A reverendíssima Madre Francisca dos Santos recebeu uma herança abrantina, pelo testamento da mana, Maria de Sousa, que a herdara do marido, cá da vila, António Machado.
A Madre era superiora do convento de Santana de Leiria e a herança consistia numa tença de 20 mil réis.
Queria a Madre que a vocação freirática continuasse na família e assim em 1684 trespassou por escritura pública a tença à sua sobrinha-neta, Maria da Graça, noviça na Esperança de Abrantes (1)
Já vi uma coisa destas a favor dum seminarista abrantino, que depois deu em político caciquista.
mn
(1) Ana Rodrigues Baptista da Palma Trindade, O Convento de Santana de Leiria, história vivências e cultura material, Cerâmicas do Século XVI a XVIII, tese na UNL 2012
A Ordem Terceira da Vila de Abrantes já funcionava antes de 1571, no Convento de S.António, na Abrançalha. No sec XVII funcionava no Convento da Esperança.
Mas o facto das freiras e noviças serem umas bisbilhoteiras e nalguns casos pior que isso ( Rodrigo de Bivar apanhou um processo inquisitorial por ser freirático ou seja ''engatatão'' de freiras), levou os Irmãos a decidirem abandonar a Esperança, para se verem livre das religiosas.
Frei Francisco de Santiago, Crónica da Província da Soledade, Lisboa, 1762
O bom do frade cronista não anotou se as noviças continuaram a ser umas puras donzelas, como eram as Meninas de Odivelas.
Odivelas era o Convento da bela Madre Paula, favorita do Magnânimo.
Por causa das freiras passou a Ordem Terceira para o Convento de S.António, onde está o edifício Pirâmide. Em 1717 iniciaram obras para aí fazerem nova Igreja, que ficou pronta em 1721.
Não sabemos se mandaram afixar um aviso proibindo a entrada às freiras da Esperança, por causa do recato e das moscas.
O processo do médico Bivar por cortejar freiras, discriminará se engatava as das Esperança, ou as da Graça. Ou a todas.
No inícios do século XX.....Solano de Abreu mantinha um harém de coristas no Convento da Esperança, então Teatro Taborda
.O Convento continuava a ser um depósito de puras donzelas, para recreio dos abrantinos.
Nos intervalos escrevia coisas destas, que os seminaristas não consideram literatura abrantina, devido a terem saído da pena dum libertino.
Um dia deu um jantar a uns amigos, velhos conhecidos da boémia coimbrã.
Entre eles um Bispo.
No final da jantarada, animado pelo champanhe, disse à mulher do feitor: -Ò Maria, mostra a c....a Sua Excelência Reverendíssima.
Obediente e fiel, como eram as serviçais de antanho, a Maria iluminou o Bispo.
Terá ganho o Céu?
mn
créditos: Frei Francisco de Santiago
Depois da Câmara Municipal e os seus "técnicos" retirarem (em 2016)a classificação a 26 edifícios do centro histórico, agora surge uma nova ameaça: o que resta, e é muito ainda, do ultimo Mosteiro de monjas abrantino, Nossa Senhora da Esperança.
O novo projecto, foi feito unicamente por arquitectos (a classe mais sábia no planeta), para ampliação do Colégio de Fátima, atenta contra o monumento classificado existente em Abrantes, que é quinhentista.
Tem ainda o claustro, o famoso Pórtico maneirista (em péssimo estado) o cemitério das religiosas intacto, Igreja monástica, Parlatório, Pórtico da Cerca e edificado de apoio. A Igreja merece outra dignidade: a recolocação dos azulejos, a reposição do brasão de pedra que retiraram do fecho da Capela-mor (que agora está escondido nas reservas do Castelo), etc..
Agora era a altura certa da Câmara, intervir no Mosteiro e protegê-lo, mas não, vai amesquinhá-lo e desvalorizá-lo, como é apanágio desta cacique e seus técnicos,amantes do betão pelo betão.
Grande parte da história abrantina, desde quinhentos, passou por este Mosteiro, será que não merecemos a sua salvaguarda e promoção? Ou será que a visão de alpinista político-social da cacique, pode tudo?
Precisamos urgentemente de uma nova gestão camarária, senão Abrantes perde a sua memória e identidade. Já não nos bastavam as asneiras demolidoras do Nelson Carvalho!
