Isabel era uma mulher de armas. Tinha-o herdado da mãe, Isabel de Portugal que impusera ao marido a decapitação de Álvaro de Luna, Condestável de Castela, valido do Rei e dizem as más línguas, que sempre acertam, amante de Juan II.
Estava refugiada no Castelo de Abrantes, Joana, mal chamada a Beltraneja, Rainha derrotada de Castela e Leão e madrasta do rei D. João de Portugal. Era a viúva do velho Afonso V.
Os espiões de Isabel, a quem a História chamaria a Católica, pelo seu empenho assassino em queimar judeus, estavam atentos a qualquer movimento da ''Excelente Senhora'', que era a legítima soberana do país vizinho.
Tinham humilhado os lusos, obrigando Joana a professar e a ser uma prisioneira. D.João aceitara o ''diktat'' e transformara o reino num satélite de Castela.
Mesmo assim, achava que podia usar Joana como arma contra Isabel.
E às escondidas, retira-a de Santa Clara de Coimbra, e estava em Abrantes. . A espionagem de Isabel, a Inquisidora, detecta-a na vila e expressa, via diplomática, o seu sarcástico protesto:
(1)
Ao mesmo tempo, concentram-se as hostes feudais na fronteira. D.João, o Príncipe Perfeito, só tem uma alternativa, ceder. Derrotado em Toro, pelas hostes de Fernando de Aragão, toda a vida arrastará a desonra de ter forçado a madrasta a professar, porque assim o determinara Isabel.
Embora, por várias vias tenha tentado enganar a Rainha de Castela, esgrimindo sempre Joana, como arma política.
(1) Carta publicada por Fray Modesto Sarasola, OFM, Isabel la Católica y Juana La Beltraneja, Cadernos de Historia Moderna, U.Valladolid,1955
Em 1483, D. João II manda aos juízes da Vila de Abrantes que seja feita uma auditoria (que na época se chamava Inquirição) ao Hospital e confraria de Santa Maria da Caridade, do Sardoal, para verificar se se aplicava bem o seu regimento, dadas as notórias suspeitas que havia de escândalos e irregularidades nessa casa. (1)
Recusa ainda um nome, Diogo Gil, para a administrar, porque o tipo andava associado a esse mau governo.
O exemplo do Príncipe Perfeito continua actual.
mn
(1) Maria Helena Cruz Coelho, D. João II, O Senhor do Pelicano, da Lei e da Grei, Lisboa, 2005
D.Álvaro de Bragança era bisneto do Condestável e de D.João I e caiu em desgraça quando D.João II se lançou no assassinato e na mais vil perseguição contra a alta nobreza.
Morreria no exílio em Segóvia, em 1503, sendo Presidente do Conselho Régio da Coroa de Castela.
Mas do exílio não deixou de chamar mentiroso a D.João II e para o fazer acusou-o de falsificar papéis
Dizia D.Álvaro que o Rei queria arranjar pretextos legais para lhe roubar os bens e para justificar as perseguições.
O documento é publicado por António Caetano de Sousa, na História Genealógica
E mete no assunto Lopo de Almeida que lhe cedera por troca o Castelo de Torres Novas.
Curiosamente nessas coisas locais onde sai canonizado Lopo, esqueceram-se desta passagem.
ma
Isabel Afonso, moradora em Montemor-o Velho, denunciou falsamente o marido por ''sodomita''.
D.João II acabou por lhe perdoar, por instrumento passado, em Abrantes.
Chancelaria de D. João II, Livro 26, fl. 602
citado por Wilson Gomes, ''O crime em Portugal no final do século XV: uma janela para a sociedade medieva?''
Universidade do Porto, Faculdade de Letras, 2015
No ''Expresso'', uma senhora noticia que o Príncipe D.João, filho de Afonso V, fez um estágio , em Florença, junto de Lourenço, o Magnífico, ditador local e banqueiro dos Reis de Portugal.
D.João II quase nunca saiu da Península, apenas o fez para combater a moirama, nas campanhas africanas d'el. Rei Afonso.
E passou a raia sobretudo para combater castelhanos (e aragoneses) defendendo a madrasta, Juana, a Excelente Senhora.
Distinguiu-se comandando a hoste lusa na batalha de Toro, funesta para as armas lusas.
Já não há editores no Expresso????
ma
ver o artigo de Veríssimo Serrão no Dicionário de História de Portugal
El Rey D.João, o Segundo, estacionava na sua vila de Abrantes, era 1483 e o monarca aplicava justiça com ferocidade e dureza.
Apresentou-se ao monarca Isabel Afonso, de Montemor-o Velho, pedindo perdão.
Acusara falsamente o marido, Estevão Pires, de ser um perigoso e vicioso sodomita.
O Pires fora parar às masmorras por ''pecado nefando'' não sabemos se com meninas ou meninos.
Aduzia a miserável, que fora induzida por seu pai, João de Castilho, a jurar em falso, para pressionar o marido, a pagar umas conta da boda, que estavam por pagar.
O Estevão fora ilibado e solto e naturalmente processara a denunciante.
Para compor o choradinho, a Isabel dizia que fizera a jura, ''menina e moça'' não sabendo o que dizia.
El-Rey mandou perdoar-lhe com a condição de pagar mil reais para a Arca da Piedade, que a Isabel prontamente satisfez, a Frei João de Santarém, esmoler mor do Príncipe Perfeito.
Se todas as denunciantes falsas de maus-tratos, incluindo a cacique de Tomar, apanhassem a justiça de D.João, outro galo cantaria.
Mas o que conseguem na generalidade, é o consolo dos serviços sociais e o difamado que se lixe.
E com fama de sodomita, ficou Estevão Pires, até que Manuela Mendonça desenterrou o documento, que foi estudado e publicado por Isabel Queirós, in
''Theudas e Mantheudas, A criminalidade feminina no reinado de D. João II através das cartas de perdão (1481-1485) '', Porto, 1999
mn
ps-a pena da amásia do padre João de Abrantes fica para outro dia....
É o que aponta Mestre Sanjay
in The Career and Legend of Vasco Da Gama, Sanjay Subrahmanyam, página 49, com a devida vénia (há tradução lusa)
Garcia de Resende diz que o Duque de Viseu foi acusado de querer matar D.João II com ''ferro ou com peçonha''.
E se Sanjay sugere que o abrantino estava implicado na conjura aristocrática, haverá que juntar ao curriculum do Vice-Rei, o labéu de regicida frustrado.
ma
Espero que alguma rivalidades intestinas clericais e locais não se resolvam assim, como contam na
A história da morte do Bispo Almeida é polémica, embora César Bórgia, filho dum Papa, fosse, enquanto artista renascentista dos sete-ofícios, capaz de despachar um adversário de qualquer maneira.
Um bom especialista de temas de quinhentos e da história dos Almeidas, talvez o maior em Portugal, Américo Costa Ramalho, diz que ele morreu de morte natural.
Que chatice, com veneno era mais renascentista!
Se fosse assim e tivesse havido veneno, quem sabe se a terna Rainha Dona Leonor não gostaria de antes do Bórgia, despachar o Almeida, para vingar o irmão, assassinado por D.João e garantir o trono ao outro, D.Manuel I.
Bom tema para romances e hipóteses históricas.
As devoções dos Almeidas a D.João II e a conspiração contra D.Manuel podem-lhes ter custado o Condado de Abrantes.
Quando a João II, morto em Alvor, entre Almeidas,a hipótese de o terem envenenado não está descartada, como aliás Paulo Drumond Braga, um estudioso de referência, admite nesta obra recente.
mn
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