Foi Soares Caldeira, morgado e liberal radical, o homem que quis separar Alvega de Abrantes para a unir ao Gavião. (1837)
Um dos grandes argumentos que usou foi ''sou dono de 2/3 da freguesia''
Outro dos grandes argumentos: era que um sargento miguelista condicionava e obrigava os de Alvega a serem a favor de Abrantes (Caldeira dixit)
Dizia ainda Caldeira que aqueles que assinaram a favor da união a Abrantes, tinham sido também induzidos por quartilhos de vinho, distribuídos nas tavernas da terra.
Além disso eram iletrados.....
Os ricos (ou seja o Morgado Caldeira) eram a favor do Gavião.
A opinião dele foi destroçada nas Cortes, em 1837, por Gorjão Henriques e pelo , Governador da Praça de Abrantes e também Deputado, Manuel Raivoso que vivia em Alvega, mas que não pertencia à velha oligarquia feudal.
Soares Caldeira e estes eram deputados setembristas, do mesmo partido e o Caldeira tinha sido o deputado mais votado em Abrantes.
À vontade dos queriam separar Alvega de Abrantes, também andava ligado um imposto camarário sobre o comércio de carvão, que Alvega enviava pelo Tejo para Lisboa, e que era o mais importante recurso da terra.
Trinta barcos dedicavam-se a essa faina, segundo o Morgado.
D.José Trasimundo Mascarenhas, Marquês de Fronteira e Alorna, militar e político cartista (portanto adversário de Caldeira) definiu o bravo Coronel de Milícias como ''um dos homens mais limitados de inteligência que militava na oposição, mas que tinha a grande qualidade da época, era pedreiro-livre de antiga data'' (Memórias, p.189)
mn
fonte: discussão parlamentar
votos do Caldeira: Eduardo Campos, Cronologia
Imagem:Biblioteca Nacional
Em 1837, há uma polémica tentativa de anexar várias freguesias abrantinas a outros concelhos. Entre elas a Aldeia do Mato, como há resistência, a Câmara de Constância solicita à Guarda Nacional de Tomar que ''meta na ordem'' o bom povo.
Aldeia do Mato, Cruzeiro, foto Cecília Matias/DGMN
Agindo como facínoras, a soldadesca (ou melhor os cidadãos nabantinos alistados na milícia liberal, dado que a Guarda Nacional devia ser composta pelos cidadãos em armas, para defender as ''conquistas de 1820'', dos padres, frades e morgados e já agora do povo que permanecia fiel a D.Miguel) invadem a terra, saqueiam-na e metem-na a ferro e fogo.
Gorjão Henriques, que já tinha sido Presidente da CMA e era deputado pelo círculo, denuncia com veemência e indignação a brutalidade e o latrocínio, nas Cortes :
Gorjão diz que a Liberdade está ameaçada e a cólera do povo pode ocasionar novos Remexidos, que era o herói da guerrilha miguelista que assolava o Alentejo e Algarve pondo em cheque a ordem liberal.
A estrela dos radicais, José Estevão começou a meter os pés pelas mãos, não sabendo em que buraco se havia de meter.
Os deputados tomarenses começaram a pedir desculpas.
Foram uns irregulares, os facínoras, não foram os burgueses de Tomar que saquearam e se portaram como incendiários.
José Estevão em apoio dos tomarenses pusera em jogo a honra de Gorjão Henriques, que lhe chama vil mentiroso para não lhe chamar canalha.
(1)
A resistência dos povos do Pinhal acabou por fazer com que a reforma administrativa fosse revista.
E em 1889 quando morreu o Cícero de Aveiro, o tipo que justificou a barbaridade da soldadesca na Aldeia do Mato, um abaixo-assinado foi dirigido à CMA para que a R. do Outeiro, se passasse a chamar José Estevão, como ainda hoje se chama. (2)
A toponímia não recorda o Gorjão que defendeu o povo contra as baionetas dos liberais de Tomar. Somos muitos agradecidos.
mn
(1)-Diário das Sessões, 12 de Maio de 1837
(2)- Eduardo Campos -Toponímia Abrantina
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