O maior historiador do Souto na nossa opinião é o Sr. Traquina.
O segundo é o Sr. Dr. Martinho Gaspar, director da Zahara. Já aqui falámos dos dois e voltaremos a falar.
O terceiro no ranking não é obviamente o Sr. Pico devido a ignorar por exemplo a data da Batalha de Aljubarrota de vez em quando .
Através das sínteses esquemáticas da autoria do Sr.Martinho Gaspar o Sr.Pico pode actualizar-se. O livro é editado por uma das empresas do Conde de Alferrarede. Vai continuar o Pico a dizer que um empresário que têm um montão de editoras (e portanto tipografias) não é um industrial?
Acusou-nos o Pico de dizermos ‘’Blasfémias’’ (forte palavra) por afirmarmos que Lopo de Almeida fora o homem de mão para coisas boas e outras más a mando do Africano.
Uma espécie de Vara. O político socialista mexe em muito dinheiro graças à sua surpreendente carreira de gestor bancário. Lopo também mexeu, foi Vedor da Fazenda coisa que lhe dava para administrar grossas rendas. Foi um político hábil, um diplomata experimentado e uma coisa fez melhor que Vara: escrever.
As Carta de Itália em que relata a embaixada que dirigiu aquando do casamento em Siena de D.Leonor com o Imperador das Alemanhas são um grande texto da epistolografia portuguesa.
Mas Lopo também fez fretes ao seus Senhores (Afonso V e o partido aristocrático chefiado pelos Braganças, e depois a D. João II que se dedicou a matar Braganças com um ódio feroz, indigno dum monarca justo). Pai e Filho tiveram políticas opostas, e às duas políticas serviu Lopo com igual fidelidade e naturalmente rendosos proveitos.
Nisso foi como o Rolha, o saudoso Marechal Costa Gomes, capaz de flutuar em todas as águas.
Costa Gomes, uma variante de D.Lopo. foto marxist.org
Enfim, um político exímio.
Mas não certamente um Homem digno de ser considerado símbolo dos valores cavalheirescos que ainda caracterizam a sua época.
O melhor para mostrar um exemplo disto é o papel de cúmplice que teve Lopo, na forma miserável como Afonso V tratou o corpo do Infante D.Pedro, seu sogro, depois da sua morte na Batalha de Alfarrobeira.
_Da maneira que se teve com o corpo do Infante D. Pedro, e como foi
vilmente tratado e soterrado_
O corpo do Infante jouve todo aquelle dia sem alma descuberto no campo á
vista de todos, e sob a noite o lançaram homens vis sobre um pavés, e o
metteram hi logo em uma pobre casa, onde entre corpos já vazios d'almas
e fedorentos, jouve tres dias sem candea, nem cobertura nem oração, que
por sua alma publica se dissesse nem ousasse de dizer, o que foi grande
prasmo e vituperio da casa real; porque a honra e acatamento que ali se
devia, já não era do Infante morto sem sentido, mas era propria dos
vivos que lhe fizessem, e da principal culpa de se isso assi fazer, (…)
(…) E porém a principal embaixada que a El-Rei sobr'este caso do Infante
veiu, foi uma do duque Felipe de Borgonha e da duqueza D. Isabel sua
mulher, irmã do Infante D. Pedro, em que veiu por embaixador o Daião de
Vergi, que com muitas causas e razões fundadas em razão e direito, o
enviaram escusar e aprovar sua innocencia e limpeza e pedir para seu
corpo a sepultura que lhe El-Rei D. João, seu padre, em sua real capella
ordenara, e assi que se não negasse para sua mulher e filhos e criados
amparo e piedade, a que pedio que fossem restituidas suas honras e
fazendas. (…)
(…)E porque na primeira denegação que El-Rei fez á sepultura do Infante o
dito embaixador requereu que lhe mandasse dar seus ossos para os levar a
Borgonha, onde a duquesa sua irmã lhe daria sepultura honrada e merecida, receoso El-Rei de os furtarem da egreja d'Alverca, onde devassamente jaziam, os mandou tirar e levar ao castello d'Abrantes, cuja guarda e segurança encomendou a Lopo d'Almeida, que depois foi primeiro conde d'Abrantes. (…)
Santa Maria do Castelo onde presumivelmente estiveram exilados os restos de D.Pedro
Foto DGMN
Só em 1455 o Infante teve direito a um enterro digno da sua posição na Batalha,
e para isso teve de haver a intervenção do Papa e de muitas coroas europeias
chocadas pelo bárbaro tratamento dado por Afonso V e pelo seu fiel lacaio,
Lopo de Almeida, aos despojos do Infante das Sete Partidas.
O Historiador que melhor estudou este período foi Humberto Baquero Moderno em ‘’A batalha de Alfarrobeira, (Coimbra ,79).'' Um resumo da sua investigação, da sua autoria, encontra-se no Tomo 3 da História de Portugal, 115-137,dirigida por Hermano Saraiva, Publicações Alfa, Lisboa, 1984). .
No primeiro dos livros citados vem a lista das terras que recebeu Lopo de Almeida por mercê de Afonso V pelo seu macabro trabalho com os ossos do Infante. Terras todas confiscadas a vencidos na refrega de Alfarrobeira.
O Condado seria a paga de múltiplos servicos, bons e maus.
Não há Condes perfeitos.......
Especialmente não há políticos perfeitos, nem sequer Francisco de Almeida.....
Já não se lembram como tratou ele a Afonso de Albuquerque ?
Está esclarecida a Blasfémia?
POR ABRANTES
Nota: Não há imagens de D.Pedro nem de D.Lopo porque são desconhecidas.