O Rev. Padre Visconde da Macieira pronunciou esta homilia, cheia de caridade cristã e sabedoria apostólica, na missa por alma de SMF el-Rei D.Carlos e SAR o Príncipe da Beira.
Falamos de caridade, porque o Padre Portocarrero desta vez não disse que o Buíça estaria possesso.
Referiu o sacerdote que também que rezava pelo celerado Buiça e pelo tenebroso Costa, assassinos a soldo de interesses estrangeiros.
''E, como na sua universalidade abarca todos os seres humanos, é também em sufrágio dos regicidas que se eleva esta prece, que pretende reproduzir a oração que, do alto da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo dirigiu ao Pai do Céu pelos seus verdugos (cf. Lc 23, 34). Só perdoando os nossos inimigos, podemos ser também nós perdoados das nossas faltas e sê-lo-emos nessa mesma medida, como aliás expressamente dizemos cada vez que rezamos a oração que o Senhor nos ensinou: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como também nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (cf. Lc 11, 4; etc.). ''
Oração escusada, porque ardem no Inferno, segundo confidenciou a Irmã Lúcia ao Cónego Freitas
OFÍCIO REAL E A DUPLA FILIAÇÃO DE CRISTO
(Homilia na missa de sufrágio por el-Rei D. Carlos e o Príncipe Real)
Igreja de São Vicente de Fora, 1-2-2017
Nesta quarta-feira da quinta semana do tempo comum, a liturgia da palavra recorda-nos este regresso de Jesus a Nazaré, onde se tinha criado, na santa companhia de sua Mãe, Maria, e de seu marido, José. A não referência, nesta ocasião, a este último, também ausente no relato das bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-11), leva a crer que, com toda a probabilidade, era já falecido em ambas ocasiões. Embora se omita o nome de São José, a menção que se faz da profissão que Jesus exerceu naquela povoação da Galileia, antes de iniciar a sua vida pública, evoca de algum modo o santo patriarca, de quem o Filho de Deus terá aprendido esse ofício.
Extinto, na pessoa do Senhor D. Manuel II, o ramo primogénito da dinastia brigantina, não está contudo extinta a Família Real, hoje representada por Sua Alteza Real o Senhor Duque de Bragança. Como sucessor dos Reis de Portugal, compete ao Senhor D. Duarte mandar celebrar esta Missa de sufrágio, piedoso encargo que anualmente se repete e a que sempre se associam inúmeros patriotas portugueses, de todas as condições sociais e filiações políticas. É pois ao Senhor Dom Duarte, bem como a Sua Alteza Real a Senhora Dona Isabel, Duquesa de Bragança, que devem ser dirigidos os nossos pêsames pelas vítimas do regicídio, na renovada esperança de que as novas gerações da Família Real, também aqui representadas na pessoa do Senhor Dom Afonso, Príncipe da Beira, perpetuem as gloriosas tradições da Casa de Bragança, ao serviço de Deus e de Portugal.
Cumpre-me também saudar, com especial deferência, o Senhor Presidente da Causa Real, bem como todos os ilustres membros da respectiva direcção. Devo também uma palavra de especial reconhecimento ao Senhor Presidente da Real Associação de Lisboa que, seguindo a tradição dos seus predecessores no cargo, teve a bondade de requerer os meus préstimos para este honroso serviço à Família Real.
É também uma muito salutar tradição a significativa presença de cavaleiros e damas das ordens dinásticas de Santa Isabel e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, bem como da Soberana Ordem Militar de Malta e da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém.
Também saúdo todos os demais fiéis que participam nesta celebração eucarística que, como renovação incruenta do sacrifício redentor de Cristo, não se pode confundir com nenhum acto de afirmação política, nem pode ser entendida como expressão de um qualquer culto nacionalista. A fé cristã é, pela sua própria natureza, transcendente e universal, ou seja, não impõe nenhuma particular solução política para os problemas sociais, nem é exclusiva de nenhuma nação, mas universal, ou seja, católica. E, como na sua universalidade abarca todos os seres humanos, é também em sufrágio dos regicidas que se eleva esta prece, que pretende reproduzir a oração que, do alto da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo dirigiu ao Pai do Céu pelos seus verdugos (cf. Lc 23, 34). Só perdoando os nossos inimigos, podemos ser também nós perdoados das nossas faltas e sê-lo-emos nessa mesma medida, como aliás expressamente dizemos cada vez que rezamos a oração que o Senhor nos ensinou: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como também nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (cf. Lc 11, 4; etc.).
