Cónego Silva Martins, um homem às direitas, apesar de ter sido do Partido Progressista.
Quando D.Carlos visitou o Sardoal, era 1907, era o padre o Presidente da autarquia.
Disse-lhe o Rei: chegue-se para lá. Dá mau aspecto um rei liberal, ser visto a conviver com o clero.
Quanto à prosa que diz que o vereador José Inácio provou que Deus existia, numa sessão da autarquia, deve-se à verve do ( S\ G\ I\ E\ ) dr. Solano de Abreu, 33º, homem de bons costumes, que do Oriente Eterno nos contempla....
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JA 1943
Em 1943, um homem ilustre deixava ''temporariamente'' a Paróquia de S.Vicente por problemas de saúde.
Infelizmente a saída foi definitiva. Morreria na noite de Natal desse ano.
Era substituido pelo P.Roque
O Cónego Silva Martins fora um político ligado ao P.Progressista (o de Avellar Machado) e recebera nessa condição D.Carlos no Sardoal.
Foi uma figura essencial na criação do Colégio de Fátima.
O P.Roque desempenhou um papel pioneiro na criação da Acção Católica.
Sobre eles há coisas dispersas no blogue.
Sobre a biografia do Cónego S.Martins há uma obra do Cónego Anacleto Silva Martins, seu sobrinho
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A Anabela Natário conta, no ''Expresso'', que......
em 13 de Maio de 1917 a questão religiosa que andava nas parangonas era o caso do padre polígamo de Portalegre, que vivia com 2 amásias (ah leão!) e que queria continuar a cantar missa.
D.Manuel Conceição Santos (que foi amigo do Cónego Freitas)
e o político católico do Mação, António Lino Neto tentam meter o tonsurado fora de ordens sacras, mas a ''opinião liberal'' ou seja os maçons solidarizam-se com a ''justa luta'' do Padre Graça Ribeiro.
A Anabela baseia-se na Imprensa e no Arquivo Lino Neto, que está na U.Católica, e no dossier há cartas do Cónego Silva Martins, que foi o fundador do Colégio de Fátima, Pároco de S.Vicente de Abrantes e Presidente da Câmara do Sardoal nos tempos d'el Rei D.Carlos.
Boletim da CM Sardoal
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Padre Silva Martins, Presidente da CM do Sardoal, saudando a visita de D.Carlos ao Sardoal.
Discurso do futuro Cónego, então militante do Partido Progressista, transcrito do Sardoal com Memória. Convém ler os posts todos, para perceber em que ambiente decorreu a visita.
O autor do blogue é o Sr.Luís Manuel Gonçalves
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Trata-se da Horta (antigamente dizia-se Passal) da Paróquia de São Vicente onde se cultivavam as couves e hortaliças do Reverendo Cónego Silva Martins.
O Cónego tinha um sacristão do Sardoal, (ele também era de lá) que se chamava Anacleto.
Depois da missa dizia sempre, ò Anacleto vai sachar a horta e não te esqueças de regar as hortaliças e apanhar as maçãs
O Anacleto rabujava, mas lá metia o barrete na pinha e ia cavar
Um dia tinha ido à procissão de Alvega, porque o padre de lá tinha o sacristão coxo e o Cónego Silva Martins emprestou-lhe o Anacleto
Procissão de Senhora dos Remédios, anos 40, cedido por um amigo
mas ficou muito confundido com tanto povo e perdeu o barrete.....
Voltou a Abrantes e na segunda-feira seguinte, quando tinha de ir arrancar as ervas da horta, viu que não tinha barrete. Zás foi à sacristia e apoderou-se do primeiro chapéu que por lá havia.....
Quando o Cónego depois de tomar a bica na ''Abadia'' com o Dr.Manuel Fernandes, foi à horta ver se o Anacleto estava a sachar ou a dormir debaixo dalguma árvore, viu-o com o chapéu desviado da sacristia
Ah! Grande safado, isso é o meu barrete que me deu o Dom Domingos Frutuoso!!!!
Atrevido! Ignorante! Sacrílego!
Assim terminou a carreira de sacristão do Anacleto.
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contado pela D.E.Coelho
fotos da DGMN 1947
a horta foi demolida pelos Monumentos Nacionais
Dedicado à Srª Dr. Hália Santos,
Directora do mais subsidiado boletim do concelho,
natural dos Valhascos
''18 de Agosto de 1912
O vigário do Sardoal é expulso dos Valhascos
No domingo à tarde começou a constar nesta vila a notícia de que o povo dos Valhascos houvera intimado o Vigário do Sardoal, Padre Silva Martins a não mais ali voltar a dizer missa.
Achamos o caso pouco edificante para a vida republicana deste concelho, que à falta de melhores informações, que dispusemos ir na segunda-feira até àquela fértil aldeia, que só conhecemos pela saborosa fruta e belos produtos hortícolas que abastece a nossa praça e a vizinha vila de Abrantes, são sempre os melhores onde aparecem.
