O Senhor Dom António Ferreira Gomes, Bispo de Portalegre, visitando o Colégio de Fátima, obra de Manuel Fernandes, do democrático António Farinha Pereira, do Cónego Silva Martins (a alma do projecto), das Doroteias, etc
Se houve um homem que salvou a Honra da Igreja de Portugal, foi este.
Não falava com clérigos da Diocese de Portalegre porque os achava burros e incultos, por muito que D.Domingos Frutuoso os tivesse tentado instruir.
Que mensagem daria, o implacável Dom António, a quem destrói a obra de tantos abrantinos? Tenham vergonha
mn
Posso publicar um testamento?
Posso.
Devo fazê-lo???
Posso e devo.
A Igreja Católica publicou o testamento de D. António Ferreira Gomes pelo qual instituiu a Fundação Spes e deixou outras disposições que bem entendeu.
Foi essa a lição do que me deu o meu Bispo António, quando pastoreou Portalegre.
A essa lição me acolho.
Segue o testamento do Senhor Dom António, Bispo Resignatário do Porto, espelho de Catolicismo, Português de Lei e que lutou para que nesta Diocese houvesse decência.
Primeira Mão
Invocando o santo nome de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo,
Eu, António Ferreira Gomes, presbítero do Clero do Porto e actualmente bispo da mesma Diocese, proponho-me na presente data fazer o meu testamento, como disposição duma vontade que vem de há muitos anos e que desejo seja tida e cumprida como a minha última vontade; e faço-o nos termos a seguir consignados:
Artigo primeiro: Pelo presente testamento é criada uma fundação, que deverá ser reconhecida e funcionar como uma instituição particular de utilidade pública geral, com a denominação de “Fundação Spes”, de harmonia com os princípios seguintes:
Artigo segundo: O património da Fundação Spes será constituído, desde a sua criação, por todos os bens da minha herança, seja qual for a sua natureza e o lugar em que se encontrem, com as excepções e obrigações adiante mencionadas. Entre esses bens menciono particularmente os seguintes:
Artigo terceiro: Por este documento nomeio testamenteiros as seguintes pessoas:
Estes meus testamenteiros terão e exercerão em direito todos os poderes de disposição e administração dos meus bens, logo após o meu falecimento, com dispensa de caução e sem necessidade de inventário, e disporão dos mesmos bens em ordem à execução de todas as disposições que constam deste falecimento.
Artigo quarto: Excluo da atribuição à Fundação Spes e lego a meu irmão Alberto a meação que com ele tenho na quinta de Pieres, da freguesia de Guilhufe, que foi doada por nossos Pais ao nosso irmão Inácio e que, pelo seu falecimento ab intestato, coube aos seus irmãos sobreviventes e aos filhos dum falecido, dos quais obtivemos a integração da propriedade total em nós os dois, em partes iguais. Por este legado e sobre ele, imponho a meu irmão Alberto, ou a quem o represente, a obrigação de dar, por meu falecimento, a cada um dos nossos segundos sobrinhos uma lembrança de dez mil escudos, como prova, insignificante embora, do meu afecto pela Família. A meus outros irmãos e primeiros sobrinhos nada de material deixo em herança e lhes quis. Devo porém consignar aqui, e é com muito gosto e honra familiar que o faço, quanto lhes estou grato por, em todas as circunstâncias da sua vida, nunca pedirem nem contarem com a ajuda material ou influência do tio, deixando-me assim a possibilidade de melhor testemunhar a sinceridade e isenção da minha doação sacerdotal e episcopal à Igreja.
Artigo quinto: Lego a minhas Irmãs, proprietárias da casa que foi de nossos Pais e em que nos criámos, as peças de mobília que aí possuo, com a excepção das estantes e livros, que pertencerão à Fundação Spes.
Artigo sexto: Os três testamenteiros acima nomeados, juntamente com D. Domingos de Pinho Brandão, actual Bispo Auxiliar do Porto, e D. Manuel da Silva Martins, Bispo de Setúbal, ficam desde já nomeados Administradores vitalícios da Fundação Spes, suponho que nenhum seja Bispo do Porto. Se algum deles o fosse, ou viesse a faltar antes de mim, entraria em seu lugar, como Administrador vitalício, o Cónego Dr. Serafim de Sousa Ferreira e Silva ou ainda, em igual caso da parte deste, o Cónego José Joaquim Rebelo Pinto Ferreira.