Também é certo que, com doze anos apenas, tendo Jesus ido com seus pais, Maria e José, a Jerusalém (cf. Lc 2, 41-51), já nessa ocasião deixou surpreendidos os doutores do templo (cf. Lc 2, 47), porque as suas falas não eram certamente as que seriam de esperar do filho do carpinteiro de Nazaré… A admiração, aliás, não foi só dos sacerdotes e escribas, mas também de Maria e José que, depois de três dias à sua procura, finalmente O encontraram no templo de Jerusalém. Interrogado o filho adolescente sobre aquela sua misteriosa fuga, que foi motivo de tão grande aflição para seus pais, a resposta de Jesus foi ainda mais intrigante: “- Porque Me procuráveis?! Não sabíeis que devo-Me ocupar nas coisas de Meu Pai?” (Lc 2, 49). São Lucas, o único evangelista que refere este episódio, o único também da adolescência do divino Mestre que chegou até nós, esclarece que Maria e José não compreenderam o que então Jesus lhes disse, mas que com Ele voltaram para Nazaré, onde Jesus lhes era submisso (cf. Lc 2, 50-51).
Estas palavras de Cristo a Nossa Senhora são também as primeiras, por Ele proferidas directamente, de que há memória. É muito significativo que as mesmas sejam uma explícita e bastante surpreendente afirmação da sua filiação divina. Explícita porque, sem qualquer tipo de ambiguidades, Cristo refere-se a Deus como seu Pai, não como seu Pai dos céus, ou seu outro Pai, mas como seu único Pai (cf. Lc 2, 49). Daí o escândalo, porque Maria tinha acabado de se referir a seu marido, José, como sendo pai de Jesus: “Filho, porque procedeste assim connosco? Eis que Teu pai e eu Te procurávamos cheios de aflição!” (Lc 2, 48). Não terá sido fácil para José, nem para Maria, ouvir aquelas palavras de Jesus, muito embora para nenhum dos dois fosse novidade a filiação divina daquele que era também tido como seu filho e que o era, de facto, de Maria.
Alguns exegetas fundamentam esta paternidade de José do seguinte modo: do mesmo modo como o dono de um campo é também dono dos frutos das árvores que nele houver, assim o marido é também dono do fruto da mulher que lhe pertence por matrimónio: se Jesus é o fruto do ventre de Maria e Maria é, pelo seu casamento, de José, então Jesus é também de José.
Se Nossa Senhora, que, melhor do que ninguém, conhecia como tinha concebido virginalmente o Filho de Deus, dá a Jesus, no episódio do menino perdido e achado no templo (cf. Lc 2, 41-51), o tratamento de filho de José, não será descabido que a Igreja também reconheça a José essa especial paternidade em relação a Jesus de Nazaré.
Por via desta filiação que, mesmo não tendo fundamento genético, é verdadeira e legal, não só Jesus era filho de José, como também membro da família e casa de David. É nele que se cumpre a profecia feita ao segundo rei de Israel, de que um seu descendente se sentaria para sempre no seu trono, isto é, o Messias seria, segundo a sua linhagem humana, descendente do Rei David. É provável que, embora por via paterna Jesus não pudesse descender desse monarca, fosse efectivamente seu descendente por via materna, na muito plausível suposição de que seus pais fossem remotamente aparentados pela sua comum ascendência davídica.
Sem querer entrar em intrincadas argumentações genealógicas, acrescente-se que, sendo o Rei David do ano mil antes de Cristo, aproximadamente, a grande maioria, se não mesmo a totalidade, dos judeus existentes ao tempo de Jesus, seria muito provavelmente descendente de David. De modo análogo, um físico português provou, matematicamente, que todos os portugueses actuais são, se de origem também lusa, descendentes de D. Afonso Henriques, bem como de todos os seus contemporâneos que tiveram geração.
A filiação de Jesus, em relação a José, relaciona-se com a sua filiação divina na exacta medida das palavras por Ele proferidas no templo, quando afirma que, como Filho que é do Pai, deve-se ocupar das coisas de Deus (cf. Lc 2, 49). Como seu Filho, Cristo, no templo que é a casa de seu Pai, estuda e questiona tudo o que respeita à Lei e aos profetas; mas, como filho ‘legal’ do marido de Maria, Jesus também se ocupa, na oficina de José, “nas coisas de seu pai”, primeiro como seu aprendiz e, depois da morte de José e até ao início da sua vida pública, como artesão e mestre da oficina que herdou do esposo de Maria. Com efeito, o Evangelho não só atribui a José essa profissão como também reconhece a Cristo esse mesmo ofício (cf. Mc 6, 3), pelo qual seria conhecido e estimado em Nazaré.
