A Teresa Aparício explica-nos, no JA, que o Eduardo Campos editou uma obra inédita, a monografia do Capitão Mourato sobre Abrantes.
Acontece que por iniciativa de Solano de Abreu a mesma tinha sido editada em 1885. Sem menção de autor:
Archivo dos Municipios portuguezes historia
analytica, descritiva e critica de todos os
municipios do Reino... 1885- MC-9644
ma
Frei Francisco de Oliveira foi um erudito frade dominicano que viveu, no Convento de S.Domingos , vários anos, no século XVIII e deixou obra vultuosa sobre ‘’antigualhas’’ romanas, tanto abrantinas, como da sua região natal, o Baixo Alentejo.
(foto Artur Falcão)
O seu trabalho consta parcialmente publicado em várias obras de referência , nesse remoto século.
Em Abrantes, foi o capitão Mourato, que se referiu ao dominicano pela primeira vez na sua monografia sobre a história da vila, (Archivo dos Municipios portuguezes historia analytica, descritiva e critica de todos os municipios do Reino... 1885), reeditada por Eduardo Campos em 1981, com o título ‘’ ’Memória Histórica da notável vila de Abrantes’’.
Há alguns anos, a investigadora bejense, Marta Páscoa, na sua tese de mestrado, ‘’Frei Francisco de Oliveira, A escrita da História Regional e Local no século XVIII’, (2002)’’, resgatou a memória do frade dado às pedras romanas e aos velhos alfarrábios.
Traçou o retrato possível, à luz da documentação coeva, da vida e obra dum sábio clérigo, saído da pequena nobreza bejense e que colaborou intensamente com os homens, que no século XVIII, estavam a reescrever a história pátria, limpando-a das patranhas lendárias que séculos de obscurantismo tinham acumulado sobre ela.
Um grupo de homens ilustrados pelo espírito do iluminismo e que em parte se reuniam sob a égide da Academia de História, a cuja fundação andou ligado o 1º Marquês de Abrantes.
Pela sua correspondência, publicada e citada pela Autora, sabemos que esteve em Abrantes seis anos, talvez a partir de 1742.
Numa das suas obras, dá notícia duma lápide romana abrantina, que viu em 1747, na Quinta do Seixo ’’ ‘’Esta em Abrantes em 1747 na quinta chamada do Seixo dos padres dominicanos que continha o seguinte:
‘’Taemilio Ma Or.
Aed. II vir Flamin.
Provinc. Lusitaniae
Taemilia Maerina. D. S. P. F.
Isto he: sendo Tamilio Maero Almotacé e segundo varam do governo levantou este sepulchro a Temilia Maerina Sacerdotiza da Província Lusitana.’’
( Frei Francisco de Oliveira, "Memórias para a História da Província do Alentejo’’ publicada por Marta Páscoa, na tese citada).
Esta obra foi reconstruida pela autora citada, a partir dos manuscritos do dominicano, que se encontram na Biblioteca Pública de Évora (entre os papéis de Frei Manuel do Cenáculo) e no Arquivo Municipal de Beja.
O frade, em múltiplas publicações feitas em livros da época e noutros textos deixados inéditos, existentes na Biblioteca Pública de Évora e no Arquivo de Beja (etc), transcreve lápides romanas, existentes sobretudo no Alentejo.
A autenticidade dalgumas destas lápides é atestada pelo académico e reputado especialista em epigrafia, Prof José da Encarnação, por exemplo na sua monumental obra ’’Inscrições Romanas do Convento Pacense’’ (Coimbra, 1984).
A partir dos manuscritos do frade, que consultou na BPE, o capitão Mourato escreveu:
Transcrição de Manuel Mourato da lápide da Quinta do Freixo ( Campos, 2002)
A transcrição não é igual e há divergências de datas. Mourato diz que o frade a viu em 1742, este diz que foi em 1747. Também afirma que no papel que consultou não havia tradução e que fez esta:
Que é muito diferente da proposta por Frei Francisco.
