Visitava a Duquesa de La Victoria, Presidente da Cruz Vermelha, o Tercio (ou seja a Legião estrangeira, comandada por Franco), em Marrocos.
Ofereceram-lhe uma ''corbeille'' de flores. Tirou a aristocrata as flores e encontrou duas cabeças de mouros.
Quem o conta é o então Major Franco, na primeira edição de ''Diario de una bandera''.
Nas edições seguintes as cabeças dos mouros desapareceram e só ficaram as flores.
Franco concede uma linha aos portugueses que caçaram rifenhos em Tetuan. Entre eles algum abrantino.
(....)''Salen de filas los extranjeros; entre ellos se adelanta un alemán, antiguo oficial de la Guardia; otro italiano, aviador en su país, dos franceses, cuatro portugueses y un maltés; todos ellos con acento firme y en voz alta responden a las preguntas que les dirige el Jefe; avanzan luego los que han servido en el Ejército con anterioridad; guardias civiles y carabineros licenciados, antiguos soldados y clases del Ejército, el militar de profesión, el que sólo ha nacido para ser soldado.(...)''
As milícias da FAI/CNT desenterram em Barcelona os cadáveres da padralhada.
E das freiras.
Era 1936, o filme é da FAI/CNT, a milícia operária anarquista que derrotou na cidade condal os golpistas militares, enquanto os catalanistas ou apoiavam o Golpe ou metiam os pés pelas mãos.
É um desenterro à espanhola.
É um filme de propaganda libertária.
A ideologia dos libertários pode resumir-se nas palavras de Federica Montseny '' Nem a bota de Franco, nem o chicote de Moscovo''.
Hoje com Franco, prossegue-se a saga de não respeitar os mortos e não deixar o triste passado enterrado.
E esquece-se o que disse, Don Manuel Azaña, no seu último discurso:
Pero es obligación moral, sobre todo de los que padecen la guerra, cuando se acabe como nosotros queremos que se acabe, sacar de la lección y de la musa del escarmiento el mayor bien posible, y cuando la antorcha pase a otras manos, a otros hombres, a otras generaciones, que les hierva la sangre iracunda y otra vez el genio español vuelva a enfurecerse con la intolerancia y con el odio y con el apetito de destrucción, que piensen en los muertos y que escuchen su lección: la de esos hombres que han caído magníficamente por una ideal grandioso y que ahora, abrigados en la tierra materna, ya no tienen odio, ya no tienen rencor, y nos envían, con los destellos de su luz, tranquila y remota como la de una estrella, el mensaje de la patria eterna que dice a todos sus hijos: paz, piedad, perdón.
Dar um erro factual num texto é uma azar que acontece aos melhores. Mas um Editorial dum matutino de referência é o espelho dum jornal e não se pode dar ao luxo de fazer coisas dessas, especialmente num assunto que não é urgente.
Para impedir isso antes havia revisores, homens cultíssimos que através dum labor excepcional evitavam essas coisas.
O ''Público'' preocupado em desenterrar o fantasma do Caudilho que, pelos vistos os atormenta, decidiu que o avô de Pablo Casado, jovem lobo da direita nacionalista espanhola, morreu na guerra civil e era republicano.
O médico Herman Blanco, sindicalista da UGT, parece que católico devoto, tentou resistir em Palência, ao golpe fascista e terminou condenado à morte.
Preso até 1941, foi ainda impedido pelas autoridades médicas de exercer cargos directivos.
Dedicou-se à clínica privada com êxito e casou-se com uma senhora cubana, que ainda vive. A Dona Olga.
Acabou por afastar-se do catolicismo e foi um furibundo anti-franquista, com as cautelas para sobreviver em tempo de ditadura.
No entanto tinham sido uma série de atestados passados por freiras e equiparados que o salvaram do pelotão de fuzilamento.
Nos últimos anos, devido à doença da filha voltou ao redil católico.
Zapatero resolveu desenterrar a guerra civil que estava sepultada. Há coisas em não se deve mexer muito. A não ser por profissionais, os historiadores. Quando começou a desenterrá-la, logo apareceu a história do avô dele, dirigindo pelotões de fuzilamento, contra os mineiros socialistas, que, em 1934, se revoltaram nas Astúrias.
''Chegaram a dar ordens para a mobilização de forças, e o general Primo de Rivera afirmava que vinha até Abrantes com vinte mil homens sem disparar um tiro.''
(.p.150)
O perigo do ataque militar a Abrantes por parte de forças espanholas era tomado tão a sério, que o Plano de Defesa do Continente , encomendado em 1943 pelo tontinho do tenente-coronel Santos Costa
designava como principal ameaça ''o perigo espanhol'' e nele estava traçado que as forças do Generalíssimo atacariam Abrantes:
Extracto da excelente tese do Doutor Jorge Silva Rocha
Estamos a imaginar conquistavam Abrantes ( em 1945 o exército espanhol nem gasolina tinha para fazer movimentar 2 regimentos de Blindados) e a primeira coisa que faziam era uma sessão destas no ''Latas'', o cinema da Misericórdia
e nomeavam Presidente da Câmara, o abrantino Rosa Casaco (1), grande amigalhaço do Embaixador Nicolas Franco.
No entanto, havia falangistas como o futuro liberal Conde de Motrico ou o General Muñoz Grandes que pensavam na União Ibérica e tinham mapas destes
Alegado mapa do Estado-Maior Espanhol, Abrantes aparece como um dos objectivos militares a conquistar.
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(1) A não ser que mais alto cargo o esperasse, Rosa Casaco foi ''Ministro do Interior'' no Governo Português no Exílio (1975), enquanto o Soares Martinez era ''Ministro dos Negócios Estrangeiros'' . Foram nomeados pelo ELP que obedecia a António de Spínola.