''D. Lopo de Almeida
Joaquim Vitorino Ribeiro, 1890
Cópia de um exemplar de Francisco Mendes Lima
Óleo sobre tela''
Retrato novecentista do fidalgo de raiz abrantina, D.Lopo de Almeida, que foi um importante benemérito da Santa Casa portuense.
A Santa Casa homenageia e biografa um fidalgo com polémico percurso e que foi um dos principais partidários activos da anexação de Portugal à Monarquia Hispânica e da entronização de Filipe II:
Além da Misericórdia local , outro herdeiro de Lopo foi o seu parente, D.Miguel de Almeida, futuro Conde de Abrantes e paladino da Restauração.
ma
O Baluarte, 1929
Justo de Gant
Francisco della Rovere, em religião, Sixto IV, retira a excomunhão a Lopo de Almeida, conde de Abrantes e à condessa D.Beatriz da Silva, em 28-1-1481.
Estavam excluídos dos sacramentos porque se tinham introduzido no Convento de Santa Clara de Coimbra, sem respeito pelas proibições canónicas, certamente amparados na confiança do Príncipe D.João, que pela altura era o homem-forte do Reino e que os tinha subcontratado para matérias delicadas, entre as quais cuidar da sua barregã Ana de Mendonça, mãe do bastardo D.Jorge, que nasceu em Abrantes nesse ano.
Em Santa Clara tinham internado à força, Juana, Rainha de Portugal e Castela. Saíra de Abrantes para lá.Lopo era o chefe da Casa da Rainha. Em 1481, Juana enviúva do velho Afonso V.
Os tratados com Castela obrigavam-na a professar. O seu confessor, Frei António de Abrantes devia insistir. A Rainha recusou sempre. Em 1484, Isabel a ''Católica'' conseguiu uma bula do Della Rovere para forçar Juana a professar.
Nunca professou e viveu muito e enterrou-os a quase todos. Em 1530, quando morreu a ''Excelente Senhora'', deixou por testamento o trono de Castela a D.João III. O Dicionário Biográfico da Real Academia tem o descaramento de chamar àquela que foi Rainha de Portugal e Castela, apenas princesa.
Juana I, Rainha de Castela e Senhora de Biscaia, Rainha consorte de Portugal
O autor, um medievalista respeitado, Luís Suarez Fernandez, deixou-se levar pelo mais puro fanatismo castelhanista.
mn
PS-Foi numa das mais prestigiadas revistas de História Franciscana que se deu a notícia da excomunhão .
Fica aqui dada ( quem quiser a referência bibliográfica, faça favor de pedir para o blogue, ) para ajudar a pobreza franciscana das biografias camarárias do conde abrantino. Para situar Lopo, o melhor são os estudos de Humberto Baquero Moreno e Hermínia Vilar.
''Relativamente à administração territorial, Abrantes foi entregue ao domínio senhorial em 1476, com a nomeação de D.Lopo de Almeida como primeiro Conde da Vila. Este novo poder intermédio, concedido à única família nobre existente em Abrantes, foi aumentando durante toda a Idade Moderna'' (...)
Ana Paredes Cardoso, p. 14 do livro ''património edificado Centro Histórico de Abrantes''
O despautério continua.
O domínio senhorial já existia pelo menos 200 anos antes.
A Hermínia Vilar situou esse momento entre 1281-1287 com a doação do senhorio a Isabel de Aragão. D.Fernando atribuiu o senhorio a Leonor Teles, barregã do monarca e depois Rainha.
E parece-me que há uma doação a outra rainha antes.
Mas por razões de economia do post vou cingir-me ao período posterior a D.Dinis.
A doação a Santa Isabel foi efectiva?
Foi. Os notários locais, os tabeliães, intitulavam-se ''da Rainha'', diz Hermínia Vilar .
O primeiro Almeida a ter direitos senhoriais na vila não foi Lopo, mas o seu antepassado Fernão Álvares de Almeida em 1400 (Vilar. p.84).
O poder dos Almeidas não foi aumentando abruptamente ''durante toda a Idade Moderna'' , D.Manuel diminui-o drasticamente ao atribuir o senhorio da vila ao seu filho o Infante D.Fernando, Duque da Guarda, que viveu na vila e foi enterrado em São Domingos.
