católica em Moçambique. A polémica voltou a estalar, e o Governo deu ordem de expulsão a 11 missionários combonianos (nove italianos e dois portugueses) e ao bispo de Nampula, que chegou a Lisboa nas vésperas do 25 de Abril. Entre 1974 e 1977, vários bispos moçambicanos pediram para sair das suas dioceses. Vieira Pinto voltou para Nampula.''
Com a devida vénia
ma
Ficar calado?
Só isso?
Augusto César, Bispo de Tete ficou calado.
depois ficou Bispo de Portalegre, agora é emérito, e continuou calado
Times
Não condenou, não foi solidário com os missionários que denunciaram os massacres
Foi informado Augusto César dos massacres?
Foi!
É o que dizem os documentos desclassificados do Wikileaks
Os documentos provam que, cinco meses depois de ser informado pelos missionários espanhóis, se recusava, a admitir à imprensa internacional os crimes praticados pela repressão.
E quando os missionários foram expulsos, ficou calado, enquanto a consciência internacional montava um monumental protesto contra Caetano, só semelhante, em termos lusos, ao desencadeado pela repressão indonésia no cemitério de Dili.
Já falei aqui do homem, só volto ao tema, porque há o wikileaks para explorar, que também tem alguma coisa curiosa sobre Abrantes.
O Bispo de Tete sempre se pode defender dizendo que andou a deitar água na fervura entre bastidores.
Mas tanto gosto pelos bastidores, tanto medo de ser frontal, deixaram sobre ele uma suspeita terrível, que foi lançada por missionários combonianos.
Foi o Bispo de Nampula denunciado às autoridades coloniais por outro Bispo? Um artigo de António Marujo no Público lançou a polémica e o então B. de Portalegre não foi capaz de esclarecer as coisas:
'' Contactado agora pelo PÚBLICO, o bispo prefere não falar do que aconteceu. O seu secretário, padre Francisco Vermelho, disse que Augusto César não quer responder a "inverdades históricas de algumas revistas" - uma alusão à "Além-Mar", admitiu - e que o que havia a dizer "já o escreveu numa carta" ao actual superior dos Combonianos em Portugal. ''
Monsenhor Vermelho continua a ser o secretário do Bispo actual.
Mas em Moçambique, o Bispo de Tete, enquanto as autoridades coloniais preparavam as expulsões, dava-se ao luxo de escrever um artigo a atacar os ''combonianos''...
Muitas das coisas que se passam na Igreja de Abrantes têm origem na forma de tratar as coisas com que Augusto César marcou a Diocese, já envenenada pela pesadíssima herança de D.Agostinho.
Augusto César que nunca condenou a PIDE nem os militares, foi capaz de lançar um interdito eclesiástico contra a paróquia de São Facundo, depois duns acontecimentos que tiveram o Graça como protagonista.
Fraco contra os poderosos, forte contra os débeis....
Por acaso em S.Facundo dissera a primeira missa este padre quase abrantino
amigo de Felicidade Alves e de D.Eurico Dias Nogueira. E também estava em Tete.
Aposto que se tivesse paroquiado S.Facundo ou Abrantes que a Igreja teria menos casas e mais prestígio.
Sai novo livro sobre um dos massacres, Inhaminga:
''Inhaminga: O último Massacre
Jorge Ribeiro
Editora: Afrontamento
Tema: História
Ano: 2015
SINOPSE
Cinquenta e cinco anos após o assalto à prisão de Luanda, a expulsão
do Governador do enclave de Ajudá, e a invasão de Goa, ainda há muito
para contar da guerra com que os portugueses tentaram manter as suas
colónias. É isso que provam os livros de Jorge Ribeiro. O efeito
nefasto de décadas de censura e uma informação domesticada durante o
regime fascista ainda hoje se fazem sentir. Velhas e novas gerações,
por vezes, comungam na surpresa e mesmo na incredulidade do que vai
sendo dado à estampa. É o caso do último massacre perpretado pelos
portugueses em África. Em Inhaminga.'' (fonte: -Editora)
O peso da história continua a pairar sobre este velho rectângulo....e Augusto César a ter a consciência pesada.
mn
foto de M.Vermelho: Diocese
foto de M. Carvalheira: Amigos do Niassa
antes, benemérito, rotário, com o dinheiro de Amélia Baeta e as terras e que mais (????)
e.....depois.....da gloriosa jornadas das seringas.....
a única coisa que teme, diz o da esquerda é que.....
cairá, porque como diria o divino Júpiter, a justiça é para se fazer
Marcello de Noronha
Era Bispo de Portalegre ao tempo Augusto César, um Bispo retornado de Tete, posto em causa pelos seus excessivos serviços à ditadura neste
livro
pelo Rev. Padre Arnaldo Baritussio, ao tempo missionário comboniano na colónia de Moçambique onde Kaulza dirigia uma guerra de extermínio contra as tribos que apoiavam a guerrilha.