Artigo sétimo: Do estatuto da Fundação Spes deve constar a existência dum Conselho Fiscal ou órgão correspondente, que testemunhe o funcionamento normal e assegure a continuidade da Fundação. Muito gostaríamos que este Conselho Fiscal dosse constituído pelo Bispo desta Diocese ou seu representante, pelo Reitor do Seminário Maior do Porto ou da instituição que lhe venha a corresponder e pelo Presidente do Conselho de Leigos da Diocese ou primeiro representante dos leigos num eventual Conselho Pastoral.
Artigo oitavo: O Conselho de Administração da Fundação Spes deverá sempre ser constituído por cinco membros, os quais entre si escolherão o Presidente. Tanto os testamenteiros como os outros administradores terão direito a ser indemnizados das despesas que fizerem no exercício da sua função. Ao seu Presidente ou a seu Administrador-delegado poderá o Conselho de Administração, com a aquiescência do Conselho Fiscal, atribuir uma gratificação regular pelos cuidados próprios do cargo.
Artigo nono: Só os Administradores acima nomeados serão vitalícis; os seguintes serão cooptados, à medida que forem faltando os vitalícios, pelos Administradores restantes, com conhecimento e aprovação do Conselho Fiscal, por um prazo de tempo limitado, talvez renovável, que será estabelecido nos Estatutos.
Artigo décimo: Como o meu funeral estará a cargo da Diocese que ultimamente tenho servido, limito-me a recomendar que seja simples, sincero e cristão. À Fundação Spes estabeleço e começo a obrigação de me erigir e conservar a sepultura modesta no cemitério paroquial da freguesia da minha naturalidade, Melhundos – Penafiel. Esta sepultura será encimada por uma cruz tendo ao centro a rosa, símbolo da aspiração cristã a uma civilização da Beleza e do Amor, a que a Igreja chegara pelos fins da Idade Média, e que deverá retomar como promessa dum futuro digno do Homem. Com isso penso unir-me ao pensamento que o Bispo-mártir da Igreja, D. António de Castro Meireles, quis decerto expressar ao fazer erigir, em sua vida, esse mesmo símbolo sobre o seu túmulo, no cemitério paroquial de Boim. Creio que posso dispensar-me de dispor qualquer coisa de especial sobre sufrágios ou bens de alma, confiando para isso na piedade e caridade dos bispos, sacerdotes e fiéis da Igreja a que servi.
Artigo décimo primeiro (transitório): Se eu vier a falecer antes de serem levadas a cabo as obras de ampliação e restauro da igreja paroquial de Melhundos, a Fundação Spes deverá comparticipar no custeio das obras havidas por necessárias, para este efeito e por esta vez, na proporção dos bens fundiários que por este testamento lhe lego, como se na freguesia de Melhundos sitos fossem. Para as mesmas obras começará por contribuir, se eu ainda o não tiver feito, com uma entrada correspondente ao valor de duzentas libras-ouro, independente da relação aos rendimentos daqueles fundiários.
Artigo décimo segundo: Se alguém viesse a estranhar que neste testamento eu nada expressasse directa e formalmente sobre os meus sentimentos de fé e piedade, diria que, se toda uma vida de educador da Fé, pela palavra e pela acção, não tivesse convencido as pessoas da realidade e sinceridade desses sentimentos, de bem pouco valeria proclamá-los aqui. Apenas direi que, homem livre e que sempre aspirei a oferecer essa liberdade a uma causa que superasse a minha vida, sempre também senti que a liberdade essencial é o próprio mistério da vida humana, mistério que só se pode entender e realizar em referência ao Absoluto, sentimento esse que já experimentava mesmo antes de ter encontrado o teólogo Karl Rahner aquilo que me parece ser a chave explicativa da minha vida consciente, a saber, que a liberdade humana é “a possibilidade da disposição total e definitiva que o sujeito livre faz de si mesmo e da sua vida”, e ainda que a liberdade “pela sua essência fundamental é a necessidade imposta ao homem de decidir-se, livre, a favor ou contra o inapreensível que chamamos Deus”. Agradeço pois a Deus revelado em Cristo, à minha família e à sociedade cristã em que nasci o ter-me decidido livremente a favor do infinito mistério em que Deus se nos revela. Desejaria pois que a minha morte, livremente aceite, fosse a suprema afirmação da liberdade pessoal, que me foi dada em responsabilidade não menos pessoal. Desejaria oferecer o sacrifício da minha vida pela minha Igreja e por todos aqueles que me são caros. Não tenho nem levo ressentimentos contra ninguém; e, se a alguém houvesse de perdoar, faço-o de todo o coração. Peço também que me perdoem aqueles a quem possa ter ofendido, conscientemente, do que não me lembro, ou inconscientemente. E, se essas possíveis ofensas fossem por motivo ou ocasião das causas que servi em Igreja, espero atribuam a culpa e o perdão, não aos valores eclesiais que estivessem em causa, mas à forma menos compreensiva ou caridosa que possa ter havido em servi-los.