Com que alegria São José iniciaria Jesus nos segredos da sua arte! Com que santo orgulho o filho de Maria se identificaria como sendo da mesma profissão de seu pai terreno, primeiro como seu aprendiz e, depois, como mestre do mesmo ofício! Todos nós, quando tomámos consciência de que algum dia teríamos que exercer também uma profissão, teremos pensado primeiro na dos nossos pais, porque certamente foram os nossos primeiros modelos. Depois, se calhar a vida levou-nos por outros caminhos profissionais, mas nas famílias reais, como a de Jesus de Nazaré, que era da casa e família de David, o Filho não só pode como deve, efectivamente, ocupar-se das coisas de seu pai.
A monarquia, mais do que um desempenho individual, é uma empresa familiar, em que o ofício se aprende e transmite de pais para filhos: assim el-Rei D. Carlos recebeu por herança de seu augusto Pai a coroa portuguesa, do mesmo modo como seu filho, o Príncipe Real, se preparava para um dia lhe suceder no trono lusitano.
Talvez por isso, embora esteja fora de questão a muita valia intelectual do actual chefe de Estado, bem como a do seu imediato antecessor, são por demais evidentes as carências de ambos: o anterior, pelo seu excesso de gravidade; e o actual, pelo seu excesso de afectos. Ambos são, sem dúvida, de grande valia pessoal e intelectual, como as suas brilhantes carreiras universitárias o atestam, mas revelam uma certa incapacidade de conjugar a alteza da missão institucional que lhes foi confiada com aquela prudente proximidade que, neles, parece postiça, mas resulta tão natural quando referida a um monarca.
Não é de estranhar que os presidentes, mesmo os mais queridos pela população, nunca chegam a ser respeitados e queridos como os reis: enquanto aqueles são sempre vistos como funcionários temporários, os soberanos são como que os pais da grande família nacional. Enquanto os chefes de Estado eleitos são, por definição, homens de partido; os reis, precisamente porque se situam para além de qualquer divergência ideológica ou política, são a expressão viva da unidade nacional. Enquanto o presidente, seja ele quem for, é apenas representativo da maioria, por vezes escassa, que o elegeu, o monarca identifica-se com toda a nação, porque encarna a sua história. Enquanto o presidente é sempre uma solução a prazo, muitas vezes em contra-ciclo com o seu antecessor ou sucessor, o monarca é sempre um porta-voz da mesma tradição, por ele recebida quando incumbido da sua augusta missão e por ele transmitida, segundo uma lógica de harmoniosa continuidade e pacífica evolução.
Era grande a admiração dos nazarenos, por ser Jesus “carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão” (Mc 6, 3). Não lhes espantava a sua profissão, porque o supunham filho de outro artesão, José, de quem aprendera a mesma arte e ofício.
Nesta missa de sufrágio e de acção de graças pela vida de el-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real, Dom Luís Filipe, agradeçamos também o serviço que prestaram a Deus e a Portugal, bem como o generosamente realizado por todos os seus augustos antecessores no mesmo ofício, se assim se pode chamar o trono real. Peçamos ainda ao «Senhor dos senhores e Rei dos reis» (Ap 17, 14) que fortaleça com as mesmas virtudes cristãs os que agora representam uma tão nobre e patriótica tradição, para que a nossa Família Real seja, em todo o momento e ocasião, insigne expressão dos valores que, desde há oito séculos, fazem grande Portugal!
com a devida vénia à Real Beira Litoral
Birds of Portugal, The
by Tait, William Chester
1924, 260pp, ISBN: Unknown
(2466)
https://sites.google.com/site/avianreview/Home/review-content/europeiberia
com a devida vénia
Um livro fundamental dum inglês que teve a primeira plantação industrial de eucaliptos em Portugal, mais exactamente em Abrantes, a meias com João Soares Mendes e depois com o filho Manuel Soares Mendes, e que foram também donos da Herdade da Comporta. Se sabemos algo sobre a ornitologia portuguesa foi este culto cidadão britânico que continuou o trabalho de D.Carlos de Bragança, que já tinha publicado um grande livro sobre o assunto. O trabalho foi depois continuado por uma amigo seu, H.V.Coverley
Ver aqui
''
Edição actual
também cheio de referências às aves abrantinas, em parte graças a informações de Mr.Tait.