Paulo Falcão Tavares*
* Presidente da Tubucci-Associação de Defesa do Património da Região de Abrantes, Mestre em História pela Universidade de Évora; Autor do livro: O Real Convento de S.Domingos
fotos: CMA; DGMN
PS- O Blogue autoriza a Senhora Directora do Nova Aliança a reproduzir este artigo, sem o censurar.
o POP UP 9 está errado, como toda a gente sabe está de pé outro convento, dentro do centro histórico, o da Esperança, propriedade ainda das Doroteias, que fica na rua onde morava a cacique
fotos Igespar/DGMN
obas do Graça das Seringas na Igreja
mn
As obras ilegais levadas a cabo pelo Cónego das Seringas
em 1990, no Convento da Esperança, propriedade das Doroteias,
também provocaram um morto, o Senhor Estronca, que era o empreiteiro ....
a Nova Aliança nunca publicou a notícia, que eu me lembre, publicou-a o Jornal de Abrantes, dirigido por Jorge Moura Neves Fernandes que o tonsurado insultara uns dias antes do desenlace fatal.
Naturalmente o grande lavrador e Advogado Jorge Fernandes espancou, sem piedade, o Abade made in Nisa. Uma resposta sarcástica que ficou nos anais do jornalismo abrantino.
Dias depois uma parede desabou, na Igreja da Esperança, e matou o Senhor Estronca.....
De novo uma obra ilegal....
Por não licenciada pelo IGESPAR
A paróquia nunca publicou o relatório acerca das causas do acidente
Espera-se que ao menos o melhor amigo do multimilionário angolano da Cabeça Gorda (depois do Ricardo Salgado) celebre cada ano uma missa à borla por alma do digno sr. Estronca, sem pedir uma esmola à família para comprar seringas, financiar obras ilegais ou ajudar a drª Ana Soares Mendes a comprar tesouras para continuar a censurar na folha clerical.
Amen, quem ler o post tem
tem 100 dias de indulgência
mn
Convento da Esperança, local que acolheu os refugiados boers . (DGMN)
Estava à procura de notícias de soldados abrantinos enterrados em Lourenço Marques, quando dei com esta foto duns duros guerreiros boers
que no final do século XIX se enfrentaram aos ingleses, com a mesma indómita bravura que lidaram com a nação shosa, a nação de Madiba Mandela.
Perderam a liberdade face a uma vergonhosa guerra de genocídio desencadeada pela imperial Inglaterra, e parte deles terminaram refugiados em Abrantes.
Diogo Oleiro contou essa história e tenho um livro em africander, o rural holandês do Cabo, onde essa história foi contada. Também está contada na Imprensa nacional e abrantina da época e é evocada neste post do https://delagoabayword.wordpress.com/cat
Onde é que ficaram alojados? no Convento da Esperança, na parte ocupada por instalações militares, a Igreja era então o Teatro Taborda.
MN
a questão é referida de passagem numa tese da drª Charneca sobre Museus Abrantinos. A tese já foi aqui de alguma forma abordada. Mas leiam o post aqui citado
mais:
Publica-se um artigo que saiu a seu tempo (17-3-90) na ''Nova Aliança'', do sr. dr. João Nuno Serras Pereira. Nele se aborda como as Doroteias em 4 de Outubro de 1968 (dados do Eduardo Campos na Cronologia do Século XX em Abrantes) adquiriram o imóvel conhecido como Convento da Esperança
Ou seja foi vendida às Doroteias um imóvel (depois classificado de interesse público, como o Colégio) pela CMA sendo Presidente o dr. Agostinho Baptista. A informação que tenho é que foi barato e foi para aumentar o Colégio de Fátima. Nunca a Igreja foi usada até 1990 (20 e tal anos depois) e nessa data o Graça, que antes fora expulso de São Facundo pelo povo, resolveu fazer obras em edifício alheio, com subsídio da Câmara do Humberto Lopes e de particulares. As obras não tiveram parecer da tutela do Património e mesmo assim, contra a Lei, foram aprovadas pela edilidade. Se lerem bem o artigo do meu falecido amigo dr.Serras Pereira verão que fala do que uns ignorantes queriam fazer em São Domingos em 1970 e que ele com Duarte Castelo-Branco e o apoio dubitativo de Agostinho Baptista impediu.Fala do interesse que tinha a nível patrimonial a Esperança, dos azulejos de setecentos iguais aos de São João e São Vicente e da obrigação das Doroteias em restaurar o edifício.
