O Sr. Manuel Fernandes: - Sr. Presidente: foi hoje a enterrar o professor catedrático jubilado Doutor Henrique de Vilhena, sábio anatomista de grande renome no País e no estrangeiro, figura eminente de mestre, que dedicou toda a sua vida ao estudo profundo e minucioso da ciência anatómica e que tanto ajudou a elevar o prestígio da antiga Escola Médica e da actual Faculdade de Medicina de Lisboa.
Várias gerações, foram iniciadas por ele, no estudo da medicina, pois a cadeira de Anatomia, tradicionalmente das mais difíceis, era a primeira que se deparava aos estudantes.
A figura austera, mas ao mesmo tempo bondosa, do Prof. Henrique de Vilhena, inspirava aos seus discípulos o maior respeito, disciplinando o seu trabalho e os métodos de estudo, que os levariam a vencer as dificuldades de um curso assaz difícil.
Várias gerações puderam apreciar as suas invulgares qualidades e decerto é das mais gratas a recordação que dele perdura no espírito de todos os que puderam receber os seus ensinamentos e os seus ponderados e paternais conselhos.
Henrique de Vilhena era um pensador e linha um subtil espírito de artista e de crítico. Cultivava as letras com elevação, tal como sucedera ao seu antecessor na cátedra, o Prof. José António Serrano.
Publicou vários discursos, romances e novelas, onde se patenteavam invulgares méritos literários.
Professor na Escola de Belas-Artes, na cadeira de Anatomia Artística, aí defendeu uma tese brilhante sobre a «Expressão que para os alunos daquela Escola passou a constituir um livro fundamental.
Acendeu à cátedra, na antiga Escola Médica, sem concurso e por méritos próprios, tais eram os trabalhos notáveis que sobre anatomia já então havia publicado. Fundou o Instituto de Anatomia, centro de estudos para todos os que quisessem aprofundar a especialidade. Mais tarde, com o professor Rodriguez Cadarso, fundava a Sociedade de Anatomia Luso-Hispano-Americana e, com o professor Celestino da Costa, a Sociedade Anatómica Portuguesa. Foi ainda reitor da Universidade de Coimbra e senador da República.
O contacto frequente com o cadáver podia fazer supor que possuía um coração frio e impenetrável às dores alheias. Mas tal não acontecia. Henrique de Vilhena possuía, na realidade, uma sensibilidade delicadíssima, como demonstra um pequeno episódio que me ocorre referir.
Há anos, em plena vilegiatura pelo Norte do País, soube pelos jornais que se encontrava gravemente enfermo, numa clínica de Abrantes, o grande escritor Hipólito Raposo.
Mal o conhecia pessoalmente, mas a admiração que os seus escritos lhe mereciam levou-o imediatamente a interromper as suas férias, vindo propositadamente àquela cidade para se inteirar directamente do estado de saúde de um escritor que considerava como um dos mais notáveis estilistas portugueses.
E dizia comovidamente Henrique, de Vilhena que a morte de tão notável romancista representava para as letras pátrias uma perda nacional.
Era assim a delicada sensibilidade do eminente professor e sábio anatomista português, cuja morte eu, como seu antigo discípulo e grande admirador das suas excelsas qualidades e virtudes, não podia deixar de sentidamente lamentar perante esta Assembleia.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
Discurso de M.Fernandes na A.Nacional a 15-5-1958
Raposo, dirigente integralista, tinha sido anos antes deportado político para Angra por escrever um livro criticando Salazar
É costume (aliás em parte resultado do escrito neste blogue) ligar Henrique Augusto da Silva Martins ao Integralismo Lusitano. É verdade, mas também é verdade que a cúpula do Integralismo passou à Oposição ao fascismo, logo nos anos 30, e foram os quadros intermédios e algum mais destacado, caso do Pedro Teotónio Pereira, que aderiram ao dr. Salazar.
Como o Henrique Augusto.
Mas não se pode construir uma linha divisória na cisão que dividiu a sociedade abrantina nos anos 30-60, que parta do simplismo Integralistas versus partidários de Manuel Fernandes.
Num dos poucos discursos que fez na Assembleia Nacional, o Dr.Manuel Fernandes traça uma justa homenagem a um dirigente integralista, Hipólito Raposo, que fora demitido da função pública, entre outras coisas por ter definido a ''Salazarquia'' como ''Salazarquia, poder que se exerceria à semelhança do caracol dentro da espiral ou do cágado dentro da concha…” –
Manuel Fernandes evoca a grave doença que pôs em perigo de vida o oposicionista monárquico, em 1937, e que o levou a ser tratado na Casa de Saúde de Abrantes. Pelo que sabemos, através de correspondência particular, as relações entre o futuro dirigente estado-novista abrantino e alguns dirigentes do Integralismo ou do Legitimismo foram relativamente estreitas.