Como afirma o blogue Biblioteca Ornitológica o autor detectou já :'' uma série de ameaças à avifauna nacional, como a degradação das zonas húmidas ou do coberto vegetal. (...)Destaca-se o texto do toirão (Turnix sylvatica), onde o autor assinala contactos frequentes com esta espécie
na zona de Abrantes.''
Textos entre aspas do blogue citado, com a devida vénia,
mn
Visita de D.Carlos ao Sardoal
mais pormenores sobre a visita no grande blogue Sardoal com Memória
foto da Ilustração Portuguesa
suzy
Esta imagem francesa relata a efeméride que marca o dia
dois marginais, o bastardo do Abade de Vinhais, um tal Buiça e o Costa, cuja filiação desconheço, armados pelo Herédia (que depois do bambúrrio da Rotunda persistiu, todo pimpão, a usar o título de Visconde da Ribeira Brava) e por mais alguns miseráveis, resolveram atacar os Braganças
A Rainha D.Amélia (née Orleans) defende o filho e o marido,do atentado vil dos terroristas,com um ramo de flores....
Realmente só um Buiça é que atacaria à mão-armada uma senhora......
O crime ainda hoje está mal explicado e depois do 5 de Outubro o processo dos miseráveis desapareceu e o senhor Ministro da Justiça, o Afonso Costa que por aqui advogou alguma vez (por exemplo, com procuração do abrantino João Augusto da Silva Martins, que depois o definiria com adjectivos que por pudor me poupo reproduzir) nada fez para apurar a verdade...
Bem se o fizesse era provável que se tivesse de apresentar algemado na Boa-Hora....
Por isso fez como Salazar em relação ao processo referente ao assassinato do General Delgado e de Arajacir Campos
O crime, a que não foram os alheios os homens da Esquerda Dinástica de José Maria de Alpoim, os ''buicionistas'', continua a dividir o país...
Vejo o sr. dr. João Soares, homem de bom senso, a homenagear os heróis...
Acreditar que os facínoras eram gente exemplar, é objectivamente validar, que os sicários que todas as forças políticas alguma vez usaram, são gente respeitável...
Para mim o Buiça tem o mesmo grau de respeitabilidade do sr.Inspector Rosa Casaco, nosso conterrâneo.
Não nego que conheci alguém que era amigo do João Soares e que tentou matar um estadista, o Emílio Santana, um dos homens mais civilizados que conheci
Mas o Emídio era anarquista e os anarquistas sempre defenderam a ''acção directa'' e o atentado como forma de solucionar problemas políticos...
O Emídio era um anarquista coerente, não um assassino a soldo como o Buiça ou o Rosa Casaco...
Por seu turno o Senhor Padre Visconde da Macieira ( editorialista da Nova Aliança) escreve no ''I'' a condenação do regicídio como é habitual...
Mas o artigo é mais moderado que o dos anos anteriores. Temo que o Sr.Padre ainda dê em republicano...
O que esperávamos do nobre presbítero e ilustre titular era uma coisa destas:
A afirmação segura que o Buiça e o Costa estão no Inferno, como o estão, segundo este fresco patrocinado pela Igreja Ortodoxa do Montenegro, Marx, Engels e Tito.
Mas o nobre Visconde da Macieira parece já estar contagiado pelas patacoadas populistas que solta a Santa Sé ultimamente.
Teremos de nomear Frei Nuno Serras Pereira, Capelão dos Braganças?
Nunca se sabe.
MN
Publicamos com o máximo prazer a homilia (grande homilia!!!!) do Rev. Padre Gonçalo Portocarrero de Almeida, Visconde da Macieira, peticionário, grande humanista e editorialista da ''Nova Aliança'' (quando a Srª Drª Ana Soares Mendes está a trabalhar pela Fé), dita na missa que celebrou por alma de SMF el-Rei Dom Carlos e por seu filho, o herdeiro da Coroa, SAR. o Príncipe D.Luís Felipe. A missa foi celebrada em São Vicente de Fora, Panteão da Casa Real Portuguesa.
1. Introdução. «Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “Oreino de Deus é como um homem que lançou a semente á terra. Dorme e levanta-se,noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terraproduz por si, primeiro, a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro naespiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou otempo da colheita”» (Mc 4, 26-34).