Por esta forma dou por concluído o meu testamento, como disposição da minha última vontade, nesta Casa Episcopal do Porto, onde ao presente resido, no dia vinte e um de Agosto de mil novecentos e setenta e sete.
D. António Ferreira Gomes,
Bispo do Porto
http://www.fspes.pt/testamento.html
M. de Noronha
A prestigiosa associação abrantina de defesa do Património em colaboração com várias entidades tem adquirido vasta documentação sobre a nossa História e estabelecido protocolos com coleccionadores privados.
Recentemente um sacerdote de avançada idade, que desempenhou o seu múnus no Pinhal, desiludido com a política e com o que ele chama uma''traição'', fez o meritório acto de generosidade de oferecer à nossa Associação em parceria com o coleccionador Marcello de Noronha, um impressionante conjunto de documentação essencial à História do Concelho e da Igreja.
A Tubucci está a catalogar este espólio e irá aqui divulgar algumas peças mais interessantes.
Desde já afirmamos que será recusada qualquer colaboração com o Arciprestre de Abrantes, por razões de escrúpulo moral, enquanto o Senhor Bispo não corrigir severamente o Presbítro José da Graça.
Isto é segundo a palavra infalível do grande dominicano e nosso Pastor que foi D.Domingo Frutuoso um grupo de marginais terá aproveitado as festas de Nossa Senhora de Fátima para insultar o pároco e ameaçá-lo de morte.
Além do mais eram os paroquianos uns tesos ou uns forretas porque não pagavam a côngrua.
Raio de gente.
aplicou mão dura : extinguiu-se a paróquia.
A mesma penalidade aplicada por
neste caso injustamente à Paróquia de São Facundo por ter tratado com caridade cristã o Graça.
Augusto César, cúmplice da sangrenta repressão colonial em Wyriamu, já injustiçara o povo de Moçambique para defender os amigos e pesa-lhe na consciência ter injustiçado o bom povo de São Facundo.
Tudo ao contrário de D.Domingos Frutuoso, segundo nos referiu o mencionado sacerdote de avançada idade, que disse nesta diocese só houve no século XX 2 grandes Bispos, D.Domingos e D.António.
Marcello de Noronha, da Tubucci
Véspera da Páscoa de 1975. Sábado de Paixão para o Cónego Albano Vaz Pinto. Sábado de Paixão para o Povo de Castelo de Vide. Sábado de desonra para o Exército Português. Sábado de Vergonha para as Forças Armadas de Portugal.
O Cónego Albano Vaz Pinto sabe que tem uma saúde atribulada, uma doença pulmonar que lhe corrói as entranhas, sérias dificuldades em conseguir respirar e começa a pensar que a sua hora se aproxima. Está preocupado com o rumo do país onde campeia o golpismo gonçalvista e onde o PCP e a ala do MFA, comandada por um demagogo demente e imbecil, um incapaz, um tal Camarada Vasco quer à viva força impedir a realização de eleições livres marcadas para daí a uns dias, a 25 de Abril.
foto Terras do Alentejo
O Alto Alentejo revela-se um osso difícil de roer para o PCP, uma região heterogénea do ponto de vista social, onde a estrutura da propriedade barra o avanço das récuas de mercenários recrutados nas alfurjas da Margem Sul ou no bando de delinquentes que transformara Avis numa coutada russa.
O Exército desintegra-se, cada vez mais há unidades onde se perdeu a cadeia de comando, onde entre a anarquia e a cobardia medra o PCP, de quem ‘’objectivamente’’ dependem as hostes da tropa que em vez de manterem a Ordem, escoltam os marginais e a canalha que se dedica ao roubo, à ocupação de herdades e à intimidação manu militari do povo para que não possa escolher livremente.