Um delator é em linguagem popular um bufo seja Bispo ou pide, uma criatura de ínfima catadura moral, um homem que por vício de denunciar ou por uma recompensa material está pronto a vender-se.
Um delator é em linguagem bíblica um Judas.
Houve Bispos delatores na História????
Houve, Judas era Bispo.
O Padre António Marujo contou esta história no Público de 30 de Abril de 2004. A história dum denunciante.
Qual a diferença entre um delator e um denunciante???? Deixo ao critério do leitor.
O Bispo, a Denúncia e a Expulsão dos Missionários.
PUBLICO
Por ANTÓNIO MARUJO
Sexta-feira, 30 de Abril de 2004
Pode ter sido um bispo o responsável, pelo menos indirecto, da expulsão de 11 padres dos Missionários Combonianos que estavam em Nampula (Moçambique) e do próprio bispo da diocese, em Março e Abril
de1974. A causa imediata da decisão das autoridades coloniais mandarem sair os missionários e o bispo foi a divulgação do documento "Imperativo de Consciência". Esta foi uma das histórias mais relevantes do final do Estado Novo e um dos principais episódios da oposição de católicos ao regime.
No texto, 94 elementos dos Missionários Combonianos e o bispo de Nampula criticavam a "renúncia da Igreja em assumir a sua missão profética e libertadora" no meio da situação colonial que se vivia em
Moçambique e recusavam "partilhar a cumplicidade", como escreviam, da hierarquia católica de então. Esta, "talvez inconscientemente", colaborava "no manter" de uma situação "contrária ao Evangelho".
Um dos padres então expulsos, o italiano Danilo Cimitan, conta na revista "Além-Mar", do seu instituto, que uma cópia "apócrifa" do texto teria sido vista por Vieira Pinto "nas mãos de um dos bispos", cuja identidade não é revelada. A questão é que as 13 cópias do texto, policopiado em papel verde, tinham sido distribuídas a pessoas concretas: nove foram entregues ao presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), D. Francisco Nunes Teixeira, para serem entregues aos membros da CEM que, daí a poucos dias, iria reunir em assembleia - o texto destinava-se a ser debatido pelos bispos. Outras três foram guardadas pelo superior regional dos combonianos e a última estava com o padre Cimitan no momento em que aconteceu o episódio referido.
Como se explicava então a existência de outras cópias - que viriam, afinal, constituir-se como fundamento para a ordem de expulsão? No livro "Mozambico - 50 anni di presenza dei Missionari Comboniani",
escrito pelo também padre comboniano Arnaldo Baritussio, reconstitui-se o essencial dos factos desses dias.
O "Imperativo de Consciência" é datado de 12 de Fevereiro de 1974. No dia 14, os padres Danilo e Manuel Ferreira Horta, entregam a Nunes Teixeira os nove envelopes, dirigidos a cada um dos bispos. No dia
seguinte, ambos os padres regressam a casa do bispo, para voltar a conversar sobre o teor do texto. D. Francisco, que já lera entretanto o documento, recusa as acusações que nele são feitas à hierarquia da
Igreja e contesta que o Governo não ligue à cultura local. Para comprovar o argumento de que as autoridades coloniais portuguesas valorizavam a cultura local, conta Baritussio no livro, vai buscar um
manual da escola primária onde se mostram "belas fotografias de zebras, leões, gazelas, etc.".
Antes da reunião da CEM, que deveria acontecer dia 19, os combonianos ouvem rumores de que o documento já circulava publicamente. O padre Danilo vai a Lourenço Marques (actual Maputo), onde Nunes Teixeira lhe diz que a sua presença se tornara inútil, uma vez que os próprios missionários tinham feito chegar o documento ao governo provincial. Cimitan argumenta que é absurdo acusar os combonianos de tal responsabilidade, mas a conversa acaba ali mesmo.
Cimitan, conta ainda o livro, numa história que também foi resumida no número de Março da "Além-Mar", sai então para a actual Avenida Eduardo Mondlane (então Pinheiro Chagas) e encontra uma freira conhecida e um professor universitário português, Manuel Barreto. Este dá-lhe os parabéns pelo nada e o professor mostra-lhe uma cópia com observações à margem: "Falso", "Não é verdade"...