Nosso Senhor serve-se do ciclo da vida natural para nos infundir a certeza da esperança, virtude que, com a fé e a caridade, alimenta toda a vidacristã. Depois de lançada a semente à terra e nela enterrada, só seria expectável a sua morte mas, por paradoxal que possa parecer, é esse seu enterramento o princípio da vida que, a seu tempo, brotará.
Também as vidas que tombaram por um ideal nobre são sementes de novos valores: o sangue dos mártires é sementeira de novos cristãos, como o generoso sangue de El-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real, assassinados no dia 1 deFevereiro de 1908, no Terreiro do Paço, é penhor de uma renovada esperança deum tão desejado e urgente renascimento nacional.
Esta comemoração oficial da nefasta efeméride não pretende ser apenas uma sentida e justa evocação de Sua Majestade Fidelíssima e de Sua Alteza Real, mas também uma afirmação de fé cristã e de fervor patriótico, na expectativa de umanova era na multissecular história de Portugal.
A esta sentida homenagem não se pode deixar de associar, por imperativo evangélico – «não separe o homem os que Deus uniu» – Sua Majestade Fidelíssima a Rainha Dona Amélia, bem como seu augusto filho, El-Rei D. Manuel II, cujos corpos descansam também no Panteão da Casa Real, anexo a esta Igreja de São Vicente de Fora, a cujo Reitor muito agradeço a cedência do espaço sagrado para esta celebração. Nestes últimos membros do ramo primogénito da Família Real, cumpre também saudar todos os Rei se Rainhas, Infantas e Infantes da Casa de Bragança, a todos unindo numa mesma prece de gratidão e de piedoso sufrágio pelas suas almas.
2. Cumprimentos. Antes de prosseguir com o comentário dos textos agora proclamados, é minha obrigação saudar muito especialmente Suas Altezas Reais os Senhores Duques de Bragança,não só nas suas insignes pessoas, mas também nas inúmeras gerações dos seus augustos Avós, e de Avós dos seus Avós, que, enquanto Chefes da Casa Real, tão dignamente representam.
Cumprimento também, com toda a deferência, a Causa Real, aquire presentada pelo seu Vice-Presidente e pelo Presidente do se Conselho Superior,a Real Associação de Lisboa, a quem agradeço a gentileza do convite para presidir a esta celebração eucarística, o Instituto da Nobreza Portuguesa, a Associação da Nobreza Histórica de Portugal, os dignitários das Ordens dinásticas de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Santa Isabel, e ainda uma expressiva representação das ordens pontifícias do Santo Sepulcro de Jerusalém, na pessoa do seu Lugar-Tenente, e da Ordem Soberana e Militar de Malta, representada peloPresidente da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses.
Uma menção particular é ainda devida aos numerosos membros das diversas Reais Associações e da Juventude Monárquica que, pela sua entusiástica presença,permite crer na perenidade destes seus generosos ideais.
Saúdo também quantos fiéis quiseram participar nesta Santa Missa,quaisquer que sejam as suas convicções políticas, porque a celebração eucarística, máxima expressão da liturgia eclesial, a todos une na fé católicae apostólica, abraça na mesma caridade e alenta na mesma e única esperançasobrenatural.
3. Uma questão de identidade nacional. Une-nos a este altar a fé cristã, que a Igreja professa, e que éa razão deste invisível reino de Jesus Cristo Nosso Senhor, Rei de Reis e Senhor de Senhores.
O povo cristão não se define principalmente por uma terra, porque até a pátria terrena do Filho de Deus conta apenas, infelizmente, com uma exígua presença católica. Não se estabelece em virtude de uma língua oficial, pois os cristãos não comunicam entre si através de nenhum idioma comum, nem falam segundo o modo humano em que se expressava aqui na terra o seu divino Fundador. Não decorre de uma determinada organização política ou administrativa, porque são muitas e muito variadas as sociedades que se filiam no espírito cristão, sem outro condicionalismo que o imposto pelos princípios éticos naturais e peloscritérios morais do Evangelho.
Então, que povo é este que não tem uma terra própria, nem uma língua comum, nem uma específica organização jurídica?! Onde radica a sua identidade?Na fidelidade a Alguém que sendo, perfeito homem, é também Deus perfeito, na comunhão do Pai e do Espírito Santo. É Jesus Cristo, Nosso Senhor, a razão de ser do povo que somos e da história que é d’Ele, porque a Igreja mais não é do que a sua real presença no espaço e no tempo.
