Por causa das moscas, reserva-se o anonimato do comentarista. Moscas era o nome dos bufos que serviam Pina Manique, Intendente-Geral da Polícia
A adjudicatária das obras do Colégio de Fátima denuncia à autarquia a necessidade de lhe pagarem mais dinheiro, porque havia ''um vício omissivo no caderno de encargos, designadamente nos pontos 7.1 e 7.2 .''
Aí não figuravam, segundo a prestigiada construtora os''trabalhos de execução das camadas de suporte dos pavimentos'', que deverão ser facturados à parte.
Depois de uma análise fria e ponderada da reclamação da adjudicatária, temos de lhe dar razão.
Parece que os caciques não querem, de forma que se anuncia nova saga judicial, a não ser que abram os cordões à bolsa, como fizeram em relação à Paróquia.
E como poderá acontecer nas obras do MIAA
mn
Na sequência deste post, uma antiga aluna do Colégio de Fátima pede-nos a publicação deste texto do Dr.Manuel Fernandes, onde conta a Fundação do Colégio.
Os abrantinos que investiram 500 contos na construção, foram reembolsados em rendas pagas pelas Doroteias. Quando estas atingiram esse montante, em meados da década de 60, o colégio foi transferido para as Freiras grátis, tendo estas a obrigação de manterem o ensino católico em Abrantes.
Já se sabe como acabou a história, receberam da cacique 1.500.000 de euros pelo edifício (também tinham comprado uns olivais nas traseiras para tentar aumentar o colégio no início da década de 70).
O texto foi publicado por Fernando Velez, no JA, em Outubro de 2000.
mn
A Madre Leão era doroteia no Colégio de Fátima. Chamava-se no século: Maria Dulce Leão de Sousa Alves.
Em 1958 escreveu a Salazar e disse-lhe: ''para nós e para esses Vossa Excelência é uma figura da envergadura de um Infante D. Henrique ou de um Nuno Álvares Pereira"
Diz que a Madre Almerinda acha o mesmo e manda-lhe (a Almerinda) uns santinhos.
Diz depois a M.Leão que o seu pai, o Dr. António Leão Ferreira Alves fora conhecido de Salazar em Coimbra e já agora pede-lhe um emprego para o mano.
Dedica um soneto ao tirano:
"Quem é esse que afronta a tempestade, sem tremores, sem ânsias e sem medo, como altivo, calado, ermo rochedo, dominando sózinho a imensidade? Sorriu-lhe a luz na Pátria da Saudade, dizendo-lhe de manso alto segredo. Chamou-o Portugal de manhã cedo; levou-o à História; mais: à Eternidade! Incarna augusto sonho em nós latente, o Passado, o Futuro e o Presente, da Terra-Mãe o solo, o céu e o mar! Forma branca pairando no Infinito, Trespassa a noite escura como um grito! Esse vulto sem mancha é Salazar!''
Fonte: ANTT/Correspondência de Salazar
Texto entre aspas e informação de lá
Se os versos são da Madre Leão foi a maior poetisa (épica e não só) de Abrantes.....
Bate aos pontos a Tia Mary Lucy
mn
O triste fecho do Colégio de Fátima abrilhantado pela cacique e autoridades religiosas
Também num documento apresentado a 22-3-2017, no CME, o director da Escola Manuel Fernandes e Agrupamento nº 2, dr. Alcino Brás Hermínio questiona viabilidade e necessidade das obras faraónicas no Colégio de Fátima e critica a Carta Escolar. Dada a sua extensão só reproduzimos o essencial:
mn
Este adiantamento está a levantar polémica em Vila Franca e a oposição desconfia que o empreiteiro não tem capacidade financeira para uma obra de 1 milhão e meio de euros.
A polémica tem sido encabeçada pela CDU
Em contrapartida, cá na terra passou sem títulos na impresa o adiantamento de quase 900.000 € a uma construtora para a obra do Colégio de Fátima
Para maior mistério não se identifica na acta qual é a empresa que vai receber a ma$$a.
A empreitada do Colégio de Fátima tem sido atribulada.
Além do mais pergunta-se se a empresa não tem disponibilidades financeiras, porque não vai ao banco pedir um empéstimo?
Porque é que a CMA (ou seja nós) é que temos de financiar uma construtora?
mn
Uma sonora canalhada dos anti-clericais foi esta lista ignominiosa exposta no Museu do assassino Buíça, também conhecido pelo Museu do Regicídio, inaugurado solenemente em 1910, pelo Bernardino Machado, etc.
