Quinta-feira, 06.04.17

O Conde de Castro e Solla (apelido associado a ilustres abrantinos) resolveu decapitar o Ministro da Fazenda, que tinha problemas de nacionalidade, era meio austríaco. Não contente com isso, decapitou João Franco.

Amadeu_de_Castro_e_Sola_(2º_Conde_de_Castro_e_Sol

 

''O Sr. Conde de Castro e Solla: - Principia por declarar á Camara que não vem - nem d'isso tem vontade - fazer a defesa do Governo do Sr. José Luciano de Castro, como tentou fazê-la, perante o Sr. Presidente do Conselho de Ministros, o Sr. Oliveira Matos.

Que os illustres colligados se defendam ou accusem, acariciem ou arranhem-isso é indifferente ao partido regenerador.

Tambem não vem comparar o Sr. Driesel Schrõter a oradores da antiguidade, gregos ou romanos, como fez o Sr. Oliveira Matos, e isto por dois motivos: 1.°, porque seria uma verdadeira profanação; 2.°, porque o Sr. Schrõter, na sua estreia parlamentar de ha dias, se revelou um orador austríaco, e por sinal que pessimamente aportuguesado ainda. (Riso).

Tambem não vem tratar, a proposito do caso Schrõter, de carnes, azeites e vinhos - sêcos e molhados - como fez o Sr. Oliveira Matos, porque receia que o Sr. Presidente da Camara, cumpridor do regimento, o chame á materia, em obediencia ao artigo 31.s, n.° 8.°, do regulamento interno d'esta Gamara. (Apoiados).

E como mais não disse o Sr. Oliveira Matos, entrará propriamente no assumpto para que pediu a palavra.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros não pode continuar a conservar nas cadeiras do poder o austriaco Driesel Suhrõter.

A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava toda a maioria, porque, se todos os Deputados d'aquelle lado da Camara podem, como portugueses, occupar aquelle logar, tal direito não tem o Sr. Schrõter, quer como naturalizado que era quando foi chamado aos Conselhos da Coroa, quer como austríaco que hoje é, visto que, em virtude da ultima providencia do Governo, voltou á sua primitiva posição, que de austriaco era. (Muitos apoiados).

A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava todos os Deputados da minoria, que lhe teem demonstrado com a lei na mão que S. Exa. não pode occupar de direito aquelle cargo, porque lho veda e prohibe expressamente a Constituição do Estado. (Apoiados).

A situação em que se encontra o Sr. Schrõter aggrava o país inteiro, que se tem manifestado, quer por uma imprensa unanime, quer quando milhares e milhares de pessoas vieram a esta Camara pedir aos representantes da nação que não consentissem que em Portugal governasse um estrangeiro, quando em Portugal portugueses ainda ha. (Apoiados).

E se o povo português não quer que um estrangeiro lhe lance impostos, despache, tome providencias ás quaes elle terá á força de se submetter, mal avisado anda o Sr. Presidente do Conselho em continuar inabalavel na sua teimosia.

E se o povo não quer que o administre e governe um estrangeiro, e tem por seu lado justiça e a letra expressa da lei, mal faz o chefe do Governo em continuar firme no seu proposito de impor o "quero, posso e mando" sobre a Constituição do Estado. (Apoiados).

Respeite a lei o chefe do Governo. Respeito a opinião publica. (Apoiados).

Pois não nos tem dito S. Exa. que foi chamado ao poder por uma forte onda de opinião publica, porque quasi todo o país era regenerador-liberal, e para viver com. a lei, dentro da lei, e só com a lei?

Respeitador da lei o Sr. Presidente do Conselho, e o primeiro acto que pratica é calcar, esfarrapar, espesinhar a Carta Constitucional! (Apoiados).

Chamado ao poder por uma forte onda de opinião popular!

Onde se manifestou, e como?

Conhece o orador factos - que, como monarchico, sente e deplora - mas serão estas as concludentes manifestações da opinião popular?

Serão aquellas que se produziram quando S. Exa. chegou á estação do Rocio, para tomar as redeas do Governo?

Serão aquellas que se produziram, quando S. Exa. subia pela primeira vez as escadas do seu Ministerio?

Serão as que se produziram, quando S. Exa., nos centros de Alcantara, renegava o seu passado politico, e a multidão cá fora lhe fazia uma tão significativa oração, que S. Exa. exclamou, heroico: "aqui, eu jogo a vida"?

