Galhardo de Mendanha contra Pombal
Artigo 2 do Libelo Famoso
«P. que as cautelas do Autor serviram para irritar e despertar o ex.m° Réu sempre e só vigilante para fazer mal, pois pervertida toda a ordem do direito civil, ecclesiastico, natural e divino, mandou prender o A. na cadeia de Abrantes e conduzir depois para uma das intimas enxovias de Thomar onde esteve com guardas á vista e com ferros, prohibido
de communicação por palavra ou por escripto, e de pois foi transportado para a cidade d'esta côrte, e d'aqui para a cadeia d'esta côrte, e d'aqui para o castello da ilha Terceira, sem culpa formada em juizo algum, sem processo, sem sentença, e sem ouvir nem lhe conceder defeza ; legislação nova na Europa civilisada, mas introduzida e estimada pelo ex.m° réo.
«P. que não satisfeito o R. com aquelle procedimento, passou a expedir ordens para se pôr em arrecadação (ou para melhor dizer em destruição) a casa e bens do Autor, dando-lhe um administrador para que se lhe vendessem todos os moveis como venderam, e para que sobre as suas fazendas se tomassem a juro nas comarcas das villas visinhas os sobejos das sizas para desempenho da casa, quando esta
não tinha outro algum empenho mais do que a divida ao ex.mo R., resto do preço da violenta compra, cuja dívida com justa razão o A. duvidava pagar e por este modo se embolsou o ex.m° R. de todo o preço da dita nulla venda.
«P. que o ex.m° R. tinha especialmente hypothecada dita quinta ao pagamento do resto de 2S:O0O cruzados, e devendo pela mesma hypotheca pagar-se ou pelos seus rendimentos com preferencia a outros quaesquer bens, preteria esta ordem legal para que não conhecesse o limitado valor e insignificante rendimento da mesma quinta, encobrindo por este modo o seu dolo, e fazendo maior ruína
e destruição nos bens do A.
«P. que o administrador nomeado para a casa do A., chamado Rodrigo Soares da Silva (de Bívar) , foi um instrumento da violência, vingança e malevolencia sensivel do ex.mo R. obsequiando-o e obedecendo-lhe com destruir e arruinar a casa do A., cujo serviço lhe pagou nas repartições dos bens da alcaidaria-mór de Abrantes, porque cuidava em satisfazer aos instrumentos das suas pessimas e desordenadas paixões á custa alheia, como politico, de que nunca lhe faltassem
executores das suas horrorosas maximas.'' (1)
O fidalgo espoliado acusa num dos mais famosos processos da história de Portugal, o dr. Bívar, judeu, com paço na R.D.João IV, de ser o instrumento escolhido por Sebastião José.... para o roubar.
Quando os historiadores locais vos oferecerem o perfil ilustrado do Bívar, é preciso acrescentar ao curriculum a acusação gravíssima do Morgado de Alvega.
Os bens de Galhardo de Mendanha terminaram nas mãos de Solano de Abreu e do irmão Tiago, adianta o anónimo :
''Vimos que sujeito era o Soares Galhardo. Pertencia effectivamente
a uma distinctissima familia com solar em Abrantes e consta
que viera a fallecer nos primeiros annos d'este seculo. Em Abrantes
dizem que um Galhardo, homem qualificado, morrera louco por causa
de questões de familia, tendo já a casa confiscada e a administra
ção d'ella entregue a pessoa estranha. Accrescentando a tradição,
que o tal dera morte affrontosa a sua esposa. Deve de ser, prova
velmente, o de que se trata. Em 1808 a dita casa desvinculada fora
vendida em hasta publica a Braz da Silva Consolado, e hoje per
tence ao sr. dr. Abreu, que alli vive com sua familia.