D.Manuel também não renovou o título de Conde de Abrantes, que só voltou a ser atribuído depois de 1640.
Devo parar as críticas a este espantoso parágrafo ?
Não.
A Senhora Ana Paredes Cardoso sustenta que os Almeidas eram a ''única família nobre existente em Abrantes''.
Como é que ela sabe?
Encontrou um nobiliário abrantino inédito de 1476?
Um nobiliário que escapou a Diogo Oleiro, Eduardo Campos e à Hermínia Vilar?
E a Alexandre Herculano que também esteve aqui rebuscando papéis velhos?
E a Anselmo Braancamp Freire, o dos Brasões da Sala de Sintra?
E ainda ao Marquês de Abrantes, depois de Braamcamp, o historiador que mais sabia de nobres?
Em 1396 sabemos que Fernão Martins Coutinho tinha casa no Castelo e herdades no termo. A lista do seu pecúlio está na Torre do Tombo.(Vilar, p.36)
Não era nobre o Coutinho?
A nobreza também se divide em categorias e dedicava-se às armas, com as chatices que isso traz.
Ora bolas, não serei eu que retirarei foro de nobreza ao Diogo Delgado, escudeiro, criado de D.João I, que pela Cristandade jazia cativo em terras de mouros.
Nem Afonso V lhe retirava esse foro.
Quem é a Paredes Cardoso para dizer que Diogo Delgado não era nobre?
Saberia ela mais que Afonso V?
MN
Hermínia Vasconcelos Vilar, Abrantes Medieval Séculos XIV-XV, Abrantes
Um magnífico estudo sobre um Almeida de Isabel Guimarães Sá. Da família condal abrantina, educado sob a tutela de D.Jorge de Almeida, Bispo de Coimbra, D.Lopo fez próspera carreira eclesiástica, mas teve problemas com a Santa Inquisição dado que foi acusado de luteranismo. Espião a soldo de Filipe II, para ele trabalhou nas negociações para aclamar o Ogre do Escorial, nas Cortes de Tomar, Rei de Portugal.
Recebeu a recompensa merecida e continuou, em Castela, próspera carreira eclesiástica. Dado aos negócios dedicou-se à usura, fazendo grossos empréstimos entre eles à única mulher que chegou a ser Jesuíta, a Princesa de Portugal e Infanta de Espanha, Joana de Habsburgo, ou de Áustria.
Quem era a dama?
A mãe de El-Rei Dom Sebastião.
Joana, por Cristóvão de Morais, Hampton Court, Londres, imagem desviada do blogue http://www.triplov.com/casquilho/diamantes/espelho1.htm.
Quando está a morrer, Lopo faz testamento e procura perpetuar a sua memória e a da sua estirpe e naturalmente esconder que fora discípulo de Lutero. Doa todos os seus vultuosos bens a uma Santa Casa, a do Porto
O Hospital da Misericórdia tripeiro será erguido graças aos bens do avisado Lopo e ele ainda hoje é recordado como um dos mais generosos ''benfeitores'' dessa instituição.
O estudo de Isabel Sá dá-nos a descrição preciosa do que eram os bens móveis de uso quotidiano dum grande fidalgo de finais de quinhentos.
E apercebemo-nos doutra vertente dos Almeidas, os negócios e neste caso a usura, prática proibida pela Igreja a um clérigo, como o era Lopo.
MN
Lopo era um típico exemplar da sociedade civil do seu tempo....
Em 30 de Agosto de 2010 escrevi aqui um post ''O falso Conde'' que me deu algum trabalho.
Vinha ilustrado entre outras coisas por esta artística foto do Doutor Candeias tirada pelo director do Jornal de Alferarrede.
Dissertava o post sobre D.Lopo de Almeida, de que não se conhecia (nem conhece) nenhuma representação gráfica e que o Doutor Candeias, seguindo Virgínia Rau, achava que se podia ver nesta imagem.