Badajoz está cheia de refugiados políticos portugueses e o fracasso da absurda aventura golpista de Spínola veio dar um pretexto de mão-cheia à escumalha que quer escravizar Portugal.
Albano Vaz Pinto é pároco de Castelo de Vide desde 1948, data em que chegou de Abrantes. Uma enorme obra social, uma longa vida de dedicação a esta terra que teme que em breve tenha o seu epílogo. Quem sabe se a sua atribulada saúde lhe permitirá gozar de algum tempo de descanso na sua Beira natal .
A Pátria ensandecida, o velho Império prestes a desabar, na própria Diocese se propaga a desordem, em Castelo de Vide são homens vis que manejam os cordelinhos da política. À Igreja falta a autoridade e a dureza de António Ferreira Gomes, que D. Domingos Frutuoso preparara com zelo e devoção para ser o grande Bispo que continuara a sua acção. À Igreja falta a palavra profética de D.António tão firme a falar a Salazar como a dizer depois do 25 de Abril ao lado de Spínola, com a torre dos Clérigos no horizonte, que não se devia permitir uma nova ditadura.
Os abusos multiplicavam-se, envolvendo fiéis e sacerdotes na Diocese e D.Agostinho de Moura, um beato e um fraco, sempre pronto a adular o poder seja ele qual fosse, era manifestamente incapaz de estar à altura da situação.
Jornal de Abrantes
Tudo isto perturbava o sacerdote. Dias antes mandara retirar do Santuário da Penha, que restaurara na Serra, uma imagem preciosa da Virgem não fosse o Diabo tecê-las. Neste Sábado que devia ter sido de Aleluia, mas que seria de Paixão, Albano Vaz Pinto marcara as cerimónias religiosas para as 8 da tarde. Já não é capaz de dizer a missa sozinho. Não aguenta tanto tempo em pé. Combina com os leigos que ele só intervirá nas partes litúrgicas em que era imprescindível a intervenção dum sacerdote. Assim se fez.
Terminada a cerimónia, o abrantino eng. Manuel Coelho, há muito colaborador e amigo do Cónego Albano e residente na vila, parte para casa. Acompanha-o a família. Tinham convidados e o dia seguinte, era Páscoa de Ressurreição. Havia muita coisa para tratar.
Pouco depois alguém lhe bate à porta.. É avisado que uma turba de MFAs, não digo soldados, porque os soldados de Portugal honram a sua farda e aquela chusma desonrava-a, comandada por um alferes miliciano (cujo nome me reservo o direito de não escrever aqui) e alguns miseráveis à civil, tinham invadido a Igreja, num dia sagrado para um Povo de tradição cristã e prendido o velho sacerdote, naturalmente sem culpa formada e quem sabe se acenando com um mandato de captura em branco, assinado por algum traidor com divisas da laia do ex-legionário Otelo Saraiva da Carvalho.
Pegaram num homem respeitado, roído por uma doença quase terminal, humilharam o povo de Castelo de Vide, fazendo chicana com o que há de mais sagrado: a liberdade de consciência, a dignidade dum homem, a honra dum povo ultrajado na Fé por miseráveis que vilmente agiam a soldo do estrangeiro.
Não havia nenhuma acusação contra Albano Vaz Pinto, tudo aquilo era apenas para intimidar e condicionar o resultado dumas eleições decisivas para o futuro de Portugal
Queriam dizer o poder é nosso e quem se opuser terá o mesmo destino de Vaz Pinto, ser sequestrado ao cair da noite e levado com destino incerto.
abrupto
A mensagem era: se votais contra nós, as cadeias e quem sabe o pelotão de fuzilamento são o que vos espera.
Manuel Coelho sai sozinho de casa, recolhe informações, mete-se no carro, atalha pela Serra, vai cortar o caminho à soldadesca, ao alferes de aviário, aos aprendizes de pides vermelhos.
Manuel Coelho vai sozinho, mas para parafrasear um poema de Rodrigo Emílio, saberia decerto que muitos estavam com ele. Todos aqueles que em Portugal estavam prontos daí a uns dias a humilhar nas urnas a hidra totalitária. Há momentos em que um homem está sozinho, o coração certamente cheio de raiva, mas a inteligência a dizer-lhe que a fúria nunca é boa conselheira, em momentos em que a cabeça tem de estar fria.
aventar
A história que me contaram narra que os encontrou a meio da serra e cortou o passo àquela coluna e se enfrentou ao triste palhaço que fazia de alferes, ao controleiro de serviço e àquele afandangado exército.
