Sexta-feira, 25.08.17
Decorreram há pouco  450 anos completos  sob a instituição da Confraria de Nossa Senhora dos Mártires de Punhete (actualmente Constância).

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Não é uma data que se possa comemorar muitas vezes, a qual não foi considerada localmente.
 
Existe vasta literatura sobre a fama dessas festividades remotas da dita invocação. A cultura e identidade da vila confundem-se e  há uma fusão e profusão de acontecimentos que acabaram por influenciar o progresso local em tempos idos.
 
El Rei Dom Sebastião instituiu a Confraria de Nossa Senhora dos Mártires em  2 de Agosto de 1566 (segundo consta dos estatutos da mesma confraria reproduzidos no século XIX).
 
A primitiva Igreja demolida em 1550 era portanto de remota antiguidade.
 
Sabemos pela história que El Rei que instituiu a Confraria aqui residiu por diversas vezes no palácio da torre por causa da peste, cujas ruínas ainda existem na confluência dos rios (monografia de 1830 do padre Verísssimo e estudos do professor Doutor Veríssimo Serrão, etc)
Estas ruínas aguardam declaração de interesse municipal (pedido da população formalizado há vários anos).
A fama da imagem de Nossa Senhora dos Mártires era tal que levou El Rei a visitá-la em Setembro de 1569 (segundo a História Sebástica de Frei Manoel dos Santos, editada em 1735).
 
Em 1571 el rei aqui teria regressado segundo uma noticia do embaixador castelhano D.. Juan de Borba em carta a Filipe ll por causa  da Nossa Senhora de Punhete "que es una casa muy devota de romaria" (J.Veríssimo Serrão, itinerários).
 
Segundo Faria e Sousa, Camões terá escrito o soneto CCL (que lhe atribuí) sob a invocação de Nossa senhora dos Mártires. O Visconde de Juromenha que nos dá essa notícia de Camões conjecturou a possibilidade de Constância ser o local do degredo de Camões e refere-se à dita invocação  local de nossa senhora . significativo.
 
Um amigo e contemporâneo de Camões, Fernão Álvares do Oriente autor da «Lusitânia Transformada»  tem uma personagem «Urbano» que o ilustre académico António Cirurgião identificou como Camões. O cenário principal dessa obra contemporânea do vate é, nem mais nem menos, a zona da confluência do Nabão até Constância.
 
Nessa obra publicada em 1608 há a referência  a uma invocação local de  Nossa Senhora
 
Há um caso dito milagroso de uma cura que o padre Ramiro Alves chegou a dar nota histórica à imprensa e que terá estado na origem da grande fama da Senhora dos Mártires fama a que a Santuário Mariano deu grande relevo (por outros motivos).
 
Não por acaso existem diversas bulas papais sobre a nossa Igreja.
 
A mesma foi unida a S. João de Latrão mesmo na vigência da paroquial de São Julião.
 
Não querendo ser exaustivo não poderia deixar de escrever estes dados pois sempre vivi de perto com pessoas que amavam esta Igreja (Padre José Maria Rodrigues d' Oliveira , o cronista Joaquim dos Mártires Neto Coimbra que recolheu tradições em particular com a professora Emília Soares a pianista da vila, a zeladora Maria José Fonseca e outros que poderia homenagear).
 
 
 
Termino com um pormenor. É que nos estatutos da confraria consta, segundo a transcrição, que a instituição da mesma é em louvor de Nosso Senhor e também da Virgem Santíssima.  
 
Jesus é a centralidade e Maria tem direito a hiperdulia. Como não poderia deixar de ser.
 
Parece que a tradição de Nossa Senhora da Boa Viagem no século dezanove não teria o esplendor da semana santa e que já então o declínio da romaria dos mártires se poderia aferir pelo próprio declínio da feira dos mártires. Marcas inexoráveis do tempo dos homens de um novo devir. Ouvi vários ecos de testemunhos que assim o asseveravam.
 
A recente produção de uma Nossa Senhora dos Avieiros com paragem local em constância é totalmente alheia à história das gentes de Constância e a meus olhos só serve objectivos de uma candidatura a património imaterial fundada na obra de Alves Redol. Assim vistas as coisas é pura poluição sonora.
     
    José Luz (Constância)
 
 
 
 
 


publicado por porabrantes às 19:32 | link do post | comentar

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