É o catálogo das ''Jesuítas'' ou melhor das Doroteias, caçadas pela República e muitas delas enviadas para o exílio, depois de humilhadas e enxovalhadas pela ralé, com o apoio das polícias e o aplauso de gente como Ramiro Guedes.
É provável que alguma destas freiras tenha passado depois pelo Colégio de Fátima, nesta cidade.
Parte desta história de perseguição conta-se nesta biografia de D. Eugénia de Jesus Maria José de Sousa e Holstein
Um regime que obriga ao exílio gente honrada, é um regime condenado a acabar mal.
Recentemente Manuela Mendonça, Presidente da Academia Portuguesa de História e discípula dilecta de Veríssimo Serrão, dedicou este estudo à diáspora das Doroteias
ler aqui e há uma referência ao Colégio desta terra, que a estupidez da cacique levou a fechar
Só convém recordar que um dos poucos católicos que levantou (pouco) a voz contra a estupidez foi o actual Bispo de Portalegre e Castelo Branco.
mn
Encerramento do Colégio de Fátima com o Ordinário Diocesano presente (CMA)
A Vereadora laranja Elza Vitório denunciou as incongruências encontradas nos documentos municipais acerca do preço das obras que o caciquismo quer implementar no falecido Colégio de Fátima
Assim
Maria do Céu declaração de 6/6/2016 | 2.000.000 |
Deliberação de 31-3-2017 | 3.538.362 |
Ou seja a cacique tinha dito, em 2016, que as obras iriam custar 2 milhões, nove meses depois o preço das obras dispara para 3,5 milhões.
É prova da capacidade de previsão financeira desta maioria e da alegre forma intuitiva como administram este concelho.
Passamos a transcrever parte da declaração de voto da edil do PSD
Não queremos deixar de sublinhar o fino humor negro do Vice-Presidente, quando sublinhou que neste momento não estão em causa opções estratégicas.
Pois, pois......orçamentar uma obra em 2 milhões ...e nove meses depois a coisa custar 3,5 milhões revela que a estratégia é palavra ausente nesta edilidade. O que parece reinar é o desenrasca...
ma
créditos acta de 31-3-2017
Há mais, mas por agora basta
mn
Já li uns artigos e ouvi bocas na rádio, sobre a história deste Colégio. Mas o melhor é lê-la escrita pelas Doroteias (também há umas páginas de memórias escritas por Manuel Fernandes.)
''No dia 30 de Setembro de 1940, as primeiras Irmãs de Santa Doroteia pisaram terras de Abrantes. Eis os nomes das primeiras fundadoras: Madre Mª José Martins, Madre Amália Bastos e Irmã Castro. Vieram em seguida Madre Mª dos Prazeres Almeida, Sr. Madalena Casaleiro, Sr. Mª Eduarda Fernandes, Madre Mª Luísa Galt, Madre Attracta Halpin, Irmã Maria Marques, Irmã Júlia Coelho e, no dia 11 de Outubro, a Rev.da Madre Mª José Oliveira Monteiro que foi a primeira Superiora desta Casa».
Quem pode dizer «Eu estava lá...»?
I''r. Maria Eduarda Fernandes,
90 anos, Comunidade de Coimbra''
Fiz parte do grupo das primeiras Irmãs que foram para Abrantes.
No dia em que partíamos para a nova missão, fomos à Missa todas juntas na Igreja de Nª Sª de Fátima, nos Jesuítas do Porto, e fomos de comboio até ao Entroncamento. Ali nos esperava o Dr. Manuel Fernandes e uma pessoa da Família Moura Neves, com dois carros, para nos levarem para Abrantes.
Era em meados de Setembro. As obras estavam atrasadas, e a Comissão pediu que viessem as Irmãs para ver se os operários adiantavam os trabalhos.
Dormíamos todas no sótão, sem cortinas, sem nada. Não havia fogão. O Dr. Manuel Fernandes e a Família Moura Neves iam buscar-nos para almoçar e jantar. O pequeno-almoço e a merenda eram preparadas por nós.
Como era tudo muito cerimonioso nestas famílias, não comíamos o suficiente, por não estar à vontade. Eles perceberam isso e passaram a mandar-nos as refeições ao Colégio.