Manuel Coelho nunca quis contar o diálogo que manteve com o patife que comandava aquela escória. Tão seguro do que fazia e tão valente estava o alferes, tão quentes estavam as suas costas, aquecidas por um friso de mfas tão ajagunçados que o Coronel Ramiro de Ilhéus dispensaria os seus serviços, por falta de porte marcial, que o militar de Abril se rendeu.
A rendição do bravo foi acompanhada pelo unânime içar da bandeira branca por parte da milícia civil. Ah Valentes!!!!
Berrou o alferes : leve o Padre. Disse Manuel Coelho: Não levo. Metam-mo vocês no carro à minha frente. Não me arrisco a virar-vos a costas, porque não quero que me abatam a mim e ao Cónego pelas costas..
Estou a imaginar a cara do alferes, com quem me voltei a cruzar outro dia, o brilhante revolucionário, Che Guevara da Parvónia, Fidel da piolheira, Otelo à alentejana, Agostinho Neto do chaparral, Rosa Casaco do goulag.
Santuário da Penha-Castelo de Vide - Panorâmio (foto)
Pálido de espanto, aparvalhado pela valentia de Manuel Coelho, humilhado na frente do bando de marginais que capitaneava pela ousadia do abrantino. Manuel Coelho arrancou com o carro e foi levar o velho Padre à sua casa em Póvoa de Rio de Moinhos. Aí dormiram. No dia seguinte quando voltou com ele a Castelo de Vide ao entrar na ruela em que estava a casa do sacerdote, encontrou a tropa acampada à porta do Sr.Cónego, todos aquecendo-se à volta duma fogueira.
Lá estava o Alferes de alma pequena e descaramento grande. A rua era pequena e o carro de Manuel Coelho não tinha espaço para inverter a marcha. Sem hesitar acelerou o veículo sobre a tropa que em pânico debandou com tanto brio como o demonstrado por Mário Tomé a chicotear um preto num quartel moçambicano.
Manuel Coelho só parou quando pôs o padre em sítio seguro.
O Sr.Cónego Albano morreu no ano seguinte. Manuel Coelho, o abrantino destemido, o salvador do padre, o homem que sozinho humilhou um esquadrão de ‘’’gentalha’’já entregou a sua alma a Deus.
O triste Alferes de cujo nome não me quero recordar, como diria o maneta de Lepanto, anda por aí. Estiveram na homenagem ao Sr.Cónego Albano alguns dos participantes na sua tentativa de linchamento. Foi contra eles, contra a canalha, ou para ser exacto contra a’’gentalha’’ que falou e bem o Sr.Presidente da Câmara de Castelo de Vide.
Agrupamento Escolas D.Miguel de Almeida
Está por enquanto entre nós, em Abrantes, a irmã do Sr.Eng. Coelho, a nossa querida Dona Ermelinda Coelho, a quem este blogue manda um grande beijo. Digo por enquanto, porque aquela que foi o pilar da Igreja de Abrantes ao longo de 50 anos, aquela que é a memória viva do que foi a História (como todas, com as suas partes gloriosas e vergonhosas, com santos e pulhas e pecadores vulgares como eu) Católica de Abrantes vai viver para um lar de professores em Cascais, para estar perto da família.
Marcello de Noronha
“-Os bispos, criados pelos primeiros apóstolos, para ocuparem o seu lugar em determinados territórios e para lhes sucederem, enquanto pela sua jurisdição asseguram a unidade e disciplina nas igrejas são também, pelo poder de ordem, a fonte da graça sacramental.” (Escritos, 111).
“Agora que me puseram nesse Paço, bem fora das minhas aspirações, esses problemas da Igreja são comigo, na quota-parte desta Diocese no todo nacional e universal.” (Cartas, 296).
“A Igreja deve-se a todos, sobretudo aos pobres e oprimidos; mas mal iria se se viesse a tornar-se Igreja do terceiro mundo…” (Cartas, 276)
“Roma é, sem dúvida, a capital do mundo. Urbs, a cidade, simplesmente, a cidade do orbe, a cidade de que todos somos cidadãos” ... O mundo que ainda quer salvar-se vai a Roma.” (Escritos, 123-124)
“Numa sociedade incapaz de se elevar ao nível de uma sã religiosidade e consequentemente insofrida das respectivas disciplinas morais é uma sociedade cotada -+a dissolução, à decadência e à morte” (Escritos, 239).