(vista parcial dum fresco da Biblioteca Piccolomini na Catedral de Siena)
coisa que sugeriu neste opúsculo
Provei eu por a+b+c, citando como obra científica de referência um guia turístico, que as 2 figuras são:
a) o que leva a cruz hospitalária (também chamada de Malta) : ''o membro da Fábrica da Catedral Alberto Aringhieri.''
b) o vestido de preto sem cruz: ''Andrea di Nanni Piccolomini, estando a seu lado a sua mulher Agnese di Gabriele Francesco Farnese.''
Ora em 2008 tinha ganho o Prémio Eduardo Campos uma senhora chamada Andreia de Almeida com uma obra com um título enorme que para resumir chamo ''D.Lopo de Almeida, Memórias do Primeiro Conde de Abrantes''.
É uma obra que me interessa, como me interessa em geral a temática histórica abrantina.
Por motivos vários só agora lhe peguei, especialmente devido à polémica acerca do último Prémio E.Campos aqui abordada.
Acho que vou tratar a obra com a profundidade que merece, se a actualidade deixar.
Para começar quero ralhar com a CMA que levou 2 anos a editá-la , prova que as coisas de cultura são para ela o parente pobre a não ser que provenham da Chefa, ou do chefe dela, o Oeesterbeck.
Hoje quero elogiar Andreia de Almeida por também ela, como eu, paternalmente no meu caso, maternalmente no seu, corrigir o Senhor Doutor Candeias (da Academia de História e do CHELA) quando à identificação das personagens que aparecem no fresco.
A história é uma construção e um aperfeiçoamento contínuo e as viagens ilustram, como concordará comigo, a Andreia, porque é amiga das viagens e, como eu, adepta da utilização dos guias turísticos como bibliografia científica de referência.
Eu fui a Siena e usei o guia
A Andreia usou a edição italiana, bravo por usar o original, ''La Libreria Picollomini nel Duomo di Siena, Scala, Firenze, 1982.
Eu usei a francesa porque é anterior.....
A Andreia, como é muito bem educada, não corrigiu liminarmente o Sr. Doutor Candeias como eu e colocou as 2 hipóteses em confronto, mostrando no entanto que no seu subconsciente se inclinava para a hipótese moderna sugerida pelo guia turístico.
Ambos, eu e a Andreia, cultivamos enorme admiração pela obra do Doutor Candeias, a quem a Andreia a páginas 11, da obra citada, classifica como eminente investigador, coisa que na introdução de qualquer trabalho concorrente ao Prémio Eduardo Campos deve ser feita, como manda a lógica e a ética!!!!
Ambos estamos de acordo que uma obra eminente pode ser contestada por um guia turístico, que no meu caso não me custou 6,5 € porque a a caríssima Mónica mo ofereceu, coisa chata porque me obrigou a gastar 50 € num ramo de rosas vermelhas porque ela, apesar de Marchese é rossa ...... como Enrico Berlinguer.
E ambos estamos de acordo que para as ciências históricas os guias turísticos são uma fonte primária......
Comecei a escrever em italiano, porque decerto, cara Andreia, você sabe a língua de Dante, tão bem como o Doutor Oeesterbck.
Qualquer português, excepto a Senhora de Tabucchi, ao meter-se no toscano se arrisca a erros e acidentes.
Foi o que lhe aconteceu,a si.
academia edu.
Mas antes disso deixe-me dizer-lhe que a sua obra é muito popular entre os autarcas abrantinos, tendo cada um dos vereadores um exemplar que foi lhe graciosamente oferecido pela Presidenta.
Volto à questão do italiano, você diz no seu livro que Alberto Aringhieri (o homem da Cruz de Malta) era um
''operário do Duomo''.
Cara Andreia, o homem está perto do Imperador, vai vestido como um aristocrata, leva a Cruz dos Hospitalários, insígnia que mostra que é Cavaleiro dessa Ordem e a Senhora transforma-o num
OPERÁRIO!!!!!
o que diz o texto é que o Cavaleiro era ''membro da Fábrica da Catedral'' ou seja é da Comissão Fabriqueira do Duomo
este imponente edifício com que os de Siena pretendiam deixar humilhado o Duomo de Florença.....
porque para um patrício ou popular de Siena
Marcello de Noronha
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