A mais importante presa política abrantina foi a Senhora Dona Palmira Pimenta Avelar de Almeida Beja Godinho, viúva do General José Garcia Marques Godinho, morto pela Ditadura, graças aos cuidados do tenente-coronel Santos Costa.
A D. Palmira, de velha e fidalga família abrantina, residente no Rossio ao Sul do Tejo, apresentou queixa-crime por homicídio contra o Ministro da Guerra e terminou presa, por pedir justiça. Como o filho, o Dr. Alfredo Godinho.
Quando da sua prisão, o jornal carioca, Correio da Manhã, publicou o artigo que se reproduz, tratando Santos Costa e Salazar, de acordo com a sua condição, como vilões
A fotografia é tirada nos Açores, quando o General assume o Governo militar do Arquipélago, em plena 2ª Guerra Mundial.
A foto foi-nos cedida pela Senhora Dona Teresa Farinha Pereira Godinho Leitão, neta das vítimas da Ditadura, a quem agradecemos.
mn
(Extractos da Correspondência entre Salazar e Santos Costa, Comissão do Livro Negro Fascista)
O coronel Santos Costa implora a Salazar não ser nomeado Comandante do GACA (Castelo) com desculpas várias.
O motivo principal era que não conseguia enfrentar uma oficialidade e uma tropa, bem como uma sociedade onde todos o olhavam como o responsável pela morte do General Marques Godinho....
No fundo diz a Salazar, não me foda V.Exa, depois de tantos serviços prestados à Situação...
A segunda versão de Mário Soares sobre a morte do General Godinho, na 1ªedição lusa do ''Portugal Amordaçado'', Arcádia, Lisboa, 1974.
Na edição francesa, ''Portugal Bailloné'', Calman-Levy, Paris, 1972, há pormenores diferentes
Soares tem um lapso, Godinho morreu no Hospital da Estrela
Na ed francesa anota:
''Conheci Moreira na cadeia onde eu próprio estava encarcerado. Segundo ele, Santos Costa tinha-se desembaraçado do General para recuperar as cartas que provavam a germanofilia do seu governo. Moreira viveu durante alguns dias a tortura dos ''curros''. O processo contra Santos Costa não teve seguimento. Moreira, a viúva e o filho do General foram libertados quando a PIDE encontrou as cartas em questão. É difícil dizer quem indicou a sua localização embora o filho do General tenha acusado Adriano Moreira. O facto é que as opiniões políticas deste último mudaram totalmente. Alguns anos mais tarde, Salazar nomeava-o Ministro do Ultramar.
(1)- Adriano Moreira teve uma carreira política sinuosa. Considerado como progressista quando era estudante, aproximou-se da Oposição Democrática depois da Guerra. Mais tarde, ocupou o posto de Subsecretário do Ultramar. Em 1961, Salazar nomeou-o Ministro do Ultramar. Candidato à sucessão do velho ditador, passa hoje por um dos chefes de fila dos ultras'' (...) ''
Nas suas memórias, Moreira desmentiu que a Pide o torturasse. Em entrevistas posteriores, Soares relatou como, no Aljube, Alfredo Godinho tentou um desforço físico do Moreira, acusando-o de traição.
Num livro de entrevistas, com Maria João Avillez, disse que Moreira tinha algumas coisas por explicar.
Finalmente Mário Soares presidiu à homenagem ao General Godinho e ao seu sobrinho Joaquim Barradas de Carvalho, nas Galveias.
ma
Os versos do Sadi-Azor, sairam em 12-6-1927, já em pleno fascismo, no jornal republicano cá da terra, ''Baluarte''.
O Sadi-Azor era Justo da Paixão, comerciante e proprietário rural no Rossio, político local, republicano histórico, então militante do Partido Democrático (PRP) e director da folha, claramente enfrentada à Ditadura Militar e que terminaria proibida.
Ou seja considerava Marques Godinho como um homem afecto ao Partido do Afonso Costa, apesar de ser um militar no activo. Como toda a gente sabia na cidade e nos meios militares e como está publicado em livros da época.
Quando Santos Costa o convidou para Governador Militar dos Açores, o brigadeiro Godinho estranhou, porque era público que era desafecto ao regime. E o tenente-coronel S.Costa, Subsecretário da Guerra (o Ministro era Salazar) apelou ao seu patriotismo, em tempo de Guerra Mundial, para desempenhar uma missão de ''interesse nacional.''
ma
O Prof Fernando da Fonseca era o médico do general Godinho que se opôs à transferência deste para o Forte da Trafaria, que se viria a revelar fatal para a vida do General.
Um dos melhores médicos portugueses (consultar aqui a biografia ), tinha sido demitido da função pública em 1947, por ligações ao MUD, pelo mesmo decreto que enviara o General para a reserva.
As circunstâncias da morte são contadas pelo Coronel Fernando Queiroga, no Portugal Oprimido.
Propositadamente não li a literatura hagiográfica que pretende absolver o homem que mandou prender quem apresentou queixa-crime de homicídio contra ele, Santos Costa.