Se a personalidade se afere pela memória, enquanto registo cronológico deuma existência que, não obstante as diversas fases da vida, se afirma sempre a mesma, porque referida a um mesmo e único sujeito, a história pátria é o factor mais determinante da identidade de uma nação. Mais do que os acidentes geográficos, as riquezas naturais, a língua ou as especificidades jurídico-constitucionais, é o nosso passado comum que dá razão da nossa condição de portugueses. Por isso não somos apenas mais um povo peninsular, nem muito menos um mero Estado europeu, no concerto cada vez mais desconcertado deum continente à deriva, mas uma unidade de destino no universal. E, se o somos,aos nossos Reis, mais do que ao território ou à nossa língua, o devemos.
Foi a vontade de D. Afonso I que desgarrou este torrão à monarquia leonesa e lhe deu uma individualidade muito própria e específica. Foi a coragem de D. João I que, com o imprescindível auxílio do Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira, em religião São Nuno de Santa Maria, fez possível a ousadia deAljubarrota, quando o exército castelhano ameaçava a independência nacional.Foi a audácia de El-Rei D. João IV que, com a destemida colaboração dos quarenta conjurados, deu à nação portuguesa a força de que carecia para se libertar do jugo filipino.
Queremos crer que quem hoje representa tão insignes exemplos de patriotismo,é também a bandeira que une todos os verdadeiros portugueses que, conscientes do dom da sua identidade, amam e defendem a independência e a soberania nacional.Queira Deus que aos patriotas de agora não falte, como não faltou em 1385 e em 1640, a coragem de arremeter contra os inimigos da nação, nem a liderança firme do seu Chefe natural, que é quem, por ser o representante do fundador da nacionalidade e de todos os seus sucessores na chefia do Reino, é também o indiscutível herdeiro do património histórico da nação. Se se pretende ar efundação do Estado, pois que seja na fonte inesgotável da nossa tradição,porque só assim se poderá garantir que essa nova configuração nacional corresponderá, efectivamente, à identidade do povo que somos.
4. Uma monarquia cristã. Se alguma nota caracteriza, desde os seus primórdios, a monarquia lusitana é, precisamente, a sua estreita vinculação à religião cristã. Por este motivo, epela ininterrupta vassalagem dos nossos monarcas à cátedra de Pedro, mereceram o tratamento de Fidelíssimas Majestades, ao jeito de como também o soberano castelhano se diz Católico, ou Cristianíssimo o rei francês.
É certo que a monarquia há-de ser, como sempre foi, um regime inclusivo eque, portanto, não seria de propor um anacrónico regresso a uma hipotética confessionalidade do Estado. Mas a abrangência da mais alta magistratura não pode ser óbice para o cumprimento da sua iniludível função moral. O carácter partidário de qualquer candidatura presidencial vincula necessariamente o Chefe de Estado que, por mais que se invoque como sendo de todos os portugueses,nunca perde a sua especial conotação com as forças políticas de que procede e aque deve a sua eleição. Não assim com a chefia natural do soberano, cuja legitimidade não procede de uma força partidária, mas da tradição nacional que,por isso, não conhece outro compromisso que não seja com os valores morais queinformam a nossa identidade histórica. Ora a expressão ética mais elevada euniversal é a que decorre dos princípios evangélicos, pelo que a condição cristã do monarca não só não é um impedimento para a sua universal aceitação como, pelo contrário, é garantia de que exercerá os seus deveres constitucionais com aquela exemplaridade em que se funda a verdadeiraautoridade pública.
Assim se verificou na história gloriosa da monarquia lusitana, porque muitos são os que figuram na galeria dos santos da família de Bragança que, por ser a nossa Casa Real, tanto honra Portugal.
A este propósito recorde-se que, logo na primeira dinastia, se destacam três Infantas de Portugal, filhas de El-Rei D. Sancho I, que subiram ao saltares: a Beata Mafalda, que foi Rainha de Castela pelo seu casamento, rato enão consumado, com o Rei Henrique I, e depois professou no convento de Arouca;a Beata Teresa, Rainha de Leão, também ius uxoris, que igualmente se consagrou a Deus na vida religiosa, no mosteiro de Lorvão; e a Beata Sancha, que tomouhábito no Convento de Celas, em Coimbra, por ela fundado e onde foi exemplo heróico das virtudes cristãs.
Santa Isabel, nascida Infanta de Aragão e que acedeu ao trono de Portugal pelo seu casamento com El-Rei D. Dinis, foi formidável exemplo de rainha, demulher e de mãe. Já nos alvores da dinastia de Aviz, o povo canonizou Dom Fernando, o Infante Santo, decerto pela sua edificante morte no cárcere mouro,em testemunho de amor à pátria e de fidelidade à santa religião.