Por isso o passeio era duplamente agradável, porque, além de irmos conhecer tão ubérrima povoação, íamos travar conversa com o povo que tem prestado os mais dedicados serviços à República.
Mas quando nos dispúnhamos para partir, aparece um amigo conhecedor dos factos que nos diz à queima-roupa: Não sabe, o povo de Valhascos num esforço acaba de expulsar de lá o vigário do Sardoal, que ali ia dizer missa aos domingos.
Este amigo estava ao facto de tudo, por isso, dispusemos a ouvi-lo, e desistimos do nosso passeio.
Eu lhe conto, diz-me ele:
Há bastante tempo nos Valhascos a ideia Republicana se vem desenvolvendo e frutificando com entusiasmo louco, podendo dizer-se, que está ali um verdadeiro baluarte, com que a República pode contar para a defender e consolidar quando for preciso, e ainda foi da última incursão paivante, que foi necessário fazer ronda nas estradas lá esteve o povo de Valhascos sempre, embora só em parte lhe coubesse o serviço.
No primeiro dia de vigia, o administrador mandou para lá dizer que precisava de 6 homens, apareceram mais de 30 todos armados, e daí, em diante nunca abandonaram a estrada, embora fossem em menor número, por verem que era desnecessário tanta gente.
Foi também entre todas as aldeias aquela que contribuiu em maior escala, para a carinhosa recepção , que fez ao Sr.Dr. Ramiro Guedes, quando como Governador Civil foi ao Sardoal.
Foi ela, que recebeu com o mais caloroso entusiasmo, quando ali foi em propaganda eleitoral fazer o comício.
Foi também aquele povo, que comprou e ofereceu o mobiliário para uma escola (que infelizmente ainda não funciona) o que lhe mereceu uma portaria do Ministério do Interior do Governo Provisório.
Todos estes actos conjugados, serviam para excitar a reacção e como ela não perdoa aos que flagelam e combatem, nascesse daí a propaganda contra aquele bom povo, dizendo-se “que Valhascos era um canto do inferno, gente de má raça e o incitamento às mais fanáticas a que mandassem os filhos aprender doutrina em prejuízo da escola”.
Tudo isto os republicanos vêm ouvindo com certa resignação, até ultimamente se reuniram em virtude das opiniões serem unanimes na expulsão do Padre, no passado domingo dirigiram-se todos ao adro da Igreja e ali chamaram o Padre Silva Martins, avisando então, de que de futuro não poderia vir a Valhascos, e que, naquele dia mal algum lhe aconteceria, mas que se teimasse em lá voltar sofreria as consequências do seu atrevimento.
Desejando saber as razões porque o expulsavam, foram respondidas que eram as que atrás citamos e dizendo ele que não era a opinião da maioria, foi feita a prova que lhe deu a triste desilusão de entre um, a multidão imensa, “só três fieis queriam o Sr.Vigário”.
De outras evasivas se valeu para ver se aniquilava o movimento, mas os resultados foram negativos, porque o povo respondeu com uma calorosa manifestação à Lei da Separação e ao Dr. Afonso Costa, manifestação que serviu para ele se pôr ao largo sem mais explicações.
Mas não imaginem que foi tudo isto de ânimo leve e autoritariamente, foi feito depois de uma reunião em que se viu o que era a opinião dominante do povo e se não o tinham feito no penúltimo domingo, foi porque o administrador do Sardoal, não sabemos porquê, nem porquê, ali mandou o Regedor e o Oficial de Diligências como guarda costas do Padre.
Mas ontem, houvesse o que houvesse e agora estarão todos os domingos dispostos a impedir a entrada do Padre, embora tenham de empregar a força, até que haja absoluta certeza de que ele já não volta lá a dizer missa.
Já o amigo vê, que nos Valhascos há uma opinião consciente e verdadeiramente democrática que defenderá a República sempre que seja preciso.
Assim terminou o nosso amigo o relato dos acontecimentos, que me sensibilizaram em extremo pela maneira ordeira, sensata, ponderada como procederam.
Mas antes de entrarmos na análise dos factos, uma pergunta ocorreu.
Porque o mandou o administrador, o Regedor Oficial de Diligências a Valhascos, sendo as autoridades de lá da sua nomeação e portanto de sua confiança?
Para defender o padre?
Para prender os que fossem intimar?
Isto é que era preciso saber-se para elucidação dos que amam e defendem a República!
Ao povo dos Valhascos a Redacção do Jornal de Abrantes, endereça as suas mais sinceras e calorosas saudações pela sua nobre e digna conduta, que é a única que no momento actual se deve seguir, para reprimir a reacção e castigar de inimigos da República e traidores da Pátria.
Alto exemplo de hombridade, prova frisante e claro patriotismo, foi o facto
praticado por aquele povo republicano.
Avante povo de Valhascos, pela Pátria e pela República!
Viva o Povo de Valhascos! Abaixo a Reacção! ''
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