O vinculo dos Soares Galhardos, em Abrantes, parece que foi fun
dado no seculo xvi. Por occasiào dos terremotos, temporaes e epide
mias, que por então affligiram o reino, el-rei D. Manuel andou de
povoação em povoação a fugir d'esses flagellos. Em 1506, pouco
mais ou menos, D. Manuel esteve n'aquella villa, onde lhe nasceram
dois filhos, um dos quaes ali morreu e ficou sepultado na egreja de
Santa Maria do Castello. A casa em que viveu o rei com a côrte é
a que foi depois ou era já dos Soares Galhardos. Isto averiguou
pessoa que reside em Abrantes e favoreceu o auctor d'este opusculo
com os apontamentos para esta nota.'' (1)
Qual era a casa?
Aquela que a CMA tem entaipada e onde foi o Colégio e depois a Pensão Central
ma
(1) Processos célebres do Marquês de Pombal, Factos Curiosos e Escandalosos da sua Época, Documentos Históricos Inéditos, 1782-1882, por um anónimo, Lisboa, 1882
(2)Ao contrário do que diz o autor, o filho de D.Manuel, o infante D.Fernando foi enterrado em S.Domingos
PS- arrumar livros dá muito trabalho
Em 1893, o filho legitimado do morgado de Alvega vem reclamar a sua parte na herança.
Fazer a história de Abrantes no dezanove sem estudar a propriedade vinculada e o papel dos últimos morgados nessa sociedade é ter um relato muito parcial dessa época.
Um dos grandes processos que fez tremer a sociedade abrantina no dezanove: a herança Caldeira de Mendanha.
Os irmãos enfrentam-se: Quem é o Morgado?
ma
João António de Lemos Pereira de Lacerda, 2.º visconde de Juromenha, foi um grande camoniano. Organizou 7 tomos das Obras Completas de Luís Vaz, precedidas de '' Um ensaio biográfico no qual se relatam alguns factos desconhecidos da sua vida''. O 1º tomo, donde se retira o extracto, saiu na Imprensa Nacional, em 1860. O 7º não chegou a ver o prelo.
Era ele quem mais sabia de Camões no século XIX e quem apurou dados biográficos essenciais do épico.
Para isso não escreveu de cór e foi aos locais.
Adepto da tese que relaciona Punhete com o lugar de exílio do autor dos Lusíadas,visitou Alvega e foi hóspede de D. João de Azevedo Coutinho.
Deixa-se a saborosa nota da visita
A gravura é do Portugal Dicionário Histórico e no link pode-se ver a biografia deste eminente estudioso das nossas letras.
devida vénia a www.arqnet.pt/
E, se a memória me não falha, nos anos 80 do séculos passado foi neste local que a Residencial Vera Cruz servia casamentos e outros eventos.
Caro Sotnas, assim foi era aí que este senhor
Um Senhor com letra grande, há uma notícia necrológica dele escrita quando morreu, pelo Sr. Dr. Eurico Consciência, notável, que meterei aqui quando houver tempo, o Artur Seco servia Casamentos e outras coisas que agora os parolos chamam ''eventos'', quando nós e o povo chamamos ''festas''.
E aproveito, caro amigo, para desvendar a identidade da menina do Solar
'' A criança, que na altura deveria ter 4 ou 5 anos, era a filha do último Morgado Caldeira de Mendanha, D. Francisco José Salinas Caldeira de Mendanha. Chamava-se Maria de Lurdes Caldeira de Mendanha Trigueiros Janela (os apelidos beirões vieram por casamento) e já fale ceu há 6 ou 7 anos, poucos meses depois do falecimento de seu primo, Dr. Francisco José Fortunato Soares.'' disse o amigo da Tubucci,Nuno Carola. a quem cedeu a foto.''
E quem sai aos seus, maçon e liberal, e homem de lei como o foi
chefe do povo em armas de Lisboa....
será maçon (da Loja Redenção de Coimbra) também, médico, sindicalista, homem do futebol, dirigente desportivo, dirigente da Académica, condecorado pelo Governo da República e suponho que algo haverá a revelar quando fizermos outro post sobre as eleições de 1958..mas foi como empenhado e dedicado médico da Briosa que a posteridade recordará o descendente dos morgados de Alvega
académica
Extraordinária foto que resume 50 anos de bons serviços a um clube mítico que foi bandeira negra da Liberdade em 1969 contra um palhaço vestido de Almirante.
MN
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