Vivíamos com dificuldades monetárias, não porque não houvesse dinheiro, mas porque a Ir. Mª Amália Bastos não gostava de o gastar, como se pode ver pelo episódio seguinte: Vinha para Abrantes mais uma Irmã, a Ir. Mª dos Prazeres Almeida. Fui encarregada de ir buscá-la ao comboio. A Ir Mª Amália deu-me uma moeda de vinte e cinco tostões e disse: "Veja lá, não os gaste"! Eu tomei aquilo à letra e fui a pé até à estação que era no Rossio ao Sul do Tejo. Ali encontrei umas pessoas que também tinham ido esperar alguém, pedi uma boleia para ela e vim outra vez a pé com o dinheiro na mão… Cheguei a casa e entreguei-lho.
Entretanto, foram chegando outras Irmãs, e por fim veio a Superiora, Ir. Mª José Oliveira Monteiro.
As obras da casa prosseguiam, e nós íamos confeccionando algumas alfaias litúrgicas
As alunas iam chegando. O Colégio abriu no dia 13 de Outubro de 1940. A Missa de abertura foi muito solenizada: a Ir. Galt, que tinha vindo de Inglaterra, foi a organista, e todas as Irmãs cantaram. Passámos a ter Missa todos os dias, celebrada pelo Sr. Cónego Martins, que foi nosso Capelão durante algum tempo. E à tarde tínhamos o Terço presidido por ele, com a Bênção Eucarística.
Semanalmente ia o Sr. Padre João Maia, jesuíta, dar catecismo às mais crescidas. O P. Agostinho Veloso era o confessor extraordinário da Comunidade; era um grande amigo dos Moura Neves.
população de Abrantes era muito nossa amiga, em particular as famílias das primeiras alunas; todos acolheram muito bem as Irmãs.
Havia um grupinho de internas, umas da Covilhã, outras dos arredores de Abrantes e Santarém. Eram todas muito dedicadas às Irmãs. Gostavam tanto de estar no Colégio que nas férias queriam vir uma vez por semana para estarem com as Irmãs e brincarem. Então as três juniores (Mª de Lurdes Belo, Madalena Casaleiro e eu) revezávamo-nos para estar com elas.
O Dr. Manuel Fernandes tinha imenso brio no Colégio, e para que as Irmãs tivessem gosto por aquela região do Ribatejo, todos os fins de semana ia buscar um grupinho para lhes mostrar os arredores: Vila Nova da Barquinha, Castelo de Almourol, Rossio, Barragem de Castelo de Bode…
Os resultados do primeiro ano lectivo satisfizeram muito as famílias. Duas alunas minhas foram apresentadas a exame no Conservatório, e tiveram muito boas notas. Realizaram-se exames no Liceu de Santarém com óptimos resultados.
As Irmãs iam dar catequese a S. João e depois também a S. Vicente.
No ano seguinte a Comunidade foi aumentada com algumas transferências: em substituição da Ir Mª Amália Bastos, a Ir Júlia Manzi Valente; a júnior Mª Emília Villasboas e mais alguma vinda da Inglaterra.
O espírito das alunas continuava muito bom; o internato foi aumentando… Mas em Fevereiro, com muita satisfação minha, fui escolhida para ir para Angola onde fiquei 22 anos.
Depois de ter vindo de Angola, em 1963, estive um ano em Viseu, e depois a Ir. Furtado
A população de Abrantes era muito nossa amiga, em particular as famílias das primeiras alunas; todos acolheram muito bem as Irmãs.
Havia um grupinho de internas, umas da Covilhã, outras dos arredores de Abrantes e Santarém. Eram todas muito dedicadas às Irmãs. Gostavam tanto de estar no Colégio que nas férias queriam vir uma vez por semana para estarem com as Irmãs e brincarem. Então as três juniores (Mª de Lurdes Belo, Madalena Casaleiro e eu) revezávamo-nos para estar com elas.
O Dr. Manuel Fernandes tinha imenso brio no Colégio, e para que as Irmãs tivessem gosto por aquela região do Ribatejo, todos os fins de semana ia buscar um grupinho para lhes mostrar os arredores: Vila Nova da Barquinha, Castelo de Almourol, Rossio, Barragem de Castelo de Bode…
Os resultados do primeiro ano lectivo satisfizeram muito as famílias. Duas alunas minhas foram apresentadas a exame no Conservatório, e tiveram muito boas notas. Realizaram-se exames no Liceu de Santarém com óptimos resultados.