O missionário regressa então à conversa com os bispos, mas D. Francisco não aceita a alegada prova de inocência que o padre lhe traz. É nesse momento, contará mais tarde o padre, num depoimento registado pela "Além-Mar", que o bispo de Nampula, Vieira Pinto, vê "o original da cópia" que o padre vira instantes antes, "nas mãos de um dos bispos".
Outros missionários que estavam na altura em Moçambique dizem que uma das versões que correu na altura é que teria sido um dos bispos a passar o texto a um padre que, por sua vez, o teria entregue às
autoridades. Nunes Teixeira, que publicou em 1995, antes de morrer, o livro "A Igreja em Moçambique na Hora da Independência", conta diversos episódios ligados ao acontecimento, mas nunca se refere à divulgação do documento nem às conversas com os padres. Apenas defende a argumentação de que os bispos preferiam falar directamente com as autoridades, evitando polémicas públicas.
Os factos precipitaram-se a partir de então. Os bispos - à excepção de Vieira Pinto - escrevem para Roma, queixando-se de quebra de solidariedade. Uma pequena comissão criada entre os bispos e os combonianos não encontra culpas nos missionários. Mesmo assim, o então bispo de Tete, actual resignatário de Portalegre-Castelo Branco, D. Augusto César Ferreira da Silva, escreve um artigo no jornal "Notícias", em que volta a acusar os combonianos.
Contactado agora pelo PÚBLICO, o bispo prefere não falar do que aconteceu. O seu secretário, padre Francisco Vermelho, disse que Augusto César não quer responder a "inverdades históricas de algumas
revistas" - uma alusão à "Além-Mar", admitiu - e que o que havia a dizer "já o escreveu numa carta" ao actual superior dos Combonianos em Portugal.
O Governo provincial acaba por decretar a expulsão dos missionários, concretizada dia 13 de Abril, alegando falta de segurança para poderem permanecer no território. Com o mesmo argumento, Vieira Pinto também é expulso. No dia 14, sábado de Páscoa, chegam a Lisboa. No dia 25 de Abril, a revolução põe fim ao Estado Novo. Um dos três objectivos do movimento militar era sair das colónias...
"É Verdade Que Os Missionários Têm Metralhadoras?"
Quando, no dia 14 de Abril de 1974, chegou a Lisboa com os seus companheiros expulsos, o padre Manuel Horta foi recebido pelo núncio apostólico, o representante do Vaticano em Lisboa. "Do núncio nem um
aperto de mão recordo; recordo bem as perguntas que nos dirigiu: 'Que fizeram vocês combonianos em Moçambique? É verdade que os combonianos têm metralhadoras?'"
A história está contada na "Além-Mar", a revista dos missionários, onde Manuel Horta, que entretanto trabalha de novo em Moçambique, também já escrevera: "Eu tinha apenas uma espingardita de pressão de
ar, enferrujada, que usei quando bateram no padre Rogério de Sousa..."
A arma dos missionários, afinal, era a palavra. O documento "Imperativo de Consciência" acabaria por desencadear uma grande solidariedade entre os que estavam a missionar em Moçambique. Dominicanos, jesuítas, membros da Sociedade Missionária da Boa Nova, portugueses e estrangeiros, o documento acabou por receber a adesão de muitos, depois da sua divulgação, recorda o padre Agostinho de
Sousa, então vigário-geral da diocese de Nampula.''
Isto é uma Comissão de Bispos moçambicanos e de missionários ilibara de qualquer culpa os missionários, mas Augusto César quebrando a solidariedade episcopal e as conclusões da comissão usa um jornal local para se pôr ao lado das forças coloniais e repressivas para acusar os combonianos.
Pois bem foi este homem que colocou o Graça em Abrantes, depois de uma polémica direcção deste na paróquia de São Facundo, com espancamentos e processos judiciais
que passou a liderar uma Paróquia milionária através desta morte:
Este blogue no meritório trabalho de informar a opinião pública e os católicos não se poupou a esforços para conseguir os documentos necessários para elucidar quem estiver interessado.
Isto é apenas um aperitivo.
Uma morte duma idosa e uma fortuna transferida para os bolsos da Santa Madre Igreja.
Uma história demasiado habitual.
Com pormenores curiosos.
Tudo graças ao Augusto César e ao Graça e mais gente.
Temos direito a saber os nomes e os processos.
Aqui sairão.
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