Mourato refere outra lápide, que o frade teria visto na mesma quinta. No que Marta Páscoa publicou, não há referência a ela.
Mourato diz que transcreveu a lápide a partir dos ‘’apontamentos manuscritos para a história da sua pátria (a Cidade de Beja)’’, que estariam entre os papéis de Frei Manuel do Cenáculo, na Biblioteca Pública de Évora. ‘’ Os quais se conservam na Biblioteca Pública de Évora, entre os papéis do Arcebispo D.Fr Manuel do Cenáculo, já bastantes deteriorados’’.
Temos portanto, que o frade descreveu e traduziu uma lápide abrantina, existente em 1747, que diz que viu e que o documento, escrito pela sua mão, jaz na Biblioteca Pública eborense, no Códice cIII.
Face a esta descrição factual do capitão Mourato (e ainda a outras sobre os desaparecidos documentos alegadamente escritos por Frei D.João da Piedade, Bispo de Macau ou da China, sobre história de Abrantes), desdobraram-se em considerações, Eduardo Campos e Joaquim Candeias Silva.
Bastantes pouco abonatórias para Mourato. E no mínimo infelizes.
Temos agora a prova documental, graças a Marta Páscoa, que parte dos documentos citados por Mourato, estavam na BPE, como ele sustentava.
E que o capitão Mourato não inventou nenhuma lápide, transcreveu-a a partir dos apontamentos setecentistas de Frei Francisco de Oliveira.
Era um probo historiador, Mourato, aqueles que atiraram pedras, podem agora meter a viola no saco.
Finalmente fica a pista, na tese citada há amplas referências a uma volumosa massa documental, saída da pena de Frei Francisco (alguma com referência a Abrantes), dispersa pelos arquivos citados, que ainda não está estudada.
Entre esses papéis, podem estar os outros documentos citados por Mourato e que não são vistos desde o século XIX, como os famosos apontamentos do dominicano abrantino, o Bispo Fr. D.João da Piedade, sobre a História da Vila abrantina.
ma
A morte de D.Pedro V em 11-11-1861,ocorreu pouco depois duma visita a de Abrantes, e deu origem a uma série de boatos sobre o envenenamento do Rei, motins populares contra a casta política então no poder e naturalmente a atribuição de responsabilidades a agentes estrangeiros, em especial a José de Salamanca, marquês do mesmo apelido, o boss da linha ferroviária Lisboa-Badajoz, hoje conhecida como Linha do Leste e que este governo encerrou para mal dos nossos pecados.
Internacional Times-1862
A extrema popularidade do Rei e a morte sucessiva de vários membros da família real levou a uma enorme consternação nacional e estendeu-se ao estrangeiro e às colónias. Reproduzem-se extractos de curiosas publicações que falam da relação do Rei com Abrantes e da sua estadia na estação local.
As informações nos textos reproduzidos são falsas ou exageradas, encontrando-se a visita de D.Pedro V a Abrantes, e depois a Constância em Outubro de 1861 largamente descrita, em especial nos Anais do Município de Abrantes, de autoria do capitão Mourato, publicado em várias edições pelo Eduardo Campos.
Aí se refere que o boato do envenenamento chegou a provocar certa angústia em Abrantes.
A falta de rigor das informações publicadas quer em Belém do Pará, quer em Macau, podem certamente atribuir-se à distância geográfica desses territórios em relação a Portugal e à dificuldade de comunicações.
Internacional Times-1862-Quebra dos Escudos em Lisboa, em Abrantes só conhecemos a descrição desta cerimónia, feita por Mourato, que foi levada a cabo primeiro na Raimundo Soares (1º escudo), depois o 2º escudo no Rocio (actual P. da República) e finalmente o 3º na Ferraria.
A colónia portuguesa de Belém do Pará, homenageou o Rei com este volume (mais de 200 páginas)
Há uma página abrantina
A gazeta oficial de Macau contou a história doutra forma, o Rei teria sido obsequiado com o lunch em Abrantes.....
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