“Em vez duma sociedade assente sobre o ‘ter’, podemos idear uma sociedade em que o homem se valore pelo ser” (Antologia, vol. 1, 115).
“-De nada vale, não merece a menor confiança, um proceder correcto e ordeiro se não provém de dentro, duma convicção, duma mentalidade. A vida é movimento ab intrínseco, é determinação que vem do íntimo: o que se impõe de fora não é vital, é mecânico, quebra com qualquer embate.” (Escritos, 174)
“A educação da fé e formação ético-social não podem ser mera pedagogia – etimologicamente, educação de crianças – mas devem ser, com maior empenho (e maior dificuldade) andragogia, isto é, educação de homens, ou de adultos.” (Cartas, 277)
“A Cruz, termo último da Encarnação, é a mostra suprema da essência de Deus – ‘quem me vê vê o Pai’ - e é ao mesmo tempo a prova máxima, como provocação suprema, dessa essência de Deus como Amor.” (Antologia, vol. 2, 247)
“A experiência da vida ensina-nos eficazmente que os nossos maiores nos pregaram, talvez sem grande eficácia: que a carreira da nossa vida não é a trajectória lisa e direita mas antes uma vereda cheia de curvas e laçadas, uma gradativa e penosa ascensão” (Igreja, 34)
“- Para ser-se cristão importa ser razoável; mas não basta. Importa seguir a Cristo e a Cristo crucificado.” (Antologia, vol. 2, 248)
“A educação cristã deve considerar fulcral e procurar tornar bem sensível e vivencial: que toda a nossa dignidade vem de Deus, mas que o próprio Deus respeita a nossa liberdade e dignidade pessoal e quer que nós a respeitemos em nós e nos outros.” (Antologia, vol. 1, 330)
“Tratemos de melhorar os homens; sobretudo criar o ‘espaço vital da família’. Que a família, a célula da sociedade e o foco da vida, não continue a ser a fonte da morte!...” (Escritos, 248)
“- Terra de liberdade, de lealdade, de cultura e de trabalho, o Porto tomou a atitude e disse a palavra que o faz igual a si mesmo...” (Antologia, vol. 2, 71-72)
“-Padre Américo - Pai Américo. O apóstolo dos tugúrios [...] foi grande no amor do próximo porque foi grande no amor de Deus. O sacerdócio foi para ele a grande opção vital, a eleição decisiva: tudo o mais, nem sequer pensado nesse momento, veio depois por acréscimo e como simples aplicação dum espírito aurido no Sacerdócio de Cristo.” (Endireitai, 156)
“Com os homens do Poder político a Igreja terá algumas vezes que falar, mas não para lhes ensinar ciência ou arte política...” (Cartas, 111)
“Insiste-se em que sou o bispo mais controverso em Portugal. Admito facilmente esta constatação. Como homem, como cristão e padre tal não se poderá dizer” (Cartas, 296).
“Para ser-se cristão importa ser razoável; mas não não basta. Importa seguir a Cristo e a Cristo crucificado” (Antologia, vol. 2, 248)
retirado da página da Fundação SPES criada por D.António Ferreira Gomes.
Pub. Por Marcello de Noronha
(...)''Devo dizer a V.Exa que desde, há quatro anos que sou Bispo desta Diocese, não conheço freguesia, que mesmo de longe se compare com o Souto, em manifestações de tudo o que há de soez, estercorária , intriguista e anti-cristão sob capa farisaica (...)''
D.António Ferreira Gomes, Bispo de Portalegre em carta de 16 de Junho de 1952 dirigida ao Presidente da Câmara de Abrantes......ameaçando-o de excomunhão ...bem como à Junta de Freguesia daquela segundo o Bispo ''estercorária '' povoação.
Os candidatos à excomunhão:
Era Presidente da Comissão Administrativa da CMA: o saudoso Major Manuel Machado. Era Vice-Presidente: Júlio Serras Pereira.
Eram Vereadores: Armando Moura Neves,Manuel Lisboa,David Soares Moreira, António da Silva Pereira Júnior, Jesuvino Ferro e José Paulo Fernandes Júnior.
