Numa entrevista ao Médio Tejo, o Manuel Lopes (aqui numa imagem RTP escoltando Cunhal quando este desembesta ferozes diatribes aos críticos do estalinismo, cuja face mais visível ,em Abrantes, era o dr. Rolando Silva) faz umas revelações interessantes sobre o PREC.
Vamos comentá-las, mas agora vamo-nos concentrar nesta ''ocupação'' de que se gaba o homem.
Segundo as declarações só conseguiram ocupar uma casa que estava devoluta, propriedade da ''senhora Julieta Farinha Pereira''.
O edifício propriedade da D.Julieta era este:
Nele vivia, num andar arrendado, o Dr.Orlando Pereira, subchefe local do PCP, porque a chefa era a mulher, Senhora D. Fernanda Corte Real e Silva Pereira, que na época ainda não era licenciada, porque se formou depois de Abril.
Era a ''chefa'' da quase ausente estrutura comunista local e segundo Eurico Consciência '' mais sectária que Cunhal e Brejenev juntos''.
Quem era a única vítima do Manuel Lopes, o OKUPA????
É a senhora à esquerda da Tia Mary Lucy.
Julieta Farinha Pereira, mulher duma ampla cultura, incorrigível fumadora, era filha de António Farinha Pereira, que fora um dos mais importantes dirigentes republicanos abrantinos, e que ao longo da sua vida manteve uma inquebrantável fé em que a Ditadura cairia.
( ver aqui artigo de AFP na ''República'')
O Carlos Ferrão ainda, em 1963, neste livro evocava essa fidelidade a um ideal liberal....
E o velho Farinha Pereira morrera em 1947.....
O irmão de Julieta Farinha Pereira, o Fernando padecera a cadeia por liberal e maçon, e na cidade proliferavam casas vazias e fascistas, mas o prédio que a D.Julieta erguera, com as suas economias, em vez de ir investir em andares em Lisboa, seria o alvo dum homem que se gaba de ser ''amigo'' dum fascista notório, o Isidro Sequeira Estrela.
Lá impuseram em nome duma legitimidade da treta, o inquilino que quiseram à D.Julieta.
Em 1975, o outro inquilino, o Dr. Orlando Pereira era candidato pelo MDP e cobria-se de ridículo com uma miserável votação nas eleições para a Constituinte, porque um povo sábio viu que o PCP lhe estava a vender gato por lebre.
O MDP era o PC disfarçado.
O Dr.Orlando Pereira, que atravessava circunstâncias financeiras particularmente difíceis, foi nomeado para Notário em Lisboa. Para lá foi.
Era 1975. Ao longo de anos manteve a casa alugada desabitada em Abrantes, com a tolerância da D.Julieta.
Naturalmente a Comissão de Moradores não foi verificar se a Casa do Camarada Orlando estava vazia e se lhe devia ser dado destino mais útil.
Não se faz isso a um Camarada, especialmente se é um Chefe.....
A D.Julieta podia ter despejado o Dr.Orlando, mas achava que não se devia fazer isso, a um homem que atravessava circunstâncias financeiras delicadas e cujo filho padecia a cadeia por motivos políticos.
Também podia ter feito isto ao Manuel Lopes e aos ''okupas''
Não fez, é lá com ela.
Já agora quando é que o Lopes nos conta como é que o Vereador Campante ''roubou'' umas metralhadoras para ajudar a montar uma ditadura, que seria dez vezes pior que o fascismo, nesta terra????
ma
recorte : Tal e Qual
foto do julgamento por dimafação do executivo da CMA por queixa do Anacleto, em que o Manuel Lopes e os outros réus pediram humildemente desculpa ao queixoso. A crónica do Ferreira Fernandes sobre isto é ''imperdível'' ........
O dr. João Esteves, dedica um 3º post à biografia da dirigente comunista e resistente Maria Fernanda Corte Real Graça e Silva e tem a bondade de se referir simpaticamente a este blogue.
O post tem mais algumas preciosas achegas biográficas sobre a jurista abrantina, em parte com base no livro ''Mulheres Portuguesas contra a Ditadura, de Cecília Honório, e revela por exemplo que um bufo abrantino (que espero que não tenha sido aquele que eu penso) enviou para a sede distrital da PIDE/DGS, em 1972, 2 fotos da mulher do Dr.Orlando Pereira, acompanhadas de referências ao filho, o meu amigo, Orlando.
Aqueles que na revista Zahara sustentaram a inactividade política da Drª Fernanda, nas décadas de 60 e 70, têm aqui o desmentido. A Pide seguia com atenção o que fazia... e o que fazia o Orlando...que também seria preso político depois do 25 de Abril. Essa é outra história.
Ainda não li nem o referido livro da Cecília Honório, nem o outro da Vanda Gorjão onde há uma entrevista de Fernanda Silva, onde fala sobretudo do MUD.
Não será demais recomendar que a Biblioteca António Botto compre esses livros, nem que o PCP faça justiça a Orlando Pereira e a Fernanda Silva.
Por mais que esteja nos antípodas ideológicos daquilo em que acreditaram, é naturalmente claro que enquanto Maria de Lourdes Pintasilgo medrava nos corredores do marcelismo, entre entrevista com diplomata ianque e beija-mão ao Cardeal António Ribeiro, a resistência, uma longa resistência à ditadura apostólica e beata, foi realizada por mulheres da fibra da mãe do Orlando.
Já chega de hagiografia beata e também já chega que a história do PCP tenha de ser feita (e muito bem) por historiadores como Pacheco Pereira.
Que problemas têm com o passado os comunistas de Abrantes?
ma
veja aqui o vídeo sobre o livro de Cecília Honório onde fala de Fernanda silva
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