Serão estas?

Quasi todo o país é regenerador-liberal, tem ousado dizê-lo o Sr. Presidente Conselho, uma e muitas vezes!

E, para fazer uma eleição, teve de ir mendigar o apoio de um partido contrario, teve de ir recrutar todo o pessoal administrativo a um partido que tão extraordinariamente combateu ainda ha dias, e tem tido a necessidade de ir esmolar diaria lição ao chefe d'esse partido, a quem, ha tão pouco ainda, offendeu por forma nunca vista em politica! (Muitos apoiados).

Obedeça o Sr. Presidente do Conselho á opinião publica, não consentindo nas cadeiras do poder o Sr. Driesel Schrõter. (Apoiados).

(...) in Debates Parlamentares

A seguir decapita o Presidente do Conselho João Franco:

 

''O Sr. Presidente do Conselho tem poder para tudo, no meio da indifferença d'este povo sem nervos.

Elle pode affirmar que só o povo dá e tira o poder com honra, mas pode recebê-lo só e unicamente das mãos de El-Rei.

Elle pode decretar a fome a 50 % de legalidade.

Elle pode classificar de ignobil porcaria a lei eleitoral, mas pode eleger por ella os seus amigos, ficando puros e limpos.

Elle pode dizer-se um sabio, e declarar officialmente a sua ignorancia, como no caso da abertura dos lyceus.

Elle pode censurar as nomeações illegaes feitas pelos rotativos, e pode nomear illegalmente amigos para o caminho de ferro ultramarino.

Elle pode consentir, em nome da moralidade triunfante, que se jogue em Cascaes, no Estoril, em Cintra (ao pé da casa de S. Exa.), isto até á1s eleições e pode, em nome dos mesmos principios, determinar que não se jogue depois das eleições.

Elle pode declarar que venera o poder judicial, e usurpar-lhe as funcções, como no caso Schrõter.

Elle pode declarar-se um respeitador do poder legislativo, e, mal chegado ao poder, dissolver um Parlamento, que ainda nem se achava constituido.

Elle pode tudo.

Mas então, dispa-se o Presidente do Conselho d'esse liberalismo hypocrita, largue esse postiço respeito pela lei, apresente-se tal como é: um absorvente de
ideias, leis, Carta Constitucional, tudo.(....)'''' fonte citada

 

A seguir ao deputado regenerador, falou Afonso Costa sustentando teses semelhantes.

 

Com oradores destes não admirava que o Parlamento fosse uma casa viva, ao contrário de agora, que costuma estar às moscas.

 

  mn



publicado por porabrantes às 19:35 | link do post | comentar

ASSINE A PETIÇÃO

posts recentes

Amadeu de Castro e Solla ...

arquivos

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

tags

25 de abril

abrantaqua

abrantes

alferrarede

alvega

alves jana

ambiente

angola

antónio castel-branco

antónio colaço

antónio costa

aquapólis

armando fernandes

armindo silveira

arqueologia

assembleia municipal

bemposta

bibliografia abrantina

bloco

bloco de esquerda

bombeiros

brasil

cacique

candeias silva

carrilho da graça

cavaco

cdu

celeste simão

central do pego

chefa

chmt

ciganos

cimt

cma

cónego graça

constância

convento de s.domingos

coronavirús

cria

crime

duarte castel-branco

eucaliptos

eurico consciência

fátima

fogos

frança

grupo lena

hospital de abrantes

hotel turismo de abrantes

humberto lopes

igreja

insegurança

ipt

isilda jana

jorge dias

josé sócrates

jota pico

júlio bento

justiça

mação

maria do céu albuquerque

mário soares

mdf

miaa

miia

mirante

mouriscas

nelson carvalho

património

paulo falcão tavares

pcp

pego

pegop

pina da costa

ps

psd

psp

rocio de abrantes

rossio ao sul do tejo

rpp solar

rui serrano

salazar

santa casa

santana-maia leonardo

santarém

sardoal

saúde

segurança

smas

sócrates

solano de abreu

souto

teatro s.pedro

tejo

tomar

touros

tramagal

tribunais

tubucci

valamatos

todas as tags

favoritos

Passeio a pé pelo Adro de...

links
Novembro 2021
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11

17

26
27

28
29


mais sobre mim
blogs SAPO
subscrever feeds