Domingo, 09.09.12
Quando em Portugal existe Nun’Alvares, Camões, Bartolomeu Dias, ou S. Francisco Xavier, Portugal é verdadeiramente um povo, verdadeiramente uma pátria.
E hoje?
Tal nação, tal governo. Tal árvore, tal fruto. Quem nos governa, quem nos tem governado? Ladrões!
Nem só ladrões. Também idiotas vulgares, ambiciosos medíocres, loucos e pusilânimes a farsa além da infâmia, a estupidez além do crime.
Quer dizer: o que há de mais baixo no homem, a imbecilidade, a vaidade, a inveja, a hipocrisia a cobiça - gula de porco, veneno de réptil, cinismo de macaco, rancor de fera — eis o governo da nação, eis o guia do povo, eis a norma da pátria.
Voltamos à besta, pela escolha e cultura dos atavismos inferiores.
É a sociedade organizada para o mal. Os refractários eliminam-se. Ou aplaudir e ser cúmplice, ou protestar e ser vitima.
Guerra Junqueiro, discurso pronunciado em 27 de Julho de 1897
Notas da Redacção: O Senhor Professor Doutor António Ventura é colega do Doutor Candeias
na Academia de História. O Senhor Professor Doutor Ventura é maçon e um grande Historiador. O senhor Doutor Candeias é Silva como o Cavaco, beirão como o nosso amigo, grande
Genealogista Sr. Dr. António Graça Pereira......O Senhor Professor Doutor Ventura é alentejano....
Nota 3: O Sr.Guerra Junqueira era um mau poeta segundo o Armando Fernandes. O Manuel Alegre também é um escritor menor segundo o Armando Fernandes.
Nota 4: Segundo o Fernandes o Passos Coelho é um grande governante.
Nota 5: Parece-nos que alguém precisa de comprar
Como é que isto se explica?
Um País de Canalhas
Pensar Portugal. Nós somos um país de «elites», de indivíduos isolados que de repente se põem a ser gente. Nós somos um país de «heróis» à Carlyle, de excepções, de singularidades, que têm tomado às costas o fardo da nossa história. Nós não temos sequer núcleos de grandes homens. Temos só, de longe em longe, um original que se levanta sobre a canalhada e toma à sua conta os destinos do país. A canalhada cobre-os de insultos e de escárnio, como é da sua condição de canalha. Mas depois de mortos, põe-os ao peito por jactância ou simplesmente ignora que tenham existido. Nós não somos um país de vocações comuns, de consciência comum. A que fomos tendo foi-nos dada por empréstimo dos grandes homens para a ocasião. Os nossos populistas é que dizem que não. Mas foi. A independência foi Afonso Henriques, mas sem patriotismo que ainda não existia. Aljubarrota foi Nuno Álvares. Os descobrimentos foi o Infante, mas porque o negócio era bom. O Iluminismo foi Verney e alguns outros, para ser deles todos só Pombal. O liberalismo foi Mouzinho e a França. A reacção foi Salazar. O comunismo é o Cunhal. Quanto à sarrabulhada é que é uma data deles. Entre os originais e a colectividade há o vazio. O segredo da nossa História está em que o povo não existe. Mas existindo os outros por ele, a História vai-se fazendo mais ou menos a horas. Mas quando ele existe pelos outros, é o caos e o sarrabulho. Não há por aí um original para servir?
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 2'
in o CITADOR
A redacção