Em plena era de expansão, surge mais uma Infanta santa, a Bem-aventurada Joana, filha de El-Rei D. Afonso V e da Rainha D. Isabel de Portugal, a quem o povo de Aveiro distingue com uma especialíssima devoção e trata, com aaquiescência eclesial, por Santa, pois nunca se deixou seduzir pela glóriapassageira dos reinos deste mundo, porque maior era o seu amor a Cristo e aoReino dos Céus.
Muitos outros, decerto, teriam cabimento neste incompleto rol, mas osexemplos referidos chegam para concluir que uma aura de santidade distinguiu a Família de Bragança e que este é, sem dúvida, o principal pergaminho desta Casa Real e uma das mais subidas graças com que foi distinguida, pela divina providência, esta Terra de Santa Maria, Rainha e Padroeira de Portugal.
Queira Deus que se mantenha sempre viva, na Casa de Bragança, esta piedosa tradição e que quantos se revêem nesta Família e lhe prestamfidelidade, dela aprendam a honrar os seus compromissos cristãos.
A sociedade actual precisa mais de testemunhos do que de testemunhas,porque as obras falam mais alto do que as palavras que o vento leva. A verdadeira fidalguia é a do espírito e, por isso, não pode ser nobre quem nãohonra a sua fé, quem não mantém a sua palavra dada, quem não é fiel aos seus compromissos matrimoniais e familiares, quem não tem uma conduta profissional honrada, nem quem não pauta a sua vida social pela primazia do serviço e da solidariedade, sobretudo com os mais pobres. O marialvismo é apenas uma grosseira caricatura deste ideal de fidalguia, porque quem vê na sua ilustre ascendência apenas um privilégio e não uma renovada e mais exigente responsabilidade social, não é digno da nobreza do seu sangue, nem pode contribuir validamente para a construção de uma sociedade melhor. O exemplo aseguir é sempre o de Cristo, que não veio ao mundo para ser servido, mas paraservir e dar a sua vida pelos homens.
5. Uma monarquia humanista e social. Ao contrário do que sói dizer-se, a monarquia, embora reconhecendo o mérito dos melhores dos melhores,nunca foi nem pode ser elitista. Pelo contrário, o monarca foi sempre o principal aliado do povo, precisamente contra as oligarquias ou as estruturas intermédias que, de algum modo, ameaçavam os seus direitos fundamentais. A esse desvelo dos soberanos pelos seus súbditos mais modestos se deverá seguramente a devota fidelidade destes ao Rei e à Família Real, seus aliados históricos. Com efeito,em qualquer circunstância, o menor dos servos podia recorrer à presença régia,na certeza de que a sua causa, embora julgada com imparcialidade, não seria esquecida.
Não é só o colectivismo totalitário que desrespeita os direitos fundamentais, porque também o liberalismo individualista representa uma gravíssima ameaça social, sobretudo para os cidadãos mais carentes. Hoje, em Portugal, morre-se antes até de nascer e há quem impunemente defenda um inverosímil direito a matar os mais velhos, antes de chegado o termo natural dasua existência terrena, com o pretexto da sua aparente inutilidade em termos económicos. Há filhos abandonados pelos próprios pais, graças ao divórcioe xpresso, e cônjuges reduzidos à miséria, porque a liberdade irresponsável gozado favor das leis e poderes públicos, que não tutelam a parte mais débil da relação, nem os legítimos interesses da indefesa prole.
A título de exemplo, permita-se a referência a um dado histórico muitosignificativo do carácter eminentemente personalista da monarquia lusitana.Como é sabido, nem todos os soberanos reinaram até à sua morte, porque alguns houve que, por razões várias, foram excluídos do exercício efectivo da realeza.Assim aconteceu, por exemplo, com os Reis D. Sancho II e D. Afonso VI,afastados do trono ainda em suas vidas e substituídos nas funções reais pelos seus irmãos e imediatos sucessores, que vieram a reinar com os nomes de D.Afonso III e D. Pedro II, respectivamente. Também a Rainha D. Maria I nã oesteve à frente da governação do reino até à sua morte, por incapacidade resultante de doença grave, que obrigou à sua antecipada substituição pelo que, com o título de Príncipe Regente, viria depois a ser El-Rei D. João VI.