Embora se desse pessimamente com os integralistas do Silva Martins e bem com maçons locais como Diogo Oleiro ou Ramiro Guedes.
mn
ps-Mas não nos expliquem que M.Fernandes foi um democrata, não, foi um salazarista até ao fim....até orquestrar a burla local nas eleições de 1958, que roubou a vitória ao General Delgado...
As armas feudais aí estão.
As armas dos Braganças e dos Medina Sidónia.
As armas duma mulher forte e decidida.
A melhor biografia continua a ser esta
A escrita dum homem forte e decidido, muito ligado a nós, porque lavrador no Gavião.
A escrita dum homem livre que penou pela Liberdade num presídio em Angra de Heroísmo.
A escrita dum homem que escreveu, conspirou e pegou em armas contra a República e contra Salazar.
Enviado para deportação com anarquistas, comunistas, republicanos liberais e monárquico de várias cores.
O homem era este
mas é da andaluza que falo
Durante a Regência, na menoridade do filho, Afonso VI, dirigiu uma guerra vitoriosa contra Espanha.
O que resta da nossa liberdade, em boa parte, deve-se a esta mulher.
Seremos dignos da batalha da ''espanhola'' pela liberdade de Portugal???
O povo, sim.
A politicagem em geral, não.
Hoje quando descemos à rua para dizer que não queremos um Portugal refém da troika, da usura internacional, da humilhação de sermos governado pelo partido do estrangeiro, devemos-lhe uma homenagem.
A lição de Luísa de Guzmán que quis um Portugal moderno, tolerante e livre, um Portugal capaz de punir traidores fossem Duques ou Arcebispos, um Portugal capaz de bater pelas armas o estrangeiro, um Portugal capaz de ter um Ministro mulato e judeus tão cidadãos como os cristãos-velhos, deve ser a que retenhamos.
A batalha de Luísa de Guzmán, a batalha de Hipólito Raposo, é o nosso combate.
Marcello de Noronha
Em 31 de Dezembro de 1955, Sua Excelência Reverendíssima, D.Agostinho de Moura, Bispo de Portalegre, emitia esta carta confidencial dirigida a cada Pároco da Diocese.....
Na sequência da norma emitida pelo Bispo em 3 de de Agosto de 1954 '' no sentido de se trabalhar pela inteira supressão de quaisqueres danças ou bailes e de qualquer divertimento nocturno'', (Suponho que o Senhor D. Agostinho não consideraria a fornicação nocturna dentro dum casal católico como ''divertimento'' mas sim como dever moral e portanto não estaria abrangida por este ''grandioso'' plano...) ordenava-se aos Senhores Priores que até ao final de Novembro apresentassem um rol exaustivo de todos os bailes públicos e particulares que se celebravam dentro das fronteiras das suas Paróquias para a Diocese construir uma base de datos, a fim de depois elaborar uma estratégia para terminar com o flagelo....
Ainda existirá em Portalegre, no Arquivo da Cúria, a base de dados sobre bailes mandada elaborar por D. Agostinho?
Será pública?
Estará ainda classificada como material ''confidencial''?
Gostaria eu de a consultar para verificar qual foi relação elaborada pelo Pároco de São Vicente de Abrantes, Rev.Cónego Freitas....
E depois comparar a lista dos ''subversivos'' organizadores de bailes em casas particulares com a dos generosos ''doadores'' de fundos para a construção do Seminário e do Colégio de Santo António...
Aposto que encontrava algumas ''boas'' famílias nas duas listas....
Um dia dizia-me o dr. Pequito Rebelo, também ele generoso mecenas do ''seminário'': O homem quer proibir os bailes, está um bocadinho excitado!
Acho que tenho de lhe ir lá explicar que se não fossem os bailes ainda estava a aturar a minha irmã e ela não se tinha casado com o Hipólito Raposo....
Essa história de proibir os bailes só servirá para fabricar solteironas....
Marcello de Noronha
Nota: D.Agostinho ainda depois do Concílio continuou a campanha. Em meados dos anos 60 proibiu o primeiro baile de finalistas do La Salle. Com a piedosa ajuda do Cónego Freitas.
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