As Irmãs iam dar catequese a S. João e depois também a S. Vicente.
No ano seguinte a Comunidade foi aumentada com algumas transferências: em substituição da Ir Mª Amália Bastos, a Ir Júlia Manzi Valente; a júnior Mª Emília Villasboas e mais alguma vinda da Inglaterra.
O espírito das alunas continuava muito bom; o internato foi
foi aumentando… Mas em Fevereiro, com muita satisfação minha, fui escolhida para ir para Angola onde fiquei 22 anos.
Depois de ter vindo de Angola, em 1963, estive um ano em Viseu, e depois a Ir. Furtado Martins chamou-me para Coordenadora de Abrantes. Vim encontrar muitas pessoas ainda conhecidas, mas algumas tinham já falecido.
Encontrei o mesmo ambiente bom entre as alunas e as Irmãs. Tinha aumentado o número de professores, alunas e Irmãs. Era vice-superiora a Ir. Laura Azevedo, que veio a falecer em 1966.
Em 1966 celebraram-se as Bodas de Prata do Colégio. Toda a população se uniu para celebrar essa data. Foram convocadas antigas alunas e Irmãs. Houve Missa de grande festa, uma Sessão Solene no Teatro, uma festa no Colégio: no ‘quadrado’ devidamente engalanado, ao redor de uma chama, apresentou-se um recital composto pela Ir. Laura Soares, que nessa altura já estava nas Calvanas.
Pela morte da Ir. Laura Azevedo, veio temporariamente a Ir. Hermínia Bacelar, substituída depois pela Ir. Alice Burguete, que tinha vindo para descanso e tratamento, e assumiu o cargo, uma vez restabelecida. Por essa altura, a Comissão propôs à Congregação a compra do edifício do Colégio por um preço simbólico. Fez-se a aquisição do olival contíguo ao terreno do Colégio e do Quartel ao lado, uma vez que o Ministério do Exército construíra outro edifício um pouco afastado da cidade. Este antigo quartel tinha sido em tempos Convento da Esperança, por isso lhe demos o nome de Casa da Esperança. Para esta aquisição muito contribuiu o pai da nossa Irmã Maria de Lurdes Dias Ferreira, que era major do Exército.
Estes contratos foram ultimados pela Ir. Mª José Lencart que me substituiu, quando em 1968 fui transferida para Fátima.
Estive 15 anos em Abrantes, a partir de 1951.
Ir. Alice Burguete,
86 anos, Com. Escolar Calvanas
Era roupeira da ‘casa’. Apanhei uma época de mudança de hábitos das Irmãs, mas também trabalhei nos uniformes das ....meninas, que acompanhava ao alfaiate. Renovei os dormitórios (colchas, cortinados...), as toalhas do refeitório, fiz paramentos de todas as épocas litúrgicas, numa altura em que a capela se modificou (era Superiora a Irmã Maria Emília Villasboas).
Estava em Abrantes por ocasião das Bodas de Ouro da Madre Corte-Real; foi uma grande festa, com muitos presentes, e dentre eles um paramento que foi lindamente bordado pela casa de Vilar. Tinha também o ofício das Visitas; iam lá muitos padres...
Gostei muito, muito de lá estar, e custou-me muito sair. Era uma casa que tinha alguma coisa de especial, desde a Superiora às Irmãs e Meninas, que eram especialíssimas. Houve muitas vocações no Colégio.
Recordo as festas litúrgicas, especialmente a procissão do Corpo de Deus, em que a primeira bênção era na nossa casa. As meninas metiam vista na procissão. Mas isso dava trabalho: as túnicas dos anjos, as asas... Havia também o sagrado lausperene todos os meses.
Recordo também algumas coisas engraçadas:
No andar da capela não dormia ninguém, o que começou a preocupar as Irmãs. Como eu tinha fama de não ter medo (mas tinha...), fui escolhida para passar a dormir no gabinete da Mestra Geral. Uma noite o alarme da capela tocou... Era rebate falso, mas foi um grande susto!
A casa dos soldados ficava mesmo diante do meu quarto. No tempo do calor não podia abrir a janela. Uma vez vieram comer fruta, sentados no muro mesmo diante da janela do meu quarto; acordei com as vozes dos homens, e ia ficando gaga...
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Um testemunho importante. Publicado com a devida vénia à Província Portuguesa de S.Paula Francinetti
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