O ''restauro'' do Graça, com a conivências das Doroteias e da edilidade do Lopes, não respeitou de forma nenhuma o valor patrimonial da Igreja do velho convento.
Neste fim de semana haverá uma reunião entre a Associação de Pais dos alunos do Colégio, as Doroteias e ao que consta a cacique que quer comprar o edifício e assim liquidar implicitamente o ensino católico nesta terra.
Lida Nova Aliança que saiu agora, naturalmente nada isto é lá abordado, já não é um jornal católico, é um jornal subsidiado ao serviço do poder, propriedade duma Associação aconfessional.
MN
Esteve por cá o Bispo de Portalegre a recolher esmolas para recuperar um edifício a cair em Portalegre. Aleluia!
Diz-nos o nosso amigo José Bioucas disse sobre O espólio de São Domingosna Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2013 às 09:18:
''Falaram e bem sobre os azulejos de S.Domingos, mas e os azulejos do convento da Esperança que as centenas se encontravam engradados em pilhas a bloquear a porta grande da igreja e as duas portas mais pequenas que hoje se encontram entaipadas ?''
Caro Zé, o teu comentário é naturalmente apropriado e vem-nos dar uma pista sobre um assunto que estamos a trabalhar. Que está inserido na problemática mais geral da vandalização do património desta cidade por cupidez, preguiça, ignorância, desleixo de muita gente conjugada com a passividade da administração local e central.
Esta é a planta do Convento da Esperança
É uma planta parcial porque parte do Convento foi demolido no século XIX e outra parte para construir o Colégio de Fátima, serviço, a demolição que foi uma barbaridade cujo rosto visível foi o Senhor Dr.Manuel Fernandes.
Nesta foto não datada da Direcção Nacional dos Monumentos Nacionais não há azulejos mas há belíssimos frescos no altar mor. E tudo indica que se trata das obras ilegais levadas a cabo pelo tonsurado José da Graça ( em 1990, com autorização dos proprietários (Província das Irmãs Doroteias)) com financiamento estrangeiro, local e municipal e a conivência da Câmara de Humberto Lopes.
Mas há prova documental que havia azulejos? Há
Aliás é extremamente curioso que nem a Rosário Gordalina 1990 / Isabel Mendonça 1995 ou a D.Cecília Matias neste texto oficial falem dos azulejos nem dos frescos.
Será que escreveram o texto e naturalmente foram pagas para isso e não entraram na Igreja?
Não leram a papelada, vasta, sobre o assunto?
Curiosa maneira de escrever sobre património. ......
Mas aqui temos outro documento oficial que fala dos azulejos seiscentistas que tu viste encaixotados e cuja precária situação denuncias.
Uma carta dum dos homens cultos e abrantino honorário (porque era de Vale de Cambra) que foi um dos que salvou São Domingos.
Vejamos agora um texto de propaganda do ''estimado Reverendo'' , naturalmente anónimo, publicado no ''Notícias de Abrantes'' em 16-3-90 em que se diz que a Igreja não tinha qualquer interesse
E chega-se à insensatez, próxima da difamação, de invocar a palavra do Papa para justificar uma ignara porcaria em termos de património.
Que o fez o Graça aos frescos?????
http://caminhantesdapaz01.blogspot.com.es
Esta forma bárbara de tratar o património sacro desonra a Igreja, desonra-nos a nós, enche de vergonha as autoridades que deviam velar por um edifício classificado e por um valor não só nacional mas local, e devia fazer com que a Hierarquia actuasse apontando o dedo ao Graça......
http://caminhantesdapaz01.blogspot.com.es
Enquanto a Autoridade da Igreja não apontar esse dedo acusador, temo que tenha de ser a Autoridade do Estado Laico e Republicano a fazê-lo.
Como aliás parece que já começou a fazer, diz o Sol.
Caro Zé, por agora é tudo. Os azulejos novos estão à vista, os antigos espero que não lhes tenha acontecido o mesmo que aos livros do dr. Solano de Abreu...
Marcello de Noronha
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