O Conde de Castro e Solla (apelido associado a ilustres abrantinos) resolveu decapitar o Ministro da Fazenda, que tinha problemas de nacionalidade, era meio austríaco. Não contente com isso, decapitou João Franco.
''O Sr. Conde de Castro e Solla: - Principia por declarar á Camara que não vem - nem d'isso tem vontade - fazer a defesa do Governo do Sr. José Luciano de Castro, como tentou fazê-la, perante o Sr. Presidente do Conselho de Ministros, o Sr. Oliveira Matos.
Que os illustres colligados se defendam ou accusem, acariciem ou arranhem-isso é indifferente ao partido regenerador.
Tambem não vem comparar o Sr. Driesel Schrõter a oradores da antiguidade, gregos ou romanos, como fez o Sr. Oliveira Matos, e isto por dois motivos: 1.°, porque seria uma verdadeira profanação; 2.°, porque o Sr. Schrõter, na sua estreia parlamentar de ha dias, se revelou um orador austríaco, e por sinal que pessimamente aportuguesado ainda. (Riso).
Tambem não vem tratar, a proposito do caso Schrõter, de carnes, azeites e vinhos - sêcos e molhados - como fez o Sr. Oliveira Matos, porque receia que o Sr. Presidente da Camara, cumpridor do regimento, o chame á materia, em obediencia ao artigo 31.s, n.° 8.°, do regulamento interno d'esta Gamara. (Apoiados).
E como mais não disse o Sr. Oliveira Matos, entrará propriamente no assumpto para que pediu a palavra.
O Sr. Presidente do Conselho de Ministros não pode continuar a conservar nas cadeiras do poder o austriaco Driesel Suhrõter.
A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava toda a maioria, porque, se todos os Deputados d'aquelle lado da Camara podem, como portugueses, occupar aquelle logar, tal direito não tem o Sr. Schrõter, quer como naturalizado que era quando foi chamado aos Conselhos da Coroa, quer como austríaco que hoje é, visto que, em virtude da ultima providencia do Governo, voltou á sua primitiva posição, que de austriaco era. (Muitos apoiados).
A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava todos os Deputados da minoria, que lhe teem demonstrado com a lei na mão que S. Exa. não pode occupar de direito aquelle cargo, porque lho veda e prohibe expressamente a Constituição do Estado. (Apoiados).
A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava o país inteiro, que se tem manifestado, quer por uma imprensa unanime, quer quando milhares e milhares de pessoas vieram a esta Camara pedir aos representantes da nação que não consentissem que em Portugal governasse um estrangeiro, quando em Portugal portugueses ainda ha. (Apoiados).
E se o povo português não quer que um estrangeiro lhe lance impostos, despache, tome providencias ás quaes elle terá á força de se submetter, mal avisado anda o Sr. Presidente do Conselho em continuar inabalavel na sua teimosia.
E se o povo não quer que o administre e governe um estrangeiro, e tem por seu lado justiça e a letra expressa da lei, mal faz o chefe do Governo em continuar firme no seu proposito de impor o "quero, posso e mando" sobre a Constituição do Estado. (Apoiados).
Respeite a lei o chefe do Governo. Respeito a opinião publica. (Apoiados).
Pois não nos tem dito S. Exa. que foi chamado ao poder por uma forte onda de opinião publica, porque quasi todo o país era regenerador-liberal, e para viver com. a lei, dentro da lei, e só com a lei?
Respeitador da lei o Sr. Presidente do Conselho, e o primeiro acto que pratica é calcar, esfarrapar, espesinhar a Carta Constitucional! (Apoiados).
Chamado ao poder por uma forte onda de opinião popular!
Onde se manifestou, e como?
Conhece o orador factos - que, como monarchico, sente e deplora - mas serão estas as concludentes manifestações da opinião popular?
Serão aquellas que se produziram quando S. Exa. chegou á estação do Rocio, para tomar as redeas do Governo?
Serão aquellas que se produziram, quando S. Exa. subia pela primeira vez as escadas do seu Ministerio?
Serão as que se produziram, quando S. Exa., nos centros de Alcantara, renegava o seu passado politico, e a multidão cá fora lhe fazia uma tão significativa oração, que S. Exa. exclamou, heroico: "aqui, eu jogo a vida"?
Serão estas?
Quasi todo o país é regenerador-liberal, tem ousado dizê-lo o Sr. Presidente Conselho, uma e muitas vezes!
E, para fazer uma eleição, teve de ir mendigar o apoio de um partido contrario, teve de ir recrutar todo o pessoal administrativo a um partido que tão extraordinariamente combateu ainda ha dias, e tem tido a necessidade de ir esmolar diaria lição ao chefe d'esse partido, a quem, ha tão pouco ainda, offendeu por forma nunca vista em politica! (Muitos apoiados).
Obedeça o Sr. Presidente do Conselho á opinião publica, não consentindo nas cadeiras do poder o Sr. Driesel Schrõter. (Apoiados).
(...) in Debates Parlamentares
A seguir decapita o Presidente do Conselho João Franco:
''O Sr. Presidente do Conselho tem poder para tudo, no meio da indifferença d'este povo sem nervos.
Elle pode affirmar que só o povo dá e tira o poder com honra, mas pode recebê-lo só e unicamente das mãos de El-Rei.
Elle pode decretar a fome a 50 % de legalidade.
Elle pode classificar de ignobil porcaria a lei eleitoral, mas pode eleger por ella os seus amigos, ficando puros e limpos.
Elle pode dizer-se um sabio, e declarar officialmente a sua ignorancia, como no caso da abertura dos lyceus.
Elle pode censurar as nomeações illegaes feitas pelos rotativos, e pode nomear illegalmente amigos para o caminho de ferro ultramarino.
Elle pode consentir, em nome da moralidade triunfante, que se jogue em Cascaes, no Estoril, em Cintra (ao pé da casa de S. Exa.), isto até á1s eleições e pode, em nome dos mesmos principios, determinar que não se jogue depois das eleições.
Elle pode declarar que venera o poder judicial, e usurpar-lhe as funcções, como no caso Schrõter.
Elle pode declarar-se um respeitador do poder legislativo, e, mal chegado ao poder, dissolver um Parlamento, que ainda nem se achava constituido.
Elle pode tudo.
Mas então, dispa-se o Presidente do Conselho d'esse liberalismo hypocrita, largue esse postiço respeito pela lei, apresente-se tal como é: um absorvente de
ideias, leis, Carta Constitucional, tudo.(....)'''' fonte citada
A seguir ao deputado regenerador, falou Afonso Costa sustentando teses semelhantes.
Com oradores destes não admirava que o Parlamento fosse uma casa viva, ao contrário de agora, que costuma estar às moscas.
mn
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