A ordem de prisão contra D.Palmira Godinho é uma implícita confissão de culpabilidade.
mn
amanhã
O tenente-coronel Santos Costa, chefe dos germanófilos e homem com excelentes relações com a Abwehr , Ministro da Guerra, manda fazer uma investigação reservada ao General Carlos Ramires, que fora um polémico comandante-geral da GNR (1) (nomeado por Botelho Moniz, inimigo do beirão) e estava implicado no Golpe de 10 de Abril de 1947, comandado pelo General Godinho.
Ramires acabou passado à reserva.
O que pretende Costa é averiguar se o Major Pessoa da Costa tem ''correspondência particular'', provavelmente cartas entre S.Costa e Ramires, durante o seu governo militar açoriano, que possam implicar o matador do General Godinho, em acções pró Eixo e anti-americanas.
São conhecidas as ligações deste oficial-general ao Tramagal e ao hipismo, onde foi figura destacada.
ma
(1) assunto a comentar outro dia
PS-por lapso trocou-se há pouco o nome de Carlos Ramires pelo seu familiar Vasco R. Sorry
Ficamos a saber que o General Godinho era ''avô da D.Joana Godinho Soares Mendes'', através deste douto artigo, já referido
Aparentemente a fonte é o pároco do Rossio, que certamente, cheio de boas intenções, se enganou e não foi consultar os arquivos da instituição de que é Presidente nato.
A D.Joana casou em 1914 com João José Soares Mendes. Por esses anos, o seu primo José Garcia Marques Godinho era capitão de Infantaria 22 (em S.Domingos) e um exaltado republicano, que vimos nos dias seguintes ao 5 de Outubro, exaltar o fim dos Braganças, sendo ainda tenente.
Era filho de Joaquina Victória Marques Godinho e de José Garcia Godinho e tinha nascido nas Galveias.
Francamente não tenho pachorra, por agora, para ir ver quem era o avô da D.Joana, embora já tenha consultado o atestado do padre do Rossio, datado ainda do tempo da Monarquia, onde o sacerdote atesta que a menina rossiense Palmira Pimenta de Almeida Beja, era de boa família e de bons costumes. O oficial Godinho juntou-o ao requerimento que enviou a El-Rei e ao Ministério, pedindo licença para se casar. Era o procedimento habitual para o casamento dos oficiais do Exército.
Quanto à D.Joana ser herdeira da actualmente falida fundição, já se desmentiu o infúndio.
Quanto a ela ter deixado muito dinheiro, o artigo fala em 4 mil contos, o Comendador José Viegas e a mulher D. Leonor Paller de Viegas, um industrial algarvio, que teve uma fábrica de cortiça no Rossio, deixou pela mesma época bens avaliados em mais de 300 mil contos à Santa Casa de Abrantes, fora o que dera à da sua terra, São Brás de Alportel
O Almirante na inauguração do Hospital de São Brás, onde andam com azar, já morreram 6 idosos na Santa Casa local.
ma
Neste artigo, Fernando Queiroga (1), militar envolvido no Golpe da Mealhada e depois na Abrilada de 1947, exige justiça contra Santos Costa pelo homicídio contra o General Godinho, e publica a queixa-crime de D.Palmira Godinho contra quem acusava de matar o seu marido.
Outro nome da região é nomeado, o General Carlos Ramires.
Queiroga estava exilado no Brasil, onde nunca parou de fustigar a Ditadura e de exigir Justiça.
Quem redigiu a queixa foi Adriano Moreira, mas por medo recusou assiná-la.
ma
sobre o Coronel Queiroga, a sua vida de nacional-sindicalista a negociador do apoio da Cuba de Fidel a uma revolução em Portugal
ver (online) Luís Farinha, ''Fernando Queiroga, um revolucionário no exílio, ''- Num dos golpes dos anos 30 estão os nacionais-sindicalistas de Rolão Preto, os monárquicos de Paiva Couceiro e o Reviralho. Entre os conspiradores militares, o tenente João Lopes Romãozinho que acaba expulso do Exército.
Um boa descrição do fracasso da Mealhada, onde outro dos participantes foi Fernando Pacheco do Amorim é dada nas memórias do General Carlos Galvão de Melo, que aliás são divertidas.
Queiroga apanhou 3 anos de cadeia por participar, com o General Godinho na Abrilada de 1947. O Advogado de defesa foi o seu amigo, Arlindo Vicente
Palavras do General José Garcia Marques Godinho, nas festas de proclamação do 5 de Outubro de 1910, em Abrantes.
Marques Godinho foi coerente com o que disse em Outubro de 1910, em Abrantes, como a ''escumalha'' ou a ''ralé'' que se batera na Rotunda, como afirma o oficial de S.Domingos, jogou a vida pela sua ideia de República.
Que não era a dos fascistas.
Foi o único dos republicanos abrantinos que deu a vida pela Liberdade.
Recorte do ''Abrantes'', Outubro de 1910.
ma
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