Era Presidente da Junta da Freguesia o Sr.Manuel Dias.
Era Secretário: Sr.António Machado e era Tesoureiro: o Sr.José da Silva.
Substitutos: Sr.Manuel Dias Portela e o Sr.Adelino Anacleto Passarinho.
Regedor: José de Oliveira Passarinho.
Bibliografia:
Manuel Batista Traquina -O Souto, Uma Cultura, um Povo, Palha de Abrantes, 2007 (livro editado graças ao patrocínio da Farmácia Silva Tavares e doutros mecenas. Recordamos que a dita Farmácia é propriedade entre outros do Sr.Dr.Paulo Falcão Tavares, nosso querido amigo e correligionário).
Diogo Oleiro et altri -Abrantes, Cidade Florida, 1959 (a bíblia-antigo testamento)
Eduardo Campos-Cronologia de Abrantes no século XX (o novo testamento)
Marcello de Noronha-Materais dispersos para a biografia de João Pico, disponíveis em http://porabrantes.blogs.sapo.pt/
Miguel Abrantes-O Caudilho do Pinhal-Notas apócrifas sobre a carreira e filosofia política do Xerife, disponíveis em http://porabrantes.blogs.sapo.pt/
Suzy Levi de Noronha (socialite) -O charme de João Pico, teórico do carrilhismo rústico, epístolas sobre a civilização e os rurais (Carrilho da Graça e João Pico), epístolas disponíveis em http://porabrantes.blogs.sapo.pt/
Edite Fernandes- O Buíça é do Souto (em preparação)
Edite Fernandes-O Buíça de Lagarelhos e o seu díscipulo João Pico, textos teóricos, disponíveis em
em http://porabrantes.blogs.sapo.pt/
Adérito Abrantes- A fisiologia no Pinhal- notas higiénicas disponíveis http://porabrantes.blogs.sapo.pt/
Ana Soares Mendes-Editoriais na Nova Aliança in Nova Aliança
Cidadão Abt-O Crocodilo Perdido e outros textos disponíveis emhttp://ocidadaoabt-cronicas.blogspot.com
João Pico- O Souto de A a Z in Jornal de Abrantes
João Pico- Eu sou recordista de posts na blogosfera-textos disponíveis em http://picozezerabt.blogspot.com
João Pico- Abrantes rústica-textos disponíveis em http://abrantes-popular.blogspot.com/
D.António Ferreira Gomes, Bispo de Portalegre -Carta ao Major Machado, Presidente da CMA, cópia propriedade dos Arquivos da Casa de Noronha
Candeias Silva e José Martinho Gaspar -''História Virtual'', conjunto de artigos publicados na revista Zahara
Isilda Jana- ''História Humorística''-artigos publicados na revista Zahara
Arquivo do PSD de Abrantes
Colecção de artigos completos da Edite publicados no Ribatejo e no Primeira Linha. (Edite é o pseudónimo feminino do plumitivo de Lagarelhos)
A redacção com a contribuição especial do Sr.Dr.Marcello de Noronha
Eis a biografia do último grande Bispo de Portalegre.
A um príncipe da Igreja e de Portugal.
Deus perdoará aos anões que na Sé de Portalegre viveram de cócoras.
Eu ainda não perdoei.....
Por mais que o meu confessor da Obra, ralhe comigo!!!!
Quanto tempo levou D.António a perdoar a Salazar, a boa parte da Hierarquia cúmplice com o algoz que o exilou, aos bandalhos como o Abade da Lixa que se puseram ao lado da escória em 1975?
Não sei.
Mas foi com homens como D.António que a história da Igreja de Portugal se escreve com H, e não com tipos como Sanches Alves, Agostinho de Moura, ou Augusto César.
Marcello de Noronha
e tenho de aturar gajos como Nelson de Carvalho que criaram ruas com o nome de Álvaro Cunhal ou da beata Pintasilgo e esqueceram D.António.
História
grândola- escavação Igreja São Pedro
montalvo e as ciência do nosso tempo
Instituto de História Social (Holanda)
associação de defesa do património santarém
Fontes de História Militar e Diplomática
Dicionário do Império Português
Fontes de História politica portuguesa
história Religiosa de Portugal
histórias de Portugal em Marrocos
centro de estudos históricos unl
Ilhas
abrantes
abrantes (links antigos)