Pois bem, muito embora estes três monarcas, por diferentes razões, que não interessa ao caso apreciar, tivessem sido depostos, todos mantiveram o título e tratamento correspondente até ao fim dos seus dias. Uma tal atitude,muito embora sem significativas implicações práticas, releva contudo uma enorme consideração pela pessoa e pela sua dignidade, mesmo quando afectada por alguma circunstância inabilitante do exercício do poder.
Esta primazia da pessoa, com independência da sua utilidade, afigura-se de um grande valor, sobretudo nestes tempos em que, por exemplo, a prática generalizada da interrupção voluntária da gravidez e da eutanásia, reduziu o ser humano a um mero factor de realização emocional e de produção. A Igreja ensina que a vida humana é sagrada, quaisquer que sejam as modalidades que apresente, e a monarquia portuguesa foi um vivo exemplo deste imenso respeito pelo ser humano e pela sua dignidade, mesmo quando a existência de alguém aindanão tem, ou já deixou de ter, as funcionalidades necessárias para uma vidagratificante, ou economicamente viável.
6. O regicídio e a implantação da república. «Lembrai-vos dos primeirosdias – escreve o autor da Carta aos Hebreus – em que, depois de terdes sido iluminados, suportastes tão grandes edolorosos combates, ora expostos publicamente aos insultos e tribulações, oratornando-vos solidários com os que eram assim tratados» (Heb 10, 32-3x).
O dramatismo do relato desta epístola parece evocar os tempos difíceisque a pátria sofreu em 1908 e, dois anos depois, com a instauração de um novo regime político. Muito embora a república se tivesse afirmado do povo e para o povo, a sua prática foi elitista, limitando até o número dos eleitores aptos para a participação nos plebiscitos nacionais. Não só a liberdade política foi drasticamente prejudicada com a instauração do regime republicano, como também a liberdade religiosa foi praticamente abolida, com medidas que lembram os piores regimes totalitários. Algo semelhante ocorreu também com a liberdade de imprensa, formalmente reconhecida pelo Estado surgido do golpe de 5 de Outubro de 1910, mas depois de facto abolida pelas sistemáticas investidas contra as publicações patrocinadas por tendências não afectas às forças governamentais.
Neste sentido e sem exagero na análise, pode-se dizer que os monárquicos e os cristãos que ousaram enfrentar o opressivo regime republicano foram então os verdadeiros defensores da liberdade. Pelo contrário, quantos se opuseram, às vezes até com violência, à propagação dos ideais monárquicos e dos princípioscristãos, ainda que em nome de uma ideologia supostamente democrática e livre,ficaram objectivamente conotados com uma prática totalitária que não honra a História de Portugal.
Mas o valeroso esforço por que tiveram que passar quantos, não obstante a mudança política, se mantiveram firmes na fé e na fidelidade à Pátria e ao Rei,não foi em vão. «De facto – prossegueo inspirado autor da Carta aos Hebreus – compartilhasteso sofrimento dos prisioneiros e aceitastes com alegria a espoliação dos vossosbens, sabendo que possuís riqueza melhor e duradoira» (Hb 10, 32-39).
Não foram poucos os sofrimentos por que muitos portugueses de boa cepa tiveram que passar, como consequência do advento do regime intolerante nascido no início do quarto trimestre de 1910. Famílias houve que foram espoliadas dos seus bens, não poucos combatentes experimentaram as agruras do cárcere e todos,de uma forma ou outra, foram «expostos publicamente aos insultos e tribulações» (Heb 10, 32-39).
Em tempos difíceis, como a hora presente, há que renovar a fé em Deus e em Portugal: «não queirais portanto,perder a vossa confiança, que terá uma grande recompensa. Vós tendes necessidade de perseverança, para cumprir a vontade de Deus e alcançar os bensprometidos. Porque “ainda um pouco e bem pouco tempo, e Aquele que há-de virnão tardará”» (Hb 10. 32-39).
7. Conclusão. «Já chegou o tempo da colheita» (Mc 4,26-34), e, portanto, a certeza de que a semente lançada à terra, não há-deficar infecunda, mas produzirá a planta, depois a espiga e, por fim, o trigomaduro na espiga (cfr. Mc 4, 26-34).
Ao saudar Maria, a que é bendita porque bendito é o fruto do seu ventre,renovemos a nossa fé e o propósito de uma vida mais autenticamente cristã, paraque cada um de nós, tendo cumprido a sua missão eclesial e patriótica, possadizer com o poeta «que, da obra ousada, éminha a parte feita: o por-